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Introdução
A leitura de Estâncias (1977) foi o que nos instigou a fazer esta dissertação;
mais precisamente, a ideia exposta logo em seu prefácio a respeito da palavra
humana, vista como despedaçada. A relação entre poesia e filosofia sempre nos
pareceu intrigante, mas a maioria das interpretações com que nos deparáramos até
ali submetia a primeira à segunda, como se o que estivesse em jogo fosse seu
conteúdo; assim, a apropriação filosófica da poesia acabava tratando-a como
exemplo, imagem. Giorgio Agamben, por sua vez, qualificava já de saída ambas
como polos separados de um mesmo discurso (o humano), sem que uma estivesse
a serviço da outra. Foi isto que primeiro nos seduziu. A leitura mais atenta que se
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que dialoga; mostrar como, para ele, poesia e filosofia comportam-se frente ao
diagnóstico do despedaçamento; e, finalmente, expor suas objeções ao esquema
do signo como significante e significado, que o levam a propor uma aliança com a
Esfinge, contra Édipo.
No segundo, “A eliminação cristalina do inefável”, iniciamos com Infância
e história e seguimos para A linguagem e a morte. Nele tentamos indicar como,
em nossa opinião, entre os livros de 1977 e 1982, Agamben pareceu recuar em
relação ao que havia proposto anteriormente. Em seguida, partimos para a análise
do fundamento negativo que compartilhariam filosofia e poesia; por fim, a partir
de um poema de Leopardi, muito caro a Agamben, entrevemos como na poesia
essa negatividade poderia deixar de ser fundamento. Este capítulo abre o espaço
ético, que passa a ter primazia sobre o ontológico, através da formulação de
Benjamin “a eliminação cristalina do inefável” (citada em Infância e história) e
introduz o som na discussão.
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