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Volume VI
VOZES DA EDUCAÇÃO
Volume VI
Ivanio Dickmann
(organizador)
1
Vozes da Educação
CONSELHO EDITORIAL
FICHA CATALOGRÁFICA
________________________________________________________
8 volumes.
ISBN - 9788593711183
EDITORA DIALOGAR
dialogar.contato@gmail.com
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Volume VI
Ivanio Dickmann
(organizador)
VOZES DA EDUCAÇÃO
Volume VI
Dialogar
São Paulo – SP
2018
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Vozes da Educação
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO .......................................................................................... 7
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Volume VI
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Vozes da Educação
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Volume VI
APRESENTAÇÃO
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Vozes da Educação
Com carinho.
Ivanio Dickmann
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RESUMO
Este trabalho propõe a investigação de causas e efeitos de doenças que têm
afetado o magistério. Para tanto, através de um questionário online
respondido por docentes, objetiva relacionar as causas dessas doenças e suas
consequências para a educação. Também é parte estrutural desta pesquisa
investigar como o imaginário coletivo gera desconforto no magistério.
Pretende-se, então, refletir sobre as exigências sociais e institucionais que
levam o professor a padecer e, como decorrência desta reflexão, contribuir
para desmitificação de um sistema de crenças que contribui para que o
professor viva um conflito psicológico diário.
1Mestre em Letras pela UFRJ (1981) e doutor em Literatura Brasileira pela USP (2000).
Aposentou-se como professor associado da UFRJ (2014). Atualmente é professor adjunto da
UERJ. Tem experiência nas áreas de Letras e Educação, ênfase em poesia brasileira e
formação de professor.
2Graduada em Comunicação Social/Jornalismo (2001) e em Letras (2008), pela UNESA.
Pedagogia pelo CUBM (2016). É mestra em Letras pela UFRJ (2018). Atua nas redes públicas,
em Cabo Frio/RJ. Pesquisadora nas áreas de educação, ensino de língua portuguesa e leitura.
4Possui graduação em Letras pela Universidade Gama Filho (1995). É mestra em Letras pela
UFRJ (2018). Atualmente, atua nas redes estadual e privada, no Rio de Janeiro. Possui mais de
25 anos de experiência no magistério.
5Gradou-se em Letras pela UFRJ (2008). É mestra em Letras, pela mesma instituição (2018).
UNESA. É mestra em Letras pela UFRJ (2018). Atualmente, é professora de Língua Portuguesa
na rede estadual do Rio de Janeiro. Tem interesse pelo ensino da literatura e a formação do
leitor.
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Vozes da Educação
ABSTRACT
This work proposes the investigation of causes and effects of diseases
that have affected the teaching profession. Therefore, with an online
questionnaire answered by teachers, aims to relate the causes of these
diseases and their consequences for education. It is also a structural part
of this research to investigate how the collective imaginary generates
discomfort in the teaching profession. It is therefore intended to reflect
on the social and institutional demands that lead the teacher to suffer
and, as a result of this reflection, contribute to the demystification of a
belief system that contributes to the teacher living a daily psychological
conflict.
Tema e justificativa
Percebe-se que educação não tem sido a prioridade dos
governantes do estado e municípios do Rio de Janeiro, com baixos e
irregulares investimentos, desconectados das reivindicações dos
docentes, o que precariza as condições de trabalho do professor, que vê
suas necessidades colocadas à margem das discussões político-
educacionais.
Em paralelo, existe uma expectativa socialmente construída que
vê o trabalho do professor como salvação social, demanda obviamente
impossível de ser realizada somente pelo professor. Com argumentos
fundados nesta redenção inviável, a atuação docente é questionada
constantemente. Assim, criam-se falácias sobre a atuação docente, aceitas
socialmente como verdade, oportunizando que muitos sintam-se
autorizados a opinar sobre como resolver problemas da educação, sem
competência técnica ou conhecimento de causa.
Neste contexto de mal-estar, o professor continua atuando,
tendo suas requisições ignoradas politicamente e suas opiniões diluídas
num sistema de crenças que espera dele o inviável: redenção.
Acreditando que este cenário desenvolve um ambiente
patológico de trabalho e observando que há muitos docentes com
históricos de doenças, esta pesquisa se propõe a, por meio das vozes de
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Volume VI
Objetivos da pesquisa
Preconceberam-se três objetivos para esta pesquisa.
Primordialmente, objetiva-se relacionar as causas das principais doenças
que afetam o magistério com as diversas consequências que esse quadro
traz para a educação, delineando um panorama do quadro de saúde dos
docentes e verificando quanto o exercício da profissão contribui para a
presença do mal-estar do educador. Também pretende-se investigar de
que modo o imaginário coletivo gera desconforto no magistério e, assim,
colaborar para desmistificação de um sistema de crenças que contribui
para o adoecimento do professor.
Teoria aliada
De acordo com Esteve (1999), não há razão clara para a
valorização do trabalho docente, sendo as opiniões da sociedade o
veículo principal do reconhecimento do trabalho do professor. Para ele,
“a valorização do trabalho do professor poucas vezes se baseia em uma
razão clara. O boato e a reputação, tanto em sentido positivo como
negativo, são o veículo habitual do reconhecimento de seu trabalho”
(ESTEVE, 1999, p.34).
Um estudo de Gens (2006) mostra que os símbolos escolhidos
pelos professores para representar a profissão misturam força e fraqueza;
forças intelectual e física; magnanimidade e dominação. Acredita-se que
estas escolhas sejam reflexos dos sentimentos dos professores ao se
sentirem incapazes de realizar tudo que deles se espera. Como aponta
Garcia (2006), os professores se encontram numa posição impossível de
conciliar o que aprenderam na universidade com a função redentora
dada pela sociedade.
Martins (2015) destaca duas consequências, para ela nefastas, de
se centralizar o processo educacional na figura do professor. Segundo
ela, essa descentralização desloca a atenção do conhecimento para o
autoconhecimento e tira o foco da questão principal da crise do sistema
educacional, que é a função social da escola. Assim, quanto maiores as
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Metodologia
Para alcançar os objetivos pretendidos, foi elaborado um
questionário para ser respondido online por professores atuantes em
diversos níveis de ensino e que fazem parte do quadro de servidores de
Municípios e do Estado do Rio de Janeiro. As respostas objetivas eram
obrigatórias, porém, viabilizando privacidade, foram facultados o
preenchimento do nome e as respostas às questões discursivas. Como
suporte, utilizou-se a plataforma Google Forms e, para divulgação, foi
escolhido o WhatsApp.
Contexto da pesquisa
A pesquisa contou com um total de 43 participantes (18
preferiram não se identificar), sendo 76,7% mulheres e 23,3% homens. A
média de idade dos decentes foi de 41 anos e o nível de instrução varia
de graduandos a doutores, sendo registrado um predomínio de pós-
graduados, 51,2%.
Em relação ao tempo de magistério, há a predominância de
professores mais experientes: 30,2% possuem de 16 a 20 anos; 25,6% de
11 a 15 anos; 18,6% mais de 20 anos; 18,6% de 6 a 10 anos e 7% de 3 a 5
anos.
Quanto à carga horária, 34,9% trabalham de 30 e 40 horas
semanais; 23,3% de 40 e 50 horas; 23,3% de 20 e 30 horas; 11,6% de 50
e 60 horas e 7% trabalham até 20 horas semanais.
Registrou-se que 79,1% dos professores trabalham apenas em
escolas públicas e 20,9% em escolas públicas e particulares e que 39,5%
dos professores atuam em duas escolas; 32,6% em apenas uma; 14% em
três e 14% em mais de três escolas.
Saúde do professor
Foi questionado primeiramente se o docente já havia entrado de
licença médica em decorrência de doenças relacionadas ao magistério.
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Vozes da Educação
44,2% dos professores declararam que ‘sim’. Embora não seja a maioria
dos entrevistados, é um quantitativo expressivo.
O maior número de ocorrências nos pedidos de licenças
médicas foram perturbações psiquiátricas (estresse, estresse pós-
traumático, depressão e ansiedade). Na sequência, problemas
otorrinolaringológicos (afecções na garganta, afonia e faringite);
ortopédicos (dores na coluna e tendinite) e cardiológicos (hipertensão
arterial). Também foram citados medo da violência e contágio de doença
a partir do contato com um aluno.
Questionou-se também sobre a concessão da licença médica.
Um participante revelou que, apesar de manifestar problema na voz, não
se licenciou, pois, segundo ele, “a burocracia foi tanta que preferi
continuar trabalhando”. Dos 19 professores que já obtiveram a licença, 9
apontaram o processo como fácil ou sem maiores problemas; 3
revelaram ter sido “muito difícil”, “complicado” ou “nada fácil”. 8
professores indicaram problemas de saúde, mas não descreveram o
processo da licença.
Posteriormente, os professores foram questionados sobre
tratamentos psicológicos ou psiquiátricos. 83,7% afirmaram não estar em
tratamento atualmente, enquanto 16,3% afirmaram estar. Alguns
dissertaram sobre problemas de acesso ao tratamento, como mudança de
plano de saúde. Quando indagados sobre o uso de medicação
controlada, 51,2% afirmaram não fazer uso enquanto 48,8%
confirmaram a utilização.
Dentre os que utilizam ou utilizaram medicamento, perguntou-
se sobre como eles se sentem em relação a isso: 14 professores relataram
ter uma visão negativa e utilizaram palavras como “péssimo”,
“prejudicada”, “mal”, “deprimida”, “impotente”, “ruim” e
“desmotivado”; 3 professores, ao contrário, apontaram um lado positivo,
ao usar expressões como “aliviado”, “grata” e “necessária”. Três
participantes demonstraram-se indiferentes e uma garantiu não fazer
mais uso de medicamentos controlados.
Subsequentemente, perguntou-se quais doenças causadas pelo
magistério tiveram. Dos 43 participantes, 16% não responderam e 7%
responderam que não tiveram nenhuma doença. Os demais professores
sinalizaram alguma doença, tendo a maioria citado problemas
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Figura 05: Temas das respostas dos que acreditam contribuir positivamente para o magistério
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Conclusão
A realidade de trabalho que os professores desenharam nesta
pesquisa é significativamente patógena e sobressalta o mal-estar docente.
Mesmo os mais positivos, esperançosos, ou mesmo os ativistas (que
veem o magistério como uma escolha e lutam por melhores condições
de trabalho) não estão imunes a este ambiente que pode levar ao
adoecimento. Observar que mais da metade dos entrevistados fizeram ou
fazem uso de medicação controlada em decorrência do magistério, por
exemplo, é um dado expressivo de como esta profissão tem sido
negligenciada. Cabe reflexão, em uma próxima pesquisa, sobre os
motivos e as consequências de tal negligência.
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Vozes da Educação
Referências Bibliográficas
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Paulo: Loyola, 2002.
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RESUMO
Esse estudo aborda a dimensão epistemológica do estágio na formação
do educador. É um estudo bibliográfico baseado em Franco (2012),
Lima e Pimenta (2012), Pimenta (2012) Saviani (2009), Ribeiro (2001),
Vázquez (1968) entre outros que teorizam sobre a temática. Considera-se
a necessidade de revisão de concepções que sustentam as ações
propostas nessa fase de formação do educador, entendendo o estágio
como campo de conhecimento por seu estatuto epistemológico,
prevendo ação educativa para além da prática pela prática, considerando
as categorias histórico-sociais da realidade escolar e suas demandas.
ABSTRACT
This study addresses the epistemological dimension of the internship in
the formation of the educator. It is a bibliographic study based on
Franco (2012), Lima and Pimenta (2012), Pimenta (2012) Saviani (2009),
Ribeiro (2001) and Vázquez (1968) among others that theorize about the
theme. It is considered the need to revise conceptions that support the
actions proposed in this stage of the educator's education, understanding
the stage as a field of knowledge by its epistemological status, providing
for educational action beyond practice by considering the historical-
social categories of the school reality and its demands.
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Vozes da Educação
Introdução
O estágio curricular supervisionado como atividade na
formação do professor, por sua proposta, configura-se como o
momento de inserção do futuro educador no espaço escolar. Tal
inserção infere conhecimento sobre os possíveis elementos intrínsecos à
organização do trabalho escolar, nos diversos segmentos de seu formato.
O pressuposto é o de que o conhecimento teórico contribua para que o
futuro educador se situe frente à complexidade do processo educativo e
suas demandas, numa dimensão ampla, cuja totalidade requer
intervenções sólidas na direção da formação em diversos aspectos do
processo educativo.
Para tanto, entende-se que no processo de formação inicial do
educador as ações educativas, por seu conjunto, poderão exercer um
papel com maior expressividade, uma vez que alcance todos os
envolvidos no processo. Assim, o estágio configura-se como momento
de formação e aprendizagem para além de um simples momento de
aplicação de técnicas, transmissão de informações e conteúdos ou
comprovação de habilidades didáticas e pedagógicas.
Nesse sentido, a discussão aqui apresentada trata-se de um
estudo de cunho bibliográfico e traz como objetivo refletir sobre a
dimensão epistemológica do estágio supervisionado enquanto campo de
conhecimento na formação teórico-prática do futuro professor. Tal
discussão traz como suporte teórico, autores como: Franco (2012), Lima
e Pimenta (2012), Pimenta (2012), Saviani (2009), Ribeiro (2001) e
Vázquez (1968), entre outros que contribuíram para melhor
compreender o objeto em questão.
Na primeira seção do estudo a abordagem segue a proposta de
reflexão sobre a dimensão epistemológica do estágio na formação do
educador, problematizando tal dimensão na direção de buscar
compreender os elementos que permeiam o fenômeno. Na sequência,
propõe-se discussão sobre a relação teoria e prática no contexto da
intervenção educativa e pedagógica, por meio do estágio, por seu caráter
epistemológico, buscando compreender a partir da concepção de
inseparabilidade entre a teoria e a prática, a relação dessa característica
com a ação educativa, cuja dimensão transformadora pode ser proposta
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São questões que muitas vezes não são consideradas nos programas
das disciplinas, nos conteúdos, objetivos e métodos que desenvolve
(LIMA e PIMENTA, 2012, p. 34)
Problematizar a partir das demandas da formação do educador
e sua complexidade, ampliando a compreensão sobre a relação dialética
entre o conhecimento e o exercício de uma prática sustentada pelo
mesmo, não desarticulada dos significados reais da formação humana e
sua relação com a educação escolar, como fenômenos inseridos numa
totalidade, cujas relações poderão ser ressignificadas no contexto
educativo escolar. Problematizar a atuação docente, uma vez que a
mesma se dá, numa realidade de contrastes e contradições que impõem
necessidades relacionadas à formação humana em dimensões amplas.
Nessa perspectiva, o professor entenderá que,
É importante reconhecer que as formas de ensinar têm
consequências que vão além da aprendizagem de um conjunto de
informações, sejam teóricas sejam práticas. Elas estabelecem um
estilo de interação do professor com seus alunos, dos alunos e
professores com os conhecimentos e com o mundo, possibilitando
experiências que podem servir para influenciar outras situações de
vida dos próprios sujeitos (BERBEL, 1998, p. 24).
São articulações que imprimem à ação docente no estágio um
caráter epistemológico enquanto atividade teórica-prática e política.
Nesse sentido, os professores em formação poderão compreender o
estágio como campo de conhecimento e espaço de intervenção que
permite a relação mais próxima junto aos problemas sociais que se
refletem na escola. A ação educativa durante estágio, partindo de
princípios mais amplos, pode se tornar então, mais significativa para o
professor em formação, cuja abrangência de atuação supere possíveis
reducionismos em torno do estágio, como prática pela prática.
Entendendo que a prática pela prática se expressa como
transmissão das informações em forma de conteúdos escolares, também
pela averiguação da apropriação ou abstração dessas informações pelos
estudantes por meio de um processo avaliativo, cujos objetivos estão
relacionados à verificação de habilidades de ensino e capacidades
“didáticas” do futuro educador, que se consideradas como elemento
essencial no processo de ensino, especificamente no que diz respeito à
atuação do educador em formação, podem inferir a expectativa de
padronização ou cultura profissional, conforme Bolívar (2002). Portanto,
cabe aqui refletir sobre o que se espera do professor em formação na sua
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Consideraçãos finais
O estudo discute o caráter epistemológico do estágio na
formação docente. As considerações seguem na direção de superar uma
visão reducionista sobre o papel do estágio na formação docente, ou seja,
buscar compreender que no processo de estágio o professor em
formação poderá atuar como sujeito do processo, cujos objetivos de tal
atuação sejam propostos a partir de uma concepção epistemológica da
intervenção pedagógica e educativa.
Nessa direção, considera-se que o caráter epistemológico do
estágio, está diretamente relacionado à concepção de que tal prática não
está dissociada do conhecimento teórico. Mas, teoria e prática caminham
juntas, constituindo a práxis docente, que por sua vez, trata-se de um
fenômeno que resulta da fusão do conhecimento teórico-prático. Essa
compreensão faz-se necessária para que os sujeitos envolvidos no
processo educativo na fase do estágio, organizem sua ação educativa
formativa, com clareza sobre como se dá o desenvolvimento histórico-
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Referências Bibliográficas
ALMEIDA, M. I. GHEDIN, E. LEITE, Y. U. F. Formação de
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LIMA, M. S. L. PIMENTA, S. G. Estágio e Docência. 7 e. São Paulo:
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VÁSQUEZ, A. S. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.
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RESUMO
Este artigo tem como finalidade apresentar as contribuições que a
música pode oferecer na alfabetização de crianças do primeiro ano do
Ensino Fundamental. Apresenta que a configuração da sala de aula está
diferente e que práticas pedagógicas tradicionais podem não funcionar
devido os alunos ingressarem mais cedo no Ensino Fundamental. Por
fim, esclarece como acontece a alfabetização e traz a contribuição de que
a música pode ser uma prática pedagógica interdisciplinar capaz de levar
as crianças uma aprendizagem lúdica e significativa.
ABSTRACT
This article aims to present the contributions that music can offer in the
literacy of children of the first year of Elementary School. It presents
that the configuration of the classroom is different and that traditional
pedagogical practices may not work due to students joining elementary
school earlier. Finally, it clarifies how literacy happens and brings the
contribution that music can be an interdisciplinary pedagogical practice
capable of taking children a playful and meaningful learning
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Introdução
O presente artigo tem o objetivo de levar a os professores a
refletirem sobre a necessidade de repensar as práticas pedagógicas no
Ensino Fundamental já que as crianças ingressam a partir de 6 anos, e no
cotidiano na sala de aula a importância da presença da ludicidade, em
especial a música, pode oferecer a alfabetização e letramento no aspecto
de garantir os direitos de brincar e aprender.
Desta maneira, se faz necessário compreender o processo de
aprendizagem, compreender o processo de alfabetização e letramento e
identificar a importância do brincar na aprendizagem de uma criança.
Em qualquer idade toda criança canta. A música faz parte do
universo infantil e é importante para motivação, concentração e cognição
das crianças.
Segundo estudos apresentados por Katsch e Merle-Fishman
apud Bréscia (2003, p.60), é destacado que “[...] a música pode melhorar
o desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na
aprendizagem de matemática, leitura e outras habilidades linguísticas nas
crianças”.
A música faz com que as crianças aprendem a refletir e
experimentam situações novas. Portanto cabe ao educador planejar
momentos para apreciação das músicas e atividades que envolvam as
letras das mesmas, para que aconteça a aprendizagem significativa,
principalmente no que diz respeito a alfabetização e letramento.
As crianças constroem o conhecimento a partir das interações que
estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O
conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto
de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação.
(BRASIL, 1998, p. 22)
A criança ao entrar no primeiro ano inicial do Ensino
Fundamental, tem a expectativa de aprender a ler e escrever rapidamente
e porque não garantir este direito de aprender de uma maneira lúdica
garantindo também o direito de brincar da criança por meio da música?
Alfabetização
Os estudos sobre alfabetização obtiveram grandes avanços com
a Psicogênese da Escrita de Emília Ferreiro. No entanto, Soares (2005)
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Práticas pedagógicas
A cada ano que passa, o desafio do professor em atrair os
alunos para aula cresce demasiadamente.
Esse desafio se dá devido a escola pública, principalmente, estar
cada vez mais longe da realidade de seus alunos.
Sendo assim, os professores precisam ter práticas pedagógicas
que envolvam a interdisciplinaridade, pois os conteúdos das aulas
tornam-se mais significativos e de fácil entendimento para os alunos.
O conceito de interdisciplinaridade fica mais claro quando se
considera o fato trivial de que todo conhecimento mantém um
diálogo permanente como os outros conhecimentos, que pode ser
de questionamento, de confirmação, de complementação, de
negação, de ampliação, [...] (BRASIL,1999, p. 88)
A interdisciplinaridade também possibilita ao professor ter mais
praticidade em suas atividades dentro da sala de aula, além de torna-lo
um professor pesquisador, pois é preciso pesquisar novas atividades,
elaborar, criar atividades que envolvam duas ou mais áreas de
conhecimento.
O valor e a aplicabilidade da Interdisciplinaridade, portanto, podem-
se verificar tanto na formação geral, profissional, de pesquisadores,
como meio de superar a dicotomia ensino-pesquisa e como forma
de permitir uma educação permanente. FAZENDA (1992, p.49)
Um grande exemplo disso, é a entrada de alunos com a idade de
6 anos no Ensino Fundamental e professores ainda executarem práticas
pedagógicas tradicionais, tratando a criança como se ainda se que se
estivesse na antiga 1ª série.
Esta nova fase do Ensino Fundamental que recebe alunos em
idade onde o brincar é de extrema importância, precisa ser analisada,
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Considerações finais
Em pleno século XXI, com o domínio da internet na sociedade,
a escola necessita ser mais atrativa para o aluno que ingressa no 1º ano
inicial do Ensino Fundamental.
Continuar com práticas pedagógicas tradicionais, faz com que
os alunos não sintam prazer em querer aprender. Essas práticas, já não
trouxeram grandes resultados na alfabetização de alunos que
frequentavam a antiga 1ª série, como poderão ser suficientes para essa
nova geração de crianças que chegam a sala de aula com idade menor
que as de anteriormente?
Atualmente, a música é uma importante ferramenta para o
professor na sala de aula, para levar as crianças a aprenderem com
facilidade e significação.
A música traz à tona diversos sentimentos e tem a capacidade
de envolver e integrar as pessoas
Na alfabetização, a música é uma das grandes aliadas do
professor que pretende que crianças de 6 anos aprendam de maneira
lúdica a ler e escrever.
O universo de uma criança que frequenta tão cedo o Ensino
Fundamental é de brincadeira, portanto é imprescindível que o educador
permita estas crianças a aprenderem brincando. Por meio da música, o
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Processo de Alfabetização- Revista Eletrônica Saberes da Educação –
Volume 3 – nº 1 – 2012
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.
ZABOLI, G. Práticas de ensino: subsídio para a atividade docente. 9ª ed.
São Paulo: Ática, 1998.
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Volume VI
RESUMO
brunacsantos92@gmail.com
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Moacir Gadotti sobre P.Freire para o documentário: Paulo Freire – Contemporâneo, 2006.
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Argumento usado pelo filósofo John Locke (1632-1704). Considera que todas as pessoas
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Condição da pessoa ou grupo que recebe de outrem a lei a que se deve submeter.
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Em pesquisa livre constatei que o pensamento de Lukács, na juventude sofreu sua influência
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sobre juventude não eram tão significantes, assim consideramos a fala de Freire para a
juventude em geral.
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23Grifos do autor.
24Conforme Sales (2014,p.232), “[...]nos últimos tempos, a noção de ciborgue tem-se ampliado
para toda pessoa que tem sua existência mediada pela tecnologia digital.”.
25Nascidos após a era da internet.
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Vozes da Educação
Conclusão
Podemos concluir que em Freire, educar para o exercício de
apropriação da autonomia, é um processo contínuo e requer a
compreensão crítica de que não somos seres condicionados, assim essa
prática fundamenta-se na emancipação do sujeito, por meio de sua
conscientização e do seu exercício da liberdade e da capacidade de
intervenção na realidade.
Sua relevância encontra-se no entendimento da importância dos
papéis dos interlocutores no processo formativo, visto que ambos são
determinantes para a dialogicidade, essa que é a chave para obtenção
deste ideal. Assim educandos-educadores, bem como a escola em sua
totalidade relacionam-se nesse processo, onde ambas contribuem a essa
finalidade.
Por isso à incorporação dos princípios pedagógicos de Freire na
prática educativa, conforme vistos, caminham de forma qualitativa ao
encontro de um genuíno processo de emancipação dos sujeitos.
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Volume VI
Referências Bibliográficas
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RESUMO
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Introdução
Desde os primórdios dos tempos, percebemos que o ser
humano tem se envolvido na busca de abrigo segundo suas possibilidades
e características grupais. Esta busca, uma vez que estes deixaram de ser
nômades, impetrou no desenvolvimento de uma nova ciência a ciência da
construção pois, em tempo, já dominavam alguns aspectos com a
agricultura, caça e pesca, não necessitando mudar de habitas quando as
condições ambientais lhes eram desfavoráveis.
Segundo Abrahan Maslow, as necessidades humanas passam
por vários está- gios, sendo que já na base de sua pirâmide hierárquica,
segundo estágio, ele consi- dera a segurança e a propriedade com uma
forma de auto realização.
Quando falamos em construção, falamos em tudo que ela nos
proporciona sendo a mola impulsionadora de nossas conquistas, assim
como a base de nossas realizações, e da nossa segurança. Mas, pra ela
suprir todos estes desejos, ela própria a construção deve ser segura.
Nas antigas construções, tinha-se o hábito de que a primeira
pedra a ser as- sentada seria em sua esquina, a fim de alinhar sua
estrutura e dar sustentação a um edifício, formando assim um ângulo
reto. Por ter uma grande importância nessa construção seria considerada
como a pedra angular. Esse conceito de pedra angular, nos remete a
diversos contextos nos quais percebemos a importância de uma
estrutura sólida e permanente, tornando-se assim essencial para uma
construção, seja essa física, emocional ou no campo das ideias.
Quando pensamos em educação comparando-a uma
construção precisa-mos visualizar a partir da sua base, ou seja, estrutura
na qual será assentado todo conhecimento, não somente aquele em que
a escola irá transmitir, mas também tudo aquilo que será armazenado ao
longo da sua vida. Para tanto, dá-se a importância de um ensino pautado
no amor. Como uma pedra angular, ela será o principal alicerce em uma
construção emocional, moral e física que poderá resistir a todos os
intempe- res que poderão ocorrer ao longo do tempo.
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Considerações finais
A história que cada indivíduo irá adquirir ao longo de sua
existência reflete a construção de seu conhecimento, alicerçada e
moldada pelas mãos de artistas que, como uma obra de arte, imprimem
seu talento e amor, no desenvolvimento de suas potencialidades.
A educação é o reflexo dessa história, permeando a estrutura
sólida e permanente para uma vida transformadora em qualquer área da
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Vozes da Educação
Referências Bibliográficas
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação. Cartas pedagógicas e outras.
5ª. Reimpressão. São Paulo. Editora UNESP; 2000
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Volume VI
Luciane Silva27
Eu gosto da noite só para contemplar as estrelas cintilantes,
ler e escrever. Durante a noite há mais silêncio.
Carolina Maria de Jesus
RESUMO
O artigo procura refletir sobre a questão da importância da memória,
como elemento fundamental na construção da identidade do estudante
negro, abordando a Literatura e apontando a Educação como
constitutivo e determinante nesse processo. Apresentando as narrativas:
Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus e A Louca de Serrano de
Dina Salústio como exemplo da memória como estratégia para novas
subjetividades, novas vivências.
Palavras-chave: Memória, Literatura, Brasil, Cabo-Verde.
ABSTRACT
The article seeks to reflect on the importance of memory as a
fundamental element in the construction of the identity of the black
student, approaching Literature and pointing to Education as a
constitutive and determining factor in this process. Introducing the
narratives: Carolina Maria de Jesus' eviction room and Dina Salustio's
Madness of Serrano as an example of memory as a strategy for new
subjectivities, new experiences.
Keywords: Memory, Literature, Brazil, Cape Verde.
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pelo Presidente da República então, Luiz Inácio Lula da Silva – que altera
a LDB (Lei de Diretrizes e Bases, 1996) e institui a obrigatoriedade no
ensino fundamental e médio, público e particular, do ensino de História
e Cultura Africana e Afro-Brasileira.
Conforme André Brandão:
A Lei n. 10.639/03 possui assim um gigantesco valor na medida em
que questiona mitos e ideologias e aponta para a necessidade de
construção de perspectivas não hierarquizantes de relação entre as
diferenças inscritas no tecido social. Sabemos da importância da
Escola para a produção e reprodução da imaginação nacional ou da
nação como uma “comunidade imaginada” (2007, p.36)
O conhecimento da Lei foi de suma importância para embasar
e fortalecer a minha trajetória, no sentido de trazer para a sala de aula a
escritura negra e suas peculiaridades. No embate cotidiano de
ensinar/aprender e aprender/ensinar a Literatura serve como
metodologia reflexiva para desmonte de estereótipos, preconceitos e
valorização de especificações da cultura negra. Todo o arcabouço da
Escola, dos livros didáticos a fala escrita e oral, tudo é permeado pela
negação ou desvalorização do que advém da cultura negra.
Nesse contexto, as meninas, alunas e mulheres negras abarcam
duplamente essa desvalorização e essa negação. Por sofrerem com o
patriarcalismo e a distorção da sua ancestralidade, sua memória.
Se a memória individual que a criança negra tem de si mesma é
negativa, por tudo que sofre no dia a dia escolar, se a memória da sua
comunidade é distorcida, como nas aulas de história, a História do povo
negro começa a ser contada a partir da escravidão, se a memória que a
Tradição apresenta da sua ancestralidade é inferior em detrimento de
outra cultura, como reverenciar a própria história?
O processo educativo é o caminho para a construção de
imagens positivas de si mesmo, da sua comunidade e reelaboração de
uma Tradição imposta. A Literatura perpassa pela palavra e por ela que
Carolina Maria de Jesus, no Brasil e Bernardina Salústio em Cabo-Verde,
constroem imagens de personagens femininas frágeis, mas fortes na sua
essência de resistência.
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O que é a memória?
http://www.iea.usp.br/noticias/memoria-cultural
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teve uma filha. Esse reencontro com a sua família, sua mãe, num ano que
se inicia, concede à protagonista a possibilidade de uma nova vivência. A
recuperação da memória referente a suas origens, a sua infância,
preenche uma lacuna na trajetória de vida da personagem.
A mãe de Filipa, Genoveva San Martin era fotógrafa até sofrer
um acidente já grávida. Quando é encontrada por Jerônimo que sem
saber o seu nome batiza-a de Fernanda (considerada louca estrangeira
pelos serranenses).
Fernanda não tinha a noção de estar acordada ou a dormir, pois
tanto fechava os olhos e desaparecia num sono confuso, como os
abria para não reconhecer nada, boca aberta, numa interrogação,
completamente alheia aos acontecimentos à sua volta. (SALÚSTIO,
p. 71).
Outra personagem que possui um laço com a memória é a
parteira, que possui a memória sobrenatural das parteiras. As sucessivas
parteiras de Serrano eram mulheres escolhidas pelo destino,
desempenhavam múltiplas funções, de grande importância para o bem
físico e psicológico dos homens e das mulheres de Serrano. Eram elas as
responsáveis pelo nascimento de todas as crianças do vale, pela iniciação
sexual dos jovens, pela cura de qualquer doença.
Toda a gente sabia que as parteiras eram bruxas e, naquele
momento, no meio do choro, olhando para os vômitos viu o seu
destino e soube que as mulheres bruxas eram mais felizes do que
as mulheres não bruxas de Serrano. Ou menos infelizes. Entrou
na Casa da Luz, juntou o cabelo num carrapito e, altiva, começou
a dar ordens. Contava trinta e três anos [...] esqueceu o nome pelo
qual era conhecida, perdeu a memória antiga e ficou sem idade.
A outra protagonista, a Louca, possui a memória de Serrano,
por viver lá há duzentos anos, conhece toda a história de Serrano e dos
aldeões.
Apesar da opinião dos serraneses, a jovem louca era a única
personagem que tinha o discernimento de explicar os fatos mais
estranhos que aconteciam na aldeia, ela tinha o poder de prever o futuro,
de saber todos os segredos e medos dos serraneses. Só ela sabia
interpretar os fenômenos que ocorriam na montanha e não mostrava ter
medo da maldição que recaía sobre a aldeia e os seus habitantes.
Uma desconhecida que nunca tentou entrar na igreja, o que levava
os fiéis mais atentos a definir-lhe possíveis laços com o demônio,
continuava a argumentar, em palavras desarticuladas, que os pobres
eram a porcaria que os ricos utilizavam para se tornarem mais ricos,
para pecarem, para desobedecerem aos princípios de igualdade [...]
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adotivas, já que sua mãe perdera a memória e não se lembrava de ter tido
uma filha.
Tanto Carolina, quanto Filipa e a Louca transitam por estes
espaços como estrangeiras, Carolina sozinha com os filhos, vinda de
Sacramento, interior de Minas Gerais, Filipa não pertencia nem à cidade
e nem à aldeia e a Louca vinda de não se sabia onde, filha ninguém sabia
de quem.
Muito há ainda, que se pesquisar, analisar e aprofundar nas
respectivas obras, Quarto de Despejo: Diário de uma favelada e A Louca de
Serrano, estudá-las é rever a identidade do povo brasileiro e cabo-
verdiano. A identidade nacional de um povo constrói-se com homens e
mulheres e sendo países antigas colônias, com brancos, negros e
mestiços escrevendo sua nação.
Compreendeu-se então, que as personagens são sujeitos em
trânsito, em deslocamento externo, espacial e interno afetivo, em
autoconstrução numa trajetória entremeada de encontros e
desencontros. E nesses embates, esses sujeitos elaboraram novas
possibilidades de vivências e a memória serviu para ancorar novas
perspectivas de inventar e experimentar a percepção do mundo e como
agir nele.
Carolina e Dina promovem o que segundo Brito (1996, p. 132):
[...] a desmistificação de uma história que aos poucos vai cedendo
lugar a outra e a desconstrução de uma memória que foi forjada
programada e continua veiculada pela voz da História oficial.
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Referências Bibliográficas
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__________. Literatura e trajetória social das mulheres em Cabo Verde:
a escritura de autoria feminina ou outro olhar sobre o arquipélago.
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RESUMO
A educação inclusiva é um assunto relativamente recente na sociedade
brasileira, embora já estivesse expressamente sedimentada na
Constituição Federal de 1988, nos artigos 205 a 208. Até por tratar de
temas delicados e que mexem com o imaginário das pessoas em relação
às diferentes deficiências e como lidar com esse segmento, que mantém a
idéia básica de que a pessoa com deficiência é alguém com “defeitos”
que devem ser consertados, a maioria das pessoas não sabe o que
significa o termo ‘inclusão’, levando-as a acreditar que pessoas com
deficiência têm que superar os limites que a deficiência lhes impõe.
ABSTRACT
The inclusive education is a relatively new subject in Brazilian society,
although it was expressly settled in the Federal Constitution of 1988,
articles 205 to 208. Even to treat sensitive issues and mess with images
of people in connection with various disabilities and how to deal with
this thread, that maintains the basic idea that the disabled person is a
person with "defects" that should be repaired, more people do not you
know what the term 'inclusion', it leads them to believe that people with
disabilities overcome the limits required by the deficiency.
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Referências Bibliográficas
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edição, 2015.
118
Volume VI
RESUMO
O presente artigo é fruto de uma pesquisa de Doutorado em Educação
(PUC-Rio) intitulada “Os Sentidos do Trabalho Docente: Atividade, Status e
Experiência de Professores do Ensino Médio em uma Escola Pública do
Estado do Rio de Janeiro” (GUEDES, 2014). Foram entrevistados quinze
professores de uma escola da rede estadual, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Os docentes relataram as condições de trabalho, as representações e
expectativas deles em relação aos alunos e o balanço da sua experiência
profissional. Sendo assim, os significados da docência, para esses professores
do Ensino Médio, foram revelados através de suas experiências.
ABSTRACT
This article is the result of a study by Doctorate in Education (PUC Rio)
entitled "The Senses of Teaching Work: Activity, Status and Experience of
High School Teachers in a Public School in the State of Rio de Janeiro"
(GUEDES, 2014). Fifteen teachers from a state school in the west of Rio de
Janeiro were interviewed. The teachers reported the working conditions, the
representations and expectations of them in relation to the students and the
balance of their professional experience. Thus, the meanings of teaching for
these high school teachers were revealed through their experiences.
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Introdução
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Tabela 1 - Perfil dos Professores Entrevistados: Disciplina, Faixa Etária e Tempo de Experiência
Profissional
Tempo de
Experiência
Professor (a) Disciplina Faixa Etária Profissional
Língua Portuguesa e
Professora Gisele Espanhol De 30 a 39 anos 5 anos
Língua Portuguesa e
Professora Helena Espanhol De 50 a 59 anos 16 anos
Língua Portuguesa e
Professora Isabela Francês De 40 a 49 anos 15 anos
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Vozes da Educação
Sociologia e
Professora Paula Geografia De 40 a 49 anos 15 anos
Medo eu acho que não... Mas assim, tensão a gente sempre fica
porque o professor quer que o aluno aprenda... Você quer às vezes
planejar uma aula, você quer que o aluno tenha vontade de
aprender, e quando você chega, daí você não consegue e você vê
que o aluno não aprende, aquilo acho que vai gerar uma tensão.
Porque às vezes você se esforça, você faz o possível para que o
aluno aprenda e quando você dá uma prova e vê uma nota baixa,
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você vê que você falhou, o aluno não aprendeu! Gera muita tensão.
(Gisele – Língua Portuguesa)
Ah, no início, assim sei lá, nos três, quatro primeiros anos sim... Eu
sentia a cada ano que eu entrava, em cada sala que eu tinha que
entrar, eu achava que eu podia estar sendo avaliada pelos alunos.
Isso me causava um certo desconforto. Mas com o passar do tempo
isso foi acabando. (Diana – História)
(...) sim, muitas das vezes eu ia para casa assim, altamente estressada.
Porque devido às dificuldades que eu passava em sala de aula. Às
vezes, muitas das vezes era a agressividades dos alunos... Era assim,
pela vida até que eles tinham... É, então muitas das vezes eu
somatizei muito esses problemas em minha vida. Chorava, não
conseguia dormir(...) Mas posso dizer que obtive bastante sucesso
na minha carreira profissional. (Fernanda – Língua Portuguesa)
Ah, sim. Tem tensão e tem medo. Porque, é muito mais assim pela
questão de ser, sofrer uma agressão... A gente não sabe com quem
está lidando, de repente é o aluno, às vezes a gente bota um fora de
sala, a gente dá uma bronca no aluno, e ele olha para gente de um
jeito que muitas vezes eu tenho medo de ser agredido. Não pelo
fato, eu não tenho medo em si da agressão. Eu tenho medo da
minha reação... Porque você pegar um aluno, de repente ele te
agredir fisicamente... E às vezes a gente ter o sangue frio para não
regir? Até que ponto que meu sangue é congelado? (Nicholas –
Química)
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Vozes da Educação
fez ter tensões ao longo de sua experiência. Já Júlio traz à tona a questão
da sua subjetividade: o fato de ser tímido faz com que ele fique tenso.
Para o professor Carlos, a sua insatisfação causa tensão, já que para ele
“magistério não é fácil”. O professor chegou a dizer, ao longo da
entrevista, que já pensou em desistir da profissão, mas disse que ele não
faz isso porque ainda existe amor ao trabalho.
A professora Gisele expressou a sua preocupação na tensão de
não conseguir fazer o aluno aprender. Apesar do esforço para que o
aluno aprenda, às vezes a professora não obtém resultado e isso a
desagrada. Já Ana comentou que a falta de interesse do aluno a faz ter
muito desânimo, a ponto de fazê-la pensar em desistir do magistério.
A professora Otília alegou que sempre fica tensa em início de
ano letivo, pensando como vai ser a sua relação com a turma e demais
profissionais, se o conteúdo será apreendido pelos alunos. Apesar da
experiência, a professora confessou que sempre fica tensa com relação a
essas questões.
Ao contrário de Otília, Diana já viveu tensões nos primeiros
anos da docência e que hoje, com mais experiência, essas preocupações
não existiriam mais. O desconforto estava em entrar em uma nova turma
e ser julgada e avaliada pelos alunos. Com o passar dos alunos, essa
tensão diminuiu e a professora conseguiu lidar melhor com isso.
Os professores Fernanda e Nicholas fizeram alusão à
agressividade dos alunos. Fernanda relatou que de certa forma já
vivenciou isso e que ficava estressada por conta desse problema. Essa
agressividade estava relacionada a questões de comportamento e não
propriamente relacionada a questões de violência física. Já Nicholas tem
preocupação com relação à agressividade, mas de uma outra forma: ele
nunca vivenciou isso, mas se preocupa em vivenciar e tem medo da
forma como possa reagir a essa agressividade.
Percebemos que as tensões e os medos dos professores se
referiram aos seguintes temas: a) cansaço provoca tensão; b) insatisfação
com os problemas do magistério causam tensão; c) não conseguir fazer o
aluno aprender gera tensão; d) falta de interesse do aluno pode causar
tensão; e) início de ano letivo gera tensão por causa da expectativa com
relação ao relacionamento com a turma e ao desempenho de
aprendizado; f) a expectativa com a nova turma só gerou tensão no início
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Volume VI
da carreira e agora, com mais experiência, essa tensão não existiria mais;
g) comportamento agressivo dos alunos gera tensão; h) a possibilidade
de agressividade dos alunos também causa tensão.
Na maioria dos casos, ainda que todos os professores sejam
experientes, vimos que a tensão permanece até hoje. As preocupações
fazem parte da vida do professor e como cada turma é nova e os alunos
diferentes, é normal que exista um certo receio quando se estreitam os
laços dessa convivência, afinal de contas, é sempre um novo aprendizado
lidar com a turma e suas questões. Os que já não possuem tanta tensão
talvez já desenvolveram “antídotos” para lidar com essas questões ao
longo da carreira.
De acordo com Lelis (2012), alguns desafios são enfrentados
pelos professores contemporaneamente: intensificação e complexificação
da profissão, diversificação das tarefas docentes em decorrência de um
conjunto de transformações sociais, importância da formação de
professores para a efetividade do ensino. As tensões, os medos e os
desafios expressos pelos professores da nossa pesquisa de certa forma
revelam a complexificação e a intensificação do trabalho do professor,
que se sente sobrecarregado para dar conta das muitas exigências da
profissão.
De acordo com Lantheaume (2012), os professores se sentem
hoje coletivamente rebaixados, “menores” do que eram. Devido a uma
dificuldade profissional não superada sentem que perderam a própria
dignidade. Essa dignidade social e simbólica é constituída pelo
sentimento de exercer um ofício que tem valor e é útil à sociedade, pela
consciência de se inscrever em uma história e participar dela, de ser
reconhecido como qualificado e competente, de possuir autonomia e
responsabilidade. Na nova configuração do trabalho do professor,
muitas vezes os recursos necessários e as condições de sua atualização
não correspondem às necessidades.
Os professores entrevistados relataram as tensões, os medos e
os desafios da profissão e com isso a dignidade dos professores parece
ficar comprometida frente a esses muitos desafios da profissão. No
entanto, segundo Lantheaume (2012), embora os professores enfrentem
geralmente essas diversas dificuldades a maioria continua, contudo,
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Vozes da Educação
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Volume VI
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Vozes da Educação
É o aluno que ele não sabe muito o que ele quer da vida dele. É um
aluno que não tem, ele não tem aquele objetivo. Ele está ali e acho
que muitos não sabem nem por que eles estão ali. Alguns até
querem, se esforçam. Estão buscando até fora. Agora tem muitos
que a gente percebe que não sabem o que querem, eles não focam
num objetivo. Eu acho que eles tinham que ser mais focados, ter
mais vontade. (Gisele – Língua Portuguesa)
Não vou dizer que é a grande maioria, mas alguns alunos só querem
pegar o diploma mesmo porque nem todos têm o objetivo de vida e
isso é muito ruim. Hoje mesmo o diretor conversou comigo sobre
isso: só o ensino médio e religião não adiantam muita coisa, mas eu
acho que para a maioria, o objetivo é só terminar o ensino médio e
parar os estudos, então eu acho isso muito ruim. (Júlio –
Matemática)
A grande maioria dos professores possui uma visão muito
negativa com relação ao aluno da rede estadual, com baixo rendimento.
Muitos afirmam que o aluno só está atrás do diploma e que por isso não
tem um compromisso com os estudos. Outros acreditam que existe uma
pequena parcela que se esforça para ir adiante. Otília e Carlos reforçaram
o argumento de que o aluno do ensino médio é o aluno com muita
defasagem de conhecimento, oriundo do ensino fundamental do
Município. Neste caso, para os dois professores fica evidente, nesses e
em outros relatos, o quanto a questão da defasagem incomoda os
professores, oferecendo certos obstáculos à atuação docente.
De uma forma geral, o aluno do ensino médio da rede estadual
é representado e visto pelos professores como aquele aluno que muitas
vezes não tem o compromisso com os estudos, mas precisa frequentar a
escola, de uma certa forma. Tal representação negativa é um dos dilemas
vivenciados pelos professores da rede estadual: eles gostam dos alunos,
mas não podem fazer vista grossa quanto ao baixo desempenho de
aprendizagem ou quanto ao desinteresse pelos estudos.
De acordo com a pesquisa de Lima e Sales (2007), existem três
eixos representacionais que informam de que forma os professores
representam os alunos da escola pública. O primeiro eixo é referente ao
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Volume VI
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Vozes da Educação
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Volume VI
Então, se você não tem nem o mínimo, você tem um diploma, mas
você, não tem conteúdo, você não vai conseguir bons empregos. E é
isso que acontece. (Priscila – Sociologia)
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Vozes da Educação
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Volume VI
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Vozes da Educação
que forma ensinar aos alunos para que eles possam aprender. Segundo a
professora, uma educação mais libertária, lúdica, artística e livre seria
mais eficaz para motivar os alunos para o aprendizado.
As falas de Carlos e Priscila enfatizam a preocupação com o
aprendizado dos alunos. Carlos traz à tona a questão das deficiências de
aprendizagem, enquanto Priscila ressalta o estilo didático como
importante para o processo de aprendizagem. As duas visões são as que
fazem referência à experiência dos professores e seus depoimentos
indicam de que forma eles lidam com o trabalho e seus dilemas.
A segunda categoria está relacionada ao gosto pela profissão,
apesar dos problemas enfrentados. Isabela e Murilo relataram as
dificuldades, mas também reconhecem que permaneceram no magistério
por alguma razão. Vejamos os relatos:
A minha experiência? É eu acho muito boa, é muito prazeroso, a
gente tem um desgaste muito grande, é cansativo, uma profissão
muito cansativa, que a gente se empenha demais. A gente é
responsável por muitas mentes. Eu me considero assim, mas é
muito gratificante também saber que esse peso, essa
responsabilidade, a gente percebe que tem retorno, uns mais, outros
menos, mas é muito gratificante. (Isabela – Língua Portuguesa)
(...) No início eu pensei até em parar. Quando eu cheguei aqui, eu vi
o desinteresse de alguns alunos, cheguei em casa comentei com a
minha mulher: “Eu não vou ficar lá porque não, não dá, os alunos
são muito desinteressados”. Ela via em casa a minha dedicação em
preparar para eles algumas coisas, aí ela falou assim: “Mas se você
sair, quem entrar lá, vai melhorar o que você acha que não
consegue?” (...) daí, eu acabei não saindo e por causa disso estou
aqui há 8 anos. Foi quando a minha mulher falou: “você pelo menos
está tentando fazer alguma coisa, você sai e será se não vai outro
para lá que não vai fazer nem o que você está fazendo?” (Murilo –
Matemática)
Os dois relatos revelam exemplos de superação das dificuldades
do magistério e mostram que os professores permaneceram na profissão.
De uma forma ou de outra, eles aprenderam a gostar da profissão, apesar
dos problemas. E isso significa muito para a experiência profissional
deles. Para Herdeiro e Silva (2014):
Na atualidade, o professor assume um papel preponderante no
processo de ensino e aprendizagem, sendo visto como um
profissional que procura dar respostas às situações com que se
depara, movendo-se muitas vezes em circunstâncias muito
complexas e contraditórias que requerem a aprendizagem e a
mobilização de competências específicas e um quadro de valores
pessoais e profissionais considerados fundamentais no processo de
mudança. (Herdeiro e Silva, 2014, p. 241)
136
Volume VI
Considerações finais
Com relação às condições de trabalho dos professores
entrevistados, as respostas evidenciaram as tensões e os medos dos
professores. Percebemos que alguns fatores podem causar tensão nos
professores, como cansaço, insatisfação com os problemas do
magistério, não conseguir fazer o aluno aprender, falta de interesse do
aluno, início do ano letivo devido à expectativa de conhecer a nova
turma (tensão causada só no início da carreira ou também vivenciada
pelos mais experientes), comportamento agressivo dos alunos ou
possibilidade de esse comportamento ocorrer.
Quanto às representações e expectativas dos professores em
relação aos alunos, constatamos que um dos grandes dilemas da nossa
pesquisa é o relacionado à baixa expectativa de futuro que os professores
possuem com relação aos alunos com baixo rendimento escolar. Os
docentes gostam dos alunos, mas não fazem vista grossa quando o
assunto é o resultado de seu processo de escolarização no mundo real.
Várias questões estariam por trás desse dilema, mas o que mais é
enfatizado é a incapacidade de um aluno com baixo rendimento escolar
137
Vozes da Educação
138
Volume VI
Referências Bibliográficas
DAY, C. Desenvolvimento Profissional de Professores – Os Desafios da
Aprendizagem Permanente. Porto, Portugal: Porto Editora, 2001.
GUEDES, M. S. E. P. Os Sentidos do Trabalho Docente: Atividade,
Status e Experiência de Professores do Ensino Médio em uma Escola
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Departamento de Educação, 2014.
HERDEIRO, S.; SILVA, A. M. Qualidade e Trabalho Docente: As
Experiências e Oportunidades de Aprendizagem dos Professores. Educ.
Soc., Campinas, v. 35, n. 126, p. 237-254, jan.-mar. 2014.
LANTHEAUME, F. Professores e Dificuldades do Ofício: Preservação
e Reconstrução da Dignidade Profissional. Cadernos de Pesquisa, São
Paulo , v. 42, n. 146, p. 368-387, maio/ago. 2012.
LELIS, I. O Trabalho Docente na escola de Massa: Desafios e
Perspectivas. Sociologias, Porto Alegre , v. 14, n. 29, Apr. 2012.
LIMA, F de F.; SALES, L. C. As Representações Sociais do Aluno de
Escola Pública partilhadas por Professores de Língua Inglesa que
ensinam em Escolas Públicas e Particulares de Teresina. ATOS DE
PESQUISA EM EDUCAÇÃO – PPGE/ME FURB, v. 2, nº 1, p. 106-
122, jan./abr. 2007.
TARDIF, M; LESSARD, C. O Trabalho Docente: Elementos para uma
Teoria da Docência como Profissão de Interações Humanas. 3 ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
139
Vozes da Educação
RESUMO
O presente estudo consiste em uma revisão bibliográfica, que trata sobre
as influências do avanço tecnológico na educação, apontando e
explanando alguns aspectos relevantes, mostrando os prós e contras
dessa aliança que se faz necessária nos tempos atuais. Não somente
necessária como vantajosa se for utilizada de maneira correta, o objetivo
deste estudo é justamente enumerar maneiras de utilizar a tecnologia a
favor da educação, para facilitar o aprendizado.
ABSTRACT
The present study consists of a bibliographical review that deals with the
influences of the technological advance in education, pointing out and
explaining some relevant aspects, showing the pros and cons of this
alliance that is necessary in the present times. Not only is it necessary as
well as advantageous if used correctly, the purpose of this study is
precisely to enumerate ways to use technology in favor of education, to
facilitate learning.
mail: va9rauber@gmail.com
140
Volume VI
Introdução
Este estudo apresenta uma discussão sobre educação e
tecnologia, dependendo do contexto, a tecnologia pode ser descrita
como uma solução ou minimização de um problema ou a geração de
uma oportunidade, por exemplo. Seguindo este contexto vamos analisar
as vantagens de aliar a tecnologia com a educação.
Estamos diante da era da informação e a escola não tem meios
para competir com as novas tecnologias, muito menos para impedir que
ela chegue até a sala de aula, até porque a maioria dos alunos já teve ou
tem acesso a internet e com certeza vai chegar o dia em que todos terão
essa oportunidade.
Portanto nossa única saída é se aliar a ela, até porque a mesma
pode contribuir muito se for bem aplicada e tiver uma finalidade
definida, um dos pontos positivos é que a aprendizagem virtual age de
forma rápida devido a sua flexibilidade e as grandes possibilidades que
apresentam.
Já a metodologia tradicional de ministrar uma aula há muito
tempo já não chama mais a atenção dos alunos, pois os mesmos podem
ter acesso imediato e ilimitado as informações de seu interesse com
apenas um clique na tela do celular por exemplo.
O quadro negro e o giz na visão dos alunos, se tornaram
ultrapassados, tediosos e maçante, desta maneira, qualquer lugar se torna
mais atraente do que a sala de aula, este fato se comprova diante dos
altos índices de reprovação e evasão escolar.
Sabemos que o professor jamais poderá ser substituído por
meios mecânicos incapazes de trabalhar os valores e as condutas morais
que formam um cidadão crítico, mas perante os fatos, precisamos
encarar a triste realidade e desenvolver novas metodologias atrativas para
assegurar a permanência de nossos alunos em sala de aula e resgatar
aqueles que evadiram.
Nesta busca constante por inovação o professor corre o risco
de se perder na mera instrumentação eletrônica, ou seja, ele utiliza esses
elementos de maneira equivocada, não possibilitando um ensino sólido e
relevante, deste modo os alunos tendem apenas a repetir o que foi
passado e não construir o seu próprio conhecimento.
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Vozes da Educação
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Volume VI
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Volume VI
Metodologia
A metodologia a ser adotada para a realização do trabalho
contempla uma revisão bibliográfica expositiva. Para a elaboração da
presente revisão as seguintes etapas foram percorridas: estabelecimento
de critérios de inclusão e exclusão de artigos e livros (seleção da
amostra); definição das informações a serem extraídas dos livros
selecionados; análise dos resultados; discussão e apresentação dos
resultados.
145
Vozes da Educação
Considerações finais
Chegamos à conclusão que a aprendizagem seria totalmente
prejudicada sem estes instrumentos tecnológicos, pois garantem
melhores condições didáticas e pedagógicas, sem falar da flexibilidade
que estes recursos promovem, eles transformaram o sistema educacional
que era estático em dinâmico.
Esta flexibilidade, começou a chamar a atenção de estudantes
que evadiram por falta de tempo para estudar, uma das alternativas para
resolver este impasse é o ensino a distância, que só foi possível graças ao
avanço tecnológico e permite várias possibilidades para quem tem
interesse em estudar, mas não possui disponibilidade de horários, devido
ao emprego, família entre outras dificuldades.
Outro fator importante é o computador, que chegou às escolas
como recurso formidável para a modernização do sistema educacional,
pois facilita a produção de trabalhos e permite o acesso à internet, que
trouxe consigo muitas mudanças no processo ensino-aprendizagem.
146
Volume VI
Referências Bibliográficas
CARBONELL, Jaume. A aventura de inovar: a mudança na escola.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
DELORS, Jacques. Educação para o século XXI. Porto Alegre: Artmed,
2005.
DEMO, Pedro. Desafios modernos da educação. Petrópolis: Vozes,
2014.
147
Vozes da Educação
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre as situações de Pobreza e
Desigualdade social tendo como enfoque principal o papel das avós nas famílias
beneficiarias do Programa Bolsa Família. Pensar no enfrentamento da Pobreza e
da Desigualdade Social a partir dessa ótica nos mostra que a referência familiar
das avós tem sido essencial na vida escolar das crianças, posto que o ato de
cuidar e acompanhar diariamente, tem sido desempenhado pelas avós, pois são
elas que assumem para si a responsabilidade de zelar pela vida escolar dos netos,
uma situação que acreditamos está arraigada na formação da sociedade brasileira,
posto que a questão da vulnerabilização da realidade social, política, econômica
estão culturalmente construídas.
ABSTRACT
The present work aims to reflect on the situations of Poverty and Social
Inequality, with the main focus being on the role of the grandparents in the
beneficiary families of the Bolsa Família Program. To think about the
confrontation of Poverty and Social Inequality from this perspective shows that
the family reference of the grandparents has been essential in the school life of
the children, since the act of caring and accompanying daily has been performed
by the grandparents, assume for themselves the responsibility to watch over the
school life of the grandchildren, a situation we believe is rooted in the formation
of Brazilian society, since the question of the vulnerability of social, political and
economic reality is culturally constructed.
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Volume VI
Introdução
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salas de aulas não são bem ventiladas embora tenham ventiladores, posto
que o calor é excessivo na em nossa região. Convém salientar ainda que
aescola não dispõe de quadra de esporte, o que dificulta algumas
atividades. Assim, quando necessário o deslocamento dos alunos para
outros espaços é realizado para fins de desenvolvimento de aulas práticas
de Educação Física.
Importa frisar que a referida escola recebe verbas dos governos
Estadual e Federal para manutenção do prédio, merenda escolar e para
material de consumo e expediente, porém os mesmos são insuficientes
em todos os setores, competindo a gestão da escola um exercício intenso
para manter a escola funcionando.
Os alunos atendidos pela escola residem em bairros
circunvizinhos, como Alto da Boa Vista I e II, Vilanópolis, Vila Antônio
Pereira, Vila Saboia, Vila Tibério Azevedo, Vila Matilde, Vila Valdenor e
alunos da Zona Rural sendo: Povoado Palmeirópolis (Passarinho), Folha
Grossa, Ribeirãozinho, Ribeirão Grande, Ribeirão Pedro Isaias, Povoado
Olho D’agua, Cinzeiro, Cooperativa, Jenipapo e centro.
A maioria dos alunos necessita do transporte escolar para
chegar até à escola. A renda familiar dos alunos é mista, na sua maioria
sobrevivem da agricultura e programas sociais, como: Bolsa Escola,
Pioneiros Mirins, PETI, os outros são filhos de funcionários públicos ou
aposentados. A escola também atende vários alunos em situação de
vulnerabilidade e não raro se faz necessária a intervenção do Concelho
Tutelar ou da própria Justiça para resolver conflitos familiares, nesse
sentido a escola tem papel importante, pois na maioria dos casos é o
único ponto de apoio ou referência que esses jovens têm.
Apesar da escola estar localizada na região central da cidade, a
mesma parece invisível aos olhos da comunidade, pois ninguém procura
a escola pra nenhum tipo de parceria ou ajuda, ao contrário a escola é
que fica mendigando apoio e colaboração, como se os problemas fossem
única e exclusivamente da escola, como se esses jovens que aqui estão
também não fizessem parte dessa mesma sociedade, só lembram de
procurar a escola quando algum desses jovens causam algum dano ou
transtorno ao patrimônio de algum vizinho da escola. A escola tem sido
incansável na busca de melhorias tanto para sua estrutura física, quanto
pedagógica, no intuito de contribuir para a melhoria da qualidade vida
156
Volume VI
Procedimentos Metodológicos
Na tentativa de ordenar uma base lógica para esta investigação,
tentou-se eleger um caminho metodológico que nos auxiliasse na escolha
dos procedimentos e de investigação.
Esse fato nos fez reportar ao vídeo “Severinas” apresentado no módulo I, o qual apresenta
38
uma realidade familiar bem parecida com a daqueles jovens apresentados no vídeo: famílias
patriarcais, com pais extremante autoritários, na sua grande maioria bêbados, mulheres
submissas, violência doméstica, famílias desestruturadas, desemprego, moradias precárias e
etc.
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Vozes da Educação
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Volume VI
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Vozes da Educação
Resultados e discussões
De acordo com os dados colhidos com as famílias dos alunos
beneficiários do Programa Bolsa Família da Escola Estadual Pio XII,
observa-se que não há perspectiva de mudança, pois já estão arraigadas
em suas famílias que sua condição sócio econômica não é passível de
transformação, desta forma se conformando com tal situação, e nessa
apatia vão levando a vida e a história de suas mães/avós se repetindo,
salvo alguns casos, de raras exceções, o que pudemos constatar através
das falas de algumas das entrevistadas,.
Quando perguntadas sobre onde moram, se zona urbana ou
zona rural todas tem clareza do que caracteriza cada local. Como o
objetivo da pesquisa era saber o papel das avós nas famílias beneficiarias
do PBF, no questionário perguntamos o sexo apenas por questão de
lógica, masas respostas foram 100% femininas. Com relação à faixa etária
varia entre 41anos e 63 anos de idade.Percebe-se através deste dado o
fato das avós nesta condição serem mais novas com relação às gerações
anteriores.
Ao ser indagada sobre sua escolaridade a entrevistada comentou
com uma certa tristeza no olhar sua falta de oportunidade para estudar
pois seus pais não valorizavam o estudo, os filhos eram para ir para à
roça, a segunda e terceira entrevistadas conseguiram concluir o ensino
médio, ambas falaram sobre a dificuldade , pois tinham que trabalhar nas
“cozinhas alheias” durante o dia e estudar à noite; a quarta entrevistada
ainda não terminou os estudos mas diz ter esperança de um dia voltar à
escola; a quinta entrevistada também não teve oportunidade de estudar e
diz não ver muita vantagem nos estudos pois vê muita gente “estudada”
160
Volume VI
sem emprego por ai; a sexta entrevistada declarou não ter terminado
nem a quarta série primária, diz saber somente assinar o nome e ler
algumas poucas palavras; a sexta, a sétima, a oitava e a nona entrevistada
também declararam ter estudado apenas o “primário” e a décima
entrevistada disse ter o ensino médio completo, mas que esse pouco lhe
serviu até o momento preocupou-se em ter filhos e agora em cuidar dos
netos, que a vida tem sido dura, mas que tem esperanças de dias
melhores.
Sobre a renda mensal das famílias constatou-se que de uma
maneira geral elas tem medo de declarar o verdadeiro valor recebido,
mesmo não sendo suficiente para manter a família dignamente, acredito
terem medo de perder o Bolsa Família pois mesmo sendo pouco, ajuda e
muito na complementação da renda dessas famílias. A primeira família
entrevistada declarou não possuir renda; da segunda à quarta declarou
possuir renda de menos de um salário mínimo; a quinta entrevistada
também declarou não possuir renda; a sexta, a sétima e a oitava
entrevistada, menos de um salário mínimo, a nona não possui renda e a
décima apenas um salário mínimo.
Quando perguntadas sobre qual atividade financeira elas
exercem, a primeira entrevistada não quis responder, disse não exercer
nenhuma atividade remunerada e que vive apenas do benefício do Bolsa
Família; a segunda, terceira e quarta entrevistadas disseram que vivem
como autônomas, vendendo rifas, toalhas, lençóis e etc., para crediaristas
a troco de uma pequena comissão e ás vezes também fazem bicos com
trabalhos domésticos; a quinta também se declarou autônoma, a sexta e
sétimas entrevistadas disseram viver de trabalhos de roça; a oitava se
declara autônoma pois vive de bicos e trabalhos sem vínculos; a nona
também vive de roça e a décima é funcionária pública municipal
exercendo a função de auxiliar de serviços gerais em uma repartição
pública do município.
Inquiridas sobre quantos membros compõem as famílias
percebe-se uma divergência nas informações, pois boa parte das famílias
entrevistadas declaram uma quantidade, mas na realidade a quantidade é
bem maior. A entrevistada um declarou que na sua família vivem mais de
cinco membros, a entrevistada dois, dois membros, a entrevistada três
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Vozes da Educação
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Volume VI
essas mulheres vão se tornando mães e avós cada vez mais cedo, vendo
pouca ou nenhuma possibilidade de mudança em suas vidas.
Sobre a iniciativa da ida dos (das) netos (netas) morarem com as
avós é quase que unânime a influência dessa avó, pois percebe-se nela o
único amparo.Em todas as famílias observamos a preocupação apenas
com a “criação”, com o que comer, vestir, com a moradia, com o
mínimo do mínimo, apenas na entrevistada nove é que percebemos uma
preocupação com a educação e nesta uma esperança de mudança de
vida.
Quando perguntadas sobre qual a maior dificuldade em criar
seus (suas) netos (netas) a falta de emprego foi umas principais
dificuldades relatadas por elas, reclamam que a cidade é pequena, não
oferece oportunidades e por consequência vem a falta de capital; outro
ponto levantado é a dificuldade em comprar materiais escolares, “as
coisas estão muito caras e a vida está muito difícil”, falaram ainda da
questão da desobediência que nos dias de hoje os jovens não obedecem
mais aos pais, não respeitam os mais velhos, que as “coisas estão
mudadas”.
Quanto ao relacionamento com os pais dos netos criados por
elas todas disseram que é bom, que de vez em quando tem brigas, que é
coisa de família e tudo sempre se resolve.
Perguntamos se os pais ajudam na criação dos filhos que estão
morando com elas.Todas disseram não receber nem financeira nem
moralmente, que elas só não “pariram”, mas os “meninos” são como se
fossem delas.
Em relação às diferenças entre os netos criados por elas e os
outros, elas dizem não haver nenhuma distinção por parte delas nem em
relação ao afeto, nem quanto a partilha do que se tem em casa, tudo é de
todos.
Perguntadas se pensam em criá-los até adultos elas foram
categóricas em afirmar que sim, ficam a imaginar como seriam essas
crianças se não fosse o amparo delas.
Sobre a vida escolar, qual exigência a escola faz quanto ao PBF,
disseram não ter conhecimento de outro tipo de exigência, apenas da
frequência às aulas.
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Vozes da Educação
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Volume VI
Considerações finais
Este trabalho teve como objetivo refletir sobre as situações de
Pobreza e Desigualdade social tendo como enfoque principal o papel das
avós nas famílias beneficiarias do Programa Bolsa Família.
No decorrer da pesquisa percebeu-se que as famílias reconhecem a
importância do PBF para complementação de sua renda, porém ainda
não tomaram consciências da importância do mesmo para sua
autonomia e emancipação, não dão a devida importância a vida escolar
dos seus filhos, netos ou tutelados, acreditam que apenas mantendo a
matricula na escola é suficiente.
Percebeu-se também que os principais motivos que levam as
avós a criarem seus netos são: gravidez precoce, negligencia dos pais,
separação dos mesmos, possibilidade de trabalho para as mães e apego
das avós com os netos, observamos que apesar de todas as mazelas as
avós não medem esforços para cuidarem dos netos.
Ao assumir um neto para criar, essas mulheres, pertencentes a
uma camada mais desfavorecida, tiveram que remanejar toda sua vida,
para darem conta do aumento das despesas e tarefas domésticas. Muitas
continuaram desempenhando seu trabalho normalmente e não contam
com a ajuda de outras pessoas para tomarem conta das crianças durante
sua ausência.
Os dados da pesquisa apontam para configurações diferentes da
tradicional família nuclear. A diversidade de arranjos familiares na
atualidade dá espaço para relações baseadas em laços afetivos e não
165
Vozes da Educação
Referências Bibliográficas
ARROYO, Miguel G. Pobreza e Currículo: uma complexa articulação.
Módulo IV – Conteúdo da Especialização em Educação, Pobreza e
Desigualdade Social. MEC, Brasília, 2015.
ARROYO, Miguel G.; SILVA, Maurício R. da (Org.). Corpo-infância:
exercícios tensos de ser criança; por outras pedagogias dos corpos.
Petrópolis: Vozes, 2012. p. 23-54.
ARROYO, Miguel G. Pobreza, Desigualdades e Educação. Módulo
Introdutório – Conteúdo da Especialização em Educação, Pobreza e
Desigualdade Social. MEC, Brasília, 2015.
ARROYO, Miguel Gonzalez. Os coletivos empobrecidos repolitizam os
currículos. In: SACRISTÁN, José Gimeno (Org.). Saberes e incertezas
sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013.
BRASIL, Programa Bolsa Família : uma década de inclusão e cidadania/
organizadores: Tereza Campello, Marcelo Côrtes Neri. – Brasília: Ipea,
2013.
494 p.: gráfs., mapas, tabs.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Política Nacional de Assistência Social (PNAS). 2008. Disponível em:
166
Volume VI
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Vozes da Educação
Márcia Weimer1
RESUMO
A sociedade padece constantemente mudanças que interferem no dia-a-
dia das pessoas; essas transformações afetam as escolas, tornando
necessário o professor fazer alterações em seus planos de aula,
apropriando – os em questão de preparar seus alunos para o mercado de
trabalho. Assoalhar a importância de adquirir conhecimento das
mudanças / transformações que estão incidir ao nosso redor assim como
conhecer e saber usar a globalização a nosso favor, diagnosticar o que
precisamos passar aos alunos em questão das tecnologias mais usadas no
mercado de trabalho.
ABSTRACT
Society constantly suffers changes that interfere with people's daily life;
These transformations affect the schools, making it necessary for the
teacher to make changes to their lesson plans, appropriating them in a
matter of preparing their students for the job market. Reveal the
importance of acquiring knowledge of the changes/transformations that
are focused around us as well as knowing and knowing how to use
globalization in our favor, diagnosing what we need to pass on to the
students in question the most used technologies in Job Market.
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Volume VI
Introdução
Este trabalho relata sobre a educação e globalização, buscando
responder a questão/problema – O que a globalização tem para oferecer
a educação? Como preparar os alunos do ensino fundamental e médio
para o mundo globalizado?
O objetivo geral da pesquisa é demonstrar aos interessados o
quão importante e fundamental adquirir o conhecimento sobre as
mudanças e transformações que estão ocorrendo ao nosso redor, tendo
por objetivo especifico, compreender a importância e necessidade de
conhecer e saber usar a globalização a nosso favor, diagnosticar a
necessidade dos alunos nos termos de aprendizado sobre as tecnologias
mais usadas no mercado de trabalho, assim como preparar os alunos
para o ingresso ao mercado de trabalho.
Justificando que a educação sofreu e sofre muitas
transformações a cada dia e isso devido à transformação do mundo, as
novidades que estudiosos e pesquisadores criaram. O ser humano desde
o surgimento que temos contato sempre buscou por algo novo, por uma
novidade para superar ao outro começando uma rivalidade entre a
espécie, os seres humanos criaram instrumentos para facilitar sua
sobrevivência e a partir desses inventaram outras coisas e aos poucos
foram nos afastando uns dos outros, mas foi assim que surgiram tantas
tecnologias; que trouxeram a globalização; e junto muitas oportunidades
para o ser humano evoluir, crescer, e transformar a sociedade; porém
precisamos nos preparar para no dia-a-dia usufruir desses produtos e
aumentar a qualidade de vida.
Observando as salas de aula, e relacionando-a com toda a
evolução do mundo percebe-se a necessidade de preparar os alunos para
atuar na sociedade mostrando que é fundamental aproximá-los da
realidade que esta fora das escolas, está nas ruas, nas empresas, e quanto
melhor a escola os preparar melhor será sua adesão no mercado de
trabalho e sua contribuição na sociedade.
Sabe-se que muitos não possuem contato com um computador
se não na escola, ai se mostra a suma importância de realizar esse contato
e reservar um horário como de outra disciplina qualquer para aulas de
informática; afinal quando se procura um emprego, esse fator é
determinante.
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realidade; sem contar que muitos conteúdos não têm nada a ver com a
real precisão dos alunos, jamais iram usar na vida e isso prejudica o
trabalho docente e o educando.
Outro importante grifo de Paulo Freire (1997, p. 49; apud
ARAUJO, 2010, p.136):
Se tivesse claro para nos que foi aprendendo que
percebemos ser possível ensinar, teríamos entendido
com facilidade a importância das experiências informais
nas ruas,nas praças, no trabalho, nas salas de aula da
escolas, nos pátios do recreios, em que variados gestos
de alunos, de pessoal administrativo,de pessoal docente
se cruzam cheios de significação.
Afinal as mudanças estão no dia-a-dia não tem como negar,
mas precisamos observar com um olhar diferente, pois nas pequenas
coisas pode-se retirar um conhecimento imensurável, basta prestar
atenção e coletar dados no cotidiano do professor, do aluno fica mais
fácil, pois essa aproximação da realidade é fundamental para haver uma
identificação entre o educando e conteúdo. Nosso trabalho é refletido na
sociedade, afinal formamos cidadãos. Mas será que os professores estão
preparados e compreendendo sua responsabilidade para com a
sociedade, para formar cidadãos condizentes ao que se espera?
John Dewey (ROMANOWSKI, 2007, p. 133) em um desabafo
bem antigo, falou o seguinte:
- escuta lá, mas quando se diz que o professor tem dez anos de
experiência, quer dizer que ele tem mesmo dez anos de experiência
ou quer dizer que ele tem um ano de experiência repetido dez vezes.
Faz-se necessário compreender que não basta estar lecionado
há vários anos, sendo uma repetição, não buscando algo novo, por mais
informação; certamente, até mesmo seus alunos vão saber mais, não
terão paciência para ouvir o discurso de dez anos, apetecer a
aposentadoria não dá, é dever do professor se mover e adquirir
conhecimento, inovar seus métodos.
Em relação à carreira do educador precisa ser interpretada a
melhor forma para que esta seja realizada. Joana Paulin Romanowski
(2007, p. 145) comenta:
Formar um professor que reflita na e sobre a sua prática requer,
portanto, condições de realização, como tempo de permanência
alem das aulas, serviço de apoio para gravação das aulas, tempo para
realização de reuniões de avaliação e especialistas para auxiliarem na
avaliação das aulas. (2007,p.145)
176
Volume VI
177
Vozes da Educação
178
Volume VI
Fundamentação metodológica
Este trabalho teve por objetivo observar como a globalização
esta afetando os alunos do ensino fundamental e médio na hora de
conquistar um emprego; e como os professores estão se portando com a
evolução dos conhecimentos num contexto de preparar – se e aos seus
alunos para o mundo que encontraram fora das escolas e as dificuldades
do dia-a-dia.
Todo trabalho tem uma finalidade, afinal ninguém nos dias de
hoje resolve dar horas de sua vida para fazer uma pesquisa de grande
complexidade se não houver um motivo uma necessidade de resolver um
problema, de adquirir conhecimento, investigar a fundo um assunto, e
encontrar respostas convincentes para tal questão, então essa pesquisa
tem características que explicam a forma em foi realizada.
Consultando alguns estudiosos como René Descartes, Issac
Newton, e Karl Popper compreende-se o tipo de trabalho/pesquisa
realizado; sendo este de natureza pura ou básica; procura gerar
conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência sem aplicação
prática prevista, porém envolve interesses pessoais e universais e os fatos
citados são verídicos sendo abordados aqui após muita pesquisa;
classificada qualitativa, considerando a relação dinâmica entre o mundo e
o sujeito, interpretando os dados e colocando – os na forma descritiva,
analisando todo conhecimento adquirido indutivamente; com o
procedimento técnico da pesquisa bibliográfica, pelo fato de ter utilizado
materiais como livros, artigos, onde o material já estavam publicados e
também a internet.
179
Vozes da Educação
Considerações finais
Posteriormente realizar várias pesquisas concluiu-se o trabalho
de conclusão de curso, sendo este elaborado sob perspectiva de adquirir
conhecimento e descobrir como as escolas estão trabalhando nos dias de
hoje, o tema globalização foi indagado a fim de responder a questão:
O que a globalização tem para oferecer a educação? Como
preparar os alunos do ensino fundamental para o mundo globalizado?
Desta forma concluímos que a globalização tem tudo a ver com
as tecnologias, entretanto percebe-se a mudança dos alunos; com tanta
informação de fácil acesso, exigem que os educadores se preparem
sempre mais adquirindo maior quantidade de conhecimento, busquem
pela formação continuada, inove seus métodos, procure interagir mais
com seus alunos.
Ressaltamos a importância da participação dos pais, da
comunidade em que a escola esta inserida, para haver a aproximação ente
a própria escola assim como dos professores com a realidade vivenciada
por seus alunados.
Aprendemos que é fundamental incentivar nossos alunos a
buscar mais conhecimento e prepará-los para enfrentar qualquer
obstáculo que a vida lhes apresentar; assim como ter coragem de criar,
aceitar novas formas de realizar uma atividade; não ter medo de aprender
métodos diferentes opiniões, mas não deixar de apresentar seu ponto de
vista, ajudar a debater maneiras de resolver problemas acreditar em
sonhos.
O procedimento da pesquisa se deu de natureza puro-básica,
qualitativa, onde buscou – se apoio em livros, artigos, e por meio da
internet, para chegar mais perto da realidade, encontramos algumas
opiniões de jovens em relação a dificuldade do primeiro emprego; o
resultado foi atingir todos os objetivos esperados e chegar aqui satisfeito;
mostrando com enorme significado de importância a formação
continuada, e o empenho de todos envolvidos no processo educacional,
assim sendo juntos formaremos um mundo melhor.
180
Volume VI
Referências Biliográficas
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Pedagogia);
COUTO, Ana C. R., Ensino Fundamental caminhos para formação
integral,1° edição, Curitiba:Ipbex, 2010( Série Pesquisa e Prática
Profissional em Pedagogia);
181
Vozes da Educação
RESUMO
O presente artigo propõe a aplicação de uma ferramenta do campo da
administração no exercício docente, apresentando os benefícios desta
aplicação. Ao assumirmos uma ótica crítica sobre os aspectos educativos,
em especial o processo de preparação de aulas, é possível identificar
fragilidades para atuar na elaboração de propostas que contribuam para
ações mais produtivas. Na busca por proposta de contribuição para o
processo educativo, o presente estudo tem como objetivo analisar
algumas das possibilidades do uso de uma ferramenta que ficou popular
pela sua utilização nos sistemas de melhoria contínua (inclusive os
normativos e auditáveis como a ISO 9001, sistema normativo de
qualidade), o ciclo PDCA (ciclo de gestão de processos que envolve
quatro etapas, planejamento, execução, avaliação de resultados e ação
corretiva, do inglês Plan, Do, Chec e Act), conjugando-o com o plano de
aula. O plano de aula, foi identificado como adequado para esta proposta
2
Marcio Carapeto Silveira Faria é formado em Relações Públicas pela UERJ, com especialização
em propaganda, promoção e merchandising (FGV) e publicidade (ESPM); com pós-graduação
em docência do ensino superior (UniverCidade) e gestão de negócios sustentáveis com ênfase
em responsabilidade social e meio ambiente (UFF) e mestrado em Sistemas de Gestão
(UFF/LATEC). Cursou, ainda, o “Corporate Social Responsability Strategies to Create Business
and Social Value”, na Universidade de Harvard. Possui formação como auditor líder ambiental /
IS0 14001 (BVQI), auditor interno de responsabilidade social / SA 8000 (BVQI) e auditor em
sistema de gestão de sustentabilidade / ABNT NBR 15401 (IBPQ). Atuou profissionalmente nas
áreas de relações públicas, produção de eventos, promoções, comunicação interna, marketing,
comunicação corporativa, patrocínios, responsabilidade social e relacionamento comunitário.
Com passagens por empresas como Coca-Cola, Veracel e Transpetro, é hoje profissional de
comunicação social pleno na Petrobras, atuando na gerência de relacionamento comunitário,
vinculada à gerência executiva de responsabilidade social. Como profissional reconhece e
acredita no poder transformador da educação e atua, também, como professor universitário com
atuação no Centro Universitário da Cidade e na Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia
nos cursos de administração, turismo e marketing. Marcio Carapeto é, ainda, autor do livro A Voz
do Povo é a Voz de Deus - Lições Consagradas pela Sabedoria Popular Aplicadas em Conceitos
de Gestão, Marketing, Vendas e no Desenvolvimento Pessoal, lançado pela Qualitymark e do
artigo Os “P”s do marketing turístico.
182
Volume VI
ABSTRACT
This article proposes the implementation of a tool of the Administration
in the exercise field, showing the benefits of this application. To assume
a critical perspective on educational aspects, in particular the process of
preparation of classes, it is possible to identify weaknesses to act on
proposals that will contribute to more productive actions. In order to
propose a contribution to the educational process, this study aims to
examine some of the possibilities of the application of a tool that became
popular by its application in continuous improvement systems (including
the regulatory and auditable as ISO 9001 quality standard system), the
PDCA cycle (process management cycle that involves four stages, plan,
execution, evaluation of results and corrective action - Plan, Do, Chec
and Act), combining it with lessons plan. The lesson plan, has been
identified as suitable for this proposal because it is the last stage of
planning in the didactic process, and one that offers greater autonomy to
the teacher. This article therefore seeks to clarify that relationship can be
established between the last level of educational planning, lesson plan,
and the Deming Cycle management tool, or PDCA, as it is more known.
And what might be its implications for everyday praxis teacher education
in higher education? Write about areas of study as distinct as education
and management proposing an interaction between them, from the use
183
Vozes da Educação
Contexto e metodologia
Todo esforço de pesquisa necessário para o desenvolvimento
deste estudo realizou-se através da leitura de livros, teses e artigos.
Assim, trata-se de um estudo bibliográfico. Ao longo do estudo surgiram
interessantes constatações.
Tratando-se de um estudo de cunho bibliográfico e documental
onde autores como: Cipriano Carlos Luckesi (2001), Wemer Market
(1992), Vasco Pedro Moretto (2007), Henry Mintzberg (1995),
Maximiliano Menegolla & llza Martins Santa’Anna (2001) dentre outros,
fundamentam este estudo.
A educação se dá em diferentes níveis, em diferentes
segmentos. O educador e antropólogo Carlos Rodrigues Brandão, em
seu livro “O que é educação”, define educação como:
O processo de humanização que se dá ao longo de toda vida,
ocorrendo em casa, na rua, no trabalho, na igreja, na escola e de
muitos modos diferentes (BRANDÃO, 1995, p.11).
Já o planejar é definido como:
Uma realidade que acompanhou a trajetória histórica da
humanidade, O homem sempre sonhou, pensou e imaginou algo na
sua vida.(MENGOLLA & SANT'ANNA, 2001, p.15)
Os processos educativos acompanham a humanidade desde os
primórdios de sua evolução. A transferência de informações,
experiências, rituais e métodos sempre esteve presente entre os
humanos, em um processo claramente educativo.
A educação certamente fez e faz parte de qualquer sociedade
em qualquer momento da história. A transmissão de conhecimentos,
histórias, culturas, mitos que cada civilização busca perpetuar,
transmitindo estes valores de geração a geração, na expectativa de se
perpetuá-los é realizada através de processos de educação.
O ato de planejar (estabelecer um pensamento minimamente
desenvolvido em torno da organização de ações ou etapas na realização
184
Volume VI
185
Vozes da Educação
Figura 1 - Ciclo PDCA, Ciclo de Deming, Ciclo de Shewhart ou Ciclo de Melhoria Contínua.
(Figura criada pelo autor de acordo com bibliografia sobre o tema).
Gestão
Pela grande diversidade de autores e bibliografia tratando do
tema, é impossível encontrar uma definição universal para gestão ou para
administração. Pode-se dizer que segundo esmagadora maioria dos
autores, ao menos, os termos têm significados e definições semelhantes.
Segundo o Dicionário Aurélio, GESTÃO significa "o mesmo
que administração". E ADMINISTRAR está definido como "gerir
negócios, públicos ou particulares; governar; dirigir; reger com
autoridade suprema".
Fayol (1981), em Administração Industrial e Geral, define
administrar como:
prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Prever é
perscrutar o futuro e traçar o programa de ação. Organizar é
constituir o duplo organismo, material e social, da empresa.
Comandar é dirigir o pessoal. Coordenar é ligar, unir e harmonizar
todos os atos e todos os reforços. Controlar é velar para que tudo
corra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas.
(FAYOL, 1981, p.26)
Oliveira (2004) acrescenta novo termo próximo à
administração, o planejamento, definindo-o como a "identificação,
análise, estruturação e coordenação de missões, propósitos, objetivos,
desafios, metas, estratégias, políticas, programas, projetos e atividades,
186
Volume VI
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Volume VI
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Figura 2 - Representação gráfica dos três níveis estratégicos (figura criada pelo autor de acordo
com bibliografia do tema).
Estratégico
Tático
Operacional
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Volume VI
Plano de aula
Segundo a UNESCO (1971), o planejamento educacional não é
uma fórmula mágica para todos os problemas e também não é uma
conspiração para suprimir as liberdades dos professores, administradores
ou alunos; ou ainda, um meio para grupos decidirem sobre objetivos e
prioridades da educação e do ensino. Ou seja, o planejamento se
estrutura visando o alcance de determinados objetivos. Quem estabelece
tais objetivos são os responsáveis pela elaboração do planejamento.
O conceito de planejamento, como ele é entendido hoje, como
ferramenta de gestão, surgiu como importante processo para resolução
191
Vozes da Educação
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Ciclo PDCA
O ciclo PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming foi um
grande marco nos processos de gestão e de qualidade total.
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Volume VI
Figura 3 - Representação gráfica do processo cíclico PDCA, com os termos em inglês e tradução
apresentando o aspecto cíclico e subsequente das etapas. (Figura criada pelo autor, baseado
na bibliografia consultada).
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Volume VI
Figura 5 - Representação gráfica da aplicação do ciclo PDCA sobre a produção dos planos de
aula e o processo de melhoria contínua aplicado sobre as aulas ao longo do período letivo.
(Figura criada pelo autor a partir da bibliografia estudada).
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Vozes da Educação
208
Volume VI
209
Vozes da Educação
210
Volume VI
211
Vozes da Educação
Referências Bibliográficas
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BRANDÄO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo,
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212
Volume VI
213
Vozes da Educação
214
Volume VI
215
Vozes da Educação
RESUMO
Este trabalho é numa experimentação teórica-prática com educadoras
das infâncias. Baseados em Freire, Josso e Freinet pretendemos
adentrar nos debates em torno das culturas lúdicas infantis, através
das memórias dos sujeitos envolvidos na especialização em Educação
Infantil na Faculdade de Educação na Universidade Federal de
Pelotas. São construídos três momentos: Os objetos nas memórias,
as teorias explicativas e as releituras do mundo das memórias.
ABSTRACT
This work is in a theoretical-practical experimentation with
childhood educators. Based on Freire, Josso and Freinet, we intend
to enter the debates around children's play cultures, through the
memories of the subjects involved in the specialization in Early
Childhood Education at the Faculty of Education at the Federal
University of Pelotas. Three moments are constructed: The objects in
the memories, the explanatory theories and the re-readings of the
world of memories.
216
Volume VI
Diálogos Introdutórios
Quem cunha esse termo é BACHELARD, G. A poética do devaneio. São Paulo: Martins
43
Fontes, 2001.
217
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Vozes da Educação
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Volume VI
Referências Bibliográficas
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227
Vozes da Educação
228
Volume VI
RESUMO
A educação ambiental deve ser vista como um processo de permanente
aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimentos,
habilidades e competências, visando formar cidadãos comprometidos
com a melhoria local e planetária. Diante disto, foram realizadas
atividades sobre as questões ambientais, nas turmas dos 5º anos do
Ensino Fundamental I das Escolas Públicas Estaduais e Municipais de
Floresta – PE, num total de 7 escolas e 10 turmas, tendo como objetivo
mostrar as riquezas que a natureza nos oferece e conscientizá-los para a
necessidade de conservação, sendo desenvolvidos temas diversificados.
Palavras-chave: Conservação, Meio Ambiente, Sustentabilidade.
ABSTRACT
Environmental education must be seen as a process of permanent
learning that values the different forms of knowledge, skills and
competences, aiming to train citizens committed to local and planetary
improvement. In view of this, activities were carried out on
environmental issues in the 5th grade classes of Elementary School I of
the State and Municipal Public Schools of Forest - PE, in a total of 7
schools and 10 classes, aiming to show the richness that nature offers
and makes them aware of the need for conservation, with the
development of diversified themes.
Keywords: Conservation, Environment, Sustainability.
Floresta, bolsista PIBEX nos anos 2014/2015. Desenvolveu as atividades de Extensão nas
Escolas Públicas de Floresta- PE. Atualmente está fazendo seu estágio na Empresa Amazon em
Nova Jersey – Estados Unidos.
229
Vozes da Educação
Introdução
Em uma realidade de crescimento populacional, degradação do
ecossistema e consumo desenfreado, surge mundialmente o interesse sobre
assuntos voltados para o desenvolvimento sustentável e conservação do
meio ambiente. O mundo vive, hoje, o desafio de conceber e colocar em
prática políticas e modelos de desenvolvimento sustentável, em que os
padrões de consumo e de produção das gerações presentes não
comprometam a vida das gerações futuras. A questão ambiental tem sido
debatida em todo mundo com maior intensidade a partir do século XX
(SEABRA, 2013).
Isto se deve a forma irresponsável como o homem vem utilizando
os recursos naturais em prol do progresso e do desenvolvimento econômico.
A educação ambiental é o caminho para que o ser em formação
possa ter consciência no uso responsável dos recursos naturais,
conservando-os para as gerações futuras. A dimensão ambiental no contexto
escolar objetiva abrir espaços para a construção de conhecimentos e para a
articulação de saberes, possibilitando a formação de indivíduos que sejam
participantes na construção de uma sociedade sustentável, socialmente justa
e ecologicamente equilibrada.
Segundo Garda (2011), a educação ambiental, nas suas diversas
possibilidades, abre um estimulante espaço para repensar práticas sociais e o
papel dos professores como mediadores e transmissores de um
conhecimento necessário para que os alunos adquiram uma base adequada
de compreensão essencial do meio ambiente global e local, da independência
dos problemas e soluções e da importância da responsabilidade de cada um
para construir uma sociedade planetária mais equitativa e ambientalmente
sustentável.
A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é
contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e
atuar na realidade socioambiental de modo comprometido com a vida,
com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global.
Para isso, é necessário que, mais do que informações e
conceitos, é preciso que a escola se proponha a trabalhar com atitudes,
com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades
e procedimentos. Esse é um grande desafio para a educação como
sugerido por – REIGOTA – (2008).
230
Volume VI
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Vozes da Educação
232
Volume VI
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Vozes da Educação
Metodologia
Foram proporcionados momentos de reflexão através de
seminários, jogos e oficinas com os alunos do 5º ano do Ensino
Fundamental I nas escolas públicas Estaduais e Municipais da Sede de
Floresta – PE, fazendo entrega de panfletos informativos sobre as
questões ambientais.
Assim, houve espaços para momentos onde ocorreram
transmissão de conhecimento, construção do conhecimento e a
desconstrução das representações sociais (REIGOTA, 2008).
As atividades realizadas foram: explanação do conteúdo, cujo tema
fora indicado previamente pelo professor da turma, realização de oficinas de
poesia, literatura de cordel, teatro, paródia, redação, desenho, etc,
socialização das atividades, joguinho de v ou f para fixação, avaliação do dia.
A realização das atividades ocorrerram mensalmente nas
próprias escolas, tendo sido organizado um cronograma dos dias dos
seminários, juntamente com os professores das turmas para não
atrapalhar o andamento normal das aulas.
Para a vivência das atividades, foram realizadas várias pesquisas
e leituras, para que o trabalho fosse realizado de forma eficaz.
234
Volume VI
ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS
Resultados e discussão
As atividades desenvolvidas favoreceram a reflexão e
conhecimento de forma lúdica, onde houve troca de conhecimento e
aperfeiçoamento dos saberes adquirido anteriormente.
Com a orientação específica na formação do cidadão com
relação ao meio ambiente e a sustentabilidade, espera-se que haja uma
repercussão na qualidade de vida social, uma vez que é através da
educação que se pode transformar a sociedade (FERREIRA, 2003).
Na realização das atividades nas escolas, conseguimos bons
resultados dos alunos, demonstrados por eles durante a realização das
atividades, e ao final de cada dia, com depoimentos de cada um sobre o
que aprendeu e o que irão fazer a partir deste momento, as atitudes com
relação ao meio ambiente. As atividades realizadas foram bastante
variadas, tais como: Recorte e colagem, teatro, poema, literatura de
cordel, historia em quadrinho e paródias.
Os temas solicitados pelos professores foram o Bioma Caatinga
e os Resíduos Sólidos, tendo sido explanados e feitos demonstrações de
alguns materiais que podemos reciclar, contando com ajuda voluntária de
pessoas que já desenvolvem este trabalho.
Com a vivência deste trabalho tivemos o objetivo de mostrar
aos alunos a importância de saber utilizar os recursos naturais existentes
de forma sustentável evitando o desperdício e o desrespeito com a
natureza.
235
Vozes da Educação
Conclusões
Com a realização de todas as etapas propostas, ficamos
satisfeitos e com a sensação de dever cumprido, embora seja apenas o
início de um trabalho que pretendemos dar continuidade.
Ao final foi possível constatar:
Percebemos a empolgação da participação dos alunos;
Depoimento de alguns alunos, mostrando a mudança de
postura com relação ao meio ambiente;
Os trabalhos realizados por eles nas oficinas foram bem
criativos;
O interesse e participação foram observados;
Foi notória a satisfação da turma em participar e foi possível
perceber que o objetivo foi cumprido, uma vez que em depoimentos, os
próprios alunos dizem que pretende não fazer as atitudes de degradação e
desperdícios, bem como, que irão passar os conhecimentos adquiridos para
seus familiares.
236
Volume VI
Referências Bibliográficas
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Preservar: as unidades de conservação do Estado de São Paulo. São
Paulo: Terra Virgem, 1999.
237
Vozes da Educação
RESUMO
O ensino de ciências naturais é desvalorizado no ensino fundamental na medida
em que passa a ser preconizado pelos próprios sistemas de ensino a partir da
construção dos conteúdos mínimos e do tempo destinado para se trabalhar a
disciplina em sala de aula. A fim de investigarmos esse pressuposto,
apresentamos neste artigo um estudo sobre as práticas pedagógicas
desenvolvidas por professoras dos anos iniciais no âmbito do ensino de ciências
naturais. Para tal, foi realizada uma pesquisa de campo com 18 professoras em
uma escola municipal na região da Baixada Fluminense/RJ. Constatou-se que os
conteúdos, quando são trabalhados, utiliza-se apenas o livro didático.
ABSTRACT
The teaching of Natural Sciences is devalued in the elementary school to the
extent that it starts to be recommended by the education systems themselves,
based on the construction of the minimum contents and the time destined to
work the science discipline in the classroom. In order to investigate this
assumption, we present in this article a study on the pedagogical practices
developed by teachers of the initial years of elementary education in the scope of
the teaching of Natural Sciences. For this study, a field survey was carried out
with 18 teachers at a municipal school in the Baixada Fluminense at the state of
Rio de Janeiro. In summary, it was verified that the teachers only work with
didactic books in teaching of contents.
Supervisão Escolar (1993); Mestre em Educação e Ensino de Ciências pelo IFRJ; Atualmente,
atuo como Supervisora Educacional na FAETEC/RJ e Professora do Ensino Médio- Curso
Normal (SEEDUC/RJ).
238
Volume VI
Introdução
A educação é uma prática social que existe em toda e qualquer
sociedade humana, em todos os tempos e lugares. A forma de
transmissão do saber às novas gerações, primeiramente, ocorre no
ambiente familiar, onde tem início o processo educacional. Segundo
Durkheim (2011, p.53),
Não há povo em que não exista certo número de ideias, de
sentimentos e de práticas que a educação deve difundir para todas as
crianças, indistintamente, seja qual for à categoria social a que
pertençam. Pode ser um ideal religioso, a língua materna, a lógica
matemática ou os princípios de classificação científica.
Apesar da definição de Durkheim corresponder às exigências
do conjunto da sociedade, na legislação educacional corresponde ao que
se conhece por currículo mínimo, isto é, aquilo que cabe às escolas de
todo o país praticarem sua dinâmica cotidiana aos públicos escolares. A
prática escolar, com suas ações educacionais, tem intencionalidade em
seu exercício e isso a diferencia de todas as outras práticas sociais, que,
independentemente do lugar e do tempo onde aconteça, tem a finalidade
de inserir as novas gerações no mundo, na cultura. Por isso, é necessário
que a instituição escola tenha profissionais especializados na arte da
construção do saber, entre os principais atores dessa dinâmica escolar o
professor e o aluno. Compreendendo este espaço escolar como um meio
de interação e construção de conhecimentos que são necessários para
que o aluno consiga inserir-se na sociedade, o ensino exerce uma ação
fundamental no processo de tornar possível a dinâmica da aprendizagem
humana. A aprendizagem somente se consolida quando tem significado
real para o estudante, ou seja, quando ele percebe a necessidade de se
apropriar desse saber para facilitar o seu cotidiano. Ancorado nessa
premissa, Freire (1992, p.102) define a aprendizagem significativa como
“aquela que ocorre a partir da compreensão pessoal por parte de quem
aprende, possibilitando a reconstrução de conceitos que ampliam a
habilidade de aprender cada vez mais o que desencadeia uma atitude
ativa diante da vida”.
Portanto, o ato de ensinar necessita fundamentar-se na relação
recíproca entre professor e aluno, promovendo a construção do
raciocínio lógico e dialógico, onde os dois são coadjuvantes na
construção desse saber, denotando a importância que a escola adquiriu
239
Vozes da Educação
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Volume VI
Metodologia
Esta pesquisa inclui evidências qualitativas com características
descritivas e se configura como uma pesquisa de campo, e foi
desenvolvida em uma escola municipal localizada no município de
Itaguaí, uma das cidades que compõe a região da Baixada Fluminense do
estado do Rio de Janeiro. O universo é composto por 18 professoras que
trabalham com turmas do 1º ao 5º ano do EF, nos turnos matutino e
vespertino.
A coleta de dados foi realizada em duas etapas, sendo a
primeira o levantamento do perfil profissional das professoras. Para
tanto foi utilizado um questionário contendo, além dos dados de
identificação (idade, tempo de profissão, ano de entrada na escola e
telefone), cinco questões que tinham como objetivo sondar a formação e
a experiência profissional para docência nos anos iniciais. Na segunda
etapa, foram realizadas entrevistas semiestruturadas em que buscamos
investigar a atuação profissional no ensino de Ciências e a prática
pedagógica desenvolvida em sala de aula. As entrevistas foram realizadas
com todas as 18 professoras, de forma que estivessem presentes apenas
os sujeitos da pesquisa, ou seja, o professor e a pesquisadora, para que
não houvesse nenhum tipo de influência e/ou propagação de ideias antes
241
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Volume VI
P7 Matemática Pública
P8 História Particular
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Volume VI
Segunda etapa
Uma vez melhor conhecido o perfil das docentes, na segunda
etapa da pesquisa a coleta de dados se deu a partir de entrevistas
semiestruturadas, quando todas concordaram em participar apesar de a
maioria declarar não se sentir a vontade em ter suas falas gravadas em
áudio. Dessa forma, optou-se apenas pelo registro escrito em diário de
pesquisa, proporcionando, assim, um clima mais confiável e confortável
para as professoras. Havia certo temor dessas professoras em expor suas
dificuldades e angústias, talvez devido a experiências anteriores,
acadêmicas e/ou institucionais, mal sucedidas, embora demonstrassem
clareza sobre as questões éticas que permeiam o processo de pesquisa
explanado pela pesquisadora. A partir desse momento, a entrevista
assumiu uma postura solidária de conversa.
Primeiramente, indagou-se sobre a prática docente em seu
cotidiano com objetivo de perceber sua concepção sobre educação, e,
consequentemente, compreender como ensinam Ciências Naturais nos
anos iniciais, quais os recursos que são utilizados e se promovem
desafios aos alunos. Das 18 professoras entrevistadas, quatro (P1, P2,
P13 e P14) afirmaram conhecer e utilizar uma proposta construtivista em
suas aulas; três (P9, P12 e P10) relataram mesclar o construtivismo e o
tradicional, sete (P3, P4, P7, P15, P16, P17 e P18) indicaram já ter
ouvido falar do construtivismo, mas que não usavam para ensinar, pois
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Vozes da Educação
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Volume VI
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Volume VI
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Vozes da Educação
Olha, eu não vou mentir não. Mas como é muito mais importante
trabalhar Português e Matemática, eu só trabalho Ciências quando
dá. (P7, P8, e P10)
Eu trabalho Ciências da seguinte forma, quando não consigo
planejar o que vou dar, aí eu pego o livro e dou para eles fazerem o
trabalho [...] e na prova eu dou uma coisa bem simples para dar
nota. (P15 e P11)
O tempo de trabalhar Ciências é muito pequeno porque tenho que
trabalhar mais Português e Matemática por causa da provinha Brasil.
(P2 e P5)
Esses relatos, quando olhados a luz do perfil de formação das
professoras levantado na primeira etapa, demonstram que o tempo de
magistério não foi um fator determinante para a valorização do ensino de
Ciências nas séries iniciais e que as atividades desenvolvidas para se
ensinar são neutras. Embora se tenha no grupo pesquisado professoras
com dez ou mais anos de experiência e que nunca participaram de
atividades de formação continuada, este pode ser um fator relevante na
conduta da mesmice, a qual resulta em sua ação pedagógica. Assim como
foram também identificadas professoras com menos de cinco anos no
magistério que se predispõem a modificar sua prática por acreditar que a
apropriação de novos conhecimentos pedagógicos pode agregar valor a
sua prática cotidiana e, consequentemente, ser fator motivacional para os
alunos. Destaca-se, ainda, que todas as professoras preparam um quadro
de organização semanal das disciplinas a serem trabalhadas em cada um
dos dias de aula durante a semana, revelando o tempo destinado às
atividades de ensino e a organização das rotinas em sala de aula, e as
Ciências Naturais dividem a terça-feira com a Matemática. No entanto,
na observação aleatória das aulas, fica notória a maior ênfase destinada
aos conteúdos de Matemática e Português, o que pode estar associado à
exigência da SMEC em função das avaliações externas (como a Provinha
Brasil). Também foi possível identificar que mesmo com um dia e
horário previsto para se ensinar Ciências Naturais isso não acontece na
maioria das turmas observadas, podendo de fato não ocorrer, ou ser
trabalhada de forma quinzenal e até mesmo mensal, revelando o
processo superficial ao ensinar Ciências Naturais, apesar de afirmarem
reconhecer a importância do trabalho desta disciplina.
250
Volume VI
Discussão
O tempo de docência é importante para a incorporação de
novos saberes, que servem de fundamentos à ação docente, neste caso
específico, à ação docente nos anos iniciais do EF. Dessa forma, para
contribuir com esse argumento, Tardif (2002, p. 39) defende que:
Os saberes são elementos constitutivos da prática docente. O
professor deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa,
essas múltiplas articulações entre prática docente e os saberes fazem
dos professores um grupo social e profissionais cuja existência
depende, em grande parte, de sua capacidade de dominar integrar e
mobilizar tais saberes.
A experiência de atuação profissional nos anos iniciais das
professoras que atuam na escola pesquisada é condição imprescindível
para o desenvolvimento de uma prática crítica dialógica. O tempo de
atuação conduz o professor incorporar um conjunto de saberes, de
técnicas e de métodos que são importantes na condução do trabalho
docente, diferente de um professor iniciante na carreira. Nesse
movimento, pode-se refletir sobre o tempo de atuação no magistério das
professoras, o que sugere uma prática em sala de aula que pudesse
desenvolver a criticidade dos alunos. Porém, ficou aparente que o fator
tempo não é preponderante para abolir práticas pautadas no
tradicionalismo, em que o professor deposita o conhecimento nos seus
alunos acreditando que eles são desprovidos de seus próprios
pensamentos. O aluno não pode ser considerado como uma folha de
papel em branco que se deva encher de conteúdos, prática da educação
bancária, educar é constituir o sujeito em transformação, e essa postura é
considerada educação emancipatória. Nesse sentido, Freire (1996, p.82),
defende que:
A priorização da ‘relação dialógica’ no ensino que permite o respeito
à cultura do aluno, à valorização do conhecimento que o educando
traz, enfim, um trabalho a partir da visão do mundo do educando é
sem dúvida um dos eixos fundamentais sobre os quais deve se
apoiar a prática pedagógica de professores e professoras.
A experiência docente exerce papel importante na prática
pedagógica desenvolvida, principalmente nos anos iniciais pelo fato de
ser a base estabelecida na construção do saber acadêmico pelo aluno.
Embora isso não seja um referencial engessado que traduza uma prática
pedagógica pautada em estabelecer uma prática crítica e dialógica, pois
outros fatores perpassam sobre a dinâmica cotidiana das professoras
251
Vozes da Educação
252
Volume VI
seu trabalho, além de buscar fazer a cada dia o melhor, não de forma
ingênua, mas com a certeza de que, se há tentativas, há esperanças e
possibilidades de mudanças daquilo que em sua visão precisa ser
mudado. Além disso, devem ser considerada ausência de recursos
materiais para desenvolver a ação pedagógica, a má formação que os
professores têm nas escolas de Ensino Médio (curso Normal), a falta de
políticas de acompanhamento do discente, a negligência familiar e a
indisciplina em sala de aula.
No discurso das professoras há relatos que demonstram a
necessidade de uma formação continuada, condição importante para
trazer novos significados a sua prática docente. Esse é um anseio
constante delas que procuram entender as concepções que fundamentam
sua prática profissional e o ensino de Ciências Naturais. Existe
necessidade de se discutir sobre os fundamentos teóricos que
consolidam e contribui para uma educação de qualidade, essa questão
tem como viés a discussão da formação continuada dos professores e o
acompanhamento pedagógico constante em seu local de trabalho.
Conforme afirma Nóvoa (1995, p.280), a “mudança educacional depende
dos professores e da sua formação [...], já que não há a menor dúvida de
que a criatividade, a problematização, a descoberta, docente e discente,
estão completamente entrelaçadas na ação educativa”. Contudo, percebe-
se ainda que é fundamental o acompanhamento pedagógico dentro da
escola e que contribua com proposta de atividades para a aprendizagem
dos alunos e não obtenha um caráter fiscalizador, que só desfavorece a
imagem do profissional.
Em relação às formações continuadas promovidas pela SMEC,
dez professoras, em caráter de observação e certo pesar, disseram que
quase sempre essas formações não trazem contribuições para o
enriquecimento da sua prática pedagógica, sem promover troca de
experiências e aprofundamento de saberes entre as professoras por meio
de estudo de casos, boas práticas, estudo sobre teoria e prática cotidiana
das aulas desenvolvidas e, principalmente, sobre o ensino de Ciências
Naturais, dentre outras atividades que pudessem constantemente
enriquecer o trabalho pedagógico. A esse respeito, Nóvoa (1995, p.26)
enfatiza que a “troca de experiências e a partilha de saberes consolidam
espaços de formação contínua, nos quais cada professor é chamado a
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Volume VI
Considerações finais
O ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do EF deveria
ser considerado como base no atendimento às necessidades do
desenvolvimento científico e tecnológico de um país, até porque quando
se tem um olhar reflexivo sobre aspectos reais que circulam no seu
cotidiano, o indivíduo pode desenvolver o espírito científico e ter
melhores condições de agir e criar alternativas para fundamentar sua
ação, contribuindo decisivamente na formação para a cidadania, para a
tomada de decisão. É preciso ultrapassar os desafios decorrentes da
prática pedagógica cotidianamente desenvolvida dentro da escola. Para
tanto, é preciso entender o significado desse conhecimento para os
alunos desse nível de ensino, uma vez que a prioridade é dada às
disciplinas de Português e Matemática. Compreende-se a importância
desses conhecimentos, mas precisamos destacar que, além deles, os
alunos necessitam compreender o mundo, seu contexto, as
transformações geradas pelo homem em sua relação com a natureza, a
fim de poder ressignificá-lo, desde a mais tenra idade.
Quanto aos planejamentos de ensino, realizados semanalmente
e individualmente, os encontros destinados acabam não sendo
momentos de trocas de experiências, questão esta considerada relevante
no desenvolvimento da prática docente, pois nesse momento ocorre a
sua legitimidade pedagógica baseada em um genuíno compromisso
pedagógico de construção de sujeitos, e isso só ocorre quando se
conhece a realidade e quando se está disposto a discuti-la e modificá-la e,
consequentemente, a avaliação acaba sendo processual.
Quanto ao conteúdo desenvolvido e à metodologia pedagógica
utilizada pelas professoras ao ensinarem Ciências Naturais, verificamos
que os conteúdos são trabalhados a partir do livro didático ou cópias de
atividades da lousa. Talvez pelo pouco conhecimento que as docentes
tenham em relação a ao processo de ensino e aprendizagem de ciências,
há dificuldade em trabalhar com atividades prático-experimentais.
Quanto aos recursos didáticos, há grande escassez de material didático-
pedagógico necessário para o desenvolvimento do trabalho cotidiano
dentro da escola. Mesmo reconhecendo a importância do ensino de
Ciências Naturais, os professores reclamam da falta de estrutura da
escola e dos recursos para desenvolver um bom trabalho, principalmente
259
Vozes da Educação
260
Volume VI
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261
Vozes da Educação
RESUMO
O presente capítulo apresenta o relato do projeto Coopera Rua que teve
por objetivo promover a inclusão socioeconômica da população em
situação de rua, em Curitiba, por meio da criação e/ou inserção em
empreendimentos econômicos solidários e da constituição de uma rede
de desenvolvimento local. A metodologia do projeto pautou-se na
Educação Popular. A experiência demonstrou os avanços, os limites e os
desafios que é trabalhar com a população de rua devido a sua forma
diferenciada de pensar o trabalho e suas profundas necessidades sócio-
emocionais que acabam se tornando prioridade em suas vidas.
262
Volume VI
Introdução
A Economia Solidária pode ser definida como uma nova forma
de fazer economia, como uma maneira de viver, como uma proposta de
uma outra sociedade, de um “outro mundo possível”, pautada nos
princípios da solidariedade, cooperação, respeito a natureza, comércio
justo e solidário e autogestão
Para Gadotti (2009), a Economia Solidária é também uma
práxis pedagógica, uma vez que em seu cotidiano se produz uma outra
subjetividade, aprende-se uma outra maneira de trabalhar, de se
relacionar, criam-se tecnologias sociais de produção, comércio e
consumo pautados nos princípios acima citados. Ao mesmo, os atores
necessitam de uma formação contínua que envolva Economia Solidária,
bem como as dimensões relacional, política, técnica, uma vez que estão
inseridos em uma sociedade capitalista e, portanto, não estão sujeitos a
seus modos de subjetivação e valores, sendo as contradições, os avanços
e recuos uma constante no processo de construção da autogestão.
A Economia Solidária e Educação Popular dialogam, tendo em
comum a valorização do saber popular, o estabelecimento de uma
relação dialógica desse com o saber científico, o respeito à diversidade, a
compreensão e reflexão sobre a realidade para transformá-la, a
construção de um mundo onde não exista opressores e oprimidos.
Tanto a Economia Solidária como a Educação popular atuam,
prioritariamente, junto a jovens e adultos que fazem parte das camadas
sociais empobrecidas e marginalizadas, como é o caso da população em
situação de rua, buscando torná-los protagonistas de seu processo de
libertação.
O presente artigo apresenta o relato de uma experiência – o
projeto Coopera Rua – que buscou aproximar a Economia Solidária da
população em situação de rua de Curitiba, realizando diversas atividades,
pautadas metodologicamente na Educação Popular, com o objetivo da
criação de empreendimentos econômicos solidários e/ou inserção em
coletivos já existentes e a criação de uma rede de desenvolvimento local
de modo a promover a inclusão sócio-econômica dessas pessoas. As
informações aqui contidas foram coletadas por meio de experiências das
autoras que participaram do projeto, bem como da consulta a um livro
que relata detalhadamente o mesmo (SCHRAMM et al, 2017).
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Considerações finais
O projeto Coopera Rua possibilitou aprendizagens e reflexões
sobre articulações possíveis e dificuldades para a aproximação da
população em situação de rua da Economia Solidária. Identificou-se
diversos aspectos das vivências da população de rua que também se
fazem presentes nas práticas e princípios da Economia Solidária como:
valorização do ser humano, respeito à diversidade, cooperação,
solidariedade, organização coletiva, prática de trocas, anseio pela
liberdade e que precisam ser potencializados.
Um resultado importante do projeto foi a aproximação do
MNPR com a população em situação de rua de Curitiba. Houve também
fortalecimento da população em situação de rua que se organizou para
277
Vozes da Educação
278
Volume VI
279
Vozes da Educação
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280
Volume VI
RESUMO
Este artigo tem como propósito apresentar algumas das contribuições
formativas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID), nos subprojetos de Química e Biologia do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (RS). Utilizamos a
metodologia dos Círculos Dialógicos Investigativo-formativos (HENZ,
2014), (HENZ; FREITAS, 2015b), inspirados nos Círculos de Cultura
freireanos em aproximação com a pesquisa-formação (JOSSO, 2004,
2010). Nesses encontros, emergiram as narrativas dialógicas para a
contribuição das análises e, a partir delas, observamos que os Círculos
Dialógicos Investigativo-formativos contribuem para a ação-reflexão-
ação sobre as práxis educativas dos pibidianos e se constituem como um
entre-lugar de pesquisa e de auto(trans)formação permanente com
professores e licenciandos.
Palavras-chave: PIBID; entre-lugar de pesquisa e auto(trans)formação
permanente com professores; círculos dialógicos investigativo-
formativos.
ABSTRACT
This article which aimed to present some of the formative contributions
of the Initiation to Teaching Institutional Scholarship Program (PIBID),
in the subprojects of Chemistry and Biology at the Farroupilha Federal
281
Vozes da Educação
Introdução
A formação de professores é um tema presente nas produções,
nos debates e nas discussões acadêmicas, reconhecendo o papel central
do professor em qualquer processo de mudança no contexto educativo.
Desse modo, a reflexão sobre formação docente, nos meios acadêmicos
e nas demais instâncias formativas, provoca um (re)pensar em ações que
permeiam a inovação nas práticas pedagógicas. No entanto, para alguns
autores, faz-se imprescindível compreender essa formação do professor
associada ao desenvolvimento dos saberes docente e profissional
(TARDIF, 2014), o que exige tempo, designação e valorização
profissional, bem como a associação de políticas educacionais,
ponderando o lócus de trabalho do professor.
A temática “formação” vem apresentando pesquisas, estudos,
discussões e reflexões sobre a constituição da formação docente em
função do seu contexto histórico, social e cultural (GATTI (2010);
ANDRÉ (2010) e IMBERNÓN (2010)). Os trabalhos realizados
apontam alguns elementos, como indicativos da conservação e das
mudanças ocorridas nos tipos de formação no decorrer da sua
constituição profissional; também abordam dados referentes à carência
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Caminhos metodológicos
A opção metodológica foi pela pesquisa qualitativa, associada
ao estudo de caso (GIL, 2009; YIN, 2015) e de pesquisa-formação
(JOSSO, 2004, 2010), por meio dos diálogos realizados nos encontros
com os sujeitos participantes e a pesquisadora. Entendemos que, na
abordagem qualitativa, a representatividade numérica não é o fator
decisivo para a elucidação de resultados, mas que esse tipo de abordagem
centra-se no aprofundamento do entendimento de um grupo social ou
de sua organização, priorizando a interpretação e análise dos fatos, dos
registros, das escutas e dos olhares. O foco principal da pesquisa
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Volume VI
54O círculo de cultura dispõe as pessoas ao redor de uma “roda de pessoas”, em que,
visivelmente, ninguém ocupa um lugar proeminente. No círculo de cultura, o diálogo deixa de ser
uma simples metodologia ou uma técnica de ação grupal e passa a ser a própria diretriz de uma
experiência didática centrada no suposto de que aprender é aprender a “dizer a sua palavra”
(BRANDÃO; 2010, p. 69).
55O termo coautor foi denominado pelo Grupo Dialogus, pois o entendimento é de que todos os
sujeitos inseridos desenvolvem a pesquisa em conjunto; pela dialogicidade, eles interagem, sem
que um sujeito se sobressaia ao o outro.
56Os encontros foram realizados presencialmente, em cada local da pesquisa. Sugere-se a
287
Vozes da Educação
57A vocação para a humanização, segundo a proposta freiriana, é uma característica que se
expressa na própria busca do ser mais, através do qual o ser humano está em permanente
procura, aventurando-se cuidadosamente no conhecimento de si mesmo e do mundo, além de
lutar pela afirmação/conquista de sua liberdade (ZITKOSKI, 2010, p. 369).
288
Volume VI
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Vozes da Educação
59Na acepção sociologicamente mais densa do termo, profissão é uma comunidade organizada
de pessoas com saberes muito especializados e valores mais elevados aplicados à satisfação de
direitos humanos e necessidades fundamentais dos indivíduos e das sociedades, com um
sentido de serviço superior ao seu legítimo interesse econômico (MONTEIRO, 2015, 286).
60Designa o perfil de uma profissão, tudo o que a distingue de outros grupos ocupacionais.
(Idem).
61A profissão docente não tem estatuto de autorregulação profissional na maioria dos países do
mundo, por várias razões. Para examinar a possibilidade e benefícios da sua autorregulação,
importa começar por examinar a sua identidade. (Ibidem).
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não se limitam a uma coleta de dados, fatos e/ou situações que levem a um indicativo de
possibilidade de um tema.
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(In)conclusões...
Considerando o “PIBID: entre-lugar de auto(trans)formação
permanente com professores”, pergunta-se: que “entre-lugar” é esse?
Assim, a partir da pesquisa desenvolvida pelas vivências dos
Círculos Dialógicos Investigativo-formativos, infere-se que o PIBID é
um programa que se constitui em lugares e tempos de encontros e
(re)encontros, de construções e (re)construções de aprendizagens, de
diálogo das áreas de conhecimento que refletem e buscam uma
aproximação do específico com o pedagógico. Um processo inacabado,
uma sala de aula, um espaço, um entre-lugar...
de participação em um diálogo: interrogar, escutar, responder,
concordar, etc. É participar todo e com toda a sua vida: com os
olhos, os lábios, as mãos, a alma, o espírito, com o corpo todo, com
as suas ações. É participar desse diálogo, podendo conhecer um
certo modo de pensar e de falar do mundo, compreendendo que
existem muitos modos de conhecer e de dizer. É se pôr todo na
palavra e com essa palavra, entrar no tecido dialógico da existência
humana, no simpósio universal (MACHADO, 1999, p. 182).
Portanto, entende-se que o PIBID é um programa de
auto(trans)formação de professores que possibilita essa aproximação
dialética entre teoria e prática, propiciando aos pibidianos formadores e
formandos estarem em contato com a realidade escolar, pesquisando,
estudando, com a finalidade de reparar e aperfeiçoar as situações de
“aprender” do estudante, propiciando as inserções diretas no contexto
escolar, na sala de aula. Nesse sentido, reafirma-se que a formação de
professores não pode ser meramente técnica, pois, segundo Gadotti
(2003, p. 32), “a nova formação do professor deve estar centrada na
escola sem ser unicamente escolar, sobre as práticas escolares dos
professores, desenvolver na prática um paradigma colaborativo e
cooperativo entre os profissionais da educação”.
297
Vozes da Educação
Referências Bibliográficas
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298
Volume VI
299
Vozes da Educação
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Volume VI
RESUMO
O artigo considera a importância que é preciso dar aos conceitos de
sustentabilidade e a valorização da agricultura familiar, levando em
consideração que tanto a sustentabilidade como a agricultura sob uma
visão global são fundamentais para a sobrevivência das futuras gerações,
levando em consideração que devido a grande degradação de recursos
naturais, estudos pressupõem dentro de algumas décadas uma crise
mundial de alimentos. Tem como seu principal objetivo apresentar a
perspectiva pedagógica em escolas rurais que valorize e contribua com o
desenvolvimento sustentável na agricultura familiar, sendo que a práxis
mostra-se como uma grande aliada na prática pedagógica da Educação
Ambiental efetiva.
Palavras-chave: Educação Ambiental. Sustentabilidade. Agricultura.
ABSTRACT
The article considers the importance that must be given to the concepts
of sustainability and the valuation of family agriculture, taking into
consideration that both sustainability and agriculture under a global
vision are fundamental for the survival of future generations, taking into
account that due to great degradation of natural resources, studies
assume in a few decades a world food crisis. Its main objective is to
present the pedagogical perspective in rural schools that values and
contributes to sustainable development in family agriculture, and praxis
is shown as a great ally in the pedagogical practice of effective
Environmental Education.
Keywords: Environmental Education. Sustainability. Agriculture
301
Vozes da Educação
Introdução
Questões ambientais e de sustentabilidade vêem sendo
discutidas com mais frequência e seriedade, há algum tempo atrás se
pensava que os recursos naturais eram infinitos, bem como os lugares de
depósito de resíduos gerados pelo modo de vida moderno e prático, até
que começou a tornar-se preocupante, pois os efeitos desastrosos da
ação antrópica sobre os recursos naturais começaram a ficar evidentes, e
essa degradação atinge diretamente a vida de agricultores, sendo estes
muitas vezes causadores de degradação, como também vítimas.
Causadores na medida em que acabam inúmeras vezes os utilizando de
forma inconsciente, degradando o ambiente e mal tratando a sua própria
saúde, mas também são vítimas pelos efeitos da degradação dos recursos
ambientais de modo global, pois dependem destes recursos para a
produção agrícola e sua sobrevivência.
A pesquisa preocupa-se com a problemática apontada por
diversos estudos em que prevê para um futuro não muito distante uma
crise mundial de alimentos, sendo essa integralmente envolvida com as
questões ambientais e agrícolas, onde é preciso que haja maior
reconhecimento aos agricultores e seu valoroso trabalho, sendo
necessário responder a principal problematização, que é descobrir qual
perspectiva pedagógica incumbe promover gradativamente o
desenvolvimento sustentável na agricultura familiar. Infelizmente, ainda é
comum os agricultores serem vítimas de preconceito, preconceito este,
de pessoas que desconhecem o quanto são valiosas as mãos dos
produtores que cultivam a terra e produzem alimentos, “Qualquer
discriminação é imoral e lutar contra ela é um dever, por mais que se
reconheça a força dos condicionamentos a enfrentar”. (FREIRE, 1996,
p. 67).
Sendo assim, o artigo tem como seu principal objetivo propor
uma perspectiva pedagógica em escolas rurais, voltada para o
desenvolvimento sustentável na agricultura familiar, onde os jovens
agricultores possam gradativamente programar estratégias sustentáveis
em sua propriedade, sentir-se valorizados e motivados a continuar com a
produção agrícola, colaborando com ações que propiciem condições de
vida digna no meio rural, conservação do ambiente e promover a
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Eis então que surge um dos pontos principais, onde por meio
desse diagnostico inicial, deverão ser identificadas as potencialidades, os
problemas e conflitos socioambientais no âmbito da agricultura familiar,
para superar a consciência ingênua e promover a consciência critica,
através da transversalidade dentro da escola, em todas as disciplinas e
trabalhar em consonância com a realidade, compreendendo os ritmos da
natureza e a lógica do calendário agrícola.
Por meio do diagnóstico, chega-se aos temas geradores, essa
metodologia é discutida por Paulo Freire em sua famosa obra Pedagogia
do Oprimido, referência principal para esta estratégia pedagógica. Nessa
obra, o educador discute a investigação temática como estratégia para
que os homens tenham uma compreensão crítica da totalidade em que
são imersos. Este é o esforço da investigação do tema gerador: “Propor
aos indivíduos dimensões significativas de sua realidade, cuja crítica lhes
possibilite reconhecer a interação de suas partes” (FREIRE, 1987, p.55).
A parir da investigação do tema gerador, obtêm-se um novo
diagnóstico da situação, no entanto, o diagnóstico não deve ficar
arquivado em gavetas, mas sim, deve ser um processo dinâmico, que
precisa ser continuamente alimentado.
Freire (1987) enfatiza que apenas os seres humanos, por sua
ação sobre o mundo que o cria, o domínio da cultura e da história, são
seres da práxis. Investigar o pensar dos homens referindo à realidade, é
investigar seu atuar sobre a realidade que é sua práxis. E “quanto mais
assumam os homens uma postura ativa na investigação de sua
consciência em torno da realidade e, explicitando sua temática
significativa, se apropriam dela”. (FREIRE, 1987, p.56).
Para o PEAAF, segundo Bernal e Martins (2015, p. 54), o tema
gerador precisa ter significado concreto para a vida dos educandos, só
assim pode possibilitar a conscientização da realidade opressora vivida
nas sociedades desiguais. Sendo processo de busca de conhecimento e
criação, a investigação temática possibilita que os sujeitos descubram a
interpretação dos problemas.
A investigação dos temas geradores é uma estratégia a ser
desenvolvida na prática de educação ambiental por possibilitar que os
educandos percebam as questões socioambientais de forma crítica.
313
Vozes da Educação
314
Volume VI
Metodologia
O desenvolvimento deste artigo se deu sob abordagem
qualitativa, onde dados são apresentados de forma descritiva e analisados
indutivamente. Segundo Justino (2011, p. 28), nesta abordagem é
possível perceber um vínculo entre a subjetividade do pesquisador e o
meio pesquisado, onde não é possível traduzir o resultado em números.
Utilizou-se a Pesquisa Bibliográfica, que segundo Santos (2006,
p.92), tem como instrumento essencial a habilidade de leitura, isto é, a
capacidade de extrair informações a partir de textos escritos, foram
consultados livros, artigos e publicações de entidades ambientais, os
quais apresentassem relevância sobre o tema do trabalho e que pudesse
contribuir com o alcance dos objetivos do mesmo. Após a seleção dos
títulos, utilizou-se o procedimento de fichamentos que segundo Melo e
Urbanetz (2009, p.72),
Ao construir cada uma das fichas, o acadêmico estará além da
leitura, concretizando-a no papel, o que com certeza lhe dará mais
segurança sobre uma assimilação positiva do conteúdo do que está
sendo lido, de forma ativa, pois o fichamento é antes de tudo uma
atitude individual, uma livre iniciativa do acadêmico que
verdadeiramente procura dar um salto de qualidade na sua formação
intelectual, cultural e profissional. (MELO E URBANETZ, 2009,
p.72).
As referências utilizadas foram publicadas entre os anos de
1987 e 2015, e com grande relevância destacou-se as publicações
referentes a programas do Governo Federal com seus conceitos voltados
a Educação Ambiental, Sustentabilidade e Agricultura e as obras de
Paulo Freire. Com os fichamentos finalizados, buscou-se selecionar os
pensamentos que melhor atendiam a proposta do artigo, e assim fazer
uma articulação de pensamentos entre os autores, com o intuito de
analisar, discutir e interpretar o assunto principal. Alguns títulos foram
descartados da pesquisa, por muito expandir o assunto.
315
Vozes da Educação
Considerações finais
Ao finalizar este artigo, acredita-se trazer uma pequena, porém
importante contribuição para as escolas rurais que buscam desenvolver
conceitos de sustentabilidade nas comunidades de agricultura familiar,
através da metodologia adotada, foram atingidos todos os objetivos
pretendidos, porem, crendo que a pesquisa jamais estará pronta e
acabada como uma receita de bolo, mas sim, traz pontos relevantes para
iniciar um trabalho ambiental e pedagógico significativo
Através da articulação entre vários autores, pode ser visto que a
Educação Ambiental jamais deverá ser considerada uma disciplina
isolada, mas sim, deve estar articulada e aparecer transversalmente em
todas as disciplinas e em todos os niveis e modalidades de ensino,
objetivando não o simples cuidado com o meio ambiente, mas contribuir
com a formação de cidadãos comprometidos com um presente e futuro
melhor.
A sustentabilidade é alcançada em integridade, ou seja, em seus
pilares: social, ambiental, territorial economico e político, quando o
desenvolvimento satisfas os interesses e necessidades atuais, de modo
consciente, não compremetendo as futuras gerações. E para que a
sustentabilidade torne-se uma prática social diária, é preciso fortalecer a
Educação Ambiental crítica, pois esta promove a reflexão cerca aos
resultados ambientais, contribuindo na formação de cidadãos
ecologicamente orientados, que preocupam-se com o desenvolvimento
social, político, econômico, mas respeitando o meio ambiente, pois
compreende que a vida humana depende dele.
Para alcançar a sustentabilidade na tão importante agricultura
familiar, a perspectiva proposta é justamente esta, a Educação Ambiental
crítica, desde os primeiros anos do ensino fundamental em escolas rurais,
e para trabalhar com criticidade, primeiramente é preciso analisar e
estudar a comunidade escolar, principalmente sob a perspectiva do
trabalho, fazendo o diagnóstico de suas dificuldades e potencialidades.
Conhecer a cultura regional e acima de tudo valoriza-la é essencial para
que o trabalho pedagógico tenha bons resultados.
Assim, com o diagnóstico inicial, sugere-se o uso da
metodologia discutida por Paulo Freire, que é o trabalho mediado por
temas geradores. Esses temas serão minunciosamente escolhidos pela
316
Volume VI
317
Vozes da Educação
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320
Volume VI
RESUMO
O artigo propõe uma prática educacional voltada para a construção do
ser humano,integralmente , abrangendo todas as áreas do conhecimento.
Pressupõe um olhar avaliativo que valorize a curiosidade, a autonomia, a
atenção, construindo e reconstruindo a aprendizagem, adaptando-se a
um mundo de mudanças, para manter-se ao longo do tempo.
ABSTRACT
This article proposes an educational practices aiming the human being
construction as a whole, including all fields of knowledge; It assumes an
evaluated point of view to valorize curiosity, autonomy, attention,
constructing and reconstructing knowledge, adapted to a world of
changes, to keep it for long.
321
Vozes da Educação
Introdução
O presente artigo, foi desenvolvido, ao percebermos a falta de
coerência na elaboração de currículo. Consideramos a forma diferenciada
de trabalhá-lo, como resultado do pioneirismo da nossa abordagem. A
Educação Básica Brasileira é constituída de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio; portanto, observamos a necessidade de se
incluírem atividades diversificadas ao currículo cujos conteúdos muitos
professores ainda não conseguem desenvolver.
Dessa forma, é necessário repensar o papel da escola e fazê-la
servir à vida humana, à sociedade e ao meio ambiente. Com essa forma
inovadora, capacitamos professores para desempenhar o projeto que
possui como principal alvo a avaliação diferenciada
O objetivo é a elaboração e construção de currículo que visa
apresentá-lo (levantar dados, elaborar, capacitar e implantar) voltado para
a prática de uma educação que ocorre ao longo da vida, tendo, como
princípio, os quatro pilares da educação e incorporando, como diretrizes
gerais e orientadoras da proposta curricular, as quatro premissas
apontadas pela UNESCO como eixos estruturais da educação
(DELORS,2003).
É necessário que se aprenda a conhecer, considerando-se a
importância de uma educação geral, ampla, com possibilidade de
aprofundamento em determinada área do conhecimento, sabendo
diferenciar o certo do errado, absorvendo aquilo que é indispensável para
que se tenha uma boa convivência . O aprender a conhecer utiliza-se da
memória e do pensamento onde deve ser trabalhada a atenção, a fim de
ter uma memorização que deve ser estimulada e enriquecida com
experiências adquiridas ao longo da vida.
Por isso, é fundamental que se aprenda a fazer colocando em
prática os conhecimentos , operacionalizando-os, compreendendo a
importância da relação do inter e intrapessoal, ou seja, quem ensina e
quem aprende. Daí a necessidade da busca do lado mais humano e
pessoal do profissional para que possa conviver em grupo e assim
aperfeiçoar cada vez mais seus conhecimentos tornando-se apto a
enfrentar o mercado de trabalho, desenvolvendo habilidades e o estímulo
ao surgimento de novas aptidões, na medida em que criam as condições
necessárias para o desafios que surgem diante das novas situações .
322
Volume VI
Currículo
Sabemos que o currículo é o caminho pelo qual a escola se
planeja,propondo as suas metas e a orientação para a execução da prática
- o que, quando e como ensinar.
O currículo precisa ter como base, a Base Nacional Curricular,
para que se garanta uma unidade nacional, para que todos os alunos
possam ter acesso aos conhecimentos mínimos necessários ao exercício
da vida cidadã. A Base Nacional Comum é uma dimensão obrigatória
dos currículos nacionais e é definida pela União, porém, temos que
repensar a concepção de currículo para que ele não seja apenas uma lista
de conteúdos ou seguidos pela orientação de um sumário ou índice de
livros didáticos, longe da realidade das salas de aula.
O currículo envolve a aprendizagem dos conteúdos escolares,
na própria escola ou fora dela, através do Projeto Político Pedagógico
323
Vozes da Educação
que define a abordagem de como fazê-lo, por isso, deverá ser muito bem
pensado para atender a clientela que recebe.
É imprescindível que a escola se reúna para discutir o currículo
expresso tanto na LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) quanto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s).
A legislação educacional brasileira, quanto à composição
curricular, contempla dois eixos:
- Base Nacional Comum com a qual se garante uma unidade
nacional, para que todos os alunos possam ter acesso aos conhecimentos
mínimos necessários ao exercício da vida cidadã, portanto, uma
dimensão obrigatória dos currículos nacionais, definida pela União.
- Parte Diversificada do currículo, também obrigatória, que se
compõe de conteúdos complementares, identificados na realidade
regional e local, que devem ser escolhidos em cada sistema ou rede de
ensino e em cada escola,portanto, a escola tem autonomia para incluir
temas de seu interesse.
É através da integração destes dois eixos que se constrói o
Projeto Político Pedagógico (PPP). A parte diversificada se compõem de
vários aspectos da vida (a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o
meio ambiente, o trabalho, a ciência e a tecnologia, a cultura, as
linguagens) com as áreas de conhecimento que são a Base Nacional
Comum (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Geografia, História,
Língua Estrangeira, Educação Artística, Educação Física e Ensino
Religioso).
Tendo como base os Parâmetros Curriculares Nacionais,
introduzimos os temas transversais, que tomando como eixo principal a
cidadania, tratam as questões que ultrapassam os temas convencionais
que abordam os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas. Para
tanto, exige comprometimento de toda a comunidade escolar, visto que,
é a partir de uma perspectiva plural envolvendo temas como Ética, Meio
Ambiente, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual que concretizamos
diferentes formas de expressão do currículo.
Existem algumas formas de currículo:
- O currículo formal ou prescrito que é determinado
legalmente e colocado nas diretrizes curriculares, nas propostas
pedagógicas e nos planos de trabalho.
324
Volume VI
Elaboração de currículo
A principal finalidade deste projeto é mostrar a estrutura de
uma forma diferenciada de como trabalhá-lo. Trazendo como fios
condutores as ideias de Jacques Delors, que segundo ele, a prática
pedagógica deve preocupar-se em desenvolver quatro aprendizagens
fundamentais, que serão para cada indivíduo os pilares do
conhecimento: aprender a conhecer indica o interesse, a abertura para o
conhecimento e aprendizagem; aprender a fazer mostra como executar,
operacionalizar o conhecimento aprendido, errando na busca do acerto;
aprender a conviver traz o desafio da convivência que apresenta o respeito a
todos e o exercício de cidadania como caminho do entrosamento; e,
finalmente, aprender a ser, que caracteriza explicitar o papel do cidadão e o
objetivo de viver.
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Vozes da Educação
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Volume VI
Considerações finais
Refletindo sobre a educação no conjunto de suas missões, é
fundamental que esta seja organizada em torno de quatro aprendizagens
fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo, para
cada indivíduo, os pilares do conhecimento.
Vendo que os sistemas educativos formais tendem a privilegiar
o acesso ao conhecimento, em detrimento de outras formas de
aprendizagem, importa conceber a educação como um todo. Esta
perspectiva deve, no futuro, inspirar e orientar as reformas educativas,
em nível tanto de elaboração de programas como da definição de novas
políticas pedagógicas.
Sendo assim, procuramos desenvolver uma proposta de
trabalho onde o público interage nos momentos de exposição e debate
sobre o assunto ,tendo como meta uma maior autonomia em sua
formação.
Nessa colcha de ideias, estaremos construindo e reconstruindo
e avaliando, já que a educação não se dá de forma estanque e
permanente.
No processo de elaboração da proposta pedagógica – ao definir
o que ensinar, para que ensinar, como ensinar –, a equipe diretiva e a
comunidade escolar devem conhecer a legislação educacional, bem como
a documentação oficial da Secretaria de Educação e do Conselho
Estadual e ou Municipal de Educação, produzida com o objetivo de
orientar a implantação desses dispositivos legais no que se refere ao
currículo.
Torna-se necessário identificar que ações precisam ser
planejadas e realizadas pela escola para colocar em prática um currículo
que contemple os objetivos da educação básica.
331
Vozes da Educação
332
Volume VI
333
Vozes da Educação
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334
Volume VI
335
Vozes da Educação
RESUMO
Este artigo se baseia em pesquisa realizada na Escola Professor Carlos
Mota, desenvolvida para o Trabalho de Conclusão de Curso da
Especialização em Gestão Escolar oferecida pela Universidade Católica
de Brasília. Trata dos processos democráticos que norteiam a gestão da
escola e, principalmente, dos desafios enfrentados por essas instituições
na tentativa de atrair a comunidade escolar para uma participação mais
efetiva, haja vista a necessidade de superação constante de dificuldades
na realização das mudanças necessárias a uma educação de qualidade.
ABSTRACT
This article is based on a research conducted at the Professor Carlos
Mota School, for the Course Conclusion Thesis of the School
Management Graduate Program offered by the Catholic University of
Brasilia (UCB). It regards the democratic procedures that guide school
management and, especially, the challenges faced by these institutions in
the attempt to attract the community to participate more actively,
considering the constant need to overcome difficulties in the
achievement of the necessary transformations to a quality education.
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Volume VI
Introdução
Pensar hoje na qualificação profissional na área de educação é
pensar em uma perspectiva de melhoria na qualidade de ensino nas
escolas. Porém a gestão democrática visa levar um grupo de pessoas a
refletirem sobre os objetivos que se quer alcançar e assim buscar o
melhor caminho para um ensino de qualidade. Sobretudo, é importante
que todos os envolvidos reconheçam que a educação é condição
necessária para formação do indivíduo, sem ela ninguém alcança níveis
mais elevados de desenvolvimento humano como pessoas críticas,
conscientes de suas obrigações e de seus deveres exercendo com
dignidade sua cidadania.
Quando falamos da atuação dos pais, alunos e funcionários nas
ações da escola devemos lembrar que estamos partindo do princípio que
todos irão exercer cidadania, além de buscar uma participação efetiva nas
decisões que serão executadas. Dessa forma, o gestor é o grande
responsável pela articulação e o desempenho eficaz do grupo. A atenção
do gestor deve ser voltada de maneira plena, envolvente e cativante a
toda comunidade, porém muitas vezes ainda, estão orientadas por um
velho e enfraquecido paradigma orientador das cobranças do governo.
Se o gestor conseguir quebrar esses paradigmas, com certeza a
participação será mais ativa e a promoção da educação ocorrerá de forma
organizada e participativa de toda a instituição e membros da sociedade.
Pensando dessa forma, a escola alcançará com êxito a promoção de uma
gestão democrática e um ensino de qualidade que todos almejam.
O objeto de analise, a Escola CEF Profº Carlos Mota, que
embora seja uma escola da rede pública, possui realidade totalmente
diferente de outras, pois é uma escola da área rural. Partindo desse
princípio, visamos à grande importância do exercício da gestão
democrática em busca de uma reflexão da atuação dos envolvidos,
principalmente no que diz respeito à qualificação dos profissionais, a
participação da equipe e de toda comunidade escolar nas tomadas de
decisões. Infelizmente observa-se a grande dificuldade nessa busca da
qualificação profissional, pois esta tem sido uma realidade difícil na
prática pedagógica dos docentes, a grande maioria atua em todos os
períodos e o tempo que tem é para deslocamento entre uma escola e
outra. Por conseguinte, o contexto escolar se complexifica e exige cada
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Considerações finais
É possível compreender que a gestão democrática é o alicerce
fundamental para que a comunidade escolar desempenhe com eficácia o
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Vozes da Educação
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RESUMO
O presente artigo buscou analisar as inter-relações entre diversas formas
de discriminação sofridas pelas mulheres negras. Ao analisar os prejuízos
na construção das identidades de mulheres cujas marcas de
pertencimento são historicamente atreladas a estereótipos negativos,
pretendeu-se desvelar a complexa teia de deslegitimação, a qual as
mulheres negras brasileiras, descendentes das mulheres negras africanas
escravizadas, estão submetidas. Foi possível evidenciar que o racismo e o
sexismo são elementos estruturantes na sociedade brasileira, afetando de
diversas maneiras a trajetória de vida das mulheres negras pesquisadas,
impactando, inclusive, na manutenção da sua condição historicamente
subalternizada e em sua escolarização.
Palavras-chave: trajetória de escolarização; mulheres negras; racismo;
sexismo.
ABSTRACT
The present article sought to analyze the interrelationships between
different forms of discrimination suffered by black women. In analyzing
the losses in the construction of the identities of women whose marks of
belonging are historically linked to negative stereotypes, it was intended
to unveil the complex web of delegitimization, which Brazilian black
women, descendants of enslaved African black women, are subjected to.
It was possible to show that racism and sexism are structuring elements
in Brazilian society, affecting in several ways the life trajectory of the
black women researched, impacting, even, maintaining their historically
subordinated condition and in their schooling.
Keywords: trajectory of schooling; black women; racism; sexism.
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Figura 2. Taxas líquidas de matrícula no segundo ciclo do ensino fundamental segundo cor/raça
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Fonte: Pnad1995-2005.
Disponível em: http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/Cap29.pdf.
Nota: A população negra é composta de pretos e de pardos.
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Figura 4. Taxas de mortalidade na população com 15 anos ou mais, segundo raça/cor e anos de
estudos.
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Figura 6. Gráfico que demonstra divisão da renda entre a população, na divisão por raças/cor (A
partir de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (2010).
Disponível em http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ibge-mostra-a-persistencia-de-dois-brasis/)
Nota: As informações estão ordenadas na mesma ordem da legenda.
Rita Izsák é relatora especial das Nações Unidas sobre Questões das Minorias. Disponível
68
em:http://ftimaburegio.jusbrasil.com.br/noticias/236565651/onu-a-pobreza-tem-cor-no-brasil-e-
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Considerações finais
Entender a escolarização como parte importante na trajetória
de vida das mulheres negras permite compreender o quanto estar à
margem deste processo ou estar inserida no contexto escolar e não ter as
suas perspectivas, em termos sociais e históricos, contempladas, pode
ser determinante na forma de ser e de estar inserida na sociedade.
Na opinião de Silva (2005), a desconstrução da ideologia racista
que desumaniza e desqualifica as pessoas negras pode contribuir para o
processo de reconstrução da identidade étnico-racial e da autoestima
dos/as afrodescendentes, passo fundamental para o exercício pleno da
cidadania.
Embora intensificados esforços nos últimos anos nesse sentido,
citando-se a título de exemplo a Lei 10.639/03, que torna obrigatório o
ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas,
foram eles ainda insuficientes, pois a sociedade brasileira se estruturou
no sentido de silenciar e deslegitimar os/as negros/as, como também
adotou forma de convivência, isto é, de manter a situação dos/as
negros/as no Brasil, não mais como escravizados, mas ainda sendo
considerados “inferiores” em relação aos brancos, e tratados como tal.
Todo este ciclo de discriminação tem desdobramentos que
afetam inclusive as escolas, onde os/as docentes, exatamente por terem
vivido e estudado em um contexto social, marcado pelo racismo,
sexismo e elitismo, e ainda viverem em um país onde tais práticas não
são efetivamente combatidas, acabam, muitas vezes, por reproduzir e
reforçar tal ciclo, mesmo que de modo não intencional.
Na sociedade brasileira, é comum que haja docentes que não
tenham clareza quanto ao sofrimento psíquico ligado às representações
estereotipadas no contexto da sala de aula, pois, frequentemente, não
tiveram, nas suas vivências pessoais ou na formação acadêmica,
oportunidades de problematizar as questões de gênero, raça e classe
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