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ADOLESCÊNCIA – Contardo Calligaris

CONCEITO:
 Adolescência: é um fenômeno contemporâneo
 Criação – início do séc. XX
 Vingou – depois da Segunda Grande Guerra

MORATÓRIA SOCIAL:
 Tempo de suspensão
 Indefinida moratória moderna – como se entra e como
se sai da adolescência? Falta de rituais de passagem.
 Postergar o reconhecimento enquanto um membro
adulto
 Adiar a realização de valores básicos (ser desejável e
desejar – sucesso amoroso; ser invejado – sucesso
social e financeiro).

ADOLESCÊNCIA – clipe dos gozos dos adultos


 Carrega o ideal coletivo da sociedade em termos de
liberdade, independência e insubordinação
 A adolescência é a atuação dos desejos dos adultos
(sonhos); é a atuação dos desejos que estariam melhor
esquecidos (pesadelo); é a atuação de desejos que
talvez voltem para se vingar de quem os reprimiu
(espantalho).
 “Faça o que eu desejo e não o que eu peço e atue em
conseqüência: eu vou lhes mostrar como se goza”.
 A adolescência não precisa acabar. Crescer não significa
nenhuma promoção.
CINCO TIPOS DE ADOLESCENTES:

1) ADOLESCENTE GREGÁRIO:
 A verdadeira comunidade não é a família, mas o
grupo restrito de pares (seus coetâneos)
 O grupo de pares oferece o reconhecimento que se
esperava que viesse dos adultos.
 Critérios de admissão explícitos: composição de um
look; senha (tatuagem, cicatriz, etc); pacto de sangue
(roubar, estuprar, matar, etc)
 O gregarismo como forma de insubordinação aos
adultos.
 A transgressão demonstra afastamento dos adultos,
adesão e fidelidade ao grupo.

2) ADOLESCENTE DELINQÜENTE
 A tribo mais gregária sempre parece mais
criminosa.
 O adolescente por não ser reconhecido dentro do
pacto social, tende a procurar reconhecimento fora
ou contra ele – no pacto alternativo do grupo
 O adolescente tem esperança de, por meio da
transgressão, merecer a atenção e o
reconhecimento dos adultos.
 A transgressão tenta encenar o que os
adolescentes acreditam ser um desejo recalcado
dos adultos – merecer medalha.
 Ex: furto – obter mais rápido o ideal do sucesso
financeiro, dispensando a retórica do valor do
esforço, do suor na testa e do trabalho.
 Ex: valorização pela força física – obter o que
deseja, ao invés de negociar e cumprir
compromissos sociais menos perigosos.
 Ex: promiscuidade – se impor pela sedução mais
brutal.
2) ADOLESCENTE TOXICÔMANO
 O uso de drogas como um capítulo de rebeldia
herdada pelos adolescentes.
 A interdição das drogas legais (álcool e tabaco) é
vivida como parte do processo de sua
infantilização.
 O adolescente ser seduzido pelo risco de vida que
essas drogas acarretam.
 As drogas proibidas podem representar uma
maneira de enriquecer pelo tráfico.
 Medo do uso das drogas por adolescentes: matar o
usuário ou matar o seu desejo.
 Há adolescentes que se drogam para então
precisar de algum tipo de reabilitação e pedir ajuda.
Provar que a vida acontece de verdade e não
representa limbo.

3) ADOLESCENTE QUE SE ENFEIA


 O ato de se enfeiar para desafiar os cânones
estéticos dos adultos; para provocar olhares
indignados ou assustados dos adultos; para se
reconhecerem enquanto membro de um específico
grupo; para se defenderem de um olhar que
poderia não acha-lo desejável.
 Exibicionismo: piercing umbilical, cueca exposta
acima do cós baixo da calça (lembra o neném e o
adulto).

4) ADOLESCENTE BARULHENTO
 Assumir uma identidade imitando personagens de
filme e de videoclipes que cantam e dançam,
adotando um estilo ou look.
 O adolescente vive com uma trilha sonora
permanente, inspiradora de imagens com as quais
compõem sua identidade.
 O adolescente oscila entre estourar as caixas de
som e viver de fone de ouvido. “Ou te ensurdeço ou
não te ouço” e “Eu não vivo, arrebento”.

Bibliografia:
CALLIGARIS, C. A adolescência. São Paulo: Publifolha.

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