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Resumo
Este artigo busca situar o panorama atual do uso da tecnologia no ensino de língua
estrangeira no Brasil. Com o objetivo de apresentar quais recursos tecnológicos o
professor de língua estrangeira pode utilizar atualmente, apresenta um breve histórico
do desenvolvimento das tecnologias e as possibilidades e dificuldades de seu uso para
fins pedagógicos. Concluímos que a implementação de tecnologias nas aulas pode
variar devido à falta de recursos da escola, obstáculos ao acesso destes recursos e
também, falta de formação continuada de professores que proporcione um
desenvolvimento de habilidades tecnológicas e reflexões sobre o uso das tecnologias
durante as aulas.
ABSTRACT
This article aims at spotting the current panorama of the use of technology in foreign
language teaching in Brazil. With the goal of presenting what technological resources
the foreign language teacher can use nowadays, the article presents a brief history of
the development of technology and the possibilities and difficulties of its use for
educational purposes. It is concluded that the implementation of technology in the
classroom can vary due to lack of resources at schools, obstacles to access these
resources and also, lack of continuing education which would provide a development of
technological skills and reflections on the use of technologies.
Introdução
As novas tecnologias estão cada vez mais presentes e mudaram a maneira de pensar
da sociedade, além de terem mudado a forma como lidamos com a informação e com
outros povos. Para Brydon (2011) as novas tecnologias asseguram que as vidas de
muitas pessoas no mundo são hoje parcialmente moldadas por forças transmundiais.
Nessa perspectiva, as diferentes línguas, formas de pensar, estilos de vida, diferentes
comunidades, políticas, economias se destacam, por exemplo, ao navegarmos pela
internet, sem necessariamente estar fisicamente em outras cidades, regiões ou países.
Essa constatação provoca mudanças no ensino de maneira geral e em especial, no
ensino de línguas, pois a tecnologia é tida como uma ferramenta de várias
possibilidades no que diz respeito à utilização de materiais autênticos, oportunidades
de comunicação com aprendizes de outras partes do mundo, mobilidade de utilização
(escolas, cybercafés, casa, escritório), práticas de habilidades de leitura, escrita, fala e
compreensão auditiva, além de proporcionar informações atualizadas a todo momento.
Por outro lado, esses recursos também vêmconquistando adeptos, que buscam a
renovação de seus processos de ensino-aprendizagem; a utilização de materiais
autênticos e atualizados e o acesso adiferentes pontos de vista no desenvolvimento de
uma perspectiva mais crítica e conectada com a sociedade atual no ensino de línguas
estrangeiras. Para Monte Mór (2008), nesta sociedade digitalizada, as narrativas
pessoais e seus conceitos de felicidade são construídos de formas múltiplas, devido às
diversas alternativas que esta sociedade tecnologizada proporciona. Para esta autora,
numa perspectiva crítica, as narrativas de felicidade construídas pelas pessoas tanto
podem se basear na posse de /ou acesso a um objeto tecnológico que as faz sentir
incluídas na sociedade, quanto nas possibilidades de reconstruir conhecimentos,
desenvolver agência e crítica no ato da navegação. Conscientes das características
desta sociedade, percebemos a importância que a tecnologia tem para o ensino de
idiomas, e de outras disciplinas com recursos que complementam as
diversas propostas de ensino.
A tecnologia se faz presente na vida do ser humano desde 1442 com a invenção da
imprensa por Gutemberg, considerada o primeiro grande marco tecnológico da história.
Antes disso, ainda no século I a.C., vislumbrava-se a criação do livro através do códex,
que se aproximava ao livro de hoje, com escrita horizontal e páginas que eram viradas.
O primeiro livro com gravuras, destinado à educação infantil foi o Orbis Sensualium
Pictus, de Comenius publicado em 1658, com o objetivo de ensinar vocabulário em
latim através da contextualização de imagens (PAIVA, 2012). Neste, adquirir uma nova
língua passa a significar a memorização de itens lexicais.
A reprodução de som e vídeo foi uma inovação tecnológica muito significativa (PAIVA,
2012). Para o ensino de línguas, a inovação nessa época começou com a invenção do
fonógrafo, por Thomas Edson, em 1878. Permitia-se através do aparelho a gravação e
a reprodução dos sons. Em seguida, a reprodução de áudio em discos se deu através
do gramofone, e depois em fitas magnéticas.
O gravador de fitas magnéticas teve grande visibilidade na década de 40, pois permitia
que os alunos gravassem suas leituras e exercícios de repetição, e depois se auto-
avaliassem. No final dos anos 50, surgem os laboratórios que requerem instalações
específicas e dispendiosas, não se tornando grande sucesso, em parte pelos custos de
investimento, em parte pela rigidez com que tratava o ensino de línguas: criação de
hábitos automáticos através da repetição de estruturas sintáticas.
O rádio aparece de forma tímida como recurso para o ensino de línguas, já que as
notícias eram transmitidas em tempo real, não permitindo a adaptação entre os
horários de aula e da programação. Há registros, segundo Kelly (1969, apud Paiva
2008), de que a BBC transmitiu algumas aulas de inglês em 1943 e nos anos 60,
transmitindo cursos de inglês em 30 línguas para vários países do mundo.
A televisão, inventada em 1926 por John Baird, passa a oferecer o vídeo e o som. Nas
escolas, há dificuldade de se utilizar a programação da televisão devido à
incompatibilidade de programas adequados à grade horária da escola. A televisão
passa a ser mais utilizada com a criação de fitas de vídeo pelas grandes editoras e
com reprodução de filmes para o ensino da língua estrangeira.
Leffa (2006) destaca que a internet permitiu ao aluno usar a língua-alvo para se
integrar em comunidades autênticas de usuários e trocar experiências com pessoas do
mundo todo que estudassem a língua utilizada. Dessa maneira, a informática passa a
ser usada no ensino de línguas como uma fonte dinâmica, que possibilita a integração
de todas as tecnologias até então desenvolvidas, como da escrita, de áudio e vídeo,
rádio, televisão, telefone, em um único recurso: o computador.
A prática de interação escrita e oral entre as pessoas se torna mais impulsionada com
o desenvolvimento de recursos de comunicação instantâneas como o Icq e o MSN. No
século 21, o aprendiz passa a ser ainda mais ativo na interação eletrônica ao contribuir
em páginas de relacionamentos como o Orkut, os blogs e os fotologs, os repositórios
de vídeos como o YouTube, ospodcasts (arquivos digitais sonoros que se assemelham
a programas de rádio e podem ser baixados da internet) e uma enciclopédia mundial, a
Wikipédia. Tais recursos permitiram aos usuários da rede o uso efetivo da língua em
situações diversificadas de comunicação.
Paiva (2008) destaca que nem o livro e nem o computador farão milagres no processo
de aprendizagem, se o aprendiz não estiver inserido em práticas sociais da linguagem.
Dessa maneira, oportunizar situações que promovam interação e construção de
significados em diferentes contextos de produção para o desenvolvimento de uma
perspectiva mais crítica, com o uso de tecnologias se torna um objetivo pedagógico
atual e premente.
O Professor Tecnológico
A internet, por exemplo, tem alcançado um número cada vez maior de usuários, e a
rapidez do seu desenvolvimento chega a impressionar educadores em geral. No que
diz respeito ao ambiente pedagógico, a rapidez com que as tecnologias se instalam e
se fazem presentes na vida profissional e no meio escolar pode ser preocupante se os
professores não se atualizarem.
Singhal (1997) pontua que os professores de línguas precisam abordar a internet como
uma experiência de aprendizado para eles próprios. Sendo assim, um dos objetivos da
formação docente neste século deve ser o de fazer com que os recursos oferecidos
pelas novas tecnologias “contribuam para a reflexão e o desenvolvimento do espírito
crítico do professor, quebrando as barreiras entre o espaço escolar e o mundo exterior,
integrando-os de forma consciente e enriquecedora” (AMARAL, 2003).
Considerações Finais
Dessa forma, outros estudos, além dos aqui apresentados, seriam necessários para se
perceber as implicações sociais e técnicas da chegada das novas tecnologias na área
do ensino de línguas estrangeiras no Brasil e no Mundo. Percebemos, no entanto, a
importância da utilização de recursos tecnológicos para o desenvolvimento do ensino
de línguas, ao proporcionar ferramentas, que se bem utilizadas, tornam as aulas mais
dinâmicas e interessantes.
O professor precisa estar atento para acompanhar a evolução desses recursos e
manter-se em constante aprimoramento. Dessa forma, além do conhecimento
linguístico e pedagógico, é importante também desenvolver o conhecimento
tecnológico para que, ao ensinar, o professor sinta-se confortável para estabelecer
objetivos claros quando utilizar recursos tecnológicos em suas aulas.
Apesar de alguns professores terem acesso a teorias que envolvam o ensino mediado
pelo computador, há ainda lacunas quanto às investigações sobre resultados e
evidências de ensino-aprendizagem com a utilização de recursos tecnológicos. Tal
percepção suscita discussões e mais pesquisas voltadas a reflexão do papel das novas
tecnologias no ensino de LE.
Referências
http://www.helb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=198:o-uso-da-tecnologia-no-
ensino-de-lingua-estrangeira&Itemid=17