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Aula do Luiz dia 17 de setembro

Para Luiz, Aristóteles e Kant são os dois gênios.


Ele levou 20 anos para reconhecer a genialidade de Aristóteles, por influência do Romantismo.
Este seria Gênio pois dentro daquele Cosmo fechado, como era o grego, permitiu o entendimento de
que a arte não fosse pensada como reduplicação de alguma coisa.
Kant falou contra a mimesis, esta era para ele imitação. Apesar disso, nas bases do que ele vai
lançar sobre a experiência estética, Luiz encontrou a maneira de se reconsiderar o conceito de
mimesis.

Mímesis
Percorrem o trajeto do conceito:
- Enquanto platônica ou sobretudo Aristotélica
- Intuição de que a reflexão sobre ela não devia ser abandonada.

Para Luiz, o eixo de sua teorização sobre a mímesis mudou nesse percurso que começa com
Mimesis e Modernidade, 1980, Vida e mimesis e Mimesis: desafio ao pensamento.

Antes era vista como fenômeno enquanto social, houve então um refinamento e a terceira etapa com
a idéia kantiana de experiência estética (Mimesis: desafio ao pensamento)
Que o levou a pensar a mimesis como produção textual --> reflexão refinada sobre o social que fois
possível a partir da categoria estética

Fenômeno social --------->>>> experiência com o texto ---->> se dá enquanto experiência estética
(Produtor/ receptor) ----->>> Ainda é um fenômeno social só que visa um produto específico =
ARTE

O que Luiz vê como alternativa para o intelectual hoje: criar para si uma emulação interna ( Não se
trata da emulação de um modelo!). Ele fala sobre as c´riticas que fazia a si mesmo, sem ser
consciente, alternativa a se criar. (Então, ele estaria propondo a metacrítica, mas reconhecendo que
em seu caso fora mesmo excessiva!) Link com a tese!

Na adolescência Luiz estudava matemática e música. Adriana Lunardi fala que então a crítica
literária é filha da música e da matemática. Formou-se em direito.
Retrospecto das últimas aulas:
Primeira idéia de mimesis supõe concepção substancialista/ essencialista de mundo – cosmo
fechado dos gregos – empecilho para a reconsideração do conceito de mimesis.
Mas,...
outra versão de mundo, mais atual, é tão prejudicial quanto.
1980 – Mimesis e modernidade
1995- Vida e mimesis
2000- Mimesis: desafio ao pensamento

Mais dificuldades para uma compreensão justa da mimesis que vão além do que Luiz escreveuno
Vida e mimesis
- CHoque entre as concepções: substancialista e construtivista (anos 60 a 80) deste século.
Construção construtivista de sociedade, supõe que não há sociedade, esta não é criada pelo homem
para satisfazer necessidades naturais humanas. Próprio da sociedade é cosntruir as necessidades
humanas. (A concepção é “Bonitinha, mas ordinária” como diria Nélson Rodrigues).
Aristóteles
Para que o produto humano não seja reprodução, é necessário que ele explore as idealidades das
coisas, vazios que surgem no Cosmo fechado no caso grego. Brechas/ interstícios = exploração das
idealidades.
Dois princípios básicos aristotélicos: Necessidade e Verossimilhança
São apresentados como distintos, mas praticamente, em relação à obra, eles se relacionam.
Aristóteles tem a genialidade de descobrir esses 2 elementos como fundamentais.

Dificuldade de defender hoje a verossimilhança. Pois “tudo” é verossímil.


Por que a concepção construtivista de mundo se oporia à idéia de mímesis?
Para o construtivismo, não há formas para necessidades, as formas derivam da sociedade!
Portanto, nada impediria que uma sociedade inventasse uma sona com soro e ao invés de se usar a
boca, usaria-se esta sonda (!) Claro que nenhum construtivista põe isso nesses termos, mas, levando
às últimas conseqüências.. Então, todos os meios são viáveis.
Por que seria absurdo para a idéia de mimesis? Pois a idéia de mimesis supõe alguma
correspondência entre o feito e o factível.

Desconstrutivismo- Surge em relação ao estruturalismo. “L’ orde du discours” Foucault


Descarte do referente, mais do que isso, será pôr em questão que qualquer signo tenha um núcleo
semântico estável.
Anos 60 a 80 – construtivismo (ele está se referindo ao construtivismo social, segundo ele, não tem
a ver com o construtivismo artístico)

Dilema em relação às tradições


Séc XIX distinção entre infra (necessidades básicas) e super estrutura (supérfluo)
utilitarismo do séc. XIX

Haveria de se distingüir:
Necessidade natural = afirmação de existência entre o texto e algo que observa
Meio – modo de aproximação com o texto, modus operandi, aparato cientificista do séc. XIX

Função da arte
É preciso falar. Pois só o reconhecimento da naõ função da arte não basta para tratar do problema.
Autonomia da arte
Séc. XIX essa autonomia se planifica. Começa em fins do XVIII. Por que a arte é intelectualmente
autônoma? Não presta contas à instituições, igrejas, como já prestara no passado.
Experiência estética – Kant
Lugar capital à autonomia da arte. Ao longo do XIX em Paris, essa autonomia se desenvolve,
independência do artista em relação aos mecenas. A isso irá se relacionar à autonomia intelectual da
arte o que dará lugar a independência da arte.

A resposta de Kant é válida mas não nos parece que baste como resposta. A presença da sociedade
industrial apresenta um outro obstáculo: esta apesar de reconhecer a necessidade da experiência
estética, a descarta, não “liga” para isso.

Pensar para pesquisas futuras: Questão das bienais. A que se prestam? Festivais... Adorno –
indústria cultural.

Outras dificuldades para se repensar a mimesis:


A análise da obra como fundada na consciência ou intencionalidade do autor. Essa concepção se dá
em pleno naufrágio da idéia de imitatio, séc XVIII, quando emerge a idéia de gênio. A grande obra
é aquela que traz investida a intencionalidade do autor. Mas é tão nociva quanto a idéia de imitatio e
é extremamente difícil desfazer essa concepção.
Idéia de gênio vem antes do romantismo e se propaga a partir dele. No primeiro romantismo, depois
ela se dilui e cai no senso comum.
Em relação à idéia de intencionalidade que justifica o porquê de a arte ter sido feita. Chamar a
atenção para esses dois caminhos que também atravancam a refelxão sobre a arte.

Idéia kantiana de gênio, e, também, de Diderot – são mais amplas que a de intencionalidade –
progressivamente vai caindo no senso comum.
Para eles, gênio era aquele capaz de fazer algo para o qual não estava preparado, pois teria um “algo
a mais”. Essa “mais valia”, no entanto, não é dominada e não pode, portanto, ser convertida em
intencionalidade.

Fim do XVIII até a metade do XIX é no francês que essa conversão é criada ---->>> a genialidade
convertida em intencionalidade. Seria interessante verificar isso – pesquisa

A crítica resumida à textualidade intencional – ênfase na intencionalidade dá lugar à ênfase na


textualidade – que dá lugar à crítica imanentista, preocupada com o texto verbal e nada mais.

Robert Klein (historiador da arte, p.252 do Vida e mimesis)


Luiz acha ele muito bom, mas posto de lado pelo historiador de arte contemporâneo por declarações
como esta (p.252)
Obra não se explica como traduzibilidade de um estado de consciência. Do ponto de vista da crítica
que eliminou a referência, (Não há mais obra possível de ser apreciável).
O que resta (retirando os dois caminhos – referente como contexto)? Resta se não o quadro, o artista
que se lhe contrapõe o comentário crítico. O que essa crítica pode dizer em relação à obra?
A maioria dos críticos não passam uma “luz” para o leitor, o que fazem é a descrição da obra ( e isto
é o mais primário!)
Falar em figuração e tudo aquilo que leve ao termo imitação CORTAR
intencionalidade CORTAR

Mais uma dificuldade:


Supósição que a atividade analítica implica no resgate progressivo do significado do objeto.
Espiral progressiva.
Duas possibilidades mais interessantes:
Uma obra de durabilidade – 3 séculos, inevitavekmnete apresentará uma interpretação diversa. Seja
porque as raízes produtoras da mimesis se modifique. Ex. Quijote em que Luiz trabalha nos últimos
seis meses. O “Dom” de Quixote era ridículo, hoje não é mais. Chamar o Qixote de “hidalgo” na
Espanha do século XVII/ XVI – significava um nobre empobrecido, os ricos ou estão na corte, ou
foram tentar a vida na América.
Aspectos que se perederam internamete: reações que passa a dar e que não existiriam na época –
gozaçãoe do duque, na segunda parte e ironia que se perderam.

É impossível haver um parâmetro, um tipo de c´ritica nula, pois haverá alguém que preserve a
interpretação da época.
Próprio da obra é mudar internamente, ela muda por causa dos efeitos da mímesis, não porque é
feita de palavras!

O que Luiz está fazendo é:


Retomada, recriação, reconsideração da categoria analítica do conceito de mimesis que é um
conceito estável enquanto mutável.
Vazio – suplementado pelo leitor – Iser em relação à obra poética. Luiz supõe que se possa dizer
dos vazios em relação à arte. Enunciados cheios e vazios que compõem a obra de arte. Essa
suplementação deriva de uma condição social, de um momento social, conjunto de referências –
quer vc. queira ou não, eles entram na sua apreciação é o que anima o efeito. (Efeito de atualização
permanente da mimesis que se dá a partir dessa condição do enunciado vazio.)

Crítica restauradora dos valores da época – Nocivo/ conservador.


Crítica que recupera a obra (XVII) importante – Mas Luiz vê dificuldade nas duas, pois “reajo na
base da sensibilidade”.
Previamente sabermos que não há interpretação final, definitiva. A vitalidade da obra é uma
vitalidade impulsionadora de mimesis. A obra não vive pelo artista, mas pelo tempo que vive.

Ótimo que se façã essa “retrospecto” – multiplicidade de visões que a obra tem ---> mas isso serve
para o prefácio, não para a análise da obra!

O que pareceu importante até agora é esse fluxo impulsionante, de transformação continuada, da
própria mimesis. Qual o fluxo dessa transformação? Para que ela diga respeito ao mesmo objeto é
necessário que algo dela permaneça.
Dinamicidade/ fluxo da mimesis.
Problema de passagem de culturas – existe pouca coisa escrita a respeito disto. Uma determinada
obra ao ser traduzida, dependerá do horizonte de expectativas em que ela está inserida...
Essa metamorfose se dá algo que se mante´m constante, se não seria a transformação da obra e não
da mimesis.

Outra dificuldade para se repensar a mimesis:


Inexistência de um resgate progressivo do significado/ interpretação definitiva não existe a não ser
que a obra esteja morta.

O fascínio exercido por uma obra da mimesis depende de ela obra desconhecer uma camada
semântica última.
(espiral---((((()))))--->>)

A vida da mimesis supõe uma transformação interna do objeto, todo oposto da linguagem
matemática (teorema só admite a exaustão semântica) teorema (Iser)

Outro problema:
Se a mimesis é uma manifestação do inconsciente, ter claro que ela não é exclusividade da arte o
que difere da concepção antiga que sempre à ligava com a obra de arte.
O aparato psicanalítico tem no caso da arte, o defeito de supor que o que etsá na obra tem a ver com
o autor consciente ou inconscientemente supor que o que se aplica ao sujeito, se aplica à sua obra.

Livro que Luiz escreveu sobre Os sertões (tem a ver com o “inconsciente do texto” que ele não se
lembra a fonte, Adriana fala que é da fenomenologia, Ingarden.

Parte literária é ornamento para a hipótese científica (Os sertões)Mas para Luiz, apesar disso, há um
“subtexto” – que é mais belo, escapa, vai além dessa “ilustração”.

Essa luta resulta que o caminho da linguagem se opera por duas vias:
- Mimesis
- Conceito (via antimimética, pois é tão mais conceito quanto mais abstrato ele seja). No caso, ele
fala do conceito duro, da história natural.

Quer a mimesis da arte ou do cotidiano, elas supõem uma correspondência entre objeto e não-
objeto. A partir dessa idéia de correspondência podemos pensá-las. Mimesis não artística = mimesis
do cotidiano, só que nesse caso, é o objeto mesmo que vai se transformando
Blumenberg- teoria da não-conceitualidade. É uma abertura. Mostrar quais são os limites do
conceito. Afinal, tomamos estes como auge da lingugaem, e ele vai ao avesso do conceito, ao que
ele chama meterafologia.

René Girard “La violance...”


Tese sobre a formação do sagrado. Ele era um “catolicão”. A tese básica é de que o sagrado é o
meio das sociedades para dar visibilidade à violência e, portanto, de controlá-la (dar visibilidade,
pela mimesis). Ele vai fazer isso em relação a Édipo Rei. Como se cria o sagrado? Ele vai procurar
meios humanos de criação do sagrado (violência) do contra´rio ela inunda e envenena a sociedade.

Tratamento da palavra: - Conceito/ - Metáfora; - Palavra extensiva/ - Palavra intensiva

Conceito

Palavra extensiva Palavra intensiva

Metáfora

Atenção: são dois eixos diferenciados.


O conceito tem sua importância por sua capacidade de abstração, mas é antimimético por
excelência. Supõe – abstração fixante.

Metáfora – supõe transposição


Palavra extensiva tem por limite a descrição e função prgmática.
palavra intensiva – todo o contrário, palavra em dobro, nunca é exatamente só aquilo que ela diz.
Relaciona o fluxo da mimesis com a metáfora e com a palavra intensiva.
A partir daqui seria interessante veirificar que ao falar da mimesis, no entanto, este não seria o eixo
provilegiado, afinal estamos tentando trabalhar com conceitos e através de descrições.

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