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RIBEIRÃO PRETO
2018
AVALIAÇÃO FINAL – PESQUISA EMPÍRICA EM DIREITO
RIBEIRÃO PRETO
2018
ANÁLISE DO V RELATÓRIO SUPREMO EM NÚMEROS: O FORO PRIVILEGIADO
E O SUPREMO - FGV
1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
3. OBJETOS DA ANÁLISE
O que foi constado mediante análise gráfica é que nos períodos pós eleições do
Congresso e do Executivo estadual e da União, ou seja, em 2003, 2007, 2011, 2013 e
2015 houve considerável aumento de ações penais e inquéritos ao STF. Isso indica que
havia processos em outras instâncias e a partir do momento em que o investigado ou réu
assume cargo com competência da Suprema Corte ele passa a ter foro de prerrogativa
de função.
Outra análise importante é que a partir de 2007 o número de processos novos é
maior que os números de processos encerrados, tendo em vista que o número de
ministros é o mesmo e o volume processual aumenta a quantidade de processos
encerrados é sempre menor, ou seja, a celeridade fica comprometida pela grande
demanda processual.
O tempo em média dos processos que houve o maior número de anos em
tramitação foi de 8,23 anos. O trabalho elencou os dez processos menos céleres
correspondentes ao foro privilegiado, dentre os motivos de pouca celeridade há o de
troca de relator o que ocasionou a prescrição dos processos em três desses dez processos.
A média de anos em relação aos dez casos de maior tempo de conclusão ao
relator foi de 3,4 anos e de conclusão ao revisor 1,29 anos.
Houve no início do período do estudo um aumento no número de vistas à PGR
em relação aos inquéritos e as ações penas, estas últimas, entretanto, começaram a
declinar em números no início do estudo. Também é possível aferir por meio de análise
gráfica que o tempo médio que as ações penais ficam em vista à PGR reduz, salvo nos
períodos de 2006 e 2013. Portanto, a média de dias em vista à PGR, preterindo os anos
citados a posteriori, foi de 20 dias.
Os dez casos de maior número, em vistas a Procuradoria Geral da República, em
média, foram de 2 anos.
A análise dessa área no trabalho foi tida como problemática, pois assim
dispuseram os autores:
“Nesse levantamento (acórdãos¹, identificamos a data das decisões
colegiadas nos inquéritos e ações penais e a data da publicação do
respectivo acórdão. Quando existem múltiplas decisões colegiadas e
múltiplos registros de publicação de acórdão, calculamos o tempo entre a
primeira decisão e o primeiro acórdão, entre a segunda decisão e o
segundo acórdão e assim sucessivamente. Para cada ano, computamos a
média em função dos acórdãos publicados naquele ano.” (1 – grifo nosso)
Portanto, 23,81% dos casos ainda estão sem decisão; 52,38% houve
declínio; 7,62% houve prescrição; 11,43% houve absolvição; 1,9% dos
casos houve condenação do réu.
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, no ano de 2017 propôs
alteração interpretativa da regra de competência do foro privilegiado. Dentre o ínterim da
proposta destacam-se duas:
6. CONCLUSÃO
Mediante o estudo dos casos no período em exame, concluiu-se que o STF como
instancia “originária com relação aos crimes cometidos por agentes com foro especial por
prerrogativa de função”, não consegue, na maioria das vezes, concluir – e em muitos casos
analisar – o “mérito das investigações ou acusações apresentadas pela PGR”.
Em relação à morosidade, os autores entendem que pode ser caracterizada pelo tempo
de publicação do acórdão que não é respeitado pelo Supremo; o tempo entre a autuação e o
trânsito em julgado está aumentando em relação às ações penais e o tempo entre a primeira
decisão colegiada e o trânsito em julgado também está subindo.
As causas desses aumentos de tempo, o que ocasiona a morosidade, podem-se classificar
a carga excessiva de trabalho e processos do tribunal, o que geram dados como os 5,94% das
ações penais começam e se encerram na Suprema Corte. Isso ocasiona, segundo o Ministro
Barros, “disfuncionalidade prática” do instituto – o que caberia sua revisão para melhor
aplicabilidade para que o Estado Democrático de Direito não seja prejudicado pelo Direito
Processual.
As ideias que julgam os processos em que o investigado possui cargo com a prerrogativa
do foro tem celeridade maior, pois há apenas uma instância também foi solucionada. Na verdade
isso não ocorre, de acordo com o presente trabalho, tendo em vista que somente no ano de 2016
a média de tempo entre a primeira decisão colegiada e o trânsito em julgado do processo foi de
566 dias nas ações penais.
Destarte, o que se depreende do estudo em vista é que o Supremo não consegue realizar
suas funções plenamente, pois a Corte Superior, como missão institucional, não tem a função
de condenar ou absolver, mas sim “garantir a tramitação adequada e viabilizar o julgamento de
mérito dos processos que nele chegam”.
REFERÊNCIA:
I. INTRODUÇÃO
Confirma-se, contudo, o objetivo geral no capítulo III da pesquisa “Hipóteses”, uma vez
que, conforme exposto, parte-se da hipótese de que essa influência é verdadeira mesmo sem
nenhuma evidência científica / empírica consistente, e tal fato é problemático para o
enfrentamento e compreensão da real dimensão das questões envolvendo essas possíveis
alterações de hábitos e atitudes.
Nas palavras dos próprios autores:
“Portanto, nossa hipótese é que a TV Justiça influencia o comportamento dos ministros. Caso
esta hipótese seja confirmada, queremos saber em qual direção ocorre essa influência, para
então discutirmos alguns dos argumentos normativos supra.” (p. 42)
Afirma-se, pois, o objetivo geral como exame da hipótese descrita, a ser processado a
partir do método proposto a ser analisado em seguida.
III. METODOLOGIA
IV. OBJETOS
Têm-se que, em geral, a tecnologia teve papel central como se pode observar na
explicitação dos métodos para análise das variáveis, sendo apenas as variáveis 1-6 codificadas
manualmente, mas já com forte preponderância da inteligência artificial para a classificação
divisão e, sobretudo, utilização de métodos de compatibilidade e probabilidade para o
reconhecimento de processos iguais, análise de efetividade dos votos, quais decisões seriam
utilizadas, dentre outras inúmeras utilizações.
Essa questão, a nós se mostra principal para ressaltar no conjunto geral de objetos e
métodos para que se produza um panorama geral, fato é que os meios devidamente descritos
com grande profundidade se encontram no capítulo IV da pesquisa, a se falar de cada variável,
conforme apresenta:
Ao medirmos a extensão dos votos de cada ministro (1), tentamos produzir
uma variável que fosse útil, medindo a extensão “real” das decisões. Se um
ministro se limita a acompanhar o relator, ou o voto de algum outro ministro,
não parece que houve, de fato, um acréscimo substantivo à decisão. Para
controlar esse fator, estabelecemos o seguinte critério: se o voto tivesse menos
de dez linhas, codificamos o tamanho do voto como zero. Se, porém, o voto
tivesse mais de dez linhas, cada página seria contada para a variável,
independentemente do seu tamanho ou conteúdo. Assim, as páginas que
compõem o relatório, por exemplo, contam para nosso cálculo. A mesma
lógica se aplica ao cálculo da extensão do debate em páginas (5): debates com
menos de dez linhas foram codificados como possuindo extensão 0 e cada
página subsequente foi contada independente de seu tamanho em termos de
linhas ou caracteres.
(p.44)
V. RESULTADOS
A pesquisa mostrou leve aumento de páginas na discussão e nos votos dos ministros
nesse tempo.
Conforme apresentado, o argumento de que seria mero efeito temporal ou circunstancial
é possível para justificar a alteração pequena de extensão nas decisões e debates, aplicou-se,
pois, outras variáveis anteriormente descritas como meio de filtrar decisões chaves para que se
fizesse análise mediante casos complexos, o que se fez presumir quando presentes quesitos
como existência de pedidos de vista, coesão da decisão e índice de complexidade considerável
– e, a partir disso, o aumento leve continua no tamanho dos votos dos ministros, o que aumenta
consideravelmente é a extensão dos debates.
Dificuldades metodológicas foram encontradas ao se tentar analisar o tamanho dos votos
dos ministros e a presença de televisionamento por conta de falta de linearidade metodológica
nos diferentes objetos analisados, uma vez que a cada um se atribuiu um desenho metodológico
que proporcionasse maior aprofundamento nos quesitos requeridos.
Com uma adaptação dos dados se construiu o resultado principal da pesquisa que mostra
uma alteração de aumento considerável no tempo de debate nos processos e levíssima alteração
no tamanho dos votos proferidos. Fato que acaba por confirmar parcialmente a hipótese de que
o televisionamento afetaria estendendo os processos no que tange ao processo decisório que
seria mais longo.
Por fim, questões acerca da legitimidade e da visão do STF pelos olhos da população
que agora acessa essas informações com a TV Justiça são propostas mediante a construção do
que mostra um maio acirramento e engajamento dos ministros em debates decisórios do que
propriamente um aumento na extensão de votos.
VI. REFERÊNCIA