Você está na página 1de 7

Curso Certificação de Empresa de Transporte Aéreo – RBAC 119/121/135

MÓDULO 2

CERTIFICAÇÃO DE EMPRESAS PARA OPERAÇÃO SOB AS REGRAS DO RBAC 135

UNIDADE 5 - DEMONSTRAÇÕES

OBJETIVO

Ao final deste Módulo/Unidade, você deverá ser capaz de:

 descrever os detalhes que envolvem as inspeções realizadas pela ANAC no processo


de certificação de empresa de transporte aéreo segundo RBAC 135 dentro da área de
competência da Superintendência de Aeronavegabilidade (SAR).

1
Curso Certificação de Empresa de Transporte Aéreo – RBAC 119/121/135
XXX

Neste módulo vamos falar sobre as atividades que a


ANAC realiza para verificar in loco o funcionamento da empresa
já em estágio avançado do processo de certificação de
empresas de transporte aéreo segundo o RBAC 135. Vamos
tratar das inspeções e demonstrações da competência da SAR
durante a certificação da empresa. Boa aula!

A Fase 4 da certificação abrange as atividades realizadas pela ANAC nas instalações


indicadas pela empresa ou aeronaves em incorporação na frota. Podemos resumir as
possíveis demonstrações da seguinte forma:

ATIVIDADE APLICABILIDADE
Vistoria Técnica Inicial (VTI)* Aeronaves que farão parte da frota em processo
de nacionalização
Vistoria Técnica Especial (VTE)* Aeronaves que farão parte da frota em processo
de mudança de operador já certificado segundo
RBAC 135 ou mudança (pode ser acréscimo) de
categoria de registro para TPX ou TPR
Auditoria de Base Principal de Manutenção Local informado pela empresa como base
principal
Auditoria de Base Secundária de Manutenção Locais informados pela empresa (caso aplicável)
(*) OBS: As vistorias podem ser realizadas desde a fase 3 do processo, visando dar celeridade ao
processo de outorga, conforme descrito na IS 119-000.

Após as demonstrações, os participantes envolvidos produzirão um relatório


apropriado a cada demonstração com seus resultados. Todas as comunicações internas e
externas devem utilizar os FOPs adequado para cada caso, conforme instruções contidas na
IS 119-004.

Caso durante as demonstrações seja identificado que um manual ou programa


necessita de ajuste ou correção, seja por inadequação em termos práticos ou não descrição
da realidade observada na empresa, deve ser apresentado novo material e esta publicação
específica retornará momentaneamente para Fase 3. Em função dos resultados obtidos

2
Curso Certificação de Empresa de Transporte Aéreo – RBAC 119/121/135
XXX

durante as demonstrações realizadas, podem ser solicitadas demonstrações complementares


com a finalidade de atestar a conclusão satisfatória das pendências observadas.

Os detalhes gerais sobre a condução das demonstrações da fase 4 estão descritas na


IS 119-004.

Vamos ver as particularidades de cada uma das demonstrações citadas:

 Vistorias Técnicas

As vistorias técnicas a serem realizadas nas aeronaves tem o objetivo de avaliar as


condições de aeronavegabilidade de uma aeronave, através de sua inspeção física e da
verificação dos seus registros de manutenção e documentação associada; no processo de
certificação de empresa segundo RBAC 135, acrescenta-se a verificação de requisitos
descritos na legislação em vigor, em especial o próprio RBAC 135, que são aplicáveis para a
condição operacional solicitada pela empresa em certificação.

Podemos então perceber que é esperado que, além de emitir uma conclusão sobre a
situação técnica da aeronave, a vistoria também conclua que a aeronave atende aos
requisitos específicos para aquele operador e suas autorizações formalmente solicitadas; isto
é, é possível que uma aeronave esteja em condições aeronavegáveis, mas não cumpra com
os requisitos para mudança de categoria devido ausência de equipamentos específicos que
passam a ser requeridos ou possíveis mudanças nos critérios e periodicidades do programas
de inspeção aplicáveis para operar no transporte público de passageiros e cargas.

Em termos práticos, a VTI e VTE distinguem-se apenas pela situação inicial da


aeronave quanto a posse de um registro válido no Brasil, isto é, no momento da solicitação,
se a aeronave já possuía um Certificado de Matrícula (CM) válido ou não.

Uma particularidade que envolve as vistorias técnicas é


que são as únicas atividades no processo de certificação
(dentro da competência da SAR) que podem ser realizadas por
pessoas que não são servidores da ANAC. Os Profissionais
Credenciados em Aeronavegabilidade (PCA) podem realizar
tais vistorias, independente do fato da empresa estar em

3
Curso Certificação de Empresa de Transporte Aéreo – RBAC 119/121/135
XXX

certificação; por outro lado, a ANAC motivadamente pode determinar que determinada vistoria
técnica seja conduzida obrigatoriamente por pessoal da ANAC.

Os procedimentos específicos de realização de vistoria técnica por pessoal da ANAC


estão descritos no MPR/SAR-145; para o caso de vistoria realizadas por PCAs, a descrição
encontra-se no MPR/SAR-245. Pode ser destacada a importância de um documento que é
comum a qualquer tipo de vistoria (inicial ou especial, por pessoal da ANAC ou PCA, etc) que
é o Formulário F-100-39 (Laudo de Vistoria); as informações tais como quantidade de
assentos de passageiros, tripulação requerida, capacidade de realização de operações
especiais, tipo de voo, etc, são exemplos de ratificações de conformidade da aeronave que
estão disponíveis através do laudo, sendo de grande utilidade para o encaminhamento
adequado dos pedidos da empresa envolvendo a operação de suas aeronaves.

 Auditoria de Base Principal de Manutenção

A auditoria na base principal da empresa é a atividade mais trabalhosa e importante


no processo de certificação; avaliar o funcionamento da empresa através dos recursos
disponíveis e rotina de trabalho propostas em conformidade com a legislação aplicável é uma
tarefa relevante e que carrega uma complexidade intrínseca.

Como podemos perceber, para uma condução satisfatória da auditoria na base


principal, os servidores envolvidos deverão estar familiarizados com as
publicações da empresa, com as autorizações pretendidas pelo operador,
situação técnica das aeronaves e com levantamento prévio do material
necessário para demonstração de capacidade para os serviços pretendidos.

É esperado que a auditoria verifique de forma exaustiva os procedimentos delineados


nos manuais e programas já aceitos ou aprovados da fase 3 do processo. Além disso, a
equipe auditoria deve considerar a situação das aeronaves da frota, que normalmente já terão
passado por vistoria técnica.

4
Curso Certificação de Empresa de Transporte Aéreo – RBAC 119/121/135
XXX

Todos os processos de controle de situação de aeronavegabilidade das aeronaves e


de suporte técnico devem estar implantados ou demonstrar condições de funcionarem quando
do início das operações da empresa. Os funcionários da empresa devem demonstrar
conhecimento e capacidade de exercer as atividades definidas nas atribuições que foram
detalhadas nos manuais e programas da empresa. Durante a auditoria e visita às instalações,
devem ser confirmados o pleno funcionamento de possíveis recursos de infraestrutura e
apoio, tais como acesso a internet, softwares, planilhas eletrônicas, intranet, etc.

Caso a empresa também tenha solicitado autorização para execução de manutenção,


a equipe auditoria deve aproveitar a mesma auditoria para avaliar as condições necessárias
para obtenção da autorização, incluindo: manuais técnicos específicos, equipamentos de
apoio, ferramentas comuns, ferramentas especiais, qualificação de pessoal e adequação de
instalações. Caso contrário, a atenção da equipe auditora se volta para os procedimentos de
seleção, contratação e supervisão das empresas terceirizadas na execução dos serviços.

Um destaque que pode ser acrescentado


durante a auditoria é a possibilidade de identificar
práticas que se configuram como infrações ao Código
Brasileiro de Aeronáutica (CBA); nesse caso, a equipe
deve coletar evidências das práticas irregulares para
posterior lavratura de autos de infração.

Os procedimentos específicos para a condução da auditoria de base principal estão


descritos no MPR/SAR-144.

 Auditoria de Base Secundária de Manutenção

A auditoria na base secundária de manutenção da empresa é mais uma atividade


importante no processo de certificação; verificar os procedimentos da empresa em localidades
distintas da sua principal localidade, com recursos menores e menos de pessoal local para
supervisão exige esmero na verificação das rotinas de trabalho da base secundária em si,
mas também uma avaliação precisa quanto aos esforços de supervisão e apoio originados da
base principal.

5
Curso Certificação de Empresa de Transporte Aéreo – RBAC 119/121/135
XXX

Da mesma forma que para base principal, é esperado que a auditoria abranja
exaustivamente os procedimentos definidos nos manuais e programas já aceitos ou
aprovados da fase 3 do processo.

No caso de uma base secundária de manutenção,


sempre haverá a solicitação de autorização para execução de
manutenção, a equipe auditora utilizará a auditoria para avaliar
as condições necessárias para obtenção da autorização,
envolvendo: disponibilidade dos manuais técnicos na base,
equipamentos de apoio, ferramentas comuns, ferramentas
especiais, qualificação de pessoal, adequação de instalações,
contratação de empresas de handling e de abastecimento de
combustível e os procedimentos de supervisão e apoio ao trabalho da base. Caso a base
secundária seja fora do território nacional, poderão ser aplicados documentação e
procedimentos adicionais, inclusive devido a possibilidade de terceirização; nesse caso a
atenção da equipe auditora se voltaria para os procedimentos de seleção, contratação e
supervisão das empresas terceirizadas executantes dos serviços.

A verificação na base secundária também é uma possibilidade de identificar práticas


que se configuram como infrações ao CBA; nesse caso, a equipe deve coletar evidências das
práticas irregulares para posterior lavratura de autos de infração.

Os procedimentos específicos de realização da auditoria de base secundária seguem


similarmente os procedimentos descritos no MPR/SAR-144 para as auditorias de base
principal.

Chegamos então ao fim desse módulo. No próximo módulo, conheceremos mais


detalhes sobre a certificação segundo RBAC 121 na área de competência da
Superintendência de Aeronavegabilidade.

Até lá.

6
Curso Certificação de Empresa de Transporte Aéreo – RBAC 119/121/135
XXX

Fontes:

Agência Nacional de Aviação Civil. Assuntos > Legislação > Acervo Normativo.
Disponível em: <http://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao> Acesso em: 18 de abril de 2018.
Fica Consulting. Las NIAS y NAGAS, los requisitos para las Auditorías
Financieras. Disponível em: <http://www.ficaconsulting.com.do/cw/publicaciones/11-
auditoria/701-las-nias-y-nagas-los-requisitos-para-las-auditorias-financieras> Acesso em: 27
de abril de 2018.
SILVA, C.T.. Processos de Aeronavegabilidade Continuada: Sistema de manuais
de empresa de táxi aéreo. In: SAERTEC, 2017, Porto Alegre.

Você também pode gostar