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Cultura Documentos
CURSO
DE
FORMAÇÃO
DE
GESTORES
PÚBLICOS
E
AGENTES
CULTURAIS
Objetivos
CONTEUDISTA
MARTA
PORTO
é
jornalista,
pós-‐graduada
em
Psicologia
Junguiana,
Arte
e
Imaginário
pela
PUC-‐
Rio,
com
Mestrado
concluído
em
Ciências
da
Informação
pela
UFMG.
Especialista
em
políticas
de
comunicação,
arte
e
cultura.
Curadora
de
espaços,
exposições
e
projetos
artísticos,
conferencista
e
ensaísta
da
cultura
com
atuação
internacional,
lidera,
assessora
e
apoia
políticas
e
programas
de
organizações
internacionais,
governos
e
empresas.
Atualmente
coordena
a
área
de
Cultura
e
Políticas
Culturais
da
Flacso
Brasil
e
lidera
um
estúdio
de
ideias
que
atua
como
think
tank
especializada
em
criar
espaços
e
ambientes
culturais
e
associar
arte
e
cultura
a
políticas
de
conhecimento,
educação
e
comunicação,
a
Plano
A
Studio,
sediada
nas
cidades
do
Rio
de
Janeiro
e
São
Paulo.
É
autora
das
publicações:
Aids
e
Teatro,
20
dramaturgias
de
prevenção
(Senac,
2004)
Investimento
Privado:
balanço
e
desafios
(Senac
Rio,
2005);
Olhares
Femininos,
mulheres
brasileiras
(Sesc,
2006);
Nós
do
Morro,
20
Anos
(XBrasil,
2008)
e
Cultura
e
Política
no
Brasil
(no
prelo).
Bibliografia
ARAÚJO,
Alcione.
Espaço,
criação
da
imaginação.
In:
Espaços
Culturais,
2o
Seminário
Internacional
de
Gestão
Cultural,
Belo
Horizonte,
2010,
pp.
19-‐26.
________________.
Educação
e
cultura
ou
morte.
Pé
na
estrada
(Programa
TIM
ArtEducação
/
Projeto
Tim
-‐
Estado
de
Minas
-‐
Grandes
Escritores),
2003.
ARIZPE, Lourdes. As dimensões culturais da transformação global. Brasília: UNESCO, 2001.
BARROS,
José
Márcio.(Org.).
Diversidade
cultural:
da
proteção
à
promoção.
Belo
Horizonte:
Autêntica
Editora,
2008.
COELHO,
Teixeira.
Direito
Cultural
no
século
XXI:
expectativa
e
complexidade.
Observatório
Itaú
Cultural
n.
11,
2011,
pp.
6-‐14.
Disponível
em:
http://www.itaucultural.org.br/bcodemidias/001813.pdf
_______.
Por
uma
política
cultural
integracional.
Publicado
no
portal
da
OEI,
na
seção
Pensar
Iberoamérica,
em
jul.-‐out.
2006.
Disponível
em:
http://www.oei.es/pensariberoamerica/ric09a02.htm
COSTA,
Eliane
Sarmento.
“Com
quantos
gigabytes
se
faz
uma
jangada,
um
barco
que
veleje”:
o
Ministério
da
Cultura,
na
gestão
Gilberto
Gil,
diante
do
cenário
das
redes
e
tecnologias
digitais.
Dissertação
de
Mestrado.
Fundação
Getúlio
Vargas,
Rio
de
Janeiro,
2011.
DELORS,
Jacques.
Educação.
Um
tesouro
a
descobrir.
Relatório
para
a
UNESCO
da
Comissão
Internacional
sobre
Educação
para
o
século
XXI.
UNESCO,
2010.
Disponível
em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf
DONDERS,
Yvonne
&
LAAKSONEN,
Annamari.
Encontrando
maneiras
de
medir
a
dimensão
cultural
nos
direitos
humanos
e
no
desenvolvimento.
Observatório
Itaú
Cultural
n.
11,
2011,
pp.
89-‐114.
Disponível
em:
http://www.itaucultural.org.br/bcodemidias/001813.pdf
ENCONTROS TEMÁTICOS. Cultura, política e direitos. Rio de Janeiro: UNESCO/Sesc, 2002.
GALEANO,
Eduardo.
Entrevista
ao
Indignados
na
Plaza
Catalunya,
Barcelona,
ES,
2011.
http://www.youtube.com/watch?v=mdY64TdriJk
HOLLANDA,
Heloísa
Buarque.
Cultura
e
desenvolvimento.
Rio
de
Janeiro:
Aeroplano
Editora,
2004.
KLIKSBERG, BERNARDO. Falácias e Mitos do Desenvolvimento Social. Brasília: Cortez, 2002.
LINS,
Cristina
Pereira
de
Carvalho.
Estatísticas
da
cultura:
Um
levantamento
dos
estudos
recentes
da
UNESCO,
SICSUR
e
IBGE.
Artigo
apresentado
no
III
Seminário
Internacional
de
Políticas
Culturais,
em
21/09/2012.
Disponível
em:
http://culturadigital.br/politicaculturalcasaderuibarbosa/files/2012/09/Cristina-‐Pereira-‐de-‐
Carvalho-‐Lins.pdf
MACHADO,
Jurema.
No
Brasil
as
relações
entre
cultura
e
desenvolvimento
são
desafiadoras.
Entrevista
concedida
ao
portal
Ipea
–
Desafios
do
Desenvolvimento
em
19/08/2010.
Disponível
em:
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1372:en
trevistas-‐materias&Itemid=41
MAILA,
Joseph.
La
diversidad
cultural
y
la
paz.
Publicado
no
portal
da
OEI,
na
seção
Pensar
Iberoamérica,
em
maio-‐agost.
2004.
Disponível
em:
http://www.oei.es/pensariberoamerica/ric06a01.htm
MARTINELLI,
Alfons.
Cultura
y
desarrollo.
Un
compromiso
para
la
libertad
y
el
bienestar,
2013.
http://www.slideshare.net/cunesco/culturay-‐desarrollo-‐amartinell
NOVAES, Adauto. Muito Além do Espetáculo. São Paulo: Senac, 2003
OLMOS,
Héctor
Ariel.
Educar
em
Cultura.
Publicado
no
portal
da
OEI,
na
seção
Pensar
Iberoamérica,
em
fev.
2002.
Disponível
em:
http://www.oei.es/pensariberoamerica/ric00a06.htm
PORTO,
Marta.
As
Sandálias
de
Perseu,
in
Revista
do
Observatório
de
Políticas
Culturais
Itaú
Cultural.
São
Paulo:
Itau
Cultural,
2012.
_____________.
Imaginário,
um
espaço
para
pensar
a
democracia,
in
Rio
Cidade
Criativa.
Rio
de
Janeiro,
2012.
______________.
Arte,
Cultura
e
o
espírito
de
um
tempo,
in
Cadernos
Cenpec,
São
Paulo,
2010.
http://cadernos.cenpec.org.br/cadernos/index.php/cadernos/article/view/62
________.
Construindo
o
público
a
partir
da
cultura.
Gestão
municipal
e
participação
social.
[X]
Brasil,
2008.
Disponível
em:
http://www.martaporto.com.br/dialogos/wp-‐
content/uploads/2008/09/tex_construindo.pdf
_____________
Por
uma
política
pública
de
cultura:
desenvolvimento
e
democracia,
in
Reunião
Pública
Mundial
de
Cultura.
Porto
Alegre,
Prefeitura
Municipal/Unidade
Editorial,
2003.
REPETTO,
Luis.
Memoria
y
patrimonio:
algunos
alcances.
Publicado
no
portal
da
OEI,
na
seção
Pensar
Iberoamérica,
em
abril-‐jun.
2006.
Disponível
em:
http://www.oei.es/pensariberoamerica/ric08a06.htm
REY,
Germán.
Cultura
y
desarrollo
humano:
Unas
relaciones
que
se
transladan.
Publicado
no
portal
da
OEI,
na
seção
Pensar
Iberoamérica,
em
fev.
2002.
Disponível
em:
http://www.oei.es/pensariberoamerica/ric00a04.htm
_____________.
Modos
de
Ser,
maneras
de
sonar.
Ministério
da
Cultura
da
Colombia,
Bogotá
2002.
SEN, Amartya. Desenvolvimento com liberdade. São Paulo: Cia das Letras, 2001.
SONTAG.
Susan.
Esperando
Godot
em
Sarajevo,
in
Questão
de
Ênfase,
SP:
Cia
das
Letras,
2005.
SUASSUNA,
Ariano.
O
arauto
dos
compadecidos.
Entrevista
concedida
ao
portal
Ipea
–
Desafios
do
Desenvolvimento
em
23.11.2011.
Disponível
em:
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?index_php?option=com_content&view=article
&id=2639%3Acatid%3D28&Itemid=23&option=com_content
URANI, Andre. Trilhas para o Rio. Rio de Janeiro: Campus, 2008.
VENTURA,
Tereza.
Cultura
e
justiça
social:
Uma
política
cultural
de
novos
direitos?
Artigo
do
III
Seminário
Internacional
de
Políticas
Culturais,
em
20/09/2012.
Disponível
em:
http://culturadigital.br/politicaculturalcasaderuibarbosa/files/2012/09/Tereza-‐Ventura.pdf
TORO,
José
Bernardo.
A
construção
do
público:
cidadania,
democracia
e
participação.
Rio
de
Janeiro:
Editora
Senac
Rio
e
[X]BRASIL,
2005.
VERGARA,
Luiz
Guilherme.
Escola
pública
da
arte
x
escola
de
arte
pública
–
irradiações
e
acolhimento.
Revista
Concinnitas,
2012,
pp.
99-‐111.
Disponível
em:
http://nucleoexperimental.files.wordpress.com/2012/01/revista_concinnitas-‐
vergara20111.pdf
Documentos
e
Site
Referência
Informe
Mundial
de
Cultura
UNESCO,
2010
Fonte
“El
Informe
Mundial
sobre
la
Diversidad
Cultural”:
http://www.unesco.org/new/es/culture/resources/report/the-‐unesco-‐world-‐
report-‐on-‐cultural-‐diversity/
Fonte: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/home/
Fonte: http://www.agenda21culture.net/
Fonte:
http://www.cultura.gov.br/riomais20/rio-‐20-‐dimensao-‐cultural-‐da-‐sustentabilidade/
PNUD
Relatório
do
Desenvolvimento
Humano
2004
–
Liberdade
Cultural
num
Mundo
Diversificado
Fonte:
http://www.pnud.org.br/HDR/Relatorios-‐Desenvolvimento-‐Humano-‐
Globais.aspx?indiceAccordion=2&li=li_RDHGlobais
Sistema
de
Informações
e
Indicadores
Culturais
2003-‐2005
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/indic_culturais/2005/
Série
www.vivaculturaviva.org.br
DISCIPLINA
–
CULTURA,
DESENVOLVIMENTO
E
SOCIEDADE
1.1. Exemplos,
situações
práticas,
cotidianas
que
contribuam
para
a
contextualização
da
unidade
1) Os
protestos
e
mobilizações
que
tomam
as
ruas
de
cidades
ao
redor
do
mundo
desde
2008
mostram
que
as
ideias
e
teorias
que
ancoram
o
desenvolvimento
estão
em
crise
e
as
cidades
são
o
palco
onde
elas
podem
ser
reinventadas.
A
Agenda
21
de
cultura
articulada
em
2004
pelo
Fórum
de
Cidades
e
Autoridades
Locais
para
a
Inclusão
Social
contribui
com
uma
visão
holística
(global,
integrada)
de
desenvolvimento
que
propõe,
para
o
século
XXI,
a
cultura
como
seu
quarto
pilar.
2) O
aumento
do
volume
de
recursos
públicos
e
privados
para
projetos
culturais
nos
últimos
anos
não
representou
de
forma
direta,
rápida
e
clara
a
ampliação
do
acesso
ao
universo
cultural
e
das
oportunidades
de
desenvolver
talentos
e
promover
a
memória
cultural
coletiva,
como
provam
os
indicadores
e
estatísticas
culturais
da
Pesquisa
Nacional
por
Amostra
de
Domicílio
-‐
PNAD/IBGE,
2003-‐2005.
A
população
brasileira,
tratada
como
“público”
e
não
como
finalidade
última
da
política,
permanece
em
sua
grande
maioria
alheia
às
oportunidades
de
uma
vida
cultural
rica
e
diversa,
como
propõe
o
artigo
27
da
Declaração
Universal
dos
Direitos
Humanos,
de
1948.
3) A
Constituição
Brasileira
e
os
documentos
internacionais
dos
quais
o
Brasil
é
signatário
garantem
o
direito
de
todos
receberem
educação
de
qualidade
ao
longo
da
vida.
O
acesso
universal,
da
creche
ao
Ensino
Médio,
deve
dar
ao
cidadão
os
meios
para
a
construção
crítica
e
pró-‐ativa
de
sua
trajetória,
onde
“além
do
conhecimento
da
natureza
e
da
cultura,
envolve
as
formas
estéticas,
a
apreciação
das
coisas
e
das
pessoas
pelo
o
que
elas
são
em
si
mesmas,
sem
outro
objetivo
se
não
o
de
relacionar-‐se
com
elas”
(Saviani,
2000).
O
projeto
do
novo
Ensino
Médio
brasileiro
é
uma
oportunidade
para
a
política
cultural
propor
uma
matriz
de
atuação
de
cultura
de
caráter
universalizante,
com
escolas
de
artes
que
desenvolvam
talentos
e
habilidades
e
uma
matriz
curricular
que
desenvolva
memórias,
pensamento
e
linguagem.
4) As
guerras
e
o
cenário
crescente
de
violência
e
intolerância
nas
grandes
cidades
impõem
que
as
políticas
culturais
incluam,
como
um
de
seus
pilares
fundamentais,
a
promoção
de
valores
éticos
e
de
convivência
solidária.
Estimular
um
imaginário
sociopolítico
de
curiosidade
e
respeito
às
diferenças,
valorização
da
vida
e
diálogo
intercultural
é
a
base
de
consolidação
da
democracia
e
da
formação
cidadã.
Conceitos-‐chave
da
disciplina
Cultura
-‐
são
muitas
as
acepções
de
cultura.
Para
uma
abordagem
ampla,
assistir
ao
vídeo
“O
que
é
cultura?”
editado
para
o
Módulo
Inspiracional
deste
curso.
Desenvolvimento
-‐
ampliação
das
liberdades
de
escolha
(Sen,
2004)
Democracia
-‐
forma
sociopolítica
definida
pelo
princípio
da
isonomia
(igualdade
dos
cidadãos
perante
a
lei)
e
da
isegoria
(direitos
de
todos
de
participarem
da
vida
publica
e
manifestarem
a
sua
opinião).
A
sociedade
é
democrática
quando
“institui
direitos
pela
abertura
do
campo
social
à
criação
de
direitos
reais,
à
ampliação
de
direitos
existentes
e
à
criação
de
novos
direitos.
A
democracia,
como
forma
social,
é
dinâmica,
está
aberta
a
seu
tempo
histórico,
a
transformação
e
ao
novo”.
(Chauí,
2009).
Política
-‐
A
arte
de
igualar
os
desiguais
(Aristóteles).
É
o
exercício
do
poder
com
o
propósito
de
domar,
refrear
e
conter
o
desejo
dos
grandes
e
concretizar
o
desejo
do
povo
por
liberdade
e
segurança
(Maquiavel).
Cidadania-‐
engloba
três
grandes
esferas:
a
civil,
a
política
e
a
social.
Vamos
situar
a
cultura
no
espaço
da
cidadania
social,
apesar
de
considerar
que
as
formas
culturais
de
uma
sociedade
se
manifestar
e
se
organizar
perpassam
as
três
esferas
citadas.
Cidadania
é
o
conjunto
de
direitos
que
o
cidadão
reconhece,
possui
e
exerce.
Cidadão
é
o
sujeito
conhecedor
de
si
e
consciente
de
seus
direitos,
capaz
de
lutar
por
esses
direitos
em
uma
dada
sociedade,
que
explicita,
através
de
seus
sistemas
institucionais,
jurídicos
e
morais
a
capacidade
de
todo
o
indivíduo
de
reivindicá-‐los
e
exercitá-‐los
na
vida
pública.
Cidadania
Cultural
-‐
promoção
de
um
imaginário
social
que
confira
valor
a
igualdade,
liberdade
e
participação
no
poder
através
do
acesso
e
produção
de
bens
simbólicos,
da
formação
ética
e
estética
dos
cidadãos.
CULTURA E DESENVOLVIMENTO
A
relação
entre
cultura
e
desenvolvimento
foi
reconhecida
pelas
Nações
Unidas
em
1988,
quando
foi
lançada
a
Década
Mundial
do
Desenvolvimento
Cultural
e,
alguns
anos
depois,
em
1993,
implantada
a
Comissão
Mundial
de
Cultura
e
Desenvolvimento,
sob
a
batuta
do
peruano
Javier
Perez
de
Cuellar,
ex-‐Secretário
Geral
da
ONU.
1
www.unesco.org/culture
daquele
preconizado
pelo
Prêmio
Nobel
de
Economia,
Amartya
Sen2,
como
o
que
promove
a
ampliação
das
liberdades
e
desenvolve
as
pessoas
como
agentes
ativos
de
sua
realização3.
Vamos
retomar
esta
noção
na
próxima
seção
sobre
o
Brasil.
2
Sen, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade, 2004. “A expansão da liberdade é vista
como o principal fim e o principal meio do desenvolvimento. O desenvolvimento consiste na
eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das
pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente. A eliminação de privações de
liberdades substanciais, argumenta-se aqui, é constitutiva do desenvolvimento”.2 (SEN,
2000)
3 Para este conceito ver disciplina Economia Criativa de Ana Carla Fonseca Reis.
1)
A
política
Cultural,
como
um
dos
principais
componentes
da
política
de
desenvolvimento
endógeno
e
sustentável,
deve
ser
implementada
em
coordenação
com
outras
áreas
sociais,
na
base
de
um
enfoque
integrado.
Qualquer
política
de
desenvolvimento
deve
ser
profundamente
sensível
à
sua
própria
cultura;
2)
As
políticas
culturais
do
próximo
século
devem
se
antecipar,
respondendo
tanto
aos
problemas
persistentes
quanto
às
novas
necessidades;
3)
A
participação
efetiva
na
sociedade
de
informação
e
o
domínio
de
cada
tecnologia
de
informação
e
comunicação
constituem
significativa
dimensão
de
qualquer
política
cultural;
4 Kliksberg, Bernardo. Falácias e mitos do desenvolvimento social. São Paulo, Cortez, 2000.
5 CUELLAR, Javier Perez. Nossa Diversidade Criadora. Brasília: UNESCO, 1997.
4)
Os
governos
devem
se
esforçar
para
estabelecer
parcerias
com
a
sociedade
civil
no
planejamento
e
implementação
de
políticas
culturais
que
estiverem
integradas
às
estratégias
de
desenvolvimento;
5)
Num
mundo
cada
vez
mais
interdependente,
a
renovação
das
políticas
culturais
deve
ser
prevista
simultaneamente
nos
níveis
local,
nacional,
regional
e
global.
A
crítica
que
se
pode
fazer
a
esta
agenda
é
que
de
tão
ampla
ela
perdeu
o
foco,
fato
que
que
analisaremos
mais
a
frente.
E,
passadas
duas
décadas,
não
há
sinais
concretos
de
que
estes
esforços
tenham
sido
bem
sucedidos.
A
partir
da
crise
de
2008,
países
como
Espanha
e
Portugal
–
o
primeiro
um
dos
mais
importantes
parceiros
e
financiadores
dos
programas
de
cultura
no
mundo
–
assistiram
a
extinção
das
pastas
ministeriais
de
cultura,
em
um
claro
retrocesso
da
agenda
do
fim
dos
anos
90
e
início
dos
2000.
As
verbas
para
a
cultura
minguaram
em
boa
parte
do
mundo
e
o
desemprego
em
alta
em
muitos
países
da
Europa,
conjugado
às
guerras
culturais
e
religiosas,
fortalecem
o
sentimento
de
urgência
na
renovação
das
políticas
de
desenvolvimento,
mas
também
de
desesperança
de
que
a
cultura
seja
um
dos
seus
pilares.
Ainda
assim,
em
2010
a
Assembleia
Geral
das
Nações
Unidas,
em
sua
Resolução
A/RES/65/166,
reconhece
a
importância
da
cultura
para
o
desenvolvimento
sustentável
e
assume
o
papel
de
coordenar
esforços
para
sensibilizar
a
comunidade
internacional
de
sua
importância
para
um
Milênio
de
paz
e
justiça
social.
Mais
longe
vai
a
Agenda
21
de
Cultura,
documento
de
2004
articulado
pelo
Fórum
de
Autoridades
e
Cidades
Locais
pela
Inclusão
Social
durante
o
Fórum
Universal
das
Culturas,
Barcelona,
2004.
A
Agenda
21
defende
a
cidade
e
o
território
local
como
lugar
privilegiado
para
se
articular
políticas
de
cultura
e
desenvolvimento,
baseados
em
5
princípios:
governança
global
para
o
desenvolvimento
cultural
realizada
a
partir
das
cidades;
promoção
dos
direitos
humanos
e
de
uma
cultura
de
paz
e
convivência;
diversidade
cultural;
sustentabilidade
e
democracia.
Em
2012,
o
órgão
gestor
da
Agenda
21
de
Cultura,
CGLU
-‐
Cidades
e
Governos
Locais
Unidos,
apresentou
um
documento
na
Rio+20
propondo
a
cultura
como
quarto
pilar
do
desenvolvimento
sustentável
no
século
21.
O
documento
lembra
que,
em
uma
sociedade
do
conhecimento,
o
valor
da
cultura
é
imenso
e
que
o
tripé
da
sustentabilidade
-‐
econômico,
social
e
ambiental
-‐
não
traduz
os
principais
desafios
deste
milênio.
A
diversidade
como
elemento
inerente
ao
diálogo
cultural
pode
conduzir
ao
pluralismo
necessário
para
agir
de
forma
pacífica
sobre
os
conflitos
e
promover
um
imaginário
que
valorize
os
ideias
dos
direitos
humanos
e
da
solidariedade
entre
os
diferentes.
Lembrando
Amartya
Sen
e
Edgard
Morin,
o
documento
recoloca
a
agenda
humanista
como
tarefa
das
políticas
de
cultura
e
defende
os
preceitos
éticos
e
a
formação
criativa
e
cultural
como
fontes
para
edificar
uma
sociedade
de
bem
estar
social
e
liberdade
pessoal
e
comunitária.
Um
agenda
aberta
e
de
difícil
construção,
mas
que
deve
e
pode
iniciar
com
dois
pilares
fundamentais:
políticas
e
programas
que
promovam
um
imaginário
plural
e
de
reconhecimento
dos
direitos
fundamentais
da
pessoa
humana,
e
a
promoção
das
artes
e
do
patrimônio
imaterial
e
material
como
bases
da
memória,
da
criatividade,
da
consciência
histórica
e
da
curiosidade
sobre
si,
sobre
o
outro
e
sobre
o
mundo.
Uma
agenda
de
cultura
a
partir
da
cultura,
articulada
em
primeira
mão
com
as
dimensões
da
política
que
não
podem
ser
outorgadas
a
outras
esferas
da
ação
pública
e/ou
privada.
E
no
Brasil?
Como
pensar
a
relação
entre
cultura
e
desenvolvimento?
A
trajetória
sustentável
de
desenvolvimento
é
encarada
por
todos
como
a
maior
prioridade
para
o
Brasil.
Ao
contrário
do
que
tanto
se
diz
nas
páginas
dos
jornais,
no
entanto,
ela
não
depende
só
de
reformas
econômicas.
Nem
muito
menos
implica
a
reedição
de
um
modelo
que
já
experimentamos
no
passado,
que
se
esgotou
por
seus
próprios
limites
e
que
está
na
raiz
de
grande
parte
dos
problemas
que
enfrentamos
hoje:
a
insuficiência
e
a
baixa
qualidade
da
educação,
a
desigualdade,
o
caos
metropolitano,
os
desequilíbrios
ambientais,
a
insatisfação
urbana.
Uma
agenda
de
desenvolvimento
para
o
Brasil
hoje
passa
pelo
aprofundamento
e
pelo
aprimoramento
de
processos
que
já
estão
em
curso
na
sociedade
brasileira
e
por
outros
que
ainda
estão
pendentes
de
entendimento
e
esforço
político.
Para
alguns,
o
desenvolvimento
brasileiro
se
realizará
plenamente
se
consolidarmos:
• O
aumento
dos
investimentos
em
infraestrutura,
em
ciência
e
em
tecnologia;
• A
reformatação
de
um
amplo
leque
de
políticas
públicas,
visando
obter
uma
maior
transparência
e,
sobretudo,
uma
maior
eficácia
do
gasto
público;
• O
redesenho
da
inserção
do
país
no
cenário
econômico
e
político
internacional.
• Trata-‐se,
portanto,
de
uma
agenda
complexa
-‐
cuja
materialização
requer
o
envolvimento
de
um
amplo
leque
de
atores
e
uma
profunda
mudança
no
imaginário
coletivo
nacional.
Dois
exemplos
de
agendas
que
promovem
diálogos
com
outras
políticas,
mas
que
asseguram
uma
visão
singular
de
desenvolvimento
e
uma
matriz
singular
de
trabalho,
são
as
de
meio
ambiente
e
a
da
ciência
e
tecnologia.
A
agenda
ambiental
definiu
uma
forma
de
fazer
política
e
redefiniu
os
pilares
do
desenvolvimento,
incluindo
a
matriz
“sustentável”
como
visão
que
organiza
toda
uma
dinâmica
política
e
operativa.
Agenda
e
matriz
se
revelam
claramente
na
constituição
de
macropolíticas
para
áreas
que
vão
do
aquecimento
global,
passando
por
energias
renováveis,
desmatamento,
preservação
de
encostas,
rios,
fauna
e
flora,
pesquisas
em
todos
estes
campos.
Os
ambientalistas,
que
como
os
da
cultura,
ganharam
força
na
agenda
internacional
em
fins
dos
anos
80
(mais
precisamente
em
1987
6 IETS, 2007.
com
o
lançamento
do
Relatório
Brundtland7)
organizaram
este
“núcleo
duro”:
-‐
É
a
partir
daqui
que
estamos
falando.
E,
assim,
do
ativismo
ganharam
status
de
política
com
P
maiúsculo.
Mais
recentemente,
no
Brasil,
a
agenda
da
ciência
e
tecnologia
avançou,
com
reforços
em
todas
as
frentes,
da
pesquisa,
da
formação
científica,
do
aumento
de
verbas
e
dos
programas
de
cooperação
internacional.
Pode-‐se
dizer
que
a
C&T
é
um
dos
pilares
do
desenvolvimento
do
país,
e
suas
iniciativas
são
pensadas
para
impactar
a
vida
das
próximas
gerações
de
brasileiros.
7
Relatório Brundtland – Em 1987, o documento Nosso Futuro Comum ou, como é bastante
conhecido, Relatório Brundtland, apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento,
definindo-o como o processo que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. É a partir daí que o
conceito de desenvolvimento sustentável passa a ficar conhecido.
Esse relatório foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento.
8
Sobre este assunto, ler o artigo “Ser de todos os tempos sem deixar de ser do instante”. em
www.martaporto.com.br
9
Patrimonialismo é a característica de um Estado que não possui distinções entre os limites
do público e os limites do privado
cultura
e
desenvolvimento.
Arte
e
democracia.
Cultura,
arte
e
cidadania.
Cumprimento
de
direitos.
• Entretenimento:
a
minoria
dos
brasileiros
frequenta
cinema
uma
vez
no
ano.
Quase
todos
os
brasileiros
nunca
frequentaram
museus
ou
jamais
frequentaram
alguma
exposição
de
arte.
Mais
de
70%
dos
brasileiros
nunca
assistiram
a
um
espetáculo
de
dança,
embora
muitos
saiam
para
dançar.
Grande
parte
dos
municípios
não
possui
salas
de
cinema,
teatro,
museus
e
espaços
culturais
multiuso.
• Livros
e
Bibliotecas:
o
brasileiro
praticamente
não
tem
o
hábito
de
leitura.
A
maioria
dos
livros
estão
concentrados
nas
mãos
de
muito
poucos.
O
preço
médio
do
livro
de
leitura
é
muito
elevado
quando
se
compara
com
a
renda
do
brasileiro
nas
classes
C/D/E.
Muitos
municípios
brasileiros
não
têm
biblioteca,
a
maioria
destes
se
localiza
no
Nordeste,
e
apenas
dois
no
Sudeste.
• Acesso
à
Internet:
uma
grande
porcentagem
de
brasileiros
ainda
não
possui
computador
em
casa.
Destes,
a
maioria
não
tem
qualquer
acesso
à
internet
(nem
no
trabalho,
nem
na
escola).
Este
é
o
quadro
que
muda
em
maior
velocidade.
• Profissionais
da
Cultura:
a
metade
da
população
ocupada
na
área
de
cultura
não
tem
carteira
assinada
ou
trabalha
por
conta
própria.
(Fonte:
Ministério
da
Cultura
–
IBGE
-‐
IPEA).
Nesta
disciplina,
iremos
de
forma
introdutória
destacar
análises
que
colaborem
para
uma
reflexão
sobre
este
tema.
todas
as
pessoas
possam
participar
e
fruir
dessas
condições
(escola,
educação)
estimulando
a
autonomia
e
a
ampliação
das
escolhas
ao
longo
da
vida.
O
crescimento
da
oferta
não
representa
em
si
mais
pluralismo
ou
melhores
oportunidades,
por
isso
é
tão
importante
a
informação
cultural,
a,
o
diálogo
entre
práticas,
valores
e
experiências
diversas
e
especialmente
a
democratização
do
conhecimento,
através
da
qualidade
da
educação,
que
permite
reconhecer
a
memória
e
as
várias
matrizes
culturais
e
criar
as
condições
de
fruição
para
o
desconhecido;
3) A
importância
da
cultura
no
fortalecimento
da
institucionalidade
democrática,
contribuindo
para
a
criação
de
novos
imaginários,
onde
os
valores
de
respeito
ao
outro
e
ao
meio
ambiente,
a
abertura
para
criar
novos
direitos
além
dos
já
consagrados,
o
espírito
de
solidariedade
e
inventidade
possam
promover
um
ethos
humanístico
em
detrimento
de
um
ethos
consumista
e
hedônico.
4) O
florescimento
das
singularidades
de
cada
lugar
e
dos
modos
de
produção
para
promover
uma
economia
da
cultura
capaz
de
gerar
mobilidade
social
e
desenvolvimento
local15.
Assim,
tratamos
a
cidadania
cultural
como
a
capacidade
da
política
de
cultura
de
contribuir
para
a
formação
de
agentes
com
autonomia,
capazes
de
participarem
da
vida
pública
de
forma
consciente
e
ativa.
Conhecedores
da
sua
história,
memória,
e
tradições,
mas
também
do
universo
simbólico
produzido
pela
humanidade
ao
longo
de
sua
história.
Capazes
de
pensar
e
refletir
sobre
o
seu
tempo
e
sonhar
com
o
futuro,
inventando
e
inovando
em
sua
formas
de
organização
para
o
trabalho,
nas
artes
e
na
sociedade.
Uma
política
cultural
que
não
tem
como
principais
destinatários
artistas
e
produtores,
mas
o
povo.
Não
para
entretê-‐
lo,
mas
para
criar
oportunidades
reais
de
enriquecimento
humano,
de
acesso
ao
conhecimento
produzido
pela
enorme
diversidade
cultural
e
ambiental
do
planeta,
do
reconhecimento
da
nossa
e
de
outras
identidades
culturais,
de
experiências
culturais
que
emocionem,
que
modifiquem
a
nossa
maneira
de
ver
e
estar
no
mundo.
E
que
nos
habilitem,
se
assim
desejarmos,
a
sermos
ativos
participantes
das
escolhas
sobre
nosso
presente
e
nosso
futuro.
15
Sobre este tema ver as disciplinas de Ana Carla Fonseca Reis
Em
seu
livro,
Cultura
e
Democracia,
a
filósofa
Marilena
Chauí
propõe
o
que
chama
de
“recorte
democrático
para
a
política
cultural”:
“Se
o
Estado
não
é
produtor
de
cultura
nem
instrumento
para
seu
consumo,
que
relação
pode
ele
ter
com
ela?
Pode
concebê-‐la
como
um
direito
do
cidadão
e,
assim,
assegurar
às
pessoas
o
direito
de
acesso
às
obras
culturais
produzidas,
particularmente
o
direito
de
fruí-‐las,
de
criar
as
obras,
ou
seja,
produzi-‐las,
e
o
de
participar
das
decisões
sobre
as
políticas
culturais”
(Chauí,
2009).
“Quanto
à
perspectiva
estatal
de
adoção
da
lógica
da
indústria
cultural
e
do
mercado
cultural,
podemos
recusá-‐la,
tomando
agora
a
cultura
num
sentido
menos
abrangente,
isto
é,
como
um
campo
específico
da
criação
-‐
criação
da
imaginação,
da
sensibilidade
e
da
inteligência
que
se
exprime
em
obras
de
arte
e
em
obras
do
pensamento
quando
buscam
ultrapassar
criticamente
o
estabelecido.
Ele
reduz
a
cultura
à
condição
de
entretenimento
e
passatempo,
avesso
ao
significado
criador
e
crítico.
Não
que
a
cultura
não
tenha
um
lado
lúdico
e
de
lazer
que
lhe
é
essencial
e
constitutivo,
mas
uma
coisa
é
perceber
o
lúdico
e
o
lazer
no
interior
da
cultura,
e
outra
é
instrumentalizá-‐la
para
que
se
reduza
a
isto,
supérflua,
uma
sobremesa,
um
luxo
num
país
onde
os
direitos
básicos
não
estão
atendidos.
É
preciso
não
esquecer
que
na
lógica
de
mercado,
a
mercadoria
“cultura”,
torna-‐se
algo
perfeitamente
mensurável.
A
medida
é
dada
pelo
número
de
espectadores
e
de
vendas,
isto
é,
o
valor
cultural
decorre
da
capacidade
para
agradar.
Essa
mensuração
tem
ainda
um
outro
sentido:
indica
que
a
cultura
é
tomada
no
seu
ponto
final,
no
momento
em
que
as
obras
são
expostas
como
espetáculo,
deixando
na
sombra
o
essencial,
o
processo
de
criação.”(Chauí,
2009)
Muito
pertinente
este
alerta.
Desde
a
invenção
do
projeto
cultural
como
forma
unívoca
de
dialogar
com
as
fontes
de
financiamento
que
os
mecanismos
de
gestão
se
tornaram
máquinas
de
propor
mensurações
-‐
de
público,
de
exposição
da
marca
do
patrocinador,
de
mídia,
de
empregos
gerados
etc.
A
lógica
que
domina
a
política
cultural
é
a
de
produto
e
não
de
processo.
Talvez
por
isso,
sobretudo
por
isso,
pensar
macropolíticas
que
beneficiem
toda
a
população,
como
escolas
mais
potentes
e
que
desenvolvam
talentos,
ou
apoiar
artistas
sem
exigir
“contrapartidas”,
seja
ação
quase
inexistente
no
país.
“Um
acesso
desigual
aos
meios
de
expressão
cultural,
novos
ou
tradicionais,
implica
não
somente
uma
negação
do
reconhecimento
cultural,
mas
algo
que
afeta
seriamente
o
sentimento
de
pertencimento
de
indivíduos
e
comunidades
à
sociedade
do
conhecimento,
ou
a
sua
exclusão
dela.
A
cultura
possui
laços
múltiplos
e
complexos
com
o
conhecimento.
A
transformação
da
informação
em
conhecimento
é
um
ato
cultural,
como
é
o
uso
a
que
se
destina
todo
o
conhecimento.
Um
mundo
autenticamente
rico
em
O
valor
que
damos
à
cultura,
a
nossa
ou
a
aprendida,
é
aquele
que
aprendemos
a
dar.
Assim,
a
experiência
cultural
ocorre
a
partir
do
diálogo
constante
entre
práticas
criativas
próprias
e
o
livre
acesso
aos
acervos
culturais
tradicionais
e
contemporâneos.
O
tamanho
da
fissura
no
Brasil
é
grande:
“Os
números
são
eloquentes:
somos
hoje
186
milhões
de
brasileiros.
Isso
corresponde
a
20
vezes
a
população
de
Portugal,
5,5
vezes
a
da
Argentina
e
3
vezes
a
da
França
e
da
Alemanha.
A
educação
–
estudantes
e
professores
nos
níveis
fundamental,
médio,
superior
e
pós-‐graduação
–
envolve
55
milhões
de
brasileiros.
Cotejar
esses
números
com
os
da
produção
cultural
nacional
é
deparar-‐se
com
um
outro
país.
A
tiragem
média
de
um
romance
no
Brasil
é
de
3
mil
exemplares,
a
ocupação
média
dos
teatros
é
de
18%
dos
ingressos
oferecidos,
e
o
público
médio
do
filme
brasileiro
é
de
600
mil
espectadores.
Vê-‐se
que
nem
mesmo
os
inscritos
na
escola
formal
participam
da
produção
artística.
Como
Educação
e
Cultura
são
inseparáveis
como
irmãs
siamesas,
o
país
vive
uma
fratura
esquizofrênica:
de
um
lado,
uma
educação
sem
cultura,
do
outro
uma
produção
cultural
sem
público”.
(ARAÚJO,
2005)17
Uma
gestão
cultural
atenta
a
prover
a
educação
do
que
ela
parece
ter
perdido,
o
conhecimento
humanístico
e
a
autonomia
crítica,
é
a
âncora
desse
desenho.
Um
processo
educacional
e
educativo
enriquecedor,
que
amplie
a
visão
de
mundo
e
as
perspectivas
de
cada
um,
parte
de
dentro
e
de
fora
dos
muros
escolares.
Ganha
relevância
nos
conteúdos
gerados
pelos
veículos
de
comunicação,
na
internet,
nos
celulares
e
ipods.
Nos
bancos
escolares
e
nos
centros
de
cultura,
nos
teatros,
nas
ruas
e
praças
das
cidades
onde
os
encontros
se
tornam
possíveis
quando
promovidos
de
forma
criativa
e
sistemática.
Onde
se
abra
espaço
para
o
experimental,
para
o
comunitário,
para
o
estranho,
que
dialogando
com
o
tradicional,
o
clássico,
o
de
sempre,
produzam
novos
sentidos,
aprendizados.
16
Informe Mundial de Cultura UNESCO, 2001.
17
Araújo, Alcione. Educação e Cultura ao mesmo tempo agora. Publicado no jornal Estado de Minas, 2005.
Aí
nos
cabe
perguntar:
sem
políticas
universais
podemos
falar
em
desenvolvimento?
Como
a
cultura
pode
contribuir
para
o
desenvolvimento
nesta
segunda
década
do
século
XXI,
considerando
os
avanços
da
sociedade
brasileira
e
a
necessidade
das
cidades
e
das
políticas
de
se
reinventarem?