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EFICI NCIA

NERGÉTICA
Agosto 2013 | 1º Edição

A busca da articulação
entre ações de incentivo
Mensagem
da Diretoria
O Programa de Eficiência Energética (PEE) regulado pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) foi criado a partir de obrigação fixada nos contratos de con-
cessão firmados, em 1998, entre as concessionárias do serviço público de distribuição
de energia elétrica e a Agência. Com o advento da Lei nº. 9.991, de 24 de julho de
2000, cometeu-se às concessionárias e permissionárias de distribuição o dever de apli-
car montante anual mínimo de 0,5% de sua receita operacional líquida em ações de
combate ao desperdício de energia elétrica.
Durante esses 15 anos, embora muitas mudanças tenham ocorrido, a essência
do programa permanece inalterada: a promoção da eficiência energética. Ocorre que,
apesar dos vários avanços para a obtenção de projetos mais robustos e estratégicos,
ainda existem lacunas e deficiências. E é para colmatar essas lacunas e sanar essas de-
ficiências que a ANEEL tem trabalhado, buscando, inclusive, alterações na legislação
que impõe o dever de destinação de pelo menos 60% dos recursos do PEE para proje-
tos voltados a consumidores de baixa renda. O objetivo da Agência é discutir melhor o
assunto para alocar da forma mais eficaz os recursos, com vistas a viabilizar o desen-
volvimento de projetos de eficiência energética dedicados com equidade às diferentes
classes de consumo. Na prática, em um ambiente em que a tendência é de priorizar
a oferta, são as ações equilibradas do regulador que devem, no mínimo, não deixar
o lado da demanda desprezado, ganhando-se espaços relevantes para a redução do
custo da energia.
Neste primeiro número da Revista de Eficiência Energética, são apresentados
resultados relevantes de projetos executados no âmbito do programa regulado pela
ANEEL e entrevistas com representantes de órgãos de governo, academia e associa-
ções setoriais, nas quais são tratadas com profundidade a importância da eficiência
energética no país, os resultados dos programas implementados e as perspectivas e
necessidades de aprimoramento da política de eficiência energética.
Com esta publicação, reafirma-se a enorme responsabilidade e o compromisso
da ANEEL, não só com sua missão de zelar pela qualidade, pela continuidade e pela
modicidade dos serviços de energia elétrica, mas também com o futuro do setor e,
mais ainda, com toda a sociedade brasileira.

Boa leitura!
EFICI NCIA
NERGÉTICA
Edição 01 | agosto de 2013

6 12 23
6 | Entrevista Jamil Haddad
10 | Inovação responsável norteia Citenel e Seenel
12 | O desafio da Integração
18 | Uma questão de foco
23 | O exemplo alemão
26 | Campeões de Qualidade
36 | A tecnologia em Prol da sustentabilidade

EXPEDIENTE

Diretoria Textos jornalísticos


Romeu Donizete Rufino Vanicleide de Santana (SCR)
Diretor-geral
Designer
André Pepitone da Nóbrega Alessandra Lins (SCR)
Edvaldo Alves Santana
Julião Silveira Coelho Revisão
Diretores Everton Luiz Antoni (SCR)
Sheyla Maria das Neves Damasceno (SPE)
Supervisão técnica
Máximo Luiz Pompermayer Gráfica e Editora Aliança LTDA.
Superintendente
Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento e Tiragem
Eficiência Energética (SPE) 1.500 exemplares

Aurélio Calheiros de Melo Junior Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)


Assessor SGAN 603 Módulos I e J
Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento e Brasília (DF) - CEP: 70.830-110
Eficiência Energética (SPE) CNPJ 02.270.669/0001-29

Jornalista responsável (edição) Dúvidas, sugestões e comentários:


Bianca Tinoco spepee@aneel.gov.br
MTB nº. 25995 RJ
Read the articles in English at ANEEL website
Superintendência de Comunicação e Relações Institucionais (SCR)
www.aneel.gov.br

4 | Revista Eficiência Energética


Editorial
Sheyla Maria das Neves Damasceno
Coordenadora do Programa de Eficiência Energética
Desde a criação do Programa de
Eficiência Energética (PEE), em 1998, a
ANEEL assume como compromisso ma-
ximizar seus resultados em economia de
energia e em redução de demanda no ho-
rário de ponta do sistema de distribuição de
energia. O programa atua em duas frentes:
troca e melhoria de equipamentos e insta-
lações e mudanças de hábitos de consumo.
Por meio do investimento de cerca
de R$ 4,6 bilhões, o PEE obteve, em 15
anos, a economia de 8,50 terawatts por
ano (TWh/ano) e a retirada de demanda no
horário de ponta de 2,50 gigawatts (GW),
com um custo da energia economizada
média de R$ 165,00 por megawatt-hora
(R$/MWh). O programa possui amplos
desafios, entre eles as diferenças entre os
mercados das distribuidoras, a integração
com o Programa Nacional de Conservação
de Energia Elétrica (Procel) e o Programa
Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e a siner-
gia com outras ações e programas gover-
namentais. As dificuldades foram agrava-
das por ações como a Lei 12.212/2010, que
determinou que 60% do recurso do PEE
deve ser aplicado em consumidores com
baixo potencial de economia de energia.
Após ampla discussão, a ANEEL pu-
blicou a Resolução Normativa 556/2013,
que aprovou o Procedimento do Programa
de Eficiência Energética (PROPEE). Entre
as mudanças, destacam-se a obrigatorie-
dade das Chamadas Públicas de Projetos,
priorizando os investimentos que am-
pliam os benefícios voltados à eficiência
energética, o incentivo à Contrapartida,
em que parte dos custos do projeto é
paga pelo consumidor ou por terceiros, e
a inclusão de projetos que contemplam
Fontes Incentivadas de energia em con-
junto com ações de eficiência energética
no uso final. Agora, nossa missão é acom-
panhar os projetos dentro das novas re-
gras vigentes, avaliando os resultados e
impactos do PEE no mercado.

Revista Eficiência Energética | 5


Moacir Barbosa / ANEEL

Para Jamil Haddad, a


excassez dos recursos
e a falta de decisão
política são os
principais fatores para
a pouca efetividade dos
programas de eficiência
energética

6 | Revista Eficiência Energética


Política pública sob uma
concepção inovadora
Experiência para falar de eficiência energética é o que não falta ao engenheiro eletricis-
ta Jamil Haddad, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE)
e coordenador do Centro de Excelência em Eficiência Energética (Excen) da Universidade
Federal de Itajubá (Unifei). Há mais de três décadas no setor elétrico e uma das autoridades
do assunto no Brasil, ele é o convidado para a entrevista de abertura desta primeira edição da
revista EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.
Haddad avalia os avanços recentes em eficiência energética no país e destaca que, em-
bora tenham surgido como resposta a problemas conjunturais, políticas como o Programa
de Eficiência Energética (PEE) são inovadoras, trazendo uma concepção de política pública
com foco na conscientização da população. Mas é taxativo ao apontar que ainda há muito a
ser feito para que essas políticas sejam, de fato, eficazes, atribuindo a baixa efetividade dos
programas à pouca complementaridade entre eles e à escassez de recursos.

Revista Eficiência Energética - As seja, construir mais usinas. No entanto,


perspectivas econômicas indicam que é possível aumentar essa oferta estimu-
o País precisa trabalhar fortemen- lando uma utilização mais consciente. .
te para estabelecer um ambiente de
segurança energética. Tal panorama O que existe de concreto nesse
requer investimentos elevados, o sentido?
que exige estratégias inteligentes na
produção e no consumo de energia. Jamil Haddad - Muitos dos nossos atu-
Como é possível fazer isso? ais técnicos pautaram sua vida profis-
sional numa época em que a regra era
Jamil Haddad - O potencial de conser- investir na expansão da oferta de ener-
vação de energia existente no país deve gia e em que praticamente não existiam
ser utilizado como um instrumento ca- restrições ambientais e faltava finan-
paz de compor a estratégia futura de ciamento. Entretanto, já estão sendo
atendimento à expansão do mercado formados profissionais nos centros aca-
de energia elétrica. Assim, é importan- dêmicos e de pesquisa com essa nova
te e necessário o desenvolvimento de consciência e visão. Cabe aos atuais téc-
mecanismos que permitam explorar nicos e dirigentes construir, desde hoje,
esse potencial por meio da ampliação essa ponte entre o passado e o futuro.
e da sustentação dos atuais programas
de eficiência energética. Também é de O Brasil conta com um número consi-
suma importância a implementação de derável de políticas públicas voltadas
novas ações visando à criação de um para a promoção da eficiência ener-
mercado sustentável de eficiência ener- gética, com ações em diversas áreas
gética no Brasil. de consumo de energia. Como avalia
essas políticas?
Quais são esses mecanismos?
Jamil Haddad - As ações e programas
Jamil Haddad - Nosso país ainda pos- de eficiência energética surgiram no
sui um baixo consumo de energia per Brasil como uma resposta emergen-
capita. Para atender ao crescimento cial a problemas conjunturais, o que
dessa demanda, será preciso investir impossibilitou um melhor planejamen-
no aumento da oferta de energia, ou to. Foi o que ocorreu com o Programa

Revista Eficiência Energética | 7


Nacional de Conservação de Energia equipe técnica para conduzi-los.
Elétrica (Procel) e com o Programa A Lei de Eficiência Energética
Nacional da Racionalização do Uso é outro exemplo da pouca motivação
dos Derivados do Petróleo e do Gás política para a construção de uma ação
Natural (Conpet), como respostas às eficaz de promoção de eficiência ener-
crises energéticas na década de 70 gética. Essa lei tramitou no Congresso
e 80. A Lei de Eficiência Energética Nacional por aproximadamente 10 anos
também se enquadra nesse contexto, até ser promulgada em plena crise de
como uma solução durante a crise de energia de 2001. Provavelmente leva-
energia elétrica de 2001. ria mais tempo para ser aprovada caso
Passadas as crises, os progra- essa crise não ocorresse.
mas permaneceram, mas sem a efeti-
vidade necessária. Apesar de louvável Como o senhor enxerga a relação entre
a construção de um Plano Nacional as políticas públicas voltadas para a efi-
de Eficiência Energética (PNEf), essa ciência energética existentes no Brasil?
política não é colocada, de fato, em Existe complementaridade entre elas?

Jamil Haddad - Ao

“Apesar de louvável a
longo desses anos,
faltou construir um
modelo de gestão ou
construção de um Plano uma política que trou-
xesse complementari-
Nacional de Eficiência dade e sinergia a esses
programas e ações de
Energética (PNEf), essa eficiência energética.
Quando isso ocorreu,

política não é colocada, de forma esporádica,


foi mais como decor-

de fato, em prática.” rência das relações


pessoais entre seus
dirigentes e técnicos
e não como resulta-
prática. Com a criação do PEE pela do de uma estrutura e de um formato
ANEEL, foi mudada a concepção de construídos para esse fim. A história é
fazer política energética, porque ele prova de que, em grande parte do tem-
viabiliza o uso racional da energia por po, prevaleceu a falta de interesse dos
meio dos projetos executados pelas tomadores de decisão, fossem eles po-
distribuidoras, promovendo a cons- líticos ou técnicos.
cientização da população.
Quais os principais entraves à promo-
A que se deve a falta de efetividade ção da eficiência energética?
desses programas?
Jamil Haddad - Além da falta de in-
A escassez de recursos e a falta de formação do consumidor, que é pouco
decisão política são os principais fa- orientado a como usar bem a energia,
tores. Prova disso é o fato de progra- não existem linhas de crédito robustas
mas como o Procel e o Conpet serem que atendam as especificidades desse
coordenados pelas estatais Eletrobrás negócio; o quadro de profissionais ca-
e Petrobras. Isso ocorreu porque o pacitados para atuarem em projetos de
Ministério de Minas e Energia (MME) eficiência energética é limitado; é redu-
não tinha recursos financeiros nem zida a oferta de produtos eficientes e

8 | Revista Eficiência Energética


competitivos no mercado, sendo que os negócios, incentivos financeiros e/ou
produtos de melhor desempenho ener- tributários; formação, capacitação, di-
gético em geral são mais caros que os vulgação e marketing; tecnologia e sis-
convencionais; há uma aplicação limita- temas eficientes.
da da legislação para eficiência energé-
tica, em particular no estabelecimento Quais políticas ainda se fazem
de níveis máximos de consumo de ener- necessárias?
gia de máquinas e equipamentos con-
sumidores de energia comercializados Jamil Haddad - Analisando a experiên-
no país (Lei de Eficiência Energética); cia internacional, a principal motivação
e falta destinação de recursos para a permeia a questão do compromisso de
implementação de projetos de efici- atingir as metas de redução de emis-
ência energética e fortalecimento das sões (devido a não disponibilidade ime-
Empresas de Serviços de Conservação diata para instalar novas usinas de fon-
de Energia (Esco). tes energéticas renováveis) e a busca
da competitividade e de acompanhar
Como avalia a atuação do PEE? uma tendência global da economia
para este novo mercado “verde” que
Jamil Haddad - A atuação do PEE é surge, evitando as possíveis “barreiras
muito relevante para estabelecer re- de mercado”.
gras e mecanismos que possam contri-
buir na formação e na sustentabilidade O que é preciso para que as políticas
de um mercado de eficiência energé- estimulem resultados mais concretos?
tica. Consolidando-se esse mercado,
a dependência de apoio externo ou Jamil Haddad - A rede de agentes ins-
de eventuais subsídios ou facilidades titucionais, sob a supervisão do MME,
pode ser reduzida ou até eliminada. precisa se relacionar cada vez mais na
Esse programa, então, pode também busca de sinergia. Um planejamento,
criar um ambiente propício à inovação respeitando as características e as dire-
tecnológica atrelada à eficiência ener- trizes de cada agente institucional, mas
gética, ante a perspectiva da demanda buscando uma otimização na busca dos
e de benefícios advindos da introdução resultados, pode ser uma primeira solu-
de novos produtos. ção para esse maior entrelaçamento.
Através dele, a eficiência energé-
Unifei / divulgação
tica está presente em todas as regiões
brasileiras por meio das distribuidoras
de energia elétrica. Pode-se questionar
um ou outro procedimento regulatório
adotado pela agência, mas as várias al-
terações processadas ao longo desses
anos mostram a constante busca de
melhorias e ajustes nas regras e proce-
dimentos adotados e revisados.

De que maneira o programa pode se


tornar mais efetivo?

Jamil Haddad - Uma ação com foco em


eficiência energética pode abranger um
ou mais dos seguintes elementos estru-
turais: aspectos institucionais, legais e
regulatórios; mercado ou ambiente de

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Inovação responsável
norteia Citenel e Seenel
Realizados no Rio de Janeiro, eventos
são vitrines de pesquisa e tecnologia
Sede dos principais eventos mun- Além de proporcionar um ambiente de
diais a serem realizados no Brasil nos pró- discussões sobre a pesquisa, o desenvolvi-
ximos anos, o Rio de Janeiro receberá, en- mento e eficiência energética, o Citenel e
tre os dias 5 e 7 de agosto, a sétima edição o Seenel promovem a troca de experi-
do Congresso de Inovação Tecnológica em ências e o estabelecimento de parcerias
Energia Elétrica (Citenel) e a terceira do produtivas entre pesquisadores, fabrican-
Seminário de Eficiência Energética noSetor tes e profissionais das empresas de ener-
Elétrico (Seenel). Realizados pela Agência gia elétrica de todo o Brasil. Os dois even-
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), os tos agregam áreas estratégicas do setor
dois eventos bienais têm o propósito de elétrico: a inovação tecnológica, alvo de
divulgar os resultados obtidos nos pro- grande preocupação no sentido de dimi-
gramas de Pesquisa e Desenvolvimento nuir a dependência do setor em relação à
e de Eficiência Energética das concessio- tecnologia estrangeira, e a eficiência ener-
nárias, permissionárias e autorizadas do gética, que é estratégica dada a natureza
setor de energia elétrica. Mil participantes finita dos recursos produtivos.
estão previstos para os encontros e deba- Para apresentação no Citenel e
tes no Centro de Convenções SulAmérica, no Seenel, a ANEEL selecionou artigos
sob a organização da Light Serviços de inéditos no Brasil, que demonstram re-
Eletricidade S./A. sultados gerados no âmbito dos projetos
O tema central dos eventos este de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D/
ano é “Inovação com responsabilidade: ANEEL) e informes técnicos resultantes
superando barreiras e agregando valor”. de projetos concluídos do Programa de
Nico Kaiser

10 | Revista Eficiência Energética


fotos VI Citenel / divulgação

Eficiência Energética (PEE/ANEEL).


Para Máximo Luiz
Pompermayer, superintendente
de Pesquisa e Desenvolvimento e
Eficiência Energética da ANEEL, o
evento é uma espécie de prestação
de contas à sociedade. “É o principal
fórum para se apresentar o que foi
desenvolvido nos últimos dois anos e
o que está sendo realizado em maté-
ria de pesquisa e desenvolvimento e
de eficiência energética”, afirma.

Referências internacionais

Além das sessões técnicas so-


bre resultados dos programas, se-
rão promovidos painéis com espe-
cialistas nacionais e internacionais
Estudantes visitam a Área de Exposições do evento
fotos VI Cotenel / divulgação

da Alemanha (GIZ), a Agência de


Cooperação Internacional do Japão
(Jika), a Embaixada do Reino Unido, o
Massachusetts Institute of Technology
(MIT) e a Comisión Nacional para el
Uso Eficiente de la Energía do México.

Troca de experiênciaS

Uma área de exposições divul-


gará os resultados dos programas e
facilitará a troca de experiências para
o desenvolvimento de novos negócios
Debates reúnem autoridades da pesquisa energética do país. entre empresas de energia e fabrican-
em temas estratégicos para o setor de tes de equipamentos do setor elétrico.
energia elétrica no Brasil. Apesar de Com a exposição, espera-se despertar
os programas de P&D e EE regulados o interesse de investidores e fabricantes
pela ANEEL possuírem característi- nos produtos de inovação tecnológica, e,
cas que os tornam únicos no mundo, com isso, obter recursos financeiros para
o conhecimento das políticas públi- que eles possam entrar no mercado.
cas de outros países para a promoção A edição anterior, realizada em
de pesquisa e desenvolvimento e de 2011 em Fortaleza (CE), foi prestigia-
eficiência energética em muito pode da por 754 participantes. Sob a orga-
contribuir para a implementação das nização da Companhia Energética do
ações voltadas para essas áreas no Ceará (Coelce), o evento contou com
Brasil, como destaca Pompermayer. a apresentação de 300 artigos técnicos
Estão confirmadas as participações de de P&D e de 41 informes técnicos so-
especialistas e gestores públicos atra- bre eficiência energética.
vés das parcerias com a Agência de
Cooperação Internacional do Governo

Revista Eficiência Energética | 11


O desafio
da integração
Programas de eficiência energética
buscam somar forças para aumentar
a efetividade das políticas voltadas
ao uso eficiente e racional de energia

12 | Revista Eficiência Energética


As iniciativas de estímulo à efi- MME/Divulgação

ciência energética e ao consumo cons-


ciente de eletricidade estão em dife-
rentes instituições do governo federal,
numa clara demonstração de preocupa-
ção sobre o assunto. Os dois programas
mais conhecidos do grande público, com
etiquetas em geladeiras e outros eletro-
domésticos, são o Programa Nacional
de Conservação da Energia Elétrica (Pro-
cel), da Eletrobrás, e o Programa Brasi-
leiro de Etiquetagem (PBE), do Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Inmetro). Para as
empresas de distribuição de energia elé- Paulo Leonelli, do CGIEE: integração entre programas já existe

trica, a referência é a Agência Nacional


de Energia Elétrica (ANEEL), responsá- Paulo Augusto Leonelli, presi-
vel pela regulação e fiscalização do Pro- dente do Comitê Gestor de Índices e
grama de Eficiência Energética (PEE), Níveis de Eficiência Energética (CGIEE),
que determina as regras para aplicar os que é coordenado pelo Ministério de
valores anuais de 0,5% da Receita Ope- Minas e Energia (MME) e conta com a
racional Líquida (ROL) dessas empresas participação de representantes desses
em ações dessa natureza, somando in- programas, acredita que a interação en-
vestimentos de mais de R$ 4,6 bilhões tre os programas já existe. “Enquanto o
desde 1998. São programas próximos, PBE tira um retrato, a lei estabelece um
com os mesmos objetivos e bons resul- nível mínimo de eficiência, banindo do
tados isolados. Mas, segundo os críticos, mercado, periodicamente, os produtos
eles dialogam pouco. Entre os proble- menos eficientes. De outro lado, exis-
mas apontados, estão a desarticulação e tem os selos, principalmente o selo Pro-
a falta de planejamento. cel, que dá incentivo ao mercado, pre-
“Não existe uma atuação direta miando os produtos mais eficientes. E,
entre os programas, apenas certa coo- com base nesse mercado de produtos
peração em questões pontuais”, afirma eficientes, o PEE pauta muitas das suas
Marcos Borges, coordenador do PBE. “É ações, através de projetos de incentivo
preciso uma melhor operacionalização ao uso de equipamentos que conso-
para integrar as ações dos quatro gran-
mem menos energia”, resume.
des programas de promoção da eficiên-
Assessor da Associação Brasilei-
cia energética, principalmente em ter-
mos de regulamentação.” ra de Distribuidores de Energia Elétrica
(Abradee), José Gabino identifica como
Eletrobrás/Divulgação
entrave a falta de continuidade de boas
iniciativas. “Todas as ações têm um mo-
mento de intensa atividade e depois
caem no esquecimento”, ressalta. Segun-
do ele, tal fenômeno é resultado de um
problema cultural. “Não é cultura do bra-
sileiro combater desperdícios de qualquer
natureza. Isso impede ações mais fortes
no combate ao desperdício de energia”.
Para Gabino, falta uma visão ge-
ral que faça com que as ações se so-
mem, o que seria possível por meio da
definição de um órgão central respon-
sável por dar as diretrizes e promover a
Perrone: nova governança é necessária

Revista Eficiência Energética | 13


articulação de todos os programas. Inmetro/Divulgação

Gerente do Departamento de
Projetos de Eficiência Energética da
Eletrobrás, Fernando Perrone diz que,
a despeito de haver alguma cooperação
em ações isoladas entre os programas,
as políticas são desenvolvidas separa-
damente, sem que haja complementari-
dade. Ele acredita que o fortalecimento
das relações entre os agentes institu-
cionais é o caminho para que as ações
tenham resultados mais efetivos. “Uma Marcos Borges, do Inmetro: R$ 6 milhões economizados
nova estrutura de governança precisa procura levar em conta as ações desen-
ser formulada, além de reforços legais e volvidas por essas políticas. “Enquanto o
mecanismos de controle”, sugere. PEE entra com a maior parte dos recur-
sos, os outros programas agem na base,
Iniciativas de contato por meio de certificação, normatização,
Experiências comprovam que o programas de estímulo, capacitação
trabalho coordenado entre os vários e educação, entre outras atividades”,
programas de combate ao desperdício esclarece Máximo Luiz Pompermayer,
de energia gera maiores ganhos de efi- superintendente de Pesquisa e Desen-
ciência energética. É o caso, por exem- volvimento e Eficiência Energética da
plo, da relação entre Procel e PBE, que ANEEL. “A expectativa é que, com essas
juntos já mapearam e classificaram 32 ações, se chegue a uma transformação
categorias de equipamentos, atribuin- do mercado de energia elétrica, estimu-
do a eles a etiqueta do Inmetro e o Selo lando o desenvolvimento de novas tec-
Procel. Classificação que leva em conta nologias e a criação de hábitos racionais
a eficiência de cada equipamento, ou de uso da energia”, explica.
seja, o consumo de energia e os impac- Um projeto de troca de eletrodo-
tos ambientais provocados. mésticos, por exemplo, deve observar
A relação entre esses dois progra- a recomendação da Agência para que o
mas e o PEE surge no momento da apro- aparelho novo traga a etiqueta do Inme-
vação de um projeto pela ANEEL, que tro, com o intuito de fornecer aos consu-
midores as informações necessárias para
Bianca Tinoco / ANEEL que eles selecionem os produtos mais efi-
cientes. Marcos Borges aponta que já foi
contabilizada uma economia de mais de
R$ 6 bilhões no consumo de refrigeradores
e ar condicionado desde a implantação do
programa. “A classificação teve início com
esses dois eletrodomésticos. Atualmente,
é prática comum entre os consumidores
identificar, na hora da compra, a etiqueta
dada pelo Inmetro”, destaca.
Além da etiqueta do Inmetro, o
consumidor tem a sua disposição as in-
formações do Selo Procel, que premia os
produtos mais eficientes. São diversos sub-
programas que constituem o Procel, dentre
os quais se destacam ações nas áreas de
iluminação pública, indústria, saneamento,
Gabino, da Abradee: falta de continuidade é entrave educação, edificações, prédios públicos, de-

14 | Revista Eficiência Energética


senvolvimento tecnológico e divulgação. utilizada por algumas distribuidoras, a
Outra ação conjunta que tem “Energia que transforma”, foi desenvol-
obtido bons resultados são projetos vida recentemente por meio de uma par-
educacionais do PEE, que utilizam a ceria entre a Fundação Roberto Marinho,
metodologia Procel para educar alu- a Rede Futura e o Procel, e é direcionada
nos de escolas públicas e privadas so- para educadores e lideranças comuni-
bre a redução do consumo de energia. tárias, alunos do segundo segmento do
Os projetos são executados pelas dis- ensino fundamental e de ensino médio,
tribuidoras e, em sua grande maioria, tendo como objetivo sensibilizar a popu-
baseiam-se no material desenvolvido lação para uma mudança de atitude com
pelo Procel nas Escolas – projeto in- relação ao uso de energia.
terdisciplinar da Eletrobrás Procel e Essa parceria entre PEE e Procel
do MME, em parceria com o Ministério é apontada pelos gestores dos progra-
da Educação (MEC). De 2008 a 2013, mas como um exemplo de sucesso a
foram treinados mais de 1,7 milhão de ser seguido em outras ações desenvol-
alunos em 11 estados. O valor investi- vidas no âmbito das políticas públicas
do supera R$ 85 milhões. de eficiência energética. “Essa meto-
Os projetos abordam a educa- dologia reforça a política de eficiência
ção para a eficiência energética en- energética, reduzindo os custos de
volvendo os elementos energia, meio implementação dos projetos, além de
ambiente e sustentabilidade, numa sistematizar melhor as ações desen-
interlocução com a educação ambien- volvidas”, pontua Fernando Perrone,
tal, cidadania e ética. Atualmente, são gerente do Departamento de Projetos
utilizadas duas coleções de materiais. de Eficiência Energética da Eletrobrás.
Uma composta por cadernos didáticos “Ações conjuntas como a dos
específicos para os vários segmentos projetos educacionais mostram como
de ensino e aplicada por meio de me- é possível tornar os programas de efi-
todologia própria de capacitação, mo- ciência energética mais eficazes, atin-
nitoramento e avaliação, intitulada “A gindo mais fortemente a população”,
natureza da paisagem: energia, recur- acrescenta Pompermayer.
so da vida”. E outra, começando a ser

Projetos educativos reforçam


a aliança do PEE com outros
programas
Hélio Olímpio/Coelce Divulgação

Revista Eficiência Energética | 15


ão
ivulgaç
Light/D

Hélio Olímpio/Coelce Divulgação

Iniciativas utilizando o PEE e a


metodologia Procel nas Escolas
treinaram mais de 1,7 milhão de alunos

Conheça o marco regulatório


de eficiência energética no Brasil
A Lei nº 10.295/2001, conhecida como Lei da Eficiência Energética representa o
marco regulatório da eficiência energética no país. Ela dispõe sobre a política nacional de
conservação e uso racional da energia, visando à alocação eficiente dos recursos energé-
ticos e a preservação do meio ambiente. Prevê ainda que cabe ao Poder Executivo esta-
belecer os níveis máximos de consumo específico de energia ou mínimos de eficiência
energética de máquinas e aparelhos fabricados ou comercializados no país, com base em
indicadores técnicos pertinentes, que considerem a vida útil dos equipamentos.

As políticas públicas de eficiência energética estão inseridas no Plano Nacio-


nal de Energia 2030 (PNE 2030) lançado em 2007 pelo Ministério de Minas e Energia
(MME), resultado de estudos realizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
que analisam e apresentam sugestões para as mais diversas questões do setor. No
que diz respeito à eficiência energética, o plano prevê que, até 2030, o país chegue
a uma redução de 10% no consumo de energia. Mais recentemente, foi lançado o
Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf), que hoje é a principal política sobre
o tema e busca reunir e coordenar as mais variadas ações de governo no sentido de
atingir os objetivos do PNE em relação à melhoria constante da eficiência energética.

16 | Revista Eficiência Energética


Os programas e seus resultados

Programa de Eficiência Energética (PEE): regulado e fiscalizado pela ANEEL


representa a principal fonte de recursos para eficiência energética no Brasil. Tais valores
são uma exigência da Lei nº 9.991/2000, que estabeleceu que as distribuidoras de ener-
gia elétrica devem aplicar 0,5% da sua Receita Operacional Líquida (ROL) em ações de
promoção da redução do consumo e de combate ao desperdício de energia. Além dis-
so, desde 1998, os contratos de concessão firmados por essas empresas com a ANEEL
estabeleceram que elas aplicassem anualmente um percentual mínimo de sua ROL em
ações dessa natureza. Graças a essa determinação, o PEE soma mais de R$ 4,6 bilhões em
investimentos, contemplando setores como iluminação pública, residencial, comercial,
prédios públicos, e industrial, além de projetos voltados à gestão energética municipal e
ações educacionais. A economia de energia obtida ultrapassa 8,5 terawatts-hora (TWh)
por ano e a retirada de demanda na ponta foi da ordem de 2,5 GW.

Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE): Mantido pelo Instituto Nacional de


Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), publica a Etiqueta Nacional de
Conservação de Energia, que classifica os produtos em faixas coloridas que variam da mais
eficiente (A) a menos eficiente (de C até G, dependendo do produto), levando em conta que
os mais eficientes utilizam melhor a energia, têm menor impacto ambiental e custam menos
para funcionar. A avaliação dos produtos regulamentados pelo PBE é inicialmente voluntária
e, gradativamente, passa a ser compulsória. Periodicamente, o Inmetro coleta e verifica a con-
formidade de amostras de produtos no mercado e fiscaliza, no comércio, se os produtos estão
devidamente etiquetados, com a correta disposição das informações obrigatórias.

Programa Nacional de Conservação da Energia Elétrica (Procel): Divulgado


pela Eletrobrás, possui o selo nacionalmente conhecido, afixado em eletrodomésti-
cos novos. Além de orientar o consumidor no ato da compra, indicando os produtos
que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada catego-
ria, o Procel proporciona a racionalização da produção e do consumo de energia elé-
trica, eliminando os desperdícios e reduzindo os custos e os investimentos setoriais.
Para receber o Selo Procel, o produto deve ser submetido a ensaios específicos em
laboratório idôneo. Os recursos utilizados são da Eletrobrás e da Reserva Global de
Reversão (RGR), fundo federal constituído com recursos dos consumidores. Desde
1986, quando foi criado, o programa investiu mais de R$ 1,2 bilhão em ações de efici-
ência energética. Em 2012, essas ações possibilitaram uma economia de energia da
ordem de 9,1 terawatts-hora (TWh), o que equivale ao consumo de 4,8 milhões de
residências. De 1986 a 2012, essa economia chega a 60,3 TWh, que corresponde ao
consumo de 31 milhões de residências em um ano.

Revista Eficiência Energética | 17


Uma questão de foco
Lei põe em risco os resultados do
Programa de Eficiência Energética
O Programa de Eficiência De acordo com eles, a subclasse baixa
Energética (PEE) tornou-se sinônimo de renda utiliza menos de 4% da energia
troca ou entrega de eletrodomésticos consumida no país, ao passo que so-
novos em comunidades de baixa renda mente a indústria responde por mais de
– em alguns casos, o programa nem é 40% desse consumo.
mencionado e a entrega dos produtos “O problema ocorreu quando
é transformada em oportunidade de houve uma interferência política, que
promoção da distribuidora de energia acabou dando ao PEE um viés de pro-
elétrica e das autoridades locais. Tal grama social, impedindo o fomento de
associação, intensificada desde 2010, é grandes projetos que contemplem, de
fruto de um redirecionamento dos re- fato, os setores que mais consomem
cursos do programa motivado pela Lei energia”, afirma José Starosta, pre-
nº 12.212/2010, que estipulou a desti- sidente da Associação Brasileira das
nação de 60% dos valores do PEE para Empresas de Serviços de Conservação
projetos que beneficiem consumido- de Energia (Abesco).
res inscritos na Tarifa Social de Energia Para Starosta, a eficiência ener-
Elétrica. Essa determinação deve ser gética é uma atividade técnico-econô-
cumprida pelo PEE, mas especialistas mica e por isso deve concentrar suas
no assunto argumentam que ela preju- ações nos setores comercial, de ser-
dica o setor elétrico e põe em risco tan- viços e de indústria, que consomem
to os resultados de curto prazo, econo- mais energia no país. Com as altera-
mia de energia e retirada de demanda ções de destinação advindas da Lei nº
da ponta, quanto os de médio prazo do 12.212/2010, o setor industrial passou a
programa, tais como mudança de hábi- receber apenas 3% dos recursos do PEE.
tos de consumo da população e amplia- “Os recursos devem servir para fomen-
ção do mercado de produtos e serviços tar grandes projetos, inclusive voltados
que promovem a eficiência energética. para a indústria, onde há um grande
Devido à entrega de geladeiras em comunidades, o PEE ganhou, nos últimos anos, viés de programa social desperdício de energia”,
CPFL Energia/Divulgação
defende o presidente da
Abesco.
Para José
Gabino, Assessor da
Associação Brasileira
das Distribuidoras de
Energia Elétrica, os di-
recionamentos legais
quanto à aplicação dos
recursos não devem ser
tão rígidos de forma a
engessar o programa.
“Os investimentos de-
vem servir para reduzir
o consumo de energia e
os melhores resultados

18 | Revista Eficiência Energética


são observados nas ações que con- “A ideia é que haja maior discussão so-
templam os maiores consumidores”, bre o assunto, tanto pelos gestores da
complementa. Agência quanto em consulta aos públi-
Máximo Luiz Pompermayer, superin- cos interessados, a fim de que se possa
tendente de Pesquisa e Desenvolvimento promover uma melhor divisão dos re-
e Eficiência Energética da ANEEL, explica cursos entre os setores”.
que priorizar as ações voltadas para os con- Paulo Leonelli, presidente do
sumidores de baixa renda foi uma inicia- Comitê Gestor de Índices e Níveis de
tiva da ANEEL, em 2005, por meio da Eficiência Energética (CGIEE), coorde-
Resolução Normativa 176. No entanto, nado pelo Ministério de Minas e Energia
ele acredita que houve um equívoco na (MME), acredita que os investimentos
definição do percentual quando inseri- em projetos destinados à indústria e
ram o assunto na lei. “Destinar 60% dos ao comércio devem ser em percentuais

PEE/ANEEL: Distribuidoras entregam geladeiras novas à comunidades de baixa renda. Especialistas do setor questionam a medida.

recursos do PEE para uma subclasse de menores. Ele alega que já é uma ativi-
consumidores que consome menos de dade natural desse tipo de negócio o
4% da energia consumida no país é, no combate ao desperdíci0. “Até por uma
mínimo, incoerente”, pontua. questão de redução de custos, que é
Pompermayer afirma que a imperativo em qualquer negócio, as
ANEEL vem tentando reverter esse empresas já investem em ações de
quadro por meio de ações junto ao combate a perdas e desperdícios. Dessa
Congresso Nacional, na tentativa de forma, o papel do Estado é apenas com-
revogar esse comando da lei, deixando plementar a essas ações”, argumenta.
a cargo da própria Agência a definição Posição que não é compartilha-
do percentual que deve ser destinado a da por especialistas do setor. “Se mais
cada uma das classes de consumidores. investimentos tivessem sido dedicados

Revista Eficiência Energética | 19


a projetos destinados aos grandes con-
sumidores de energia elétrica, o proble-
ma gerado pela queda do nível dos re-
servatórios de energia teria proporções
bem menores”, exemplifica Starosta.
“Não estamos falando em doação de equi-
pamentos, como é feito com a baixa renda.
Os projetos para esse setor devem ser de
incentivo”, acrescenta.

Economia de energia em xeque

Desde 1998, quando foram realizados


os primeiros projetos de eficiência energéti-
ca pelas distribuidoras, o PEE proporcionou
uma economia de 8,5 TWh por ano. A meta
do Plano Nacional de Energia 2030 é de re-
duzir em 10% o consumo de energia elétrica
em 2030 com ações de eficiência energética
implementadas pelos programas existentes
no país, ou seja cerca de 106,6 TWh.
“Para conseguirmos atingir as me-
tas, é preciso mudar essa regra da destina-
ção dos recursos, realocando-os de forma A prioridade aos consumidores de baixa renda foi uma iniciativa da ANEEL, em 2005, mas
mais coerente e levando em conta o consu-
mo de cada classe de consumidores”, enfa- atuação das distribuidoras fique mais reduzi-
tiza Máximo Pompermayer. do. ”Algumas distribuidoras simplesmente
O superintendente da SPE/ANEEL não têm esse tipo de consumidor para aten-
relata que, nos últimos três anos, muitas der. A pergunta que fica é : como elas vão
distribuidoras não conseguiram cumprir as aplicar esses 60% dos recursos em projetos
exigências da lei por insuficiência de con- para um segmento inexistente?”, questiona.
sumidores que se enquadrem nos requi- A forma como o assunto foi abor-
sitos estabelecidos na legislação. Muitos dado na lei abriu espaço para uma prática
deles, por diversos motivos, não possuem que tem se tornado cada vez mais comum,
o Cadastro Único do Governo Federal, isto de utilização do programa para promo-
é, o Número de Inscrição Social (NIS), exigi- ção dos governos estaduais, como avalia
do para receberem o benefício da tarifa so- Pompermayer. “O legislador não pensou
cial. Tal questão faz com que o universo de na parte operacional, na dificuldade de se
conduzir o programa dessa forma”.
Coelce/Divulgação
Para que se possa ter um parâme-
tro de comparação, em outros países, os
programas de eficiência energética não
fazem doação de equipamentos, como
ocorre no Brasil. O que há são ações de
estímulo à aquisição de equipamentos
eficientes, em que o governo entra ape-
nas com um subsídio para tornar o ele-
trodoméstico mais barato. Essa prática
gera resultados mais significativos ao
impedir que os programas se tornem ve-
tores de promoção de governantes. “As
ações sociais devem ser executadas por
Poucos clientes possuem o NIS para o benefício meio de programas sociais e não com os

20 | Revista Eficiência Energética


Coelce/Divulgação

Troca de
equipamentos
A substituição de equipamentos
eletrodomésticos, como chuveiros elé-
tricos, faz parte das políticas de eficiên-
cia energética adotadas pelo governo
brasileiro. A troca de eletrodomésticos
velhos e ineficientes por equipamentos
novos e mais eficientes, ou seja, que
consomem menos energia, tem sido o
carro chefe do PEE. Entre os aparelhos
com maiores incentivos à substituição,
além do chuveiro elétrico, estão a ge-
ladeira e as lâmpadas, que são os gran-
des vilões no consumo de energia da
maioria das residências brasileiras.
Responsável por uma parcela
bastante significativa na redução do
consumo de eletricidade, mais de 26
gigawatts-hora (GWh) por ano, os sis-
temas de aquecimento solar têm ga-
os percentuais em lei comprometem o uso dos recursos nhado impulso através do PEE. A troca
de chuveiros elétricos por aquecedores
recursos destinados à eficiência energé- solares é uma das atividades desenvol-
tica”, afirma Pompermayer. vidas pelas distribuidoras de energia
Investir em projetos que con- elétrica por meio de projetos destina-
templem fontes renováveis, como a dos a promover a redução do consumo
solar, a eólica e a de biomassa, é uma de energia. Ao todo, desde a criação
das alternativas mais viáveis para pro- do PEE, em 1998, já foram substituídos
porcionar maiores ganhos em eficiên- mais de 85 mil chuveiros elétricos por
cia energética, além de conscientizar a aquecedores solares.
população. Esta é a bandeira defendida Para se ter uma ideia, o consu-
por Pompermayer. “Nós temos exem- mo de um chuveiro elétrico de potên-
plos fortes de projetos com utilização cia igual a 5.500 W utilizado por duas
de energia solar que, além de reduzir horas, por exemplo, é de 11 kWh, con-
consideravelmente o consumo de ener- siderando que a potência do chuveiro
gia, incentivam o uso de energia limpa, varia de acordo com a posição da cha-
como é o caso do projeto desenvolvido ve, sendo o consumo por hora de uso
pela Coelba no estádio de Pituaçu, na de 4,50 a 6,0 kWh na posição Inverno
Bahia, que hoje gera, a partir do sol, toda e de 2,10 a 3,50 kWh na posição Verão.
a energia que consome”. No caso de uma geladeira antiga esse
O projeto desenvolvido no es- consumo é muito mais elevado, che-
tádio baiano utiliza a tecnologia de gando a 150 kWh por mês. Além disso,
microgeração distribuída com célu- refrigeradores velhos costumam ser
las fotovoltaicas capazes de gerar 298 obsoletos ou chegam recondicionados
megawatts-hora (MWh), energia mais às residências, com a vida útil vencida,
do que suficiente para abastecer todo sem borracha de vedação, com moto-
o estádio. O excedente é injetado na res enferrujados e até sem porta, ele-
rede da distribuidora e serve para aba- vando ainda mais o consumo e o des-
ter o consumo de outra unidade (no perdício de energia. Os novos modelos
caso, a sede da Secretaria de Trabalho e
Emprego do Estado).
Revista Eficiência Energética | 21
de geladeiras gastam muito menos de baixa renda, que é responsável por
energia, em torno de 25kWh mensais, boa parte das perdas comerciais na
consumo de uma geladeira de capa- rede de baixa tensão, gerando impac-
cidade de 220 litros. Isso equivale a to tarifário significativo nas contas
dizer que o refrigerador de hoje é 70% dos consumidores em geral. Quando
mais eficiente do que aquele produzi- o programa começou a ser executado
do há 10 anos. era muito grande o número de resi-
Já foram trocadas, em todo o dências que ainda possuíam instala-
Brasil, mais de 830 mil geladeiras e ções elétricas incompatíveis com os
mais de 23 milhões de lâmpadas in- padrões técnicos exigidos. Em geral,
candescentes por lâmpadas compac- circuitos mal dimensionados, emen-
tas de 15W, que gastam três vezes das sem acabamento e paredes sem
menos energia que as de 60W, produ- tomadas e interruptores, gerando
zem o mesmo nível de iluminação no desperdício de energia e riscos para o
ambiente e duram seis vezes mais. consumidor. Dentre as atividades de
Outra atividade bastante de- melhoria dessas instalações, ganha
senvolvida por meio desses projetos é destaque a regularização de instala-
a adequação das instalações elétricas ções clandestinas, responsável por
de residências localizadas em áreas enormes perdas de energia.
de periferia, atendendo ao segmento

22 | Revista Eficiência Energética


O exemplo alemão
País europeu conseguiu resultados
significativos em eficiência energética

Crescimento econômico e social consciente da energia, como a criação


com consumo de energia elétrica eficien- de selos de eficiência. Nesse quesito,
te é um desafio encarado por todos os nosso país obteve apenas cinco de um
países em desenvolvimento, o Brasil en- total de 25 pontos possíveis, ocupando
tre eles. Esse aparente conflito foi supe- o último lugar, enquanto a Alemanha,
rado pela Alemanha, segundo país mais primeira colocada, obteve 19 pontos.
eficiente do mundo segundo o ranking A Alemanha dispõe do maior e
geral do Conselho Americano para uma mais desenvolvido mercado de serviços
Economia de Energia Eficiente (ACEEE), energéticos, de auditorias energéticas e
perdendo apenas para o Reino Unido. de medidas de eficiência energética da
Mas, em termos de políticas públicas, o União Europeia. O consumo de energia
país supera o vizinho europeu. Tal preva- entre os alemães encontra-se pratica-
lência se deve a esforços para melhorar mente estagnado desde o início dos
a eficiência energética por meio de regu- anos 1990, apesar do contínuo cresci-
lamentos rígidos e de técnicas de econo- mento econômico. As razões para esse
mia de energia. fenômeno são os avanços tecnológicos,
No ranking que avaliou a eficiên- a economia e a racionalização do uso da
cia entre as 12 maiores economias do energia, além de uma mudança na es-
mundo, o Brasil é o décimo colocado trutura da economia nacional.
geral. O pior desempenho veio do que- O objetivo do país é diminuir o
sito “esforços nacionais”, que analisa as consumo de energia elétrica em 25%
iniciativas de criação de políticas e legis- nas próximas quatro décadas. Para isso,
lações específicas para fomentar o uso a meta é reduzir o consumo energético

Thomas Leiss/Fotolia ProtoXpress

Tecnologia, economia e racionalização


fizeram com que o uso da energia na
Alemanha seja praticamente o mesmo
desde os anos 1990

Revista Eficiência Energética | 23


uma série de instrumentos nos níveis na-
cional, estadual e municipal, entre elas
políticas de regulamento compulsório, a
política de regulamento fiscal e medidas
de incentivo econômico.
A seguir, Ignacio Bedoya, desen-
volvedor de negócios da empresa ale-
mã EE Energy Engineers GmbH, fala
sobre a implementação, a execução e a
condução das políticas de promoção da
eficiência energética na Alemanha.

Políticas públicas
“Em nível nacional, existem políti-
cas de regulamento compulsório (como o
decreto para a conservação de energia nas
edificações) e a política de regulamento
fiscal (reforma fiscal ecológica, por exem-
plo). Também há medidas de incentivo
econômico para o fomento da conserva-
ção de energia (como o programa de in-
centivo do grupo bancário KfW, o Banco
de Desenvolvimento Alemão, para a área
das edificações) e a disponibilização de in-
Michael Homann - Fotolia PhotoXpress
formações e de assessoria para o aumento
da eficiência energética (assessoria ener-
em 10% até o ano 2020, chegando a 25% gética “in loco” para proprietários de con-
até 2050, tomando como base o ano de juntos habitacionais).”
2008. As ações nesse sentido começam
pela construção civil, que responde por Rede de monitoramento
quase metade da demanda total, e pelo
“A condução dessa política é
setor industrial. Isso inclui a redução
feita conjuntamente por vários mi-
da demanda de energia térmica do es-
nistérios, como o Ministério de Meio
toque de edificações em 20% até 2020
Ambiente (BMU), o Ministério de
e da demanda de energia primária em
Economia e Tecnologia (BMWi), o
80% até 2050. Até lá, pretende-se dis-
Ministério de Finanças (BMF), o Ministério
por de um estoque de edificações com
dos Transportes, Infraestrutura e
zero impacto ambiental.
Desenvolvimentos das Cidades (BMVBS),
As metas alemãs são baseadas
o Ministério da Nutrição, Agricultura
na diretriz 2006/32/EG do Parlamento e
e Defesa do Consumidor (BMELV), o
Conselho Europeu (EDL/RL), que esta-
Ministério da Educação e Pesquisa (BMBF)
beleceu aos países membros da União
e o Ministério de Cooperação Econômica e
Europeia uma meta de redução de 9% a
Desenvolvimento (BMZ).
ser atingida em termos de conservação de
A coordenação é realizada pela
energia para o período de 2008 a 2016, em
Superintendência de Eficiência Energética
relação ao consumo de 2001 a 2005. No
(BfEE), entidade pública nacional encarre-
caso alemão, o objetivo referencial de con-
gada de verificar se os objetivos estabe-
servação de energia estimado é de aproxi-
lecidos de conservação de energia estão
madamente 200 terawatts-hora (TWh).
sendo atingidos. Ela também elabora os
Para o cumprimento dessa diretriz,
Planos de Ação Nacional para Eficiência
a primeira medida adotada pela Alemanha
Energética (NEEAPs) e assegura que o setor
foi a criação da lei sobre serviços energéti-
público adote uma posição exemplar no au-
cos seguida da adoção de medidas de efi- mento da eficiência energética.
ciência energética (a EDL-G). A condução Além disso, criou-se uma grande
da política de eficiência energética envolve rede de instituições que contribuem para o

24 | Revista Eficiência Energética


aumento da eficiência energética. Fazem de 8.714 PJ. Enquanto isso, o Produto
parte dela a Agência Nacional de Energia Interno Bruto passou de cerca de € 1,8
(Dena), em nível nacional, e um grande bilhões para € 2,1 bilhões.”
número de Agências de Energia e/ou para
o Cuidado do Meio Ambiente (como a Financiamento
Agência de Energia NRW – EnergieAgentur
NRW) em nível regional ou local.” “Além de créditos e empréstimos
de entidades privadas, os projetos de
Prioridades eficiência energética são financiados
“A política da eficiência energéti- por instrumentos introduzidos pelos
ca alemã se orienta no tripé segurança governos, usando fundos da União e
dos Estados. Por meio de diversos pro-
do fornecimento energético, viabilida-
gramas de fomento, as instituições exe-
de econômica e tolerância ambiental.”
cutoras dão incentivos financeiros à so-
“O governo apoia a pesquisa e o ciedade e às empresas para investir na
desenvolvimento, os padrões obrigató- conservação de energia e no desenvol-
rios de eficiência energética em edifica- vimento de tecnologias modernas de
ções e equipamentos, e a introdução, geração e fornecimento de energia. A
mediante subvenção econômica, de realização de um planejamento integral
produtos com altos padrões de eficiên- que considere desde o fornecimento de
cia energética no mercado.” energia elétrica e térmica até o trans-
porte e a mobilidade constitui, nesse
Objetivos contexto, uma iniciativa decisiva para a
implementação do conceito de conser-
“Como o objetivo a ser atingido vação de energia na Alemanha.”
é de uma economia de 207 TWh até
2016, em relação ao consumo de 2008, Execução
a Alemanha decretou um novo concei-
to energético que deve resultar em um
“Projetos são executados por
fornecimento de energia confiável, eco-
cidadãos, empresas e municípios, en-
nômico e de baixo impacto ambiental.
tre outros, e são incentivados e acom-
As premissas são as seguintes:
panhados por entidades públicas.
• redução do consumo de ener-
Agências de energia, como a Energie
gia primária de 20% até 2020 e de 50 %
Agentur NRW, também contribuem
até 2050;
para a execução dos projetos, desem-
• aumento médio da produtivi-
penhando atividades como o ofereci-
dade energética de 2,1% ao ano, até
mento de informações aos atores, de
2050;
motivação para que sejam implemen-
• redução do consumo de ener-
tados projetos de eficiência energética
gia elétrica em 10% até 2020 e em 25%
e de oferecimento de assistência e con-
até 2050;
sultoria especializada na implementa-
• redução da demanda de ener-
ção dos projetos.
gia térmica do estoque de edificações
O diálogo com o setor privado é
em 20% até o ano 2020 e da demanda
indispensável para o sucesso dos pro-
de energia primária em 80% até 2050.”
jetos e ocorre através da Central de
Proteção ao Consumidor. Em relação à
Resultados concreta implementação de projetos,
o trabalho das agências de energia ter-
“O 2° Plano Nacional de Ação mina onde começa a área de negócios
para Eficiência Energética (NEEAP) das empresas de engenharia (as ESCOs,
comprova que o governo alemão atingi- por exemplo), que oferecem serviços
rá o objetivo de conservação de energia de planejamento e implementação de
estabelecido pela diretriz 2006/32/EG. medidas de eficiência energética a seus
O consumo em 1995 foi de pouco mais clientes, entre outros. Deve ser evitado
de 9.300 PJ. Já em 2009, foi em torno que uma empresa pública concorra com
uma empresa privada do setor.”

Revista Eficiência Energética | 25


Campeões
de qualidade
Iniciativas pioneiras constroem uma
referência para o bom uso da energia
De forma a incentivar as boas ini- foram selecionados pela Superintendência
ciativas das distribuidoras de energia de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência
elétrica em relação a projetos de efici- Energética da ANEEL a partir de informes
ência energética inovadores, a Agência técnicos dos projetos e que serão premia-
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) dos na edição deste ano do evento.
premia aqueles projetos que mais se Os projetos destacados trazem
destacam em termos de inovação e re- ideias inovadoras para a promoção da
sultados. As principais premiações ocor- eficiência energética, além de utiliza-
rem durante o Seminário de Eficiência rem as novas tecnologias a favor do
Energética no Setor Elétrico (Seenel). uso racional e eficiente de energia elé-
A seguir apresentamos nove projetos, trica. Iniciativas que vão desde a boni-
entre eles, quatro foram premiados na última ficação para troca de eletrodomésticos
edição do Seenel, em 2011 e os outros cinco velhos e ineficientes até projetos de
microgeração de energia solar.

lgação
Coelce/Divu

Sheyla
Damas
ceno

o
ivulgaçã
ergia/D
RGE En

26 | Revista Eficiência Energética


Consciência premiada
e de olho no social
Com o objetivo de estimular a re- Coelce/Divulgação

dução do consumo de energia provoca-


do pela utilização de eletrodomésticos
antigos e ineficientes, a Companhia de
Eletricidade do Ceará (Coelce) criou o
Programa Luz Solidária Coelce, que fa-
cilita a troca desses aparelhos por equi-
pamentos novos e mais eficientes.
Por meio do programa, os con-
sumidores recebem um incentivo fi-
nanceiro para comprar eletrodomés-
ticos novos como geladeira, freezer e
aparelho de ar condicionado que con-
tenham o selo de eficiência energética Distribuidora beneficiou 86 projetos sociais
“A”, emitido pelo Programa Nacional
de Conservação de Energia Elétrica fornecido pelo programa, elas vendem aos
(Procel), indicando que são equipa- clientes do projeto equipamentos eficientes
mentos que consomem menos energia. com um desconto de até 40%.
Para obter o desconto, o consumidor “Além de promover a eficiência
deve entregar seu aparelho antigo na energética, a iniciativa procura contri-
loja onde for efetuar a compra do novo, buir para a conservação do meio am-
além de repassar um valor pré-definido biente e para a melhoria das condições
para doação a um projeto social de sua socioeconômicas das comunidades cea-
escolha, cuja relação é disponibilizada renses, por meio das doações a projetos so-
pela Coelce às redes de varejo. ciais”, explica Odailton Silva de Arruda, ge-
Para que a troca pudesse ser coloca- rente dos programas de P&D e de Eficiência
da em prática, a Coelce estabeleceu parce- Energética da Coelce.
ria com redes de varejo que atuam em todo O projeto contempla também a re-
o Ceará. Por meio do incentivo financeiro ciclagem dos resíduos sólidos que consti-
tuem os eletrodomésticos velhos recolhidos.
Colce/Divulgação Assim, os equipamentos deixados nas lo-
jas não retornam ao mercado de consumo.
O programa passou por três mo-
mentos. O primeiro ciclo ocorreu no final
de 2009 e beneficiou 22 projetos sociais,
concedendo quase R$ 2 milhões em bô-
nus para a troca de 5,1 mil aparelhos.
O segundo ciclo, em 2010, beneficiou
33 projetos sociais com mais de R$
3,5 milhões em bônus e troca de 7,3
mil aparelhos. Em 2011, foi realizado
o terceiro ciclo do projeto, quando a
Coelce concedeu mais de R$ 6 milhões
em bônus. Foram substituídos 12,1 mil
eletrodomésticos esse ano, benefi-
ciando 31 projetos sociais.
Programa investe na reciclagem dos equipamentos
Revista Eficiência Energética | 27
Show de bola
e de economia
Sheyla Damasceno/Divulgação

O Estádio de Pituaçu, na Bahia, foi o primeiro com geração fotovoltaica em larga escala

Refletores ligados, lâmpadas ace- Pituaçu é o primeiro estádio


sas, é hora do espetáculo. A bola rola, os com energia solar da América Latina,
telões exibem os lances imperdíveis, a característica que posteriormente se
torcida vibra, 11 de cada lado festejam ou tornou parâmetro para os estádios da
lamentam os gols da partida. Terminada Copa do Mundo de 2014. O projeto,
a festa do futebol, o Estádio Governador que utilizou recursos do Programa de
Roberto Santos, mais conhecido como Eficiência Energética, custou R$ 5,5 mi-
Estádio de Pituaçu, na Bahia, continua a lhões, sendo R$ 3,8 milhões investidos
brilhar como um gigantesco terraço para pela Coelba e R$ 1,7 milhão pelo Governo
geradores de energia solar. O projeto da da Bahia. Contribuíram na concretização o
Companhia de Eletricidade do Estado da apoio técnico da Cooperação Alemã para
Bahia (Coelba), aprovado em 2009 pela o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) e da
Agência Nacional de Energia Elétrica Universidade Federal de Santa Catarina
(ANEEL) e realizado em parceria com o (UFSC), além de apoio institucional do
Governo do Estado da Bahia, equipou a Instituto para Desenvolvimento de Energias
arena com células fotovoltaicas capazes Alternativas na América Latina (Ideal).
de gerar 298 megawatts-hora (MWh) Ana Christina Mascarenhas, as-
– energia suficiente para suprir toda a sessora de Eficiência Energética da
demanda própria e para abater em 192 Neoenergia, explica que, anteriormen-
MWh o consumo da sede da Secretaria te, a conta média de energia do estádio
Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e era de R$ 13 mil por mês. Hoje, o valor mé-
Esporte (Setre), que já obteve uma eco- dio é de R$ 79,40, equivalente a 100 kWh,
nomia de cerca de R$ 30,5 mil. valor mínimo estabelecido pela ANEEL para
28 | Revista Eficiência Energética
Sheyla Damasceno /ANEEL

consumido- a luz diretamente em energia elétrica


res trifásicos, através do efeito fotovoltaico. A ener-
acrescido da gia gerada é conduzida às subestações,
taxa de ilumi- de onde, após ser elevada de baixa para
nação públi- média tensão (13,8 kV) e passar por um
ca. “Desde a medidor bidirecional, é lançada na rede da
inauguração, Coelba. Esse medidor é responsável por re-
em abril de gistrar o balanço energético entre a energia
2012, até ja- gerada em Pituaçu e a energia consumida
Excedente de energia é direcionado a órgãos do governo da Bahia
neiro deste para o faturamento mensal. Nos momen-
ano, foi registrada uma economia de R$153 tos sem geração, como o período da noite,
mil na conta de energia do Estado, somando a energia utilizada é oriunda da rede elétrica
um total de R$ 183 mil de economia em gas- da Coelba. É esse mecanismo que permite
tos com energia”, destaca. que a energia excedente seja utilizada para
Para Ana Christina, a iniciativa re- abater o consumo do prédio da Setre.
presenta um marco para grandes projetos Para otimizar os ganhos em efici-
de eficiência energética com utilização de ência energética, a Coelba também subs-
energia limpa. “A execução desse projeto se tituiu todos os projetores do estádio por
mostrou um grande aprendizado”, enfatiza. equipamentos de design mais apropria-
Tecnologia dos à aplicação em estádios abertos, com
ótica de precisão e alta tecnologia, que
O sistema funciona através de oferecem maior luminosidade e são mais
módulos formados por células fotovol- eficientes do que os projetores antigos.
taicas de silício dopado que convertem

Exemplo que vem de casa


Guiada pelo conceito de que tec- Romanini, coordenador do Programa de
nologia e eficiência energética andam Eficiência Energética da Elektro.
juntas, a Elektro Eletricidade e Serviços O monitoramento é feito em tempo
S/A investiu na automação do sistema real, o que é possível graças a um sistema
do Departamento Autônomo de Água de telemetria com link digital wi-fi com re-
e Esgoto (DAAE) de Rio Claro, em São cursos de comunicação em banda larga.
Paulo. A economia proporcionada foi de O investimento para a execu-
mais de 35% da energia necessária para ção do projeto foi superior a R$ 550
o abastecimento de água da cidade. mil para uma redução de mais de um
O projeto, que ganhou o segundo terço no consumo de energia. O custo
lugar no Prêmio Aneel do II SEENEL, re- evitado pelo novo sistema é de mais de
alizado em 2011, é resultado de uma par- R$ 355 mil desde a implantação. “Os
ceria entre a distribuidora e a Prefeitura resultados supe-
de Rio Claro. raram as proje- :Elektro/Divulgação

Para reduzir as perdas de energia ções iniciais de


do antigo sistema e a demanda no horário economia. Além
de ponta, foi implantado um sistema mo- disso, o sistema
derno de monitoramento, controle e au- implantado per-
tomação de válvulas e funcionamento de mite um melhor
bombas, que funciona por meio de um link controle das ope-
digital de comunicação. Esse novo sistema rações, garantin-
garante o nível completo dos reservatórios do a continuidade
no início do horário de ponta e, com isso, do abastecimento
reduz a quantidade de bombas nesse pe- de água”, destaca
ríodo. “O que ocorre é um deslocamento Romanini.
de consumo e o desligamento das bom-
bas no horário de ponta”, explica Evandro Sistema desliga bombas no horário de ponta

Revista Eficiência Energética | 29


O espetáculo da
energia vai começar
Educar, informar e conscientizar. energia e, através de concursos, foram pre-
Com essas palavras de ordem, o proje- miadas boas iniciativas de consumo cons-
to “Caravana RGE – Educando para a ciente e racional por parte da população.
Eficiência”, que ganhou o terceiro lugar As ações da Caravana RGE foram
no Prêmio Aneel do II SEENEL, realizado desenvolvidas dentro da área de conces-
em 2011, percorreu 80 municípios gaú- são da RGE,formada por 262 municípios
chos, entre junho e dezembro de 2010, na região norte-nordeste do Rio Grande
desenvolvendo ações educativas de pro- do Sul. A área engloba o maior polo agrí-
moção da eficiência energética. cola, pecuário, industrial e turístico do
A caravana itinerante da distribui- estado. Mais de 270 mil consumidores,
dora Rio Grande Energia (RGE), formada entre estudantes, professores de ensino
por um ônibus, uma carreta e um trailer, fundamental e médio, bem como forma-
chegava às cidades e montava sua es- dores de opinião e a comunidade partici-
trutura. Em pouco tempo, surgiam uma param do projeto.
arena cênica, um palco, no qual o es- Além de esclarecer quanto à ne-
petáculo teatral “Viagem ao Mundo da cessidade de redução do consumo de
Eletricidade” era apresentado, e um tú- energia elétrica, o projeto trouxe uma
nel inflável com experimentos científicos metodologia que incentiva a mudança
– o Túnel do Conhecimento. nos hábitos dos consumidores. “Nosso
O espetáculo intitulado “Viagem grande objetivo foi valorizar o desenvol-
ao Mundo da Eletricidade” apresenta de vimento de projetos e trabalhos sobre
uma forma divertida a importância da a temática da eficiência energética, do
eletricidade para o nosso dia a dia, dan- meio ambiente e da sustentabilidade,
do ênfase à necessidade da utilização da estimulando a participação das escolas”,
energia com responsabilidade. explica Cristian Sippel, coordenador de
No Túnel do Conhecimento, os projetos da RGE.
alunos puderam presenciar experimen- A segunda etapa do projeto já
tos científicos relacionados à energia, em está sendo executada desde 2012, com
especial, experimentos que demonstram novas atrações e mais ações voltadas
como utilizar a eletricidade de modo mais principalmente para o desenvolvimen-
eficiente. Além disso, diversas oficinas en- to de projetos com envolvimento direto
sinam medidas simples de economia de dos alunos.
Caravana RGE, com ações educativas em eficiência energética, percorreu 80 cidades em 2010
RGE Energia/Divulgação

30 | Revista Eficiência Energética


Cemig torna eficientes
projetos de irrigação

Automatização permitiu irrigação à noite, com redução de 12% do consumo

Um projeto desenvolvido pela Cemig noturno para a irrigação, bem como a dimi-
Distribuição tem melhorado a eficiência nuição da mão de obra. Além disso, estão
do uso da energia elétrica e água na ativi- sendo instalados medidores de tarifa no-
dade da irrigação da agricultura familiar, turna (quando necessário) e cinco estações
em Minas Gerais – é o projeto “Atualização meteorológicas.
dos Sistemas de Irrigação da Agricultura Com um investimento de R$ 17,7
Familiar – Projeto Jaíba”. Através dele, a dis- milhões, o projeto iniciado em 2010 já subs-
tribuidora está substituindo os sistemas de tituiu mais de 1,2 mil sistemas de irrigação
irrigação antigos de aspersão convencional, pouco eficientes e desgastados pela ação
de alto consumo de água e consequente do tempo, por sistemas mais eficientes,
energia e que demandam muita mão de além de realizar treinamentos e prestar
obra, por sistemas mais modernos de as- assistência técnica intensiva. Para isso, a
persão fixa e ou micro aspersão. A iniciativa concessionária conta com a parceria do
já reduziu em mais de 12% o consumo mé- Distrito de Irrigação Jaíba (DIJ), da Empresa
dio de energia dos sistemas de irrigação. de Assistência Técnica e Extensão Rural do
O Projeto foi implantado no perí- Estado de Minas Gerais (Emater – MG) e da
metro de Irrigação do Jaíba, maior projeto Companhia de Desenvolvimento dos Vales
de irrigação da América Latina, que utiliza do São Francisco e Parnaíba (Codevasf).
a água bombeada do rio São Francisco e, O consumo médio de água sofreu
através das estações de bombeamento, uma redução em torno de 12%. Comparado
leva água a todos os lotes dos colonos irri- com o ano de 2009, mesmo com o acrésci-
gantes. A infraestrutura do projeto contem- mo de área plantada, houve uma redução
pla 11 estações de bombeamento de água e da demanda registrada de aproximada-
248 km de canais por onde a água percorre mente 24% e uma redução do volume de
cada lote. Os novos sistemas são automati- água bombeada de 3%.
zados, possibilitando a utilização do horário
Revista Eficiência Energética | 31
Parceria na troca
de geladeiras
Coelba/Divulgação
subsidiados. O cliente deposita o cupom
de inscrição em uma loja parceira ou
agência da Coelba e aguarda o contato
da equipe do projeto que agenda uma vi-
sita na casa do cliente. Caso o consumidor
não esteja inscrito no Cadastro Único do
Governo Federal (CadÚnico), ele é orienta-
do a procurar o atendimento da Prefeitura
para realizar sua inscrição. Só após essa
inscrição o cliente está apto a ir a uma loja
parceira e realizar a compra de um dos
equipamentos predeterminados. A loja
parceira é responsável pela entrega do
Campanha de troca de eletrodomésticos, da Coelba novo refrigerador e pelo recolhimento do
equipamento antigo que será descartado
pela concessionária, a qual se encarrega de
Levando em conta que a utilização enviar a geladeira para a reciclagem.
de eletrodomésticos velhos e ineficientes, O projeto, que se encontra na se-
em péssimo estado de conservação, é uma gunda etapa de execução, já substituiu
das principais causas do consumo elevado mais de 1,6 mil refrigeradores de consu-
de energia nas comunidades carentes, alia- midores residenciais moradores de co-
do ao uso inadequado da energia gerado munidades populares. Para se ter uma
pela falta de informação sobre o uso racio- ideia, um refrigerador de duas portas com
nal e uso de instalações elétricas precárias, capacidade para 276 litros, que custa R$
a Companhia de Eletricidade do Estado da 790, é vendido ao consumidor por R$ 160,
Bahia (Coelba) desenvolveu, em parceria sendo o valor subsidiado pelo projeto de
com lojas varejistas, um projeto que incen- R$ 630.O valor total investido foi de apro-
tiva a substituição de refrigeradores e lâm- ximadamente R$ 1,7 milhões. A expecta-
padas antigos por equipamentos mais efi- tiva é de uma economia de energia em
cientes, trata-se do Projeto Nova Geladeira torno de mil MWh/ano e uma retirada de
- Venda, implementado em comunidades demanda na ponta de 250kW.
carentes de Salvador, na Bahia. O projeto está diretamente re-
Além de promover a redução do lacionado às três dimensões da sus-
consumo e adequação da fatura de ener- tentabilidade: a ambiental, através da
gia à capacidade de pagamento do cliente, destinação adequada dos resíduos dos
o projeto colabora para a conservação do equipamentos antigos; social, através
meio ambiente através da regeneração do da melhoria da qualidade de vida dos
gás CFC-R12 retirado e com a reciclagem consumidores, adequação da conta à
das sucatas dos refrigeradores antigos. O capacidade de pagamento, aumento
recurso oriundo da venda da sucata é desti- do poder de compra e financiamento de
nado à manutenção de projetos de geração projetos de geração de renda; econômi-
de emprego e renda em comunidades po- ca, com a redução da inadimplência dos
pulares, principalmente o Vale Luz Coelba. consumidores beneficiados, além da re-
Essa substituição de refrigerado- dução da demanda de energia no horário
res é realizada em diversas etapas em de ponta, postergando a necessidade de
parceria com lojas varejistas, a preços investimentos no sistema elétrico.
32 | Revista Eficiência Energética
Tecnologia reduz em 33%
o consumo do TRE-RJ
O uso de novas tecnologias vem de ar condicionado de janela. Dos 219
tornando o uso da energia cada vez aparelhos, 203 são “de janela”.
mais eficiente. Prova disso são os pro- A redução do consumo ocorre
jetos executados pelas distribuidoras porque o equipamento desliga o com-
por meio do Programa de Eficiência pressor e o ventilador quando atingi-
Energética (PEE), que utilizam novas da a temperatura de operação ou de
tecnologias para reduzir o consumo de conforto pré-programada. O software
energia. Foi levando isso em considera- do aparelho monitora, através de uma
ção que a Light Serviços de Eletricidade sonda ultrassensível, a temperatura do
desenvolveu um projeto piloto que con- ambiente, permitindo sua visualização
templa o uso do controlador digital de e obedecendo aos padrões determina-
temperatura (SIEG New Air), a fim de ve- dos pela Norma 16401-2 da Associação
rificar seu potencial de redução de con- Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
sumo e a retirada da demanda da ponta. Por meio da inteligência empregada, é
O projeto executado pela distribuidora possível garantir o conforto de tempera-
nas instalações de ar condicionado do tura dos trabalhadores do tribunal com
Tribunal Regional Eleitoral do Rio de a mesma qualidade observada anterior-
Janeiro (TRE-RJ) proporcionou uma re- mente e sem desperdício.
dução de 33% no consumo de energia e
uma deminuição de 15% da demanda de
eletricidade na ponta. Light/Divulgação

Executado em 2011 e 2012, o pro-


jeto alcançou uma economia de energia
de 107,17 megawatts por ano (MWh/
ano), retirando 28,12 quilowatts (kW) de
demanda na ponta. O custo foi de apro-
ximadamente R$ 66 mil para a instalação
de controladores de temperatura em 150
aparelhos condicionadores de ar do pré-
dio do TRE-RJ, valor cuja expectativa é
de rápido retorno graças à economia ge-
rada na fatura de energia do prédio.
O SIEG New Air, nome dado ao
aparelho, é uma tecnologia nova proje-
tada para atuar junto aos equipamentos
de ar condicionado de janela, reduzindo
o consumo e o desperdício de energia.
Como não havia resultados que compro-
vassem a eficiência do produto, a Light
desenvolveu um projeto piloto para ava-
liação da solução.
A escolha do prédio do TRE-RJ se
deu em virtude de o sistema de refrige-
ração do prédio ser composto basica-
mente por aparelhos eletromecânicos
Controlador digital evita o desperdício

Revista Eficiência Energética | 33


Corte no desperdício
Ação desenvolvida no âmbito do O projeto “Eficientização no Setor de
Programa de Eficiência Energética (PEE) Serviços Públicos – Samae”, implementado
que mereceu o prêmio Aneel do I SEENEL, entre 2007 e 2008, compreendeu a instala-
realizado em 2009, vem do projeto da distri- ção de um sistema de automação com va-
buidora Rio Grande Energia (RGE), que au- riação de velocidade baseado na pressão do
tomatizou o Serviço Autônomo Municipal barrilete de recalque, sistemas de controle
de Água e Esgoto (SAMAE) do município de de nível e um sistema de controle à distân-
cia para modificação do regime de opera-
RGE/Divulgação
ção do abastecimento de água. Além disso,
foi feito o recondicionamento de bombas
centrífugas e a substituição de motores
“standard” por motores de alto rendimen-
to, que trazem o selo do Programa Nacional
de Conservação da Energia Elétrica (selo
Procel), os quais são utilizados nos sistemas
de bombeamento d’água.
Conforme explica Cristian Sippel,
coordenador de projetos da RGE, o projeto
resultou tanto em redução de custos com
energia quanto na redução das necessida-
des de ampliação de redes de distribuição,
transmissão e sistemas de geração de ener-
RGE automatizou fluxo de água gia elétrica. “Além de minimizar as perdas e
modernizar o processo de abastecimento de
Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Com o água, houve redução do impacto da energia
intuito de reduzir o desperdício de energia no custo final do produto, redução de para-
elétrica do sistema, a concessionária, que das de operação e horas de manutenção”.
atende mais de 250 municípios, introduziu Com o novo sistema, houve uma redu-
mudanças no regime de operação, além de ção de demanda na ponta de mais de 200 kW.
ferramentas que possibilitam a identifica- A energia conservada é superior a 500 MWh/
ção mais rápida da ocorrência de eventuais ano, o que equivale a uma economia em tor-
problemas no sistema, aumentando tam- no de 32%. A expectativa é que o retorno do
bém a confiabilidade no fornecimento de investimento, de mais R$ 550 mil, ocorra em
água à população. aproximadamente quatro anos e meio.

RGE/Divulgação

34 | Revista Eficiência Energética


Desempenho ímpar
Investir em eficiência energética, no vapor é direcionada para o equipamen-
além de contribuir para a preservação to, que, ao expandir-se, o fluxo de vapor
do meio ambiente, é também uma es- entrega energia mecânica a um eixo aco-
tratégia para as empresas manterem plado a um gerador elétrico. O vapor de
a competitividade, seja em relação a saída do grupo gerador é entregue nas
outras empresas nacionais do mesmo condições de utilização do processo da
setor, seja em relação ao mercado in- empresa. Esse sistema substitui o uso de
ternacional. Partindo desse princípio, válvulas redutoras de pressão, mecanismo
muitas empresas brasileiras estão bus- existente anteriormente e que desperdiça-
cando nas concessionárias de energia va a energia contida no vapor.
elétrica e nas Empresas de Serviços de O projeto foi realizado com recur-
Conservação de Energia (Escos) parce- sos do PEE, pela Efficientia – uma empresa
rias para a execução de projetos de efi- do grupo Cemig que analisou a viabilidade
ciência energética. Foi o que aconteceu técnica e econômica do projeto, acompa-
com o projeto inovador desenvolvido nhou toda a implantação e fiscalizou os for-
pela Cemig, que beneficiou uma indús- necimentos, visando evitar eventuais não
tria química, aproveitando o vapor satu- conformidades regulatórias. O valor inves-
rado disponível no seu processo indus- tido foi de R$ 2,3 milhões. Com a implan-
trial para a geração de energia elétrica a tação do sistema, a economia mensal com
ser consumida pela empresa. energia elétrica é de cerca de R$ 46.800.
O projeto foi executado através Valor que é amortizado mensalmente do
de um contrato de desempenho, por investimento feito pela distribuidora.
meio do qual a concessionária investe Iniciativas como essa, além de pro-
cem por cento do valor necessário à im- porcionar ganhos imediatos em eficiência
plantação do projeto e o cliente amor- energética, estimulam as empresas a in-
tiza esse investimento mensalmente vestirem em projetos dessa espécie.
com a economia de energia elétrica
gerada. Amortizado o investimento, a Cemig/divulgação

empresa começa a usufruir do benefício


econômico conseguido com a redução
do consumo proporcionada pelo pro-
jeto de eficiência energética. O valor
pago mensalmente pela empresa be-
neficiada retorna à conta da distribui-
dora relativa ao Programa de Eficiência
Energética regulado pela Aneel (PEE) e
deve ser investido em novos projetos.
De acordo com o regulamento vigente
para o PEE, o contrato de desempenho
deve ser aplicado para consumidores
com fins lucrativos. Esse tipo de contra-
to amplia o recurso disponível e os be-
nefícios obtidos pelo programa.
Tecnologia inovadora, utiliza-
da pela primeira vez no Brasil, o Turbo
Gerador a Parafuso Helicoidal – equipa-
mento fabricado na China, sem similar na-
cional – foi instalado junto ao maquinário
da indústria para receber a energia contida
no vapor originado no processo produtivo
e gerar energia elétrica. O processo acon-
tece da seguinte forma: a energia contida Turbo Gerador a Parafuso Helicoidal, da Cemig

Revista Eficiência Energética | 35


A tecnologia em prol
da sustentabilidade
Resoluções da ANEEL viabilizam
mudança de vida para um consumo
de energia mais consciente

Marcos Bragatto/ANEEL

No interior do Amazonas, placas fotovoltaicas geram energia fornecida em piloto de pré-pagamento

Em meio ao cinza dos edifícios, o bandeira da sustentabilidade, Moura pro-


azul de placas solares chama a atenção curou a ANEEL e descobriu que já esta-
no telhado do prédio que abriga a micro- va em vias de ser publicada a Resolução
empresa de Vítor Arantes Moura, a PGM Normativa nº 482/2012, segundo a qual
Sistemas, primeira a utilizar o sistema qualquer consumidor pode instalar na sua
de minigeração distribuída de energia unidade consumidora um pequeno gera-
elétrica no Brasil. Os 28 painéis fotovol- dor de energia, cuja produção serve para
taicos instalados no telhado captam a o abatimento do consumo na fatura men-
energia do sol e geram cerca de 90% da sal. O saldo de energia excedente, pelas
eletricidade consumida nas instalações novas regras, fica disponível por 36 me-
da empresa. A energia gerada e não con- ses. Esse é o sistema adotado no Brasil,
sumida, como ocorre nos fins de semana, chamado de “net metering”.
é injetada na rede da distribuidora local, Para aderir à geração distribuída,
a Companhia Energética de Minas Gerais o consumidor deve solicitar o acesso a
(Cemig), garantindo, em média, uma eco- sua distribuidora, que é responsável por
nomia diária de R$ 40,00. Moura apro- ligar o sistema à rede de energia. A com-
veita as vantagens oferecidas por uma pensação começa assim que são aprova-
das muitas regulamentações recentes das as instalações do consumidor. Carlos
da Agência Nacional de Energia Elétrica Alberto Mattar, superintendente de
(ANEEL) que estimulam a utilização in- Regulação dos Serviços de Distribuição
teligente e consciente dos recursos, em da ANEEL, explica que esse tipo de ge-
favor da natureza e da sociedade. ração traz uma série de vantagens sobre
No início de 2012, levantando a a tradicional, centralizada. “O sistema

36 | Revista Eficiência Energética


permite uma economia de investimentos paga em torno de R$ 50,00 pela energia
em transmissão, reduzindo as perdas nas elétrica. Para ele, o fator financeiro não
redes e melhorando a qualidade do servi- é o mais importante. “A sustentabilidade
ço de energia elétrica”, afirma. é o nosso principal objetivo, além do es-
O preço para gerar energia por tímulo para que outras empresas se inte-
conta própria varia de acordo com a re- ressem por esse tipo de geração a partir
gião. Vítor Moura pagou cerca de R$ 80 de fontes renováveis”, destaca. Segundo
mil pela instalação da miniusina solar e a Resolução Normativa nº 482/2012, a
espera o retorno do investimento em ANEEL somente aprova a geração distri-
oito anos. Ele conta que tinha um custo buída a partir de fontes como as de ori-
mensal de cerca de R$ 500,00 e que, hoje, gem hidráulica, solar, eólica, a biomassa
PGM Sistemas /Divulgação ou de cogeração qualificada.

Redes inteligentes

Não é de hoje que os avanços


tecnológicos têm alcançado os mais
diversos setores econômicos e so-
ciais, oferecendo um número cada
vez maior de ferramentas que facili-
tam o acesso aos diversos serviços do
dia a dia. O carro elétrico, por exem-
plo, já não é uma novidade – tanto
que, no Brasil, ele já faz parte dos in-
vestimentos do governo. A novidade
é o sistema de recarga inteligente,
que pretende oferecer maior autono-
mia aos veículos elétricos.
A tecnologia desenvolvida pela
Light Serviços de Eletricidade S./A.,
O empresário Vitor Moura aderiu à minigeração de energia elétrica do Rio de Janeiro, corresponde a ter-
minais de recarga inteligentes modulares
que permitem a instalação em diferentes
tipos de estacionamento públicos e pri-
vados, como shopping centers, prédios
residenciais e empresas. A interativi-
dade é a principal característica desses

Revista Eficiência Energética | 37


PGM Sistemas /Divulgação

Tela de controle dos equipamentos de minigeração utilizados pela PGM Sistemas

terminais, equipados com um painel são redes inteligentes? Tecnicamente, são


luminoso que indica para o motorista, à sistemas elétricos compostos por equipa-
distância, se existe algum módulo dis- mentos com capacidade computacional,
ponível para recarga. Eles também pos- associados a infraestrutura de tecnologia
suem uma barra de LED que mostra o da informação e a infraestrutura de teleco-
valor da tarifa em vigor naquele instante municações, que permitem a aquisição de
e o status da recarga. Outra funcionalida- dados e a atuação remota. Além disso, tais
de da tecnologia é a emissão de alarmes redes agem independentemente da ação
por diferentes canais de interação, como direta do ser humano.
SMS, Facebook e tela do carro, que in-
formam o número reduzido de créditos e Medidores são a base
oferecem dicas de eficiência energética. da revolução
Futuramente, os terminais transmitirão
mensagens de fabricantes de veículos Peça fundamental para as redes
(como diagnóstico remoto e lembretes elétricas inteligentes, os medidores ele-
de necessidade de revisão do carro), de trônicos possibilitam, entre outros ser-
gestores de estacionamento, de órgãos viços, o pré-pagamento de energia, a
de trânsito e de sistemas de controle de tarifa branca (modalidade em que o va-
lor da tarifa de energia varia segundo o
tráfego inteligente.
período do dia), a integração à rede elé-
Projetos como esse utilizam as
trica de pequenos geradores residenciais
redes inteligentes ou smart grids. O con- e de veículos elétricos. Além disso, com
ceito de redes inteligentes é amplo e a automação inteligente da rede, são mi-
envolve várias tecnologias que podem nimizados os impactos das interrupções
desempenhar um papel importante em no fornecimento de energia.
quase todos os aspectos do setor elétrico, A partir de fevereiro de 2014, as
como planejamento, operação, tarifas e distribuidoras deverão estar prontas para
faturamento, apuração dos indicadores disponibilizar a seus consumidores os
de qualidade estabelecidos pela ANEEL medidores eletrônicos, cujas funciona-
e combate a perdas de energia. Mas o que lidades mínimas foram regulamentadas

38 | Revista Eficiência Energética


Os medidores eletrônicos de energia
em breve estarão disponíveis para
os brasileiros

Moacir Barbosa/ANEEL

pela ANEEL por meio da Resolução comerciais, industriais e de áreas rurais, a


Normativa nº 502/2012. tarifa branca oferecerá três diferentes pa-
São dois os tipos de medidores tamares para a tarifa de energia, de acordo
que devem ser disponibilizados pelas com os horários de consumo. Na prática,
distribuidoras: um específico para o funcionará da seguinte forma: de segunda a
consumidor que fizer opção de fatura- sexta-feira, uma tarifa mais barata será em-
mento pela tarifa branca, e outro com pregada na maior parte das horas do dia.
funcionalidades adicionais, que deverá Outra, mais cara, no horário em que o con-
ser instalado quando o consumidor ti- sumo de energia atinge o pico máximo, no
ver interesse em obter dados individu- início da noite. E a terceira, intermediária,
alizados sobre o serviço que lhe é pres- será entre esses dois horários. Nos finais de
tado. Esse segundo medidor, cujo custo semana e nos feriados, a tarifa mais barata
adicional será atribuído ao consumidor será empregada para todo o dia.
interessado, será capaz de fornecer in- Com essa alternativa, a ANEEL quer
formações complementares, tais como estimular o consumo em horários que a
dados sobre interrupções do forneci- tarifa é mais barata, diminuindo o valor
mento e nível de tensão. Em todos os da fatura no fim do mês e a necessidade
casos, a instalação do medidor ocorrerá de expansão da rede da distribuidora para
por solicitação do consumidor. atendimento do horário de pico. Ela será
opcional, e a tarifa convencional continua-
Tarifa branca rá disponível caso o consumidor não quei-
ra modificar seus hábitos.
A tecnologia dos novos medidores
vai permitir a aplicação de tarifas de ener-
Pré-pagamento de energia
gia diferenciadas por horário de consumo,
oferecendo tarifas mais baratas nos perí- A professora Luiza Xavier pos-
odos em que o sistema é menos utilizado sui na sua casa eletrodomésticos como
pelos consumidores. A nova sistemática, geladeira, liquidificador, máquina de la-
chamada tarifa branca, modifica padrões var, ventilador, aparelho de televisão. A
vigentes desde a década de 1980 e consi- maioria deles foi comprada há menos de
dera as mudanças que ocorreram na oferta dois anos, depois da chegada da energia
e na demanda de energia nesse período. elétrica a Santa Luzia, comunidade ri-
Disponibilizada para os consumi- beirinha de 18 moradores localizada no
dores de baixa tensão, seja, residenciais, município amazonense de Maués, a 267

Revista Eficiência Energética | 39


sxc.hu

a quantidade de créditos disponíveis, em


quilowatt-hora (kWh), e é alertado da
proximidade do fim dos créditos por um
alarme visual e sonoro.
No caso de Luiza, o gasto mensal
com a compra de créditos de energia
fica em torno de R$ 30,00. Ela explica
que costuma comprar 60 kWh, o que
corresponde a esse valor. Para gerir o
consumo, a professora tem o hábito de
não ligar todos os aparelhos ao mes-
mo tempo. “Fomos orientados quan-
to à economia de energia e, com o dia
a dia, aprendemos a fazer uma média
de quanto cada aparelho que temos
em casa consome de energia”, explica.
“Para muitos moradores, esse custo é
ainda menor, tendo um gasto entre R$
5,00 e R$ 10,00 por mês para manter a
energia disponível 24 horas por dia nas suas
residências”, afirma Marcos Bragatto, su-
perintendente de Regulação dos Serviços
Comerciais da ANEEL.
O pré-pagamento já é utiliza-
do em outros países desde a década
de 1990. Os precursores foram o Reino
Uso do chuveiro elétrico deve ser ponderado para adesão à tarifa branca
Unido e a África do Sul. Hoje, já são mais
quilômetros de Manaus. Até bem pouco de 20 milhões de usuários no mundo. Na
tempo, comunidades isoladas como essa América do Sul, Argentina, Colômbia e
não eram atendidas pela distribuidora de Peru fazem uso dessa modalidade.
energia, sendo o suprimento feito por ge- No Brasil, a única experiência é a
radores movidos a óleo diesel, restrito ao do Amazonas. O modelo foi implantado
horário de funcionamento das escolas, de em seis municípios, atendendo a 12 comu-
nidades que somam 211 unidades consu-
18h às 22h. Os moradores recebiam uma
midoras. No entanto, está em vias de ser
cota de óleo das prefeituras, arcando em
aprovada pela ANEEL uma resolução que
média com R$ 25,00 por mês para aten- determina que o sistema passe a valer para
der suas necessidades. todo o país a partir deste ano, devendo to-
Atualmente, a energia consumida das as distribuidoras de energia elétrica
nessa região vem de miniusinas foto- oferecer o serviço dentro de cinco anos.
voltaicas instaladas pela concessioná- Bragatto explica que as distribuidoras po-
ria Amazonas Energia, por meio de um dem adaptar o sistema à realidade de sua
projeto aprovado pela ANEEL. Devido área de consumo, mas todas devem dispo-
à distância e ao difícil acesso a essas co- nibilizar o sistema. “Os cinco anos são para
munidades, o faturamento mensal de que as distribuidoras se adaptem e ofere-
energia seria muito oneroso tanto para çam o serviço. Nesse período, elas podem
a distribuidora quanto para os consumi- realizar projetos pilotos e, dessa forma,
constatar qual a melhor forma de prestar
dores. Por isso, foi implantado nessas
esse serviço”, destaca.
localidades um projeto piloto de pré-
Ele deixa claro que o pré-pagamen-
-pagamento de energia. Nele, o consu-
to é opcional para o consumidor e que foi
midor adquire seus créditos em postos de
pensado como uma alternativa, lançan-
venda e os insere no medidor eletrônico,
do mão das novas tecnologias. Caso o
instalado pela distribuidora, que permite
consumidor opte pela modalidade, isso
a leitura do consumo em tempo real. O
não o impede de retornar ao modelo
consumidor pode visualizar no medidor

40 | Revista Eficiência Energética


Marcos Bragatto/ANEEL

Consumidora compra créditos em um sistema piloto de pré-pagamento de energia em Maués (AM)

convencional, a qualquer tempo, sem e controlar, por conta própria, o seu


necessidade de carência, prazos e ônus. gasto com energia. “Ele passará a ter
Além de permitir ao consumidor uma melhor gestão do seu consumo,
o melhor gerenciamento do consumo já que poderá adquirir créditos em pe-
de energia, o sistema dá mais transpa- quenas quantidades e a qualquer tem-
rência aos gastos diários por meio de po”, acrescenta.
informações em tempo real. A flexibi- Trabalhadores autônomos tam-
lidade na aquisição e no pagamento bém poderão ser beneficiados pela
da energia, a eliminação da cobrança medida. Para Zélia Paz, que trabalha
de multas, juros de mora e taxas de em casa como costureira e não tem
religação e a economia no orçamento uma renda fixa mensal, a ideia do pré-
doméstico por meio da mudança dos -pagamento se mostra como uma óti-
hábitos de consumo são outros bene- ma opção. “Como não tenho um sa-
fícios que podem ser percebidos pelo lário, fica difícil programar as contas.
consumidor. Por parte da distribuidora, Tenho um consumo alto de energia por
espera-se a redução dos custos opera- causa do meu trabalho e agora, com a
cionais, diminuição da inadimplência possibilidade de comprar créditos em
e a melhoria do relacionamento entre vez da conta no final do mês, posso
a empresa e seus consumidores, ao se comprar os créditos à medida que vou
evitar inconvenientes gerados por er- recebendo pelas encomendas”, diz.
ros de leitura, faturamentos por esti- Para que o sistema funcione
mativa, cortes indevidos e problemas adequadamente, as distribuidoras de-
de religação fora do prazo. vem disponibilizar créditos para venda
“Apesar de o pré-pagamento em variados tipos de estabelecimen-
ser uma medida disponibilizada para tos. O consumidor poderá comprá-los,
todos, sabemos que atingirá principal- por exemplo, em supermercados, far-
mente aqueles consumidores que es- mácias e bancas de jornal. Caso ocorra
tão frequentemente na lista de corte o esgotamento de seus créditos e ele
das distribuidoras por inadimplência”, não tenha como adquirir outros ime-
afirma Bragatto. Com a nova modali- diatamente, ele pode solicitar o cré-
dade, esse consumidor terá como es- dito emergencial, que será abatido de
tabelecer metas para melhor planejar sua próxima recarga.

Revista Eficiência Energética | 41


Coloque a eficiência
energética em sua
estante de cabeceira.
E não estamos
falando do abajur.

O Programa de Eficiência Energética, sob gestão


da Agência Nacional de Energia Elétrica,
impulsiona a publicação de artigos e estudos
para a divulgação de conhecimentos no tema.
Conheça alguns dos títulos que nos ajudam a
impulsionar o uso consciente da energia no
Brasil, em seus múltiplos aspectos.
Alternativas não Alternativas não Desafios da inovação Desvendando as Diretrizes para
convencionais para convencionais para em serviços públicos redes elétricas análises quantitativas
transmissão de transmissão de regulados: inteligentes: de emissões líquidas
energia elétrica: energia elétrica: alterando paradigmas smart grid handbook de gases de efeito
estado da arte estudos técnicos e metodológicos na estufa em
econômicos concepção das tarifas de reservatórios:
energia elétrica
Volume 1 – Programas de
medição e análise de
dados
Projeto Transmitir – Projeto Transmitir –
Coppetec/UFRJ, Coppetec/UFRJ, Qualitiymark – Elektro MME – Projeto Balcar /
FDTE/USP e Eletronorte FDTE/USP e Eletronorte / iAbradee Brasport – Light Coppe/UFRJ

Estado da arte em A estrutura tarifária Prospecção e A estrutura tarifária Redes elétricas


ciclo do carbono em de energia elétrica: hierarquização de em monopólios inteligentes no
reservatórios: teoria e aplicação inovações naturais: Brasil: subsídios para
revisão bibliográfica tecnológicas novas reflexões no setor um plano nacional de
aplicadas a linhas de elétrico implantação
transmissão

MME – Projeto Balcar / Synergia Editora – Inova Linhas de Synergia Editora – Synergia Editora –
Coppe/UFRJ Elektro / iAbradee Transmissão Elektro / iAbradee Cemig/iAbradee/Aptel
Dinamismo e fluidez
são nossa assinatura
A transparência, o desempenho e a sustentabilidade
pautaram a elaboração da nova marca do Programa de
Eficiência Energética da ANEEL. Saiba mais no
manual Procedimentos do Programa de Eficiência
Energética – Propee, no portal da
ANEEL: www.aneel.gov.br.

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