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CONCEITO
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Em uma visão clássica ou moderna, pois própria da modernidade, tem-se notado a
prevalência do conceito do instituto que pode ser extraído do art. 1.321 do Código Civil
italiano, ou seja, de que o contrato é o acordo de duas ou mais partes para constituir, regular
ou extinguir entre elas uma relação jurídica de caráter patrimonial. Muitos juristas brasileiros
seguem essa conceituação, como, por exemplo, Orlando Gomes e Álvaro Villaça Azevedo.
Cumpre anotar que tal feição clássica do contrato limita o seu conteúdo às questões
patrimoniais ou econômicas. Trata-se da patrimonialidade, tão cara aos italianos. Conforme
comentam Cian e Trabucchi, o requisito da patrimonialidade serve para distinguir o contrato
de outras figuras negociais, genericamente tidas como convenções, caso dos negócios de
direito de família. Nesse contexto de definição, o contrato não pode ter uma feição existencial
ou extra patrimonial. A título de exemplo, pela visão clássica, o contrato não pode ter como
conteúdo os direitos da personalidade, mesmo que indiretamente.
1.1. Jurisprudência
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“Plano de saúde. Paciente em tratamento de câncer. Cobertura para realização de
sessões de radioterapia convencional. Recusa de cobertura para nova espécie de radioterapia
prescrita à autora, com a técnica IMRT, porque não incluída ainda no rol de procedimentos
divulgados pela ANS. Inadmissibilidade. Não se tratando de procedimento experimental, deve
se considerar abrangido pela proteção do contrato em vigor. Recurso desprovido” (TJSP –
Agravo de Instrumento 590.949.4/4 – Acórdão 3309012, São Bernardo do Campo –Segunda
Câmara de Direito Privado – Rel. Des. Morato de Andrade – j. 21.10.2008 –DJESP
14.11.2008).
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unilateralidade na produção e contratação passou a ser a marca registrada nas relações de
consumo, ou seja, apenas uma das partes passaria a ditaras regras do “jogo”.
Nos dizeres de Sergio Cavalieri Filho, “o ponto de vista atual do contrato é social. A
sua principal função é criar uma cooperação social saudável. A sociedade atual luta por
liberdade com igualdade (substancial), ou seja, por solidariedade, por justiça social. Estamos
deixando a era dos ‘direitos declarados’, para ingressarmos na dos ‘direitos concretizados’.
Nesse novo contexto, as pedras angulares do novo Direito contratual são a equidade e a boa-
fé. Daí, o recrudescimento e a valorização do aspecto sinalagmático da relação jurídica. Não
mais se conforma a sociedade com a igualdade formal dos contratantes, pura e simplesmente.
Ao contrário, deseja muito mais do que isso; pretende o reequilíbrio, o balanceamento total da
relação, inclusive e principalmente no que respeita aos seus aspectos éticos.
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Determina o art. 51, § 2º, do CDC que a “nulidade de uma cláusula contratual
abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de
integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes”. Demonstra o Código do
Consumidor a intenção explícita de preservar o contrato ainda que seja necessário o
reconhecimento da nulidade de uma cláusula abusiva.
De fato, o disposto no art. 51, § 2º, do CDC traz o princípio da preservação dos
contratos de consumo de forma mais explicitada quando cotejado com o previsto no art. 6º,
inciso V, do mesmo Diploma, conforme analisado neste livro no subitem “4.3.6. Direito à
modificação e revisão como formas de preservação (implícita) do contrato de consumo”.
Com efeito, não basta dar a oportunidade ao consumidor de ter acesso formação
contrato. O princípio em comento exige a necessidade do acesso material, efetivo e real do
objeto contratual, isto é, que o contrato deve ser redigido de tal forma que o consumidor ao lê-
lo será capaz de compreender o seu conteúdo.
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Assim, para que o vulnerável da relação de consumo possa ser obrigado a cumprir
com a sua parte nos termos pactuados, imprescindível que o contrato tenha sido redigido de
modo a facilitar o entendimento do seu sentido e alcance.
2.4.1 Jurisprudência
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INVIABILIDADE. INCLUSÃODE DEPENDENTE. INAPLICABILIDADE DO § 5º
DO ART. 35 DA LEI 9.656/98.OPORTUNIDADE DE ADAPTAÇÃO AO NOVO
SISTEMA. NÃO CONCESSÃO.CLÁUSULA CONTRATUAL. POSSIBILIDADE DE
INCLUSÃO DE QUALQUER PESSOACOMO DEPENDENTE. EXCLUSÃO DE
COBERTURA DE LESÕES DECORRENTES DEMÁ-FORMAÇÃO CONGÊNITA.
EXCEÇÃO. FILHO DE SEGURADA NASCIDO NAVIGÊNCIA DO SEGURO.
INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDORADERENTE.
ABUSIVIDADE DA NEGATIVA DE COBERTURA DE SITUAÇÃO DEURGÊNCIA.
1. A análise de suposta violação de dispositivo constitucional é vedada nesta instância
especial, sob pena de usurpação da competência atribuída ao Supremo Tribunal
Federal. 2. Inaplicabilidade da regra do § 5º do art. 35 da Lei n. 9.656/98 quando ao
consumidor não foi dada a oportunidade de optar pela adaptação de seu contrato de
seguro de saúde ao novo sistema. 3. Afastada a restrição legal à inclusão de dependentes,
permanece em plena vigência a cláusula contratual que prevê a possibilidade de inclusão
de qualquer pessoa como dependem tem seguro de saúde. 4. Obrigação contratual da
seguradora de oferecer cobertura às lesões decorrentes de má-formação congênita aos
filhos das seguradas nascidos na vigência do contrato. 5. Cláusulas contratuais devem ser
interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor, mormente quando se trata de contrato
de adesão. Inteligência do art. 47 do CDC. 6. Cobertura que não poderia, de qualquer
forma, ser negada pela seguradora, por se tratar de situação de urgência, essencial à
manutenção da vida do segurado, sob pena de se configurar abusividade contratual. 7.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO (REsp 1.133.338/SP, Rel. Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, 3ª T., DJe9-4-2013).
os escritos particulares;
os recibos;
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os pré-contratos.
Sempre que adentramos ao tema boa-fé, a questão preliminar a ser levantada consiste
em saber se estamos nos referindo à modalidade subjetiva ou objetiva. A boa-fé subjetiva
tem seus holofotes voltados para questões internas, psicológicas dos sujeitos de direito. Na
verdade, busca-se saber se o titular de um direito tinha ciência ou não da existência do vício
que estava por trás da prática de determinado ato jurídico.
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Código Civil de 2002 traz dispositivos semelhantes, ao cuidar, por exemplo, do
instituto da lesão, igualmente anunciando a função social dos contratos, possibilidade de sua
revisão e outros mecanismos. Isto tudo à vista da interpretação interdisciplinar dos seus
cânones, à luz do Código do Consumidor.
“Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função
social do contrato.”
Pelo que se pode observar, assim como já o fizera o Código do Consumidor, o novo
Código Civil afasta-se da consideração do contrato como simples acordo entre indivíduos, e
cujo cumprimento ou não apenas a eles interessa, para considerá-lo como relevante pela
função social que exerce. Ou seja, pela repercussão que causa o contrato de adesão, para um
número indeterminado de cidadãos aderentes à vontade de apenas um dos contratantes. Como
já o fizera, pois, o Código do Consumidor, afasta-se o novo diploma legal do individualismo e
do patrimonialismo egocêntrico, para firmar os limites da liberdade de contratar em face de
sua função social, expressamente, na letra do art. 421 do mesmo Código Civil.
Por isso, os defensores dos consumidores, como o presente autor, não devem temer o
Código Civil de 2002, como temiam o Código Civil de 1916, norma essencialmente
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individualista e egoística. Como o Código Civil de 2002 pode servir também para a tutela
efetiva dos consumidores, como se verá, supera-se, então, no que tange aos contratos, a idéia
de que o Código Consumerista seria um microssistema jurídico, totalmente isolado do Código
Civil de 2002.
Deve ficar claro, contudo, e de antemão, que, apesar do termo “Código”, o CDC não
tem um papel central no Direito Privado, como tem o Código Civil Brasileiro. Isso porque os
conceitos fundamentais privados constam da codificação privada, e não da Lei Consumerista.
A título de exemplo, o CDC trata da prescrição e da decadência, dos contratos de consumo e
da responsabilidade civil consumerista. Todavia, os conceitos estruturantes de tais institutos
constam do Código Civil de 2002.
Claudia Lima Marques demonstra três diálogos possíveis a partir da teoria exposta:
a) Havendo aplicação simultânea das duas leis, se uma lei servir de base conceitual para
a outra, estará presente o diálogo sistemático de coerência. Exemplo: os conceitos dos
contratos de espécie podem ser retirados do Código Civil, mesmo sendo o contrato de
consumo, caso de uma compra e venda (art. 481 do CC).
b) Se o caso for de aplicação coordenada de duas leis, uma norma pode completar a
outra, de forma direta (diálogo de complementaridade) ou indireta (diálogo de
subsidiariedade). O exemplo típico ocorre com os contratos de consumo que também
são de adesão. Em relação às cláusulas abusivas, pode ser invocada a proteção dos
consumidores constante do art. 51 do CDC e, ainda, a proteção dos aderentes
constante do art. 424 do CC.
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4. ESTRUTURA DO CONTRATO PARITÁRIO X CONTRATO DE ADESÃO
Para Orlando Gomes, em obra específica sobre o assunto, lembra que as exigências
práticas da vida econômica, a necessidade de circulação intensa de bens e de capital, entre
outros fatores, consolidaram de forma plena essa figura contratual. Anote-se que o notável
jurista define contrato de adesão como “o negócio jurídico no qual a participação de um dos
sujeitos sucede pela aceitação em bloco de uma série de cláusulas formuladas
antecipadamente, de modo geral e abstrato, pela outra parte, para constituir o conteúdo
normativo e obrigacional de futuras relações concretas”.
Diniz (2009), prefere utilizar a expressão contratos por adesão para denominar o
contrato de adesão, “verificando que se constitui pela adesão da vontade de um oblato
indeterminado à oferta permanente do proponente ostensivo”. Desse modo, “os contratos por
adesão constituem uma oposição à ideia de contrato paritário, por inexistir a liberdade de
convenção, visto que excluem a possibilidade de qualquer debate e transigência entre as
partes, uma vez que um dos contratantes se limita a aceitar as cláusulas e condições
previamente redigidas e impressas pelo outro (RT ,795:234,519:163; JB, 158:263), aderindo a
uma situação contratual já definida em todos os seus termos”.
Compreendem-se perfeitamente as razões técnicas apontadas pela eminente civilista.
Porém, pela terminologia utilizada tanto pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 54)
quanto pelo Código Civil de 2002 (arts. 423 e 424), prefere-se a expressão contratos de
adesão. Na realidade, pode se dizer que as expressões contratos de adesão e contratos por
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adesão são sinônimas, conclusão essa que tem a finalidade de inclusão da proteção do
vulnerável contratual.
Em suma, pode-se dizer que o contrato de adesão é aquele em que uma parte, o
estipulante, impõe o conteúdo negocial, restando à outra parte, o aderente, duas opções:
aceitar ou não o conteúdo desse negócio. Esse conceito deve ser visto em sentido amplo, de
modo a englobar todas as figuras negociais em que as cláusulas são preestabelecidas ou
predispostas, caso do contrato-tipo e do contrato formulário, categorias em que as cláusulas
são predeterminadas até por um terceiro. Como se sabe, os últimos contratos até são
comercializados, em alguns casos (v.g., modelos de contratos vendidos em papelarias ou pela
internet).
Tampouco se há de afirmar que o contrato em sua função econômica pura não seja
compatível com as preocupações éticas do direito atual. Muito ao contrário, a força
obrigatória das convenções privadas nasceu justamente da consciência ética de que o homem
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de bem tem de honrar a palavra empenhada. O direito positivo, portanto, nada mais fez do que
consagrar em lei aquilo que os costumes e a cultura chancelavam de ético e necessário.
O juiz, portanto, pode rever e rescindir o contrato que se mostre viciado quanto à
liberdade negocial e quanto aos desvios da ordem jurídica e dos bons costumes, mas apenas
nos limites em que a lei preveja e autorize semelhante intervenção no domínio da livre-
iniciativa; nunca para, à luz da ideologia pessoal e segundo puras aferições de ordem moral,
desprezar as garantias de liberdade e segurança próprias da convivência civilizada
programada constitucionalmente para o Estado Democrático de Direito.
De direito é o Estado em que somente a lei obriga e no qual tanto as pessoas como o
governante a ela se submetem, com a certeza e confiança de que agindo de acordo com ela
podem gerir suas vidas e negócios de maneira livre e segura. Não é de direito o Estado que
confere aos seus agentes o poder subjetivo e autoritário de concretizar a solução dos conflitos
segundo critérios discricionários capazes de submeter as partes a regras e resultados que não
poderiam conhecer e avaliar ao tempo dos negócios concluídos e dos atos praticados.
Permitir que juízes e tribunais criem o direito à margem da lei existente e das
garantias constitucionais tutelares dos interesses negociados nos contratos equivale a recriar o
velho absolutismo do superado estado monárquico. Pouco importa que o autoritarismo da
justiça post factum, e, por isso, imprevisível, seja praticado pelo rei ou pelo juiz. O que não
pode ser havido como Estado moderno de direito é o que permite a qualquer detentor de poder
colocar-se acima do princípio constitucional da legalidade e da segurança.
O recurso à função social e à boa-fé deve ser empregado não para afastar a
supremacia da lei, mas apenas para bem e fielmente compreendê-la e para harmonizá-la com a
equidade, de maneira a que sua aplicação se dê segundo hermenêutica que ressalte sua melhor
e mais justa inteligência; nunca para transformar o juiz num moderno déspota, liberado, em
suas funções de aplicador da Constituição e da lei, dos próprios mandamentos que estas
traçaram para permitir a convivência social pacífica e a realização segura dos atos negociais
próprios do tráfego jurídico.
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especialmente, para o contrato. Não se protege o consumidor, nem qualquer outro contratante
hipossuficiente ou vulnerável, anulando todo o direito regulador das obrigações e dos
contratos. Este direito não pode ser abalado em seus alicerces irresponsavelmente. Pode ser
arejado e enriquecido com a inserção de normas éticas e invocadas por lei e com regras,
também legais, de repressão ao abuso da parte que detém mais força na negociação. Jamais,
entretanto, haverá de ser admitido que, para desempenhar uma política de tutela à parte fraca,
possa ser eliminada, no julgamento judicial, a própria base cultural e política do Estado de
Direito.
Vejamos o que diz a doutrina do autor Bruno Miragem sobre o direito de reflexão ou
arrependimento.
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descaracterização desta circunstância. É o caso da contratação de time-shaJingna qual o
consumidor inicialmente era convidado para uma festa, que embora ocorrendo dentro do
estabelecimento do fornecedor, encontrava-se descaracterizado como tal, e na qual o
consumidor é submetido ao apelo de compra por horas, mediante a veiculação de vídeos,
prospectos e outras técnicas de abordagem pelo fornecedor, inibindo sua decisão racional.
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contradição ou impugnação dos motivos alegados por quem desista do contrato. Por esta
razão, o exercício do direito fica limitado exclusivamente ao prazo fixado em lei.
A desistência do contrato, de sua vez, faz presumir que ele tenha sido celebrado e
que, para diante, no momento do exercício do direito de arrependimento do consumidor, será
desconstituído. Com isso, a regra básica é que as partes reconduzam-se ao estado anterior.
Uma questão de enorme repercussão prática quanto ao exercício do direito de arrependimento,
contudo, diz respeito ao modo como deverá ser realizado. Isto porque não é incomum que
fornecedores de produtos ou serviços condicionem a desistência do contrato a providências a
cargo do consumidor que, em geral, representam novos custos, e o desestímulo ao exercício
do direito de arrependimento.
A interpretação dos contratos nas relações de consumo deve ser sempre a mais
favorável ao consumidor, quer dizer, no caso concreto, as disposições contratuais, em caso de
mais de um sentido possível, deverão ser entendidas quanto ao significado que mais beneficie
o consumidor, conforme o dispositivo do artigo 47 do CDC, que versa que as cláusulas
contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. Assim sendo, no
Direito Consumerista a diminuição da importância do elemento pessoal e subjetivo do acordo
para a elevação do caráter objetivo. A interpretação mais favorável ao consumidor advém dos
princípios da vulnerabilidade.
Segundo Benjamin Marques Bessa, ressalta que, diante de dois ou mais sentidos
possíveis de serem extraídos da literalidade do contrato, deve-se aplicar a interpretação que
seja mais favorável à parte do contrato, qual seja, o consumidor, bem como na hipótese de
existirem duas cláusulas contraditórias deve prevalecer a que mais vantagens apresentarem à
ele.
Nos contratos, em geral, as partes não podem ser compelidas a dar continuidade ao
vínculo contratual, porém, esse preceito não é aplicável aos contratos cativos de consumo ou
de longa duração. Nesse tipo de avença deve ser aplicado o princípio da continuidade, vez
que a prestação de serviços dela decorrente se protrai no tempo e, após vários anos de
vigência, cria-se tal relação de confiança e dependência que o consumidor que cumpriu
regularmente suas obrigações não tem interesse em pôr fim ao contrato, tendo expectativas
quanto a sua estabilidade. Pretender a rescisão unilateral e imotivada, nesses casos, viola a
boa-fé e a equidade.
Com efeito, destaca-se o importante controle realizado por força do Poder Judiciário,
muitas vezes provocado por um Ministério Público forte e atuante que, conforme
analisaremos em breve, vem colaborando para o surgimento de um arcabouço de decisões
judiciais paradigmáticas no tocante à proteção do vulnerável da relação de consumo.
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mandato, que, segundo os ensinamentos de Bruno Miragem, possui como hipóteses no
contrato bancário:
a) Cláusula irrevogável pela qual o consumidor autoriza o banco a emitir e aceitar título de
crédito no valor correspondente à dívida apurada unilateralmente;
b) a cláusula pela qual o consumidor autoriza o banco a debitar de sua conta corrente os
custos e despesas decorrentes da emissão de cartão de crédito, bem como do valor das faturas
vincendas do mesmo; e
As razões da existência da aludida vedação, conforme ensina Nelson Nery Junior, estão
fundadas:
8.2 Jurisprudência
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conflitos entre mandante e mandatário. Precedentes (REsp 504.036/RS e AgRg Ag
562.705/RS).
2 — Ademais, a orientação desta Corte é no sentido de que a cláusula contratual que
permite a emissão da nota promissória em favor do banco/embargado, caracteriza-se
como abusiva, porque violadora do princípio da boa-fé, consagrado no art. 51, inciso IV
do Código de Defesa do Consumidor. Precedente (REsp 511.450/RS).
3 — Agravo regimental desprovido (AgRg no REsp 808.603/RS, Rel. Ministro Jorge
Scartezzini, 4ªT., DJ 29-5-2006).
No entanto, o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo pela legalidade da cláusula-
mandato nos contratos de cartão de crédito, conforme no julgado infra: “Reconhecimento
da validade da cláusula mandato em contrato de cartão de crédito, não se aplicando o
enunciado da súmula 60 do STJ” (AgRg no REsp 796.466/RS, Rel. Ministro Paulo de
Tarso Sanseverino, 3ª T., DJe2-2-2011).
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REFERÊNCIAS:
FILOMENO, B.G.J.; Direitos do consumidor /. – 15. ed. rev., atual. e ref. – São Paulo:
Atlas, 2018.
MIRAGE.B.; Curso de Direito do Consumidor– 6ª ed. ref. rev. E atual. – São Paulo –
Revista dos Tribunais, 2016
DINIZ, M.H Curso de Direito Civil Brasileiro. Teoria geral das obrigações contratuais e
extracontratuais. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 87.
GOMES, Orlando. Contrato de adesão: condições gerais dos contratos, São Paulo: RT,
1972. p. 3.
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