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Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar e discutir as principais implicações
da Declaração de Princípios do Mercosul sobre Proteção Internacional dos Refugiados na
prática brasileira voltada à proteção das pessoas que buscam refúgio no território brasileiro.
Abstract: This paper aims to present and discuss the main implications of the Mercosur
Declaration of Principles on International Protection of Refugees in Brazilian practice focused
on the protection of persons seeking asylum in Brazil.
Introdução
Desenvolvimento
1
Pós-graduando em Direito Internacional e Econômico pela Universidade Estadual de Londrina. Advogado.
O Direito Internacional dos Refugiados é marcado pelas mais diversas políticas de
proteção, conceitos e definições sobre as pessoas que são consideradas refugiadas, ainda que
após a Segunda Guerra Mundial, sob a égide do Sistema ONU - mais especificamente dentro
do Alto Comissariado das Nações Unidas sobre os Refugiados (ACNUR) que foi criado em
1950 – os Estados tenderam a observar o teor das convenções sobre refugiados deste sistema
para basearem suas legislações, bem como implementar suas políticas de proteção. Nesse
contexto de heterogeneidade normativa, que é típica da sociedade internacional, destaca-se a
evolução do conceito de refugiado no contexto latino-americano, uma vez que este também se
reveste de especificidades e, atualmente, exerce uma pressão para a modernização da
legislação brasileira sobre o tema.
Diante da proposta do trabalho, é importante esclarecer dois pontos fundamentais: 1)
Qual a interpretação do instituto do refúgio no contexto latino-americano e; 2) Qual a
interpretação do instituo do refúgio no Brasil.
No contexto latino-americano, diante das peculiaridades do continente, o instituto do
asilo adquiriu características próprias (FISCHEL DE ANDRADE, 1996, p.19), influenciando
o surgimento do instituto do refúgio nessa região. Assim, em 23 de janeiro de 1889, foi
celebrado o Tratado sobre Direito Penal Internacional, versando - entre outras matérias –
sobre o asilo, delitos políticos e extradição.
Contudo, somente em 1984 com a Declaração de Cartagena sobre os Refugiados, em
sua terceira conclusão, ante os movimentos de refugiados causados pela crise na América
Central nos anos 80 (GOODWIN, 2007, p. 38), a definição de refugiado é ampliada, trazendo
então, novos elementos que influenciariam os novos diplomas sobre o tema do refúgio. Na
Convenção ora citada, a terceira conclusão assim versa:
“Terceira - Reiterar que, face à experiência adquirida pela afluência em massa de
refugiados na América Central, se toma necessário encarar a extensão do conceito de
refugiado tendo em conta, no que é pertinente, e de acordo com as características da
situação existente na região, o previsto na Convenção da OUA (artigo 1., parágrafo
2) e a doutrina utilizada nos relatórios da Comissão Interamericana dos Direitos
Humanos. Deste modo, a definição ou o conceito de refugiado recomendável para
sua utilização na região é o que, além de conter os elementos da Convenção de 1951
e do Protocolo de 1967, considere também como refugiados as pessoas que tenham
fugido dos seus países porque a sua vida, segurança ou liberdade tenham sido
ameaçadas pela violência generalizada, a agressão estrangeira, os conflitos internos,
a violação maciça dos direitos humanos ou outras circunstâncias que tenham
perturbado gravemente a ordem pública”.
De acordo com a citada Convenção de 1951, no seu art. 1°, refugiado será qualquer
pessoa:
Que, em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1° de janeiro de 1951
e temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social
ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode
ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não
tem nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha sua residência habitual ou
em consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não
quer voltar a ele.
Conclusão
Diante do exposto conclui-se que, apesar das mudanças no contexto latino-americanos sobre
as definições e âmbitos de proteção dos refugiados, bem como sua evolução em um sentido
normalmente considerado generoso, o teor da Declaração de Princípios do Mercosul sobre a
Proteção Internacional dos Refugiados exige, não só do Brasil, uma evolução no tratamento
das questões relacionadas ao Direito Internacional dos Refugiados.
Referências:
ARAÚJO, Nádia de; ALMEIDA, Guilherme de Assis (Coords). O Direito Internacional dos
Refugiados: Uma Perspectiva Brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.
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CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Tratado de Direito Internacional dos Direitos
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FISCHEL DE ANDRADE, J. H. Direito Internacional dos Refugiados – Evolução Histórica
(1921 -1952). Rio de Janeiro: Renovar, 1996.
GOODWIN-GILL, Guy; McADAM, Jane. The Refugee In International Law. New York:
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JUBILUT, L.L. “O Direito Internacional dos Refugiados e sua Aplicação no Ordenamento
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