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Superior Tribunal de Justiça
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ACÓRDÃO
Documento: 1157568 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/06/2012 Página 1 de 9
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Nas razões do recurso especial, alega o recorrente afronta ao anexo IV,
Tabela I, alínea "c", da Medida Provisória nº 2.215/2001.
Afirma que o Comando da Aeronáutica, por meio da Portaria nº R-260/GC6
de 11 de junho de 2003 e da Portaria nº R-327/GC3 de 10 de julho de 2003, emprestou
interpretação equivocada ao referido dispositivo ao asseverar que o militar deveria ser
acompanhado com dependentes para as missões para receber o valor integral da
remuneração.
Sustenta que as referidas Portarias foram posteriormente revogadas, por
meio da Portaria nº 1005/GC6 de 31 de agosto de 2005, tendo o Comando voltado a pagar
normalmente aos militares em missão acima de 15 dias uma remuneração na ida e outra na
volta.
Aduz que no dispositivo legal em referência não há "qualquer
condicionamento ao pagamento da ajuda de custo nos moldes do exposto no texto legal à
efetiva presença dos dependentes dos militares nas comissões."
Argumenta, outrossim, que as portarias, sendo atos normativos infralegais,
não podem impor restrição não imposta em lei e que a intenção do legislador era a de
determinar apenas se o militar possui ou não dependentes, não havendo necessidade de
levá-los nas missões. No ponto, acrescenta que, "se fosse o interesse do legislador que os
dependentes acompanhassem o Militar em missões, certamente expressaria tal exegese na
própria Lei."
Por fim, ressalta que "a única ajuda de custo legal que se preocupa se o
militar possui dependentes ou não é a elencada no art. 55 no seu § único do Decreto nº
4.307/2000, onde o militar mudará de sede e por consequência deverá instalar seus
dependentes."
Em contrarrazões, afirma a União a inviabilidade do recurso por ausência de
pressuposto recursal, ante a ausência de indicação do dispositivo constitucional
autorizador do recurso especial.
No mérito, esclarece que, à época em que o recorrente realizou a missão em
tela, aplicavam-se as Portarias nºs R-260/GC6, de 11 de junho de 2003 e R-327/GC3, de
10 de julho de 2003, segundo as quais "o ato de designação do militar para realização de
comissão deveria indicar expressamente se a movimentação far-se-ia com o
acompanhamento de dependentes, o que possibilitaria o seu enquadramento na alínea
respectiva da Tabela I do Anexo da MP 2.215-10, de 31 de agosto de 2001."
Assevera que, com o advento da Portaria nº 1.005/GC6, de 31 de agosto de
2005, o pagamento do benefício passou a ser efetuado, com base na conveniência
administrativa, levando-se em conta apenas se o militar possuía ou não dependentes. No
entanto, salienta, "a mudança de entendimento acerca do tema não gerou prejuízo para os
militares que realizaram comissões na vigência das Portarias anteriores, dado o caráter
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indenizatório do benefício."
É o relatório.
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EMENTA
VOTO
Por outro lado, o Anexo IV, Tabela I, alínea "c", da Medida Provisória nº
2.215/2001, regulamentada pelo Decreto nº 4.307/2002, estabelece que "O Militar, com
dependente, nas movimentações para comissão superior a quinze dias e igual ou inferior a
três meses, sem desligamento de organização militar", tem direito a "uma vez o valor da
remuneração na ida e outra na volta."
No que se refere, contudo, ao Militar sem dependente, prevê a alínea "e" da
referida Tabela o direito à metade do valor da remuneração na ida e na volta.
No entender do recorrente, deveria ter recebido a ajuda de custo com base
na alínea "c", embora tenha recebido nos termos da alínea "e", uma vez que tinha
dependentes, embora não o tenham acompanhado na missão.
Ocorre, porém, que à época dos fatos aplicavam-se, com base na expressa
previsão da Medida Provisória nº 2.215/2001 à regulamentação da ajuda de custo, as
Portarias nºs R-260/GC6, de 11 de junho de 2003 e R-327/GC3, de 10 de julho de 2003,
segundo as quais nas comissões em que fosse efetivamente acompanhado de dependentes
teria o militar direito à ajuda de custo no valor da remuneração integral.
Referidos atos não afrontam a Medida Provisória nº 2.215/2001 ou
extrapolam o poder regulamentar conferido pela lei à Administração.
É sabido que o poder regulamentar, que tem a finalidade de viabilizar a
efetiva execução da lei, não pode contrariá-la ou extrapolar os limites por ela fixados,
devendo seu exercício estar em conformidade com o conteúdo da lei. Admite-se, no
entanto, o estabelecimento de obrigações derivadas das obrigações legais, desde que
observada a devida adequação.
Sobre o tema, oportuno trazer à baila a lição do administrativista José dos
Santos Carvalho Filho:
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro OG FERNANDES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MOACIR MENDES DE SOUSA
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : LEANDRO SANTI DA SILVA
ADVOGADO : GILNEI LUCAS BELÍSSIMO
RECORRIDO : UNIÃO
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Militar -
Sistema Remuneratório e Benefícios
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra.
Ministra Relatora."
Os Srs. Ministros Og Fernandes, Sebastião Reis Júnior e Alderita Ramos de Oliveira
(Desembargadora convocada do TJ/PE) votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Og Fernandes.
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