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Aula 08-Medicina Vip-Português no Enem e vestibulares- NORMA CULTA E VARIAÇÕES-QUESTÕES

Texto comum para as questões de 1 a 3. e) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de


Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o estereotipação e o jogador entrevistado não
padrão formal da Língua Portuguesa, saber adequar o corresponder ao estereótipo.
uso da linguagem ao contexto discursivo. Para 2 O texto mostra uma situação em que a linguagem
exemplificar este fato, seu professor de Língua usada é inadequada ao contexto. Considerando as
Portuguesa convida-o a ler o texto Aí, Galera, de Luís diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a
Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca com opção que representa também uma inadequação da
situações de discurso oral que fogem à expectativa do linguagem usada ao contexto:
ouvinte. a) “o carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito”
Aí, Galera – um pedestre que assistiu ao acidente comenta com o
Jogadores de futebol podem ser vítimas de outro que vai passando.
estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” – um jovem que
jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no fala para um amigo.
entanto, por que não? c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma
– Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. observação” – alguém comenta em uma reunião de
– Minha saudação aos aficionados do clube e aos trabalho.
demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me
seus lares. ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada
– Como é? empresa” – alguém que escreve uma carta candidatando-
– Aí, galera. se a um emprego.
– Quais são as instruções do técnico? e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm
– Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro
contenção coordenada, com energia otimizada, na zona próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros” –
de preparação, aumentam as probabilidades de, um professor universitário em um congresso
recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe internacional.
agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, 3 A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser
valendo-nos da desestruturação momentânea do substituída, sem comprometimento de sentido, em
sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada língua culta, formal, por:
do fluxo da ação. a) pegá-los na mentira. b) pegá-los desprevenidos.
– Ahn? c) pegá-los em flagrante. d) pegá-los rapidamente.
– É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem e) pegá-los momentaneamente.
calça. 4. Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o
– Certo. Você quer dizer mais alguma coisa? uso de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras
– Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, como shopping center, delivery e drive-through sejam
algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas.
pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque,
genéticas? que quer fazer área de livre comércio com nosso inculto
– Pode. e belo idioma, venho sugerir algumas outras medidas
– Uma saudação para a minha progenitora. que serão de extrema importância para a preservação
– Como é? da soberania nacional, a saber:
- Alô, mamãe! ..........
- Estou vendo que você é um, um... • Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer “Tu
- Um jogador que confunde o entrevistador, pois não vai” em espaços públicos do território nacional;
corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser • Nenhum cidadão paulista poderá dizer “Eu lhe amo”
algo primitivo com dificuldade de expressão e assim e retirar ou acrescentar o plural em sentenças como
sabota a estereotipação? “Me vê um chopps e dois pastel”;
- Estereoquê? ..........
- Um chato? • Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz
- Isso. Correio Braziliense, 13/05/1998. com a palavra “borraxaria” e nenhum dono de banca
1. O texto retrata duas situações relacionadas que fogem de jornal anunciará “Vende-se cigarros”;
à expectativa do público. São elas: ..........
a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da • Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a
entrevista, e a saudação final dirigida à sua mãe. utilizar colocações pronominais como “casar-me-ei”
b) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à ou “ver-se-ão”. PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado
situação da entrevista, e um jogador que fala, com de S. Paulo, São Paulo, 8/04/2001.
desenvoltura, de modo muito rebuscado. No texto anterior, o autor
c) o uso da expressão “galera”, por parte do a) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender
entrevistador, e da expressão “progenitora”, por parte do que a língua portuguesa deve ser protegida contra
jogador. deturpações de uso.
d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam
palavra “estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra determinados usos regionais e socioculturais da língua.
dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”.
c) denuncia o desconhecimento de regras elementares de Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
concordância verbal e nominal pelo falante brasileiro. Junto formamos este assombro de misérias e grandezas,
d) revela-se preconceituoso em relação a certos registros Brasil, nome de vegetal! (...)” (Mário de Andrade. Poesias
linguísticos ao propor medidas que os controlem. completas. 6. ed. São Paulo: Martins Editora, 1980.)
e) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos O texto poético ora reproduzido trata das diferenças
aprendam a empregar corretamente os pronomes. brasileiras no âmbito
5. A dança e a alma a) étnico e religioso. b) linguístico e econômico.
A DANÇA? Não é movimento, c) racial e folclórico. d) histórico e geográfico.
súbito gesto musical. e) literário e popular.
É concentração, num momento, 8. Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca,
da humana graça natural. orelha de porco e couve com angu, arroz-mole
No solo não, no éter pairamos, engordurado, carne de vento assada no espeto,
nele amaríamos ficar. torresmo enxuto de toicinho da barriga, viradinho de
A dança – não vento nos ramos: milho verde e um prato de caldo de couve, jantar
seiva, força, perene estar. encerrado por um prato fundo de canjica com torrões
Um estar entre céu e chão, de açúcar, Nhô Tomé saboreou o café forte e se estendeu
novo domínio conquistado, na rede. A mão direita sob a cabeça, a guisa de
onde busque nossa paixão travesseiro, o indefectível cigarro de palha entre as
libertar-se por todo lado... pontas do indicador e do polegar, envernizados pela
Onde a alma possa descrever fumaça, de unhas encanoadas e longas, ficou-se de
suas mais divinas parábolas pança para o ar, modorrento, a olhar para as ripas do
sem fugir à forma do ser, telhado.
por sobre o mistério das fábulas. Quem come e não deita, a comida não aproveita,
(Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: pensava Nhô Tomé... E pôs-se a cochilar. A sua
Aguilar, 1964. p. 366.) modorra durou pouco; Tia Policena, ao passar pela
A definição de dança, em linguagem de dicionário, que sala, bradou assombrada:
mais se aproxima do que está expresso no poema é — Eeh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta... Dá
a) a mais antiga das artes, servindo como elemento de pisadêra e pode morre de ataque de cabeça! Despois do
comunicação e afirmação do homem em todos os armoço num far-má... mais despois da janta?!
momentos de sua existência. Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo: Imprensa Oficial
b) a forma de expressão corporal que ultrapassa os do Estado de São Paulo, 1987.
limites físicos, possibilitando ao homem a liberação de Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente
seu espírito. em 1921, o narrador
c) a manifestação do ser humano, formada por uma a) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes da
sequência de gestos, passos e movimentos época, descrevendo os pratos servidos no jantar e a
desconcertados. atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena.
d) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com b) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora
ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, à narrativa usos próprios da linguagem regional das
cantos, emoções etc. personagens.
e) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do c) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia
indivíduo e, por consequência, ao seu desenvolvimento Policena, que tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se após
intelectual e à sua cultura. as refeições.
6. Leia com atenção o texto: d) utiliza a diversidade sociocultural e linguística para
[Em Portugal], você poderá ter alguns probleminhas se demonstrar seu desrespeito às populações das zonas
entrar numa loja de roupas desconhecendo certas rurais do início do século XX.
sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir e) manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao
para ver os ternos — peça para ver os fatos. Paletó é transcrever a fala dela com os erros próprios da região.
casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola — mas Texto para as questões 9 e 10.
não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. Aula de Português
(Ruy Castro. Viaje Bem. Ano VIII, no 3, 78.) A linguagem
O texto destaca a diferença entre o português do Brasil na ponta da língua
e o de Portugal quanto tão fácil de falar
a) ao vocabulário. b) à derivação. e de entender.
c) à pronúncia. d) ao gênero. A linguagem
e) à sintaxe. na superfície estrelada de letras,
7. As dimensões continentais do Brasil são objeto de sabe lá o que quer dizer?
reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
aparece no seguinte poema: e vai desmatando
“(...) o amazonas de minha ignorância.
Que importa que uns falem mole descansado Figuras de gramática, esquipáticas,
Que os cariocas arranhem os erres na garganta atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais? Já esqueci a língua em que comia,
Que tem se o quinhentos réis meridional em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé, a) vocabulário. b) construções sintáticas.
a língua, breve língua entrecortada c) pontuação. d) fonética.
do namoro com a priminha. e) regência verbal.
O português são dois; o outro, mistério. 13. A Ema
Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar. Rio de O surgimento da figura da Ema no céu, ao leste, no
Janeiro: José Olympio, 1979.
anoitecer, na segunda quinzena de junho, indica o início
9. Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta do inverno para os índios do sul do Brasil e o começo
expressa o contraste entre marcas de variação de usos da da estação seca para os do norte. É limitada pelas
linguagem em constelações de Escorpião e do Cruzeiro do Sul, ou
a) situações formais e informais. Cut’uxu. Segundo o mito guarani, o Cut’uxu segura a
b) diferentes regiões do país. cabeça da ave para garantir a vida na Terra, porque, se
c) escolas literárias distintas. ela se soltar, beberá toda a água do nosso planeta. Os
d) textos técnicos e poéticos. e) diferentes épocas. tupis-guaranis utilizam o Cut’uxu para se orientar e
10. No poema, a referência à variedade padrão da língua determinar a duração das noites e as estações do ano.
está expressa no seguinte trecho: A ilustração a seguir é uma representação dos corpos
a) “A linguagem / na ponta da língua” (v.1 e 2). celestes que constituem a constelação da Ema, na
b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” percepção indígena.
(v.5 e 6).
c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v.14).
d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v.15).
e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v.17).
11 . No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o
vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber
o salário. Eis parte da cena:
Não se conformou: devia haver engano. (...) Com Almanaque BRASIL, maio/2007 (com adaptações).
certeza havia um erro no papel do branco. Não se A próxima figura mostra, em campo de visão ampliado,
descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar como povos de culturas não indígenas percebem o
a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele espaço estelar em que a Ema é vista.
de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como
negro e nunca arranjar carta de alforria?
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom
que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem.
Não era preciso barulho não. Graciliano Ramos. Vidas Secas.
91a ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem Internet: <geocities.yahoo.com.br> (com adaptações).
convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo Assinale a opção correta a respeito da linguagem
no vocabulário. Pertence à variedade do padrão formal empregada no texto A Ema.
da linguagem o seguinte trecho: a) A palavra Cut’uxu é um regionalismo utilizado pelas
a) “Não se conformou: devia haver engano” (ℓ.1). populações próximas às aldeias indígenas.
b) “e Fabiano perdeu os estribos” (ℓ.3). b) O autor se expressa em linguagem formal em todos
c) “Passar a vida inteira assim no toco” (ℓ.3 - 4). os períodos do texto.
d) “entregando o que era dele de mão beijada!” (ℓ.4). c) A ausência da palavra Ema no início do período “É
e) “Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou” (ℓ.9). limitada (...)” caracteriza registro oral.
12. Antigamente d) A palavra Cut’uxu está destacada em itálico porque
Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando integra o vocabulário da linguagem informal.
perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, e) No texto, predomina a linguagem coloquial porque
depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou ele consta de um almanaque.
pílulas fedorentas. Doença nefasta era a phtísica, feia 14.
era o gálico. Antigamente, os sobrados tinham
assombrações, os meninos, lombrigas (...) Carlos
Drummond de Andrade. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro:
Companhia José Aguilar, p. 1.184.
O texto anterior está escrito em linguagem de uma época
passada. Observe uma outra versão, em linguagem atual.
Antigamente
Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando
mal, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à
farmácia para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas
fedorentas. Doença nefasta era a tuberculose, feia era a
sífilis. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,
os meninos, vermes (...)
Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível, v. 2. L&PM pocket,
segunda versão, houve mudanças relativas a p.55-6 (com adaptações).
Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro Que o botão da rosa caia.
informal, ou coloquial, da linguagem. Quando eu vim da minha terra,
a) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!” Despedi da parentaia.
b) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus Eu entrei em Mato Grosso,
chifres cairão!” Dei em terras paraguaia.
c) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a Lá tinha revolução,
atravessar a rua...” Enfrentei fortes bataia.
d) “...e ela me deu um anel mágico que me levou a um A tua saudade corta
tesouro” Como o aço de navaia.
e) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etiópia, O coração fica aflito,
onde um dragão...” Bate uma e outra faia.
15. Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo? E os oio se enche d´água
Cliente – Estou interessado em financiamento para Que até a vista se atrapaia.
compra de veículo. Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. BORTONI-
RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo:
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de
Parábola, 2004.
crédito.
O senhor é nosso cliente? Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se
funcionário do banco. inclui sua forma de falar, além de registrar um momento
Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá histórico. Depreende-se disso que a importância em
em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de preservar a produção cultural de uma nação consiste no
Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com fato de que produções como a canção Cuitelinho
calma. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua evidenciam a
materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado). a) recriação da realidade brasileira de forma ficcional.
Na representação escrita da conversa telefônica entre a b) criação neológica na língua portuguesa.
gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira c) formação da identidade nacional por meio da tradição
de falar da gerente foi alterada de repente devido a) à oral.
adequação de sua fala à conversa com um amigo, d) incorreção da língua portuguesa que é falada por
caracterizada pela informalidade. pessoas do interior do Brasil.
b) à iniciativa do cliente em se apresentar como e) padronização de palavras que variam regionalmente,
funcionário do banco. mas possuem mesmo significado.
c) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia 18. Texto I
(Minas Gerais). O professor deve ser um guia seguro, muito senhor de
d) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu sua língua; se outra for a orientação, vamos cair na
nome completo. “língua brasileira”, refúgio nefasto e confissão nojenta
e) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de de ignorância do idioma pátrio, recurso vergonhoso de
Júlio. homens de cultura falsa e de falso patriotismo. Como
16. havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade
se somos os primeiros a descuidar daquilo que exprime
e representa o idioma pátrio? ALMEIDA, N. M. Gramática
metódica da língua portuguesa. Prefácio. São Paulo: Saraiva, 1999
(adaptado).
Texto II
Alguns leitores poderão achar que a linguagem desta
Gramática se afasta do padrão estrito usual neste tipo
BROWNE, C. Hagar, o horrível. Jornal O GLOBO, Segundo de livro. Assim, o autor escreve tenho que reformular, e
Caderno. 20 fev. 2009. não tenho de reformular; pode-se colocar dois
A linguagem da tirinha revela constituintes, e não podem-se colocar dois constituintes;
a) o uso de expressões linguísticas e vocabulário e assim por diante. Isso foi feito de caso pensado, com a
próprios de épocas antigas. preocupação de aproximar a linguagem da gramática
b) o uso de expressões linguísticas inseridas no registro do padrão atual brasileiro presente nos textos técnicos
mais formal da língua. e jornalísticos de nossa época. REIS, N. Nota do editor.
c) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. São Paulo:
no segundo quadrinho. Ática, 1996.
d) o uso de um vocabulário específico para situações Confrontando-se as opiniões defendidas nos dois textos,
comunicativas de emergência. conclui-se que
e) a intenção comunicativa dos personagens: a de a) ambos os textos tratam da questão do uso da língua
estabelecer a hierarquia entre eles. com o objetivo de criticar a linguagem do brasileiro.
17. Cuitelinho b) os dois textos defendem a ideia de que o estudo da
Cheguei na bera do porto gramática deve ter o objetivo de ensinar as regras
Onde as onda se espaia. prescritivas da língua.
As garça dá meia volta, c) a questão do português falado no Brasil é abordada
Senta na bera da praia. nos dois textos, que procuram justificar como é correto
E o cuitelinho não gosta e aceitável o uso coloquial do idioma.
d) o primeiro texto enaltece o padrão estrito da língua,
ao passo que o segundo defende que a linguagem
jornalística deve criar suas próprias regras gramaticais.
e) o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da
língua, enquanto o segundo defende uma adequação da
língua escrita ao padrão atual brasileiro.
Texto para as questões 19 e 20.
Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de
vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser
aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa
aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil
de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de
pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá
asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser
brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é:
qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo?
São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da
sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio
dentro de vocês. Para nós, o importante é que vocês
olhem para a gente como seres humanos, como pessoas
que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser
tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o
Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil
com vocês. TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e
saberes locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).
TICA
19. Os procedimentos argumentativos utilizados no
texto permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o
emissor foca o seu discurso, pertence
a) ao mesmo grupo social do falante/autor.
b) a um grupo de brasileiros considerados como não
índios.
c) a um grupo étnico que representa a maioria europeia
que vive no país.
d) a um grupo formado por estrangeiros que falam
português.
e) a um grupo sociocultural formado por brasileiros
naturalizados e imigrantes.
20. Na situação de comunicação da qual o texto foi
retirado, a norma-padrão da língua portuguesa é
empregada com a finalidade de
a) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa
língua materna.
b) situar os dois lados da interlocução em posições
simétricas.
c) comprovar a importância da correção gramatical nos
diálogos cotidianos.
d) mostrar como as línguas indígenas foram
incorporadas à língua portuguesa.
e) ressaltar a importância do código linguístico que
adotamos como língua nacional.

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