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a- Direitos difusos;
b- Direitos coletivos em sentido estrito;
c- Direitos individuais homogêneos.
A diferença se dá entre eles, dentre outros aspectos, pela transindividualidade, que pode
ser real ou artificial, ampla ou restrita; pelos sujeitos titulares, determinados ou
indeterminados; pela indivisibilidade ou divisibilidade do seu objeto; pela
disponibilidade ou indisponibilidade do bem jurídico tutelado, e pelo vinculo a ensejar a
demanda coletiva, jurídico ou de fato.
a- Direitos difusos:
Participar no processo significa ter direito ao contraditório, ou seja, ser informado dos
atos processuais que acontecem.
Participar pelo processo é utilizá-lo para influir nos destinos da nação e do Estado, ou
seja, é emprega-lo com vistas ao seu escopo político, tendo o contraditório exercido por
um legitimado extraordinário, tido como “representante adequado”.
Deve-se levar em conta que o interesse social prevalece sobre os individuais, nada mais
justo que dar preferência à solução das lides coletivas.
Quando o autor da ação for o Ministério Público, o magistrado poderá se opor a uma
desistência que considere infundada ou ao abandono da ação, submetendo tal ato ao
controle de um outro órgão do parquet, que a doutrina defende que deve ser o CSMP.
No caso da ação civil pública, tal obrigação só incide depois do transito em julgado
(LACP, art.15).
Parte da doutrina sustenta, com certo eco na jurisprudência, que o art.21 da LACP foi
pouco abrangente e disse menos do que queria. A intenção da lei era de que todas as
normas processuais do CDC são aplicáveis à LACP, no que couber.
Havendo lacuna em algumas das leis desse microssistema, restará recorrer ao CPC.
Natureza Jurídica
Class Actions
As Class Actions são ações coletivas existentes em países de sistema jurídico common
law.
2) Legitimidade ativa
- Ministério Público;
- Defensoria Pública;
- A União, os Estados, o DF e os
Municípios;
- autarquia, empresa pública, fundação e
sociedade de economia mista;
- associação constituída há pelo menos 1
ano e que tenha entre suas finalidades
institucionais, a proteção ao patrimônio
público e social, ao meio ambiente, etc.
3) Coisa julgada
Nas Class Actions norte-americanas, os efeitos da coisa julgada têm efeito erga omnes
tanto na procedência, quanto na improcedência. A eficácia se dá pro et contra.
Nas ações coletivas brasileiras ela é secundum eventum litis, ou seja, nos casos de
procedência da ação coletiva, os efeitos serão erga omnes. Já nos casos de
improcedência, os efeitos não afetarão quem não foi parte na relação jurídica
processual.
Problemática:
Essa “extravazão” da coisa julgada nas class actions norte-americanas trouxe consigo
um problema: como legitimar a extensão dos efeitos negativos da coisa julgada àqueles
que não participaram do processo, sem com isso desrespeitar os princípios do
contraditório e do devido processo legal?
Jurisprudência:
A 4º Turma do STJ entendeu em 2015 que a presunção legal dos legitimados é relativa,
sendo, portanto, licito ao magistrado, no caso concreto, controlar a adequação da
representatividade da associação e afastar sua legitimidade quando ela estiver sendo
utilizada de forma desvirtuada.
Nas palavras do Ministro Luís Felipe Salomão, lamentou que a legitimação coletiva
venha sendo utilizada de forma indevida ou abusiva por algumas entidades, tachadas
como “associações de gaveta”, que não têm origem na sociedade civil.
Disponível em http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI228226,11049-
Juiz+pode+rejeitar+acao+civil+publica+proposta+por+associacao+de
5) Opt-out e Opt-in
É o direito de ficar de fora da ação coletiva.
Da mesma forma que nas class actions, no Brasil nas ACPs também existe um
mecanismo de submissão à coisa julgada, mas ele opera “às avessas” da sistemática
estadunidense: se lá a extensão dos efeitos da sentença a terceiros decorre
automaticamente da inércia dos interessados, aqui ela depende de sua conduta ativa.
No Brasil, caso o interessado já tenha proposto uma ação individual, ele só poderá se
beneficiar dos efeitos da decisão da tutela coletiva da mesma matéria se requerer a
suspensão do seu processo em curso dentro do prazo de 30 dias após a ciência de
processo de tutela coletiva. (art.104 do CDC).
Condições da Ação
Lembrando que no Novo CPC, a possibilidade jurídica do pedido deixa de ser condição
de ação, não estando previstas dentre as causas de não resolução do mérito (art.485 do
NPCPC).
Toda a legitimidade está abrangida nos artigos 129, III da CF, em que trata da
legitimidade do Ministério Público para promover ACP, o art.5º da LACP que trata dos
legitimados em rol taxativo e o art.82 do CDC que traz outro rol de legitimados.
Jurisprudência
No STF, esse tema foi enfrentado algumas vezes, tendo prevalecido entre seus
ministros a tese de que as associações, por forca do art.5º, XXI da CF, são
representantes – e não substitutas processuais – dos seus associados, exigindo-se,
portanto, a autorização expressa dos associados para que elas estejam legitimadas a agir.
Seja como for, ao contrário da representação tradicional do processo individual, em
que se exige de cada titular do direito (procuração), para a propositura da ação pelas
associações basta autorização concedida em assembleia. Nesse caso, a associação
fica autorizada a defender em juízo, até mesmo, os direitos vencidos na deliberação da
minoria.
Disponível em
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=233288
A controvérsia aparece quando se fala nas ações coletivas para defesa dos interesses
difusos e dos coletivos em sentido estrito.
Uma parte da doutrina entende que nesses casos a legitimação é também extraordinária.
Alega-se que, mesmo quando atue na defesa de seus interesses institucionais (como, por
exemplo, a tutela do meio ambiente pelo MP ou por uma associação ambientalista), o
ente legitimado estaria defendendo direitos que não são apenas seus, mas também de
terceiros, havendo então a substituição processual.
Outra corrente defende, com relação a esses mesmos direitos, que a legitimação é
ordinária. Isso porque quando uma entidade atua em defesa de seus interesses
institucionais, sejam eles difusos ou coletivos stricto sensu (exemplo, conforme a
entidade, podem estar entre seus fins institucionais a defesa do meio ambiente, dos
consumidores, etc), ela não está simplesmente buscando a tutela de interesses de
terceiros, mas de interesses que dizem respeito a ela própria. Argumentam também que
não há substituição processual, pois na substituição o substituto estaria em nome de
direito de terceiro, mas esse direito também é seu, sendo dessa forma a legitimação
ordinária.
Uma terceira via entende que não há nem legitimação ordinária nem extraordinária. Isso
porque como os titulares dos direitos difusos são indetermináveis e os direitos coletivos
indeterminados, sua defesa em juízo é realizada por meio de legitimação autônoma
para a condução do processo.
Representatividade adequada
Ministério Público
Discussão doutrinária:
Parcela minoritária da doutrina entende que o Parquet não possui legitimidade para
tutelar o patrimônio público via ação civil pública. Há entendimento minoritário de
que lhe faltaria legitimidade para a defesa do erário, sob o argumento de que esse
não seria objeto de interesse difuso, mas apenas de interesse público secundário,
como titular determinado – a respectiva fazenda pública – e o MP, ao defende-lo
numa ACP, estaria representando judicialmente interesses da Fazenda Pública, o que lhe
é vedado pela CF (parte final do inciso IX, art.129).
A maior parte da doutrina entende pela legitimidade, por força do art.129, III e pelo
erário, por mais que o erário seja objeto de interesse público secundário da pessoa
jurídica cujo patrimônio publico ele integra, a manutenção de sua integridade é objeto
de interesse público primário, da coletividade, possuindo, portanto, natureza difusa.
Em suma, temos que o Ministério Público está legitimado a defender em juízo qualquer
interesse difuso (tendo em vista sua inegável relevância social), e, no que se refere aos
interesses coletivos e individuais homogêneos, tem legitimidade para a defesa:
a) daqueles cuja tutela, em razão de sua presumida relevância social, lhe for
especificamente atribuída na lei ou na Constituição (p. ex., direitos inerentes aos idosos
ou às crianças e adolescentes); e
b) dos indisponíveis (p. ex., direitos à vida, à saúde ou à dignidade da pessoa humana).
“a relevância social pode ser objetiva (decorrente da própria natureza dos valores e
bens em questão, como a dignidade da pessoa humana, o meio ambiente ecologicamente
equilibrado, a saúde, a educação) ou subjetiva (aflorada pela qualidade especial dos
sujeitos – um grupo de idosos ou de crianças, p. ex. – ou pela repercussão massificada
da demanda).”
Conforme preceitua José dos Santos Carvalho Filho, por obviedade, o Ministério
Público não é legitimo para a tutela de interesses individuais homogêneos disponíveis.
Jurisprudência:
Diferentemente, o MP está legitimado a propor ação que vise a impedir que ente
federativo, ilegalmente, conceda a determinada empresa a inserção em regime especial
de apuração tributária, com risco de lesão ao patrimônio público (cobrança de imposto
em valor menor que o devido). Note-se que, nesse caso, o MP não tutela interesses
individuais de contribuintes; pelo contrário, age contra eles, em prol dos interesses
difusos da integridade do erário e da higidez do processo de arrecadação tributária.
Princípio da obrigatoriedade
Uma vez constatada pelo Ministério Público uma lesão ou ameaça de lesão a um dos
direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos pelos quais lhe incumbe zelar, é
seu dever, e não mera faculdade, agir em defesa deles.
Mas devemos lembrar que cada membro do Ministério Público possui independência
funcional (art.127, parágrafo 1º), de modo que lhe cumpre analisar, caso a caso, se há ou
não elementos para a propositura da ação.
O art.128 da CF separa o Ministério Público entre MPE e MPU (com suas devidas
ramificações descritas nos incisos).
Além disso, discute-se se é possível aos diversos Ministérios Públicos propor ações
civis públicas em litisconsórcio. (art.5º, parágrafo 5º da LACP – yes, we can =D).
Os MPEs ajuizarão as ações civis públicas que não sejam da atribuição exclusiva do
MPT ou do MPF. As atribuições do MPEs estão definidas na Lei Orgânica Nacional do
Ministério Público (LONMP) e na Lei Orgânica Estadual respectiva, de cada Ministério
Público Estadual.
Discussão doutrinária:
Primeira corrente: Acerca da possibilidade do MPF estar limitado a atuar na justiça
federal, e os MPEs na justiça dos respectivos estados ou DF, Wladimir Passos de Freitas
entende que a única conclusão possível é de que cada órgão só pode atuar na Justiça
que, pela Constituição Federal, lhe é correspondente.
Segunda corrente: Em sentido contrário, Nelson Junior Nery entende que quando a CF
ou a lei legitima o MP a promover a ACP, o faz com relação à instituição como um
todo, que é una e indivisível (art.127, parágrafo 1º). Ao definir a composição do MP, a
CF o trata no singular (art.128). O MP da União pode promover ação na justiça estadual
e vice-versa, já que não existe limitação na legislação para esse exercício. O juiz
somente poderia rejeitar a inicial de ACP ajuizada pelo MP estadual na justiça federal,
por exemplo, se houvesse lei expressa negando essa possibilidade. Como não há, deve
receber e mandar processar a ação.
A segunda doutrina é considerada a mais acertada, pelo fato de que a intenção da LACP
foi aprimorar a tutela judicial dos interesses difusos e coletivos, de modo que admitir
que o MPE e o MPF possam atuar tanto na Justiça Federal como nas Estaduais é seguir
o espirito da lei, conferindo uma maior efetividade à defesa dos direitos
transindividuais.
Jurisprudência
Isso foi um caso concreto julgado pelo STJ em que a Justiça Estadual de Minas declinou
competência para a Justiça Estadual do Rio de Janeiro, em ação proposta pelo MP/MG e
posteriormente endossada pelo MP/RJ.
O recorrente alegou substituição no polo ativo, em hipótese não admitida pelo CPC.
Decidiu-se que a incompetência da Justiça mineira não importava na ilegitimidade ativa
do MP, e que não houve substituição de um autor por outro, em razão da unidade
institucional do Ministério Público.
Defensoria Pública
Art.5º, II da LACP.
Discussão doutrinária
Ao analisar o art.134 da CF, parte dos juristas entende que a função essencial da
Defensoria se restringe à orientação jurídica e à defesa daqueles que não dispõem de
recursos suficientes para se valerem dos serviços da advocacia privada.
Uma segunda corrente entende que isso não seria razoável. Tolher a atuação da
Defensoria sob o argumento de que determinada ação em tutela do direito difuso ao
meio ambiente equilibrado, por exemplo, beneficiaria não apenas os moradores de uma
comunidade carente, mas também a outros interessados. Ante sua função institucional, é
mister que a Defensoria atue em prol de necessitados, mas nada obsta a que, ante a
natureza difusa do direito a ser defendido, o espectro de beneficiados extravase o circulo
dos necessitados. Nessa linha, já vinha decidindo o STJ. O STF seguiu a mesma
tendência.
Um Município A não tem legitimidade para ajuizar ação que visa beneficiar, tão
somente, consumidores residentes em um Município B. A doutrina interpreta essa
vinculação com interesse processual (interesse de agir).
No caso de lesão que transcenda o território de diversos municípios, todos eles terão
legitimidade para propositura de uma possível ação.
Fundações privadas
Discussão doutrinária
Nelson Nery Junior sustenta que a lei trouxe o termo “fundação”, não fazendo distinção.
Dessa forma, não caberia ao aplicador da norma fazer essa distinção.
OAB
Em que pese não haver previsão expressa na LACP ou no CDC, o estatuto da OAB no
seu art.57 prevê tal possibilidade conferindo ao Conselho Federal explicita legitimação
para promover ACP, sendo que também são legitimados os seus Conselhos Seccionais.
Para outros, somente se admite a atuação da entidade em prol dos interesses coletivos e
individuais homogêneos de seus associados.
O STJ entende atualmente que a OAB possui legitimidade para propor ACP em prol de
qualquer direito difuso ou coletivo, tendo em vista que seu Estatuto lhe atribui defesa,
inclusive judicial, da Constituição Federal, do Estado de direito e da justiça social.
Partidos políticos
A primeira entende que os partidos políticos são espécies de gênero associação (que são
legitimadas a proporem ACP). Logo, estariam legitimados para proporem ações civis
públicas. Ao contrário das associações comuns, não estariam ligados à pertinência
temática, embora devam guardar vinculação entre a ação e seus fins institucionais.
Sindicatos
Os sindicatos são uma espécie de associação. Por isso, sua legitimidade para ACP
também possui fundamentação na PACO e no CDC, e se lhe aplicam as mesma regras
de representatividade adequada (constituição na forma da lei, pré-constituição,
pertinência temática) exigidas das entidades associativas (que eu não inclui aqui no
caderno).
Legitimidade passiva
Ao contrário de como tratam a legitimação ativa (os legitimados estão previstos
exaustivamente, numerus clausus), o CDC e a LACP nada dispõem sobre a legitimação
passiva.
Dessa forma, qualquer pessoa, física ou juridica, que seja responsável pelo dano ou pela
ameaça de dano a direito difuso, coletivo, ou individual homogêneo poderá ser ré, até
mesmo os entes sem personalidade jurídica, quando dotados de personalidade judiciária
(condomínios, massa falida, espólio, etc.).
No caso do MP causar dano à coletividade, não poderá ser réu na ação civil pública, que
deverá ser proposta em face do respectivo ente federativo.
Porém, cabe ACP em face de seus membros, no exercício da função, quando tiverem
agido com dolo ou fraude (art.181 do NCPC).
Seria possível propor uma ação civil pública contra determinado ente, que defenderia,
em nome próprio, no polo passivo, os interesses de uma classe, grupo ou categoria de
pessoas (legitimação extraordinária passiva)?
Discussão doutrinária
Fredie Didier sustenta ser possível, pois p art.5º, parágrafo 2º, da LACP facultaria ao
Poder Público e às associações legitimadas se habilitarem como litisconsortes de
qualquer das partes, inclusive do réu.
Exemplos: ACP em face de associação de moradores que busca fechar uma rua ou o MP
propor ACP em face de determinada torcida organizada de frequentar um estádio.
Em polo oposto, José Manoel Alvim Neto sustenta não ser possível, afirmando ser a
substituição processual excepcional, e que as normas que regem a ação coletiva
somente autorizam a legitimação extraordinária no polo ativo.
INTERESSE PROCESSUAL
OBS: Faltará ao autor interesse processual na propositura de ações civis públicas para
impugnar atos judiciários típicos (de natureza jurisdicional), por ausência de
necessidade, ante a existência de outros meios adequados, salvo por desconstituição de
sentença eivada por vicio insanável (nulidade ou inexistência), mesmo após o prazo
para eventual rescisória.
O pedido será juridicamente possível desde que não seja vedado explicita ou
implicitamente no ordenamento jurídico.
Controle de constitucionalidade
Porém, o problema é que por ela ser transindividual, terá efeitos erga omnes.
Nesse caso, a ACP viraria praticamente uma ADI. O membro do MP estaria fazendo as
vezes de algo que só compete ao chefe da instituição e o juiz estaria concedendo uma
sentença que só seria de competência do STF ou do TJ local (lei estadual ou municipal
em face da Constituição estadual).
Para evitar tal situação, a arguição de inconstitucionalidade no bojo de uma ACP
somente é admissível em caráter incidental, ou seja, como causa de pedir (não podendo
ser objeto principal da ação, como a ADI no controle concentrado), uma vez que os
fundamentos da ação não ensejam coisa julgada material, valendo apenas no respectivo
processo (art.503 e 504, I e II, do NCPC). Tal entendimento foi trazido pelo STF.
Não cabe ACP para alcançar a declaração de inconstitucionalidade com efeitos erga
omnes. (Joaquim Barbosa – 2007).
Art.503 do NCPC: A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei
nos limites da questão principal expressamente decidida.
Art.504, I do NCPC: Não faz coisa julgada os motivos, ainda que importantes para
determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;
Sim.
Na verdade o Estado alega que o judiciário não poderia impor ao poder executivo a
obrigação de fazer em políticas públicas, pois estaria invadindo a competência do poder
legislativo e do poder executivo, desrespeitando, assim, a independência dos poderes.