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Teoria da Renormalização
Com a descoberta do elétron no final do século XIX O present texto foi baseados, entre
outras, nas seguintes referências
surgiu a questão natural: do que ele seria feito. Uma pos- A. Pais. Inward Bound: Of Mat-
sibilidade seria considerar o elétron como uma distribuição ter and Forces in the Physical
World. Oxford University Press,
de carga uniforme de raio a, mantida unida por alguma
1986. ISBN 978-0198519973; T. Y.
força desconhecida que contrabalançaria a força eletromag- Cao and S. S. Schweber. The
nética e garantiria sua estabilidade. O chamado raio clás- Conceptual Foundations and the
Philosophical Aspects of Renor-
sico do elétron era derivado supondo que a energia eletros-
malization Theory. Synthese, 97:
tática de um elétron em repouso, a chamada auto-energia, 33–108, 1993. ISSN 1573-0964.
daria conta totalmente por sua massa: e2 /a = mc2 . doi: 10.1007/BF01255832; and
K. Huang. A Critical History
Lorentz1 na tentativa de criar um modelo dinâmico clás-
of Renormalization. Internatio-
sico para o elétron, considera como os elementos de carga nal Journal of Modern Physics
dq (r, t) e dq 0 (r0 , t0 ) desta distribuição exercem forças de A, 28(29):1330050, 2013. doi:
10.1142/S0217751X13300500
Coulomb um sobre o outro, levando a uma auto-energia
infinita no limite de a → 0.
d2 x 2e2 d3 x
Fauto = −mauto + 3 3 + O (a) 1
H. A. Lorentz. The Theory of the
dt2 3c dt Electron. Dover, New York, 1952
dqdq 0 1
ZZ
mauto c2 = 0
→O
|r − r | a
que diverge quando a → 0. No entanto, essa “massa pró-
pria” pode ser absorvida na massa física que aparece na
equação de movimento, m0 ẍ = Fauto + Fext ,
d2 x 2e2 d3 x
(m0 + mauto ) = + Fext + O (a)
dt2 3 dt3
2
d2 x 2e2 d3 x
m = + Fext
dt2 3 dt3
Supõe-se que a divergência de mauto seja cancelada por
m0 , que tem sua origem nas forças desconhecidas que
mantêm o elétron unido. Esse é o primeiro exemplo de
renormalizaçao da massa, conceito que vai ser retomado na
QED.
Oppenheimer2 descobre um efeito tipicamente quântico 2
J. R. Oppenheimer. Note on the
que leva a auto-energia do elétron sem qualquer aná- Theory of the Interaction of Field
and Matter. Phys. Rev., 35:461–477,
logo clássico. Trabalhando com a teoria de Dirac para o 1930. doi: 10.1103/PhysRev.35.461
elétron em segunda ordem em teoria de perturbação,
X Hf j Hji Z
~A ~ e J~ = ieψ̄~γ ψ
Hf i = com H = − J.
j Ei − Ej
γ → e+ + e− → γ.
Dirac6 (além de Furry e Oppenheimer7 ) estudando a 6
P. A. M. Dirac. Discussion of the
distribuição de carga do elétron devido à polarização do Infinite Distribution of Electrons
in the Theory of the Positron.
vácuo, i.e. a momentânea separação das cargas no vácuo Mathematical Proceedings of the
de Dirac, descobriu que a “carga nua” não blindada era Cambridge Philosophical Society,
30(2):150âĂŞ163, 1934a. doi:
logaritmicamente divergente. Esse resultado desempenhou 10.1017/S030500410001656X
um importante papel nos desenvolvimento posteriores na
renormalização de QED. 7
W. H. Furry and J. R. Oppenhei-
Dirac mostrou que uma fonte externa estática ρ(~x), com mer. On the theory of the electron
pequena variação espacial, induz uma densidade de carga and positive. Phys. Rev., 45:245,
1934. doi: 10.1103/PhysRev.45.245
adicional devido à criação e aniquilação de pares virtuais
da ordem α
!2
1 h̄
δρ = α Cρ − ∇ρ
15π mc
Σ → m0 e Π → e 0
14
Portanto
1 1 1 1
D k2 = − = −
k 2 [1 − e0 Π (k 2 )]
2 k 2 [1 − e0 Π (µ2 ) − e20 ΠC (k 2 )]
2
1 1 1 Z (µ2 )
≡ − 2 −1 2 = −
k [Z (µ ) − e20 ΠC (k 2 )] k 2 [1 − e20 Z (µ2 )ΠC (k 2 )]
com
Z −1 (µ2 ) ≡ 1 − e20 Π µ2
vemos que,
1 e20 Z (µ2 )
e20 D k 2
→− 2
k [1 − e20 Z (µ2 )ΠC (k 2 )]
e portanto, a carga elétrica normalizada fica,
e2 = e20 Z (µ2 )
e20 Z (0) 1 34
M. Gell-Mann and F. E. Low.
α = α (0) = = Quantum Electrodynamics at Small
4π 137, 036
Distances. Phys. Rev., 95:1300–
1312, 1954. doi: 10.1103/Phys-
Gell-Mann e Low34 reformulam o programa de renorma-
Rev.95.1300
lização de Dyson, usando uma abordagem funcional, na
qual os elementos divergentes Σ, Π e Λ? são considerados
funcionais e as equações funcionais podem ser derivadas
das propriedades gerais dos diagramas de Feynman. As
partes divergentes destes funcionais podem ser isoladas e
as partes subtraídas podem ser absorvidas em constantes
de renormalização multiplicativas, em virtude dos com-
portamentos dos funcionais sob transformações de escala.
Agora o cutoff Λ é visto como um parâmetro de escala.
Quando implementamos a subtração em uma escala µ e
absorvemos a dependência em Λ nas constantes de renor-
malização, efetivamente abaixamos a escala Λ para µ. Os
graus de liberdade associados a Λ e µ tornam ocultos nas
constantes de renormalização.
A carga renormalizada até ordem α2 para |k|2 m2 é
dada por,
α2 |k|2
α k2 = α + log 2
3π m
A chamada ‘running coupling constant” depende da escala
k| na qual ela é medida.
Gell-Mann e Low dão a seguinte interpretação física
de carga renormalização: Um corpo de teste de ”carga
nua” q0 polariza o vácuo, envolvendo-se por uma nuvem
neutra de elétrons e pósitrons. Alguns elementos com uma
carga líquida δq, com mesmo sinal que q0 , escapam para
o infinito, deixando uma carga líquida −δq na parte da
nuvem que está intimamente ligada ao corpo de teste (a
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