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Até aqui já construímos uma visão sobre a criação e evolução, mas ainda não
entramos no ponto realmente mais polêmico: a criação do Homem. Além disso, tendo
apresentado na introdução deste estudo que havia 4 formas de manifestação da Verdade,
até aqui só trabalhamos usando a Bíblia e a natureza. Duas formas de manifestação
foram deixadas um pouco de lado. Isto foi, porém, deliberado. Agora será justamente
sobre estas duas formas de manifestação que desenvolveremos a discussão sobre o
último ponto desta polêmica questão.
Deus se manifesta diretamente ao homem e se manifesta através do próprio
homem para com seu semelhante. Estas duas formas de manifestação (assim como as
outras duas) atingem seu auge na vinda de Cristo – Deus feito em homem e habitando
entre nós. Portanto, será neste relacionamento Deus-homem e na vinda de Cristo, sim,
na vinda de Cristo, que buscaremos a base para considerar como o homem foi criado.
Até este ponto somente tratamos mais a fundo de questões que anteriormente já
tinhamos levantado. Faremos o mesmo com as evidências bíblicas.
A Palavra de Deus tem muito a dizer sobre a criação do homem, uma vez que
descreve como Adão e Eva foram criados. Esta parte do relato foi omitida de nosso
estudo verso a verso, no tópico anterior. Continuaremos o estudo aqui.
Façamos – Esta palavra está no plural no original. A idéia do plural pode ser
apenas um plural de majestade, divindade, como no plural em Elohim, que aparece neste
capítulo (ver 1.1). Porém, aqui podemos ter uma referência a Trindade: Deus Pai, Filho
e Espírito, à imagem de quem o homem é feito. Muitos durante a história entenderam
esta palavra neste sentido. Alguns teólogos não-trinitários argumentam que o plural é
apenas majestático, ou Deus estaria falando com anjos, e foi neste sentido que a
Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) entendeu Sl 8.6. Em relação a esta
última opinião, esta é deficiente no sentido que anjos em nenhum momento são
mostrados tomando parte na criação. Não é possível ser dogmático em relação a ser um
plural que aluda à Trindade ou apenas majestático, mas a Trindade é mostrada em
outras partes das Escrituras e essa doutrina não depende apenas deste versículo.
Embora em relação aos outros seres vivos seja dito que a terra ou a água os
produza, em relação ao homem é dito “façamos”. Isto implica na ação especial de Deus
na criação do homem, diferenciando este de todos os outros seres vivos e de toda a
criação.
o homem – Hebraico: (Adam), de onde o nome Adão. A palavra
(Adam) é semelhante a (adamah) que significa terra. Esta é uma alusão à
criação do homem do pó da terra, conforme o capítulo 2 mostra. O homem é a última
criação de Deus na Terra e a mais importante, como podemos ver pelo fato do próprio
Filho de Deus se fazer homem, para a salvação dos eleitos. Ser a última criação é tanto
uma honra quanto uma graça para o homem. Tendo sido formado por último, o homem
vem a um mundo já ordenado e completo para recebê-lo.
à nossa imagem – Não podemos entender completamente o que implica o
homem ter sido feito à imagem de Deus, uma vez que não somos capazes de
compreender totalmente qual é a imagem de Deus. Porém, é nesta imagem que
buscaremos as respostas mais importantes para a criação do homem.
conforme a nossa semelhança – Basicamente uma afirmação semelhante a
anterior, que apenas a reforça. Quando é dito que o homem é feito à semelhança de
Deus, isto não significa que devamos levar esta semelhança até o ponto de afirmar que
Deus possua um corpo físico como o do homem. Esta é uma heresia, que de forma
alguma tem respaldo bíblico. Alguns argumentam que a expressão “a nossa
semelhança” tenha sido colocada para atenuar o sentido de imagem, evitando a paridade
do homem com Deus. Porém, os dois termos imagem e semelhança são usados como
sinônimos no Antigo Testamento.
Domine ele – O hebraico traz o plural: “Dominem eles”. Ao homem é dado o
domínio sobre toda a criação, sobre todos os seres vivos, o mandato cultural. Feito a
semelhança de Deus, o homem é seu representante no domínio sobre a criação, o que é
confirmado quando o homem nomeia os animais (Gn 2.20).
Versículo 29 – E disse Deus: “Eis que lhes dou todas as plantas que nascem na
terra e produzem sementes e todas árvores que produzem frutos e sementes. Elas
servirão de alimento para você.
Eis que lhes dou todas as plantas – Além do domínio sobre os animais já
destacado, o homem recebe o domínio sobre as plantas.
Elas servirão de alimento para você – Muitos argumentam que este versículo
mostra que o homem não era carnívoro, ou que não era vontade de Deus que ele se
alimentasse dos animais. Por outro lado, este versículo talvez apenas reforce o domínio
do homem sobre as plantas. A alimentação com carne não é pecado, como podemos ver
em muitos outros textos, principalmente do Novo Testamento (por exemplo, Mt 15.11 e
os diversos regulamentos da Lei, que tratam da divisão da carne do sacrifício com os
sacerdotes).
Versículo 30 – E a todo animal terrestre, a todo animal que voa nos céus e a todo
ser vivo que se move sobre a terra dou os vegetais como alimento”. E assim foi.
Este versículo é usado por muitos como prova de que os animais eram antes da
queda do homem todos herbívoros. Porém, ele apenas estende o domínio do homem
sobre as plantas para os animais, que sendo formas mais desenvolvidas de vida tem
também domínio sobre as plantas, das quais podem se alimentar. Esta cadeia alimentar,
que denota o domínio dos animais e do homem é parte da lei natural, feita por Deus.
Não há boas razões para se argumentar que um animal se alimentar de outro seja algo
ruim, sendo antes algo natural
Versículo 31 – E Deus viu tudo que havia feito, e tudo era muito bom. E passaram-
se tarde e manhã, e esse foi o sexto dia.
E Deus viu tudo que havia feito – Toda a criação, da origem do Universo até a
formação da Terra, dos seres vivos e por último a formação do homem e da mulher.
tudo era muito bom – Toda a criação de Deus é boa. Ele fez tudo de acordo
com seus desígnios superiores.
e esse foi o sexto dia – O sexto dia inclui a formação do homem e também da
mulher, que é descrita em detalhes no capítulo 2. Os eventos do sexto dia são muito
longos para terem se dado em um dia de 24 horas, mais um argumento em favor de que
não interpretemos os dias de Gênesis desta forma. Pela sua importância, esse dia é o
único que no original hebraico recebe o artigo definido.
Tendo chegado até este ponto no raciocínio juntaremos estas idéias e dela
tiraremos a conclusão. Em primeiro lugar, respondendo a primeira pergunta colocada
acima, o ponto de transição, a partir do qual podemos encontrar homens realmente, no
sentido de possuírem as mesmas capacidades que nós é a criação de Adão. Antes de
Adão não existia o homem pela definição que colocamos, e por aquilo que o diferencia
dos animais: sua capacidade de relacionamento com Deus. Deus criou a espécie
humana, Homo sapiens, como umas das espécies de animais em algum ponto no
passado distante, 200.000 anos, 150.000 anos, não temos dados para chegar nesta data
de forma certa atualmente. A forma usada para criar esta espécie não podemos dizer
com certeza, mas os registros fósseis, como discutimos, parecem mostrar que não houve
uma transição suave, o que indica que ações especiais de Deus tenham sido empregadas.
Porém, não podemos dizer que esta espécie era ainda o homem. Não tendo a capacidade
de relacionamento com Deus, estes ainda não eram verdadeiramente “homem”. Eram
como os outros animais, dotados de uma alma, porém sem espírito. Em algum ponto do
passado então ocorreu a grande intervenção de Deus na criação. Tendo criado Adão do
pó da terra e colocando nele o sopro da vida e o espírito, e fazendo a este como os
outros da espécie humana, porém diverso destes por sua forma de criação e por ter a
capacidade de relacionamento com Deus, Deus marcou o ponto máximo da criação do
Universo: a criação de um ser vivo que tivesse a capacidade de relacionar-se com Deus
e neste sentido fosse diverso de todos os outros seres. Somente Adão possuía um
espírito, e este espírito o diferenciava de todos os seres que existiam sobre a terra. Neste
sentido Adão é o primeiro homem, e Eva criada a partir deste, a primeira mulher. Mas o
que dizer de todos os outros homens que viviam na Terra nesta época? Todos estes
receberiam o espírito e a capacidade de se relacionar com Deus, como o primeiro
homem: Adão. A analogia é colocada por Paulo em Rm 5. Assim como em Jesus todos
podem ser salvos e receber o Espírito Santo, através de Adão todos da espécie humana
puderam se relacionar com Deus e se tornar homens. Assim, após a queda do homem, o
pecado original de Adão, todos receberam o espírito que permitiria que estes se
relacionassem com Deus. A forma como o espírito foi distribuído a todos para que se
tornassem “homem” é um mistério, assim como é um mistério a forma como hoje as
pessoas recebem o Espírito Santo e a reconciliação com Deus.
Sumarizando o que foi dito, temos que: Adão foi um personagem histórico, e um
personagem muito importante, pois foi o primeiro homem, conforme discutimos
significar homem. Considerar Adão como um personagem histórico é importante, como
já discutimos anteriormente, pois a Bíblia sempre o faz, inclusive o próprio Cristo.
Pelas ações de Adão todos os da espécie humana sobre a terra receberam o espírito e se
tornaram homens. Pela ação de Adão todos porém se tornaram pecadores, e a morte e o
pecado entrou no mundo. Desta forma, todos homens sobre a terra são descendentes de
Adão, o primeiro homem. Biologicamente falando, nem todos homens são descendentes
de Adão, mas todos são uma só espécie, como a Biologia pode atestar através de testes
genéticos. Em última análise, nenhum animal, planta ou qualquer outra criação foi feita
à parte da ação de Deus, seja por ação natural ou sobrenatural. Este tratamento da
criação pode parecer descabido ou especulativo para muitos, e por certo é polêmico,
porém não é resultado de nada além da busca pela verdade nas Escrituras. De fato, essa
abordagem da criação soluciona mais problemas do que os cria. Assim, quando pouco
depois da saída de Adão do paraíso Caim diz que todos os que o encontrarem o matarão
(Gn 4.14), fica claro que alguém poderia encontrá-lo, bem como fica claro onde ele
obteve uma esposa.
Portanto, a espécie animal a que pertencemos, Homo sapiens, foi criada há mais
de 150.000 anos provavelmente, mas o homem, ser capaz de se relacionar com Deus, foi
criado em Adão. Adão, como Cristo, foi inaugurador de uma nova era para a espécie
humana – sendo o primeiro homem terreno, como afirma 1 Co 15.45-48. Cristo - o
primeiro dos homens espirituais, foi além inaugurando uma nova época para história da
humanidade. Na sua volta, uma terceira era se iniciará, onde o relacionamento do
homem com Deus se aperfeiçoará e receberemos uma nova humanidade, capaz de viver
com nosso criador, fechando o ciclo iniciado com a criação do Universo (1 Co 15.51-
57).