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PÓS-GRADUAÇÃO DE DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

MÓDULO: NOVAS FRONTEIRAS DO PROCESSO DO TRABALHO

Professor: João Felipe Moreira Lacerda Sabino

1. Material pré-aula

a. Tema

Organização do Ministério Público do Trabalho. Atuação Judicial e


Extrajudicial do Parquet Laboral. Ação Civil Pública Trabalhista. Ações
Civis Coletivas. Ação Anulatória. Tutela dos Interesses
Transindividuais, Metaindividuais ou Supraindividuais Trabalhistas
(Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos).

b. Noções Gerais

b.1. Organização do Ministério Público do Trabalho:

A palavra “ministério” provém do latim ministerium, no sentido amplo


de ofício, cargo ou função que se exerce. Nesta acepção, equivale a
mister ou mester. Os latinos distinguiam manus, que era o exercício
do cargo público, do qual surgiram as expressões ministrar, ministro,
administrar, de ministerium, utilizadas no sentido de exercício de
trabalho manual1.

O doutrinador Carlos Henrique Bezerra Leite explica que, no início, a


figura do Ministério Público relacionava-se à dos agentes do rei (les
gens du roi), isto é, a “mão do rei”. A expressão parquet, bastante
utilizada com referência ao Ministério Público, advém da tradição
francesa, assim como o termo “magistratura de pé”.

Com efeito, os procuradores do rei, antes de adquirirem a condição


de magistrados e terem assento ao lado dos juízes, ficavam,
inicialmente, sobre o assoalho (parquet) da sala de audiências, e não
sobre o estrado, lado a lado com a “magistratura sentada”.


1
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ªed. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 191. 2

Mauro Schiavi2 explica que não há uniformidade na doutrina sobre


quando surgiu o Ministério Público. Para alguns, foi no Egito, para
outros, na França, mas o certo é que ao longo dos anos a instituição
foi crescendo e adquirindo importância vital na defesa da ordem
jurídica, dos direitos indisponíveis e do Estado Democrático de
Direito.

O artigo 128 da Constituição Federal estabelece que o Ministério


Público do Trabalho integra o Ministério Público da União. O MPT é
regido pela CF e pela Lei Complementar n° 75, de 20 de maio de
1993 (Lei Orgânica do Ministério Público da União), que revogou
tacitamente os artigos 736 a 757 da Consolidação das Leis do
Trabalho.

O MPT é organizado por meio da Procuradoria-Geral do Trabalho,


localizada em Brasília, e das Procuradorias Regionais do Trabalho em
cada unidade da Federação. Conforme o artigo 85 da LC n° 75/93,
constituem-se como órgãos do MPT:

1 - O Procurador-Geral do Trabalho;
2 - O Colégio de Procuradores do Trabalho;
3 - O Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho;
4 - A Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do
Trabalho;
5 - A Corregedoria do Ministério Público do Trabalho;
6 - Os Subprocuradores- Gerais do Trabalho;
7- Os Procuradores Regionais do Trabalho;
8 – Os Procuradores do Trabalho.

O Procurador-Geral do trabalho:
É o chefe do MPT e nomeado pelo Procurador-Geral da República,
dentre integrantes da instituição, com mais de 35 (trinta e cinco)
anos de idade e 5 (cinco) anos na carreira, integrante da lista tríplice
escolhida mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, pelo
Colégio de Procuradores para mandato de 2 anos permitida uma
recondução.


2
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho, 10ª ed. São Paulo: LTr, 2016, p. 200.

O Colégio de Procuradores do MPT:


É presidido pelo Procurador-Geral do Trabalho e é integrado por todos
os membros da carreira em atividade no MPT. O Colégio elabora a
lista tríplice para a escolha do Procurador-Geral, a lista sêxtupla para
a composição do TST e TRT e elege os membros do Conselho
Superior do MPT.

O Conselho Superior do MPT:


É o órgão máximo de deliberação do MPT, presidido pelo Procurador-
Geral do Trabalho.

Partem dele as orientações normativas que pautam as ações do MPT


e cabe ao Conselho avaliar a atuação dos Membros e tomar
providências, quando necessário. É constituído por 10 Membros,
todos Subprocuradores-Gerais, sob a presidência do Procurador-Geral
do Trabalho. O Corregedor-geral do MPT participa das sessões sem
direito de voto.

A Câmara de Coordenação e Revisão do MPT:


É um órgão de coordenação, de integração e de revisão do exercício
funcional na Instituição.

É organizada por ato normativo, e o Regimento Interno, que disporá


sobre seu funcionamento, será elaborado pelo Conselho Superior e
composta por três membros do Ministério Público do Trabalho, sendo
um indicado pelo Procurador-Geral do Trabalho e dois pelo Conselho
Superior do Ministério Público do Trabalho, juntamente com seus
suplentes, para um mandato de dois anos, sempre que possível,
dentre integrantes do último grau da carreira.

Dentre os integrantes da Câmara de Coordenação e Revisão, um


deles será designado pelo Procurador-Geral para a função executiva
de Coordenador.

Compete à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público


do Trabalho:

I- promover a integração e a coordenação dos órgãos institucionais


do Ministério Público do Trabalho, observado o princípio da
independência funcional;

II- manter intercâmbio com órgãos ou entidades que atuem em áreas


afins;
III- encaminhar informações técnico-jurídicas aos órgãos
institucionais do Ministério Público do Trabalho;
IV- resolver sobre a distribuição especial de feitos e procedimentos,
quando a matéria, por sua natureza ou relevância, assim o exigir;
V- resolver sobre a distribuição especial de feitos, que por sua
contínua reiteração, devam receber tratamento uniforme;
VI- decidir os conflitos de atribuição entre os órgãos do Ministério
Público do Trabalho.

A competência fixada nos incisos IV e V será exercida segundo


critérios objetivos previamente estabelecidos pelo Conselho Superior.

A Corregedoria do Ministério Público do Trabalho:


É o órgão fiscalizador das atividades funcionais e da conduta dos
membros do Ministério Público, é dirigida pelo Corregedor-Geral.

O Corregedor-Geral será nomeado pelo Procurador-Geral do Trabalho


dentre os Subprocuradores-Gerais do Trabalho, integrantes de lista
tríplice elaborada pelo Conselho Superior, para mandato de dois
anos, renovável uma vez.

Não poderão integrar a lista tríplice os membros do Conselho


Superior e serão suplentes do Corregedor-Geral os demais
integrantes da lista tríplice, na ordem em que os designar o
Procurador-Geral.

O Corregedor-Geral poderá ser destituído, por iniciativa do


Procurador-Geral, antes do término do mandato, pelo voto de dois
terços dos membros do Conselho Superior.

Ao Corregedor-Geral do Ministério Público, incumbe, participar, sem


direito a voto, das reuniões do Conselho Superior; realizar, de ofício
ou por determinação do Procurador-Geral ou do Conselho Superior,
correições e sindicâncias, apresentando os respectivos relatórios;
instaurar inquérito contra integrante da carreira e propor ao Conselho
Superior a instauração do processo administrativo consequente;
acompanhar o estágio probatório dos membros do Ministério Público
do Trabalho; propor ao Conselho Superior a exoneração de membro

do Ministério Público do Trabalho que não cumprir as condições do


estágio probatório.

Os Subprocuradores-Gerais do Trabalho:
Serão designados para oficiar junto ao Tribunal Superior do Trabalho
e nos ofícios na Câmara de Coordenação e Revisão.

A designação de Subprocurador-Geral do Trabalho para oficiar em


órgãos jurisdicionais diferentes do previsto para a categoria
dependerá de autorização do Conselho Superior.

Cabe aos Subprocuradores-Gerais do Trabalho, privativamente, o


exercício das funções de:

I- Corregedor-Geral do Ministério Público do Trabalho;


II- Coordenador da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério
Público do Trabalho.

Os Subprocuradores-Gerais do Trabalho serão lotados nos ofícios na


Procuradoria-Geral do Trabalho.

Os Procuradores Regionais do Trabalho:


Serão designados para oficiar junto aos Tribunais Regionais do
Trabalho.

Em caso de vaga ou de afastamento de Subprocurador-Geral do


Trabalho por prazo superior a trinta dias, poderá ser convocado pelo
Procurador-Geral, mediante aprovação do Conselho Superior,
Procurador Regional do Trabalho para substituição.

Os Procuradores Regionais do Trabalho serão lotados nos ofícios nas


Procuradorias Regionais do Trabalho nos Estados e no Distrito
Federal.

Os Procuradores do Trabalho:
Serão designados para funcionar junto aos Tribunais Regionais do
Trabalho e, na forma das leis processuais, nos litígios trabalhistas que
envolvam, especialmente, interesses de menores e incapazes.

A designação de Procurador do Trabalho para oficiar em órgãos


jurisdicionais diferentes dos previstos para a categoria dependerá de
autorização do Conselho Superior.

Os Procuradores do Trabalho serão lotados nos ofícios nas


Procuradorias Regionais do Trabalho nos Estados e no Distrito
Federal.

b.2. Meios de Atuação:

Primeiramente é importante destacar que os artigos 127 e 129 da


Constituição Federal indicam hipóteses exemplificativas das formas
de atuação do parquet: atuação judicial, através da ação civil pública;
e atuação extrajudicial, inquérito civil.

Atuação Judicial:
O Professor Leone Pereira 3 ensina que, a atuação judicial do MPT
deve ser estudada sob dois planos:

1º - Como parte ou agente, à luz do que dispõe o art. 83 da LC


75/93, tendo as seguintes atribuições: a- promover as ações que lhe
sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis trabalhistas; b-
promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para
defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos
sociais constitucionalmente garantidos; c- propor as ações cabíveis
para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo
ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas
ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores; d- propor
as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores,
incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho; e- recorrer
das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário,
tanto nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar
como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos Enunciados da Súmula
de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho; f- instaurar
instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o
interesse público assim o exigir; g- promover Mandado de Injunção,
quando a competência for da Justiça do Trabalho.


3
PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
5
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ªed. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 202.

Leite5 aduz que, como parte, é mais comum a atuação do MPT como
autor da ação (órgão agente) tal como ocorre nas hipóteses previstas
no art. 83, incisos I, III, IV, V, VI (quando recorrer como parte), VIII
e X da LC n. 75/93. O art. 177 do Código de Processo Civil dispõe que
o “Ministério Público exercerá o direito de ação em conformidade
com suas atribuições constitucionais”4.

Dentre as principais ações utilizadas pelo MPT, destacamos a ação


civil pública, a ação anulatória de cláusulas de contrato individual, o
acordo coletivo ou convenção coletiva, a ação rescisória (Código de
Processo Civil, art. 967, III) e o dissídio coletivo nos casos de greve
em atividades essenciais ou que atentam contra o interesse público5.

A Ação Civil Pública, representa o principal instrumento de atuação


judicial do Ministério Público do Trabalho, utilizada como a ação
constitucionalmente prevista para a tutela dos interesses
Transindividuais ou Metaindividuais de terceira dimensão (difusos,
coletivos e individuais homogêneos).

Finalmente, o artigo 793 da CLT também menciona hipótese de


atuação do MPT como parte, na qualidade de substituto processual do
menor:

Art. 793. A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será


feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela
Procuradoria da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo
Ministério Público estadual ou curador nomeado em juízo.

2º - Como Fiscal da Lei (custos legis) ou interveniente: Justifica-se


essa atuação para o cumprimento do ordenamento jurídico vigente e
do interesse público.

Na condição de custos juris, ou seja, fiscal da ordem jurídica, o MPT


age, como órgão interveniente. Debruçando-nos sobre o art. 83 da
LC n. 75/93, podemos dizer que o MPT atua como custos juris nas


4
Código de Processo Civil, Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. “Art. 177. O Ministério Público
exercerá o direito de ação em conformidade com suas atribuições constitucionais.”
5
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ªed. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 202.

hipóteses dos incisos II, VI (quando não for parte), VII, IX, XII e
XIII6.

Como fiscal da lei o parquet laboral participa e se manifesta nas


sessões realizadas nos Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunal
Superior do Trabalho, e elaborando pareceres, sempre que o
interesse público restar evidenciado.

O MPT também pode atuar com custos legis junto aos órgãos de
primeiro grau de jurisdição trabalhista, acolhendo solicitação do juiz
ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que
justifique sua atuação.

Vale lembrar o que determina a Orientação Jurisprudencial 237 da


SDI-I do TST:

237. MINISTÉRIO PÚBLICO DO


TRABALHO. LEGITIMIDADE PARA RECORRER.
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. EMPRESA PÚBLICA
(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 338 da
SBDI-I) - Res. 210/2016, DEJT divulgado em
30.06.2016 e 01 e 04.07.2016
I - O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade
para recorrer na defesa de interesse patrimonial privado,
ainda que de empresas públicas e sociedades de economia
mista.
II – Há legitimidade do Ministério Público do Trabalho para
recorrer de decisão que declara a existência de vínculo
empregatício com sociedade de economia mista ou empresa
pública, após a Constituição Federal de 1988,
sem a prévia aprovação em concurso público, pois é matéria
de ordem pública.

Atuação Extrajudicial:

As hipóteses de atuação extrajudicial estão previstas no art. 84 da LC


75/93:


6
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ªed. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 203.

Art. 84. Incumbe ao Ministério Público do Trabalho, no


âmbito das suas atribuições, exercer as funções institucionais
previstas nos Capítulos I, II, III e IV do Título I,
especialmente:
I - integrar os órgãos colegiados previstos no § 1º do art. 6º,
que lhes sejam pertinentes;
II - instaurar inquérito civil e outros procedimentos
administrativos, sempre que cabíveis, para assegurar a
observância dos direitos sociais dos trabalhadores;
III - requisitar à autoridade administrativa federal
competente, dos órgãos de proteção ao trabalho, a
instauração de procedimentos administrativos, podendo
acompanhá-los e produzir provas;
IV - ser cientificado pessoalmente das decisões proferidas
pela Justiça do Trabalho, nas causas em que o órgão tenha
intervido ou emitido parecer escrito;
V - exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por
lei, desde que compatíveis com sua finalidade.
O artigo 83, XI, da LC 75/93 determina que compete ao MPT atuar
como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de
competência da Justiça do Trabalho, ou seja, revela também nesta
hipótese atuação extrajudicial do Ministério.

A arbitragem é cabível nos dissídios coletivos, nos termos do art.


114, § 1º, da CF/88, e nos dissídios individuais cujos contratos de
trabalho tenham remuneração superior a duas vezes o limite máximo
estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência
Social, desde que pactuada cláusula compromissária de arbitragem,
por iniciativa do empregador ou mediante a sua concordância
expressa, antes ou após o término do contrato, nos termos do art.
507-A da CLT:

Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja


remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo
estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula
compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do
empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos
termos previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de
1996. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

A atuação extrajudicial do MPT é representada por dois importantes


instrumentos:

- Inquérito Judicial;
- Termo de Ajuste de Conduta.

O inquérito civil público, previsto no art. 129, inciso III, da CF/88,


art. 84, inciso II, da LC 75/93 e art. 8º, §1º, da Lei 7.347 de 24 de
julho de 1985, consiste num procedimento extrajudicial de natureza
inquisitória, em que o Ministério Público do Trabalho busca provas e
dados para propor eventual ação civil pública ou tentar firmar um
termo de ajuste de conduta.7

O objetivo do Inquérito Civil reside na colheita de elementos que


poderão formar o convencimento do órgão ministerial acerca de
eventuais lesões perpetradas a interesses difusos, coletivos ou
individuais homogêneos e, verificada a existência de tais lesões,
empolgar a promoção de Ação Civil Pública em defesa desses
interesses. Se o órgão ministerial se convencer da inexistência de
fundamento para a propositura da ação civil, promoverá,
fundamentadamente, o arquivamento dos autos do inquérito civil ou
das peças informativas (LACP, art. 9º, caput), observando-se, a
partir daí as regras previstas nos §§ 1º e 4º do mesmo artigo8.

Schiavi9 aduz que o Termo de Ajustamento de Conduta, previsto no


art. 5º, § 6º, da Lei 7.347/1985, consiste num instrumento por meio
do qual o Ministério Público do Trabalho e a pessoa, normalmente
uma empresa, que está descumprindo direitos metaindividuais de
natureza trabalhista (difusos, coletivos e individuais homogêneos —
art. 81, da Lei n. 8.078/90), pactuam um prazo e condições para que
a conduta do ofensor seja adequada ao que dispõe a lei.

O jurista10 explica ainda que não se trata de transação, pois o MP não


pode dispor do interesse público, mas, inegavelmente, há algumas
concessões por parte do órgão ministerial, como a concessão de


7
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho, 10ª ed. São Paulo: LTr, 2016, p. 209.
8
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ªed. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 207.
9
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho, 10ª ed. São Paulo: LTr, 2016, p. 210.
10
Idem.

prazo ou o perdão de eventuais multas, a fim de que a conduta do


agente que está descumprindo o ordenamento jurídico possa passar a
cumpri-lo com maior facilidade. O Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC) deve vir acompanhada de multa pecuniária pelo
descumprimento (“astreintes”) e tem a qualidade de título executivo
extrajudicial (art. 876 da CLT).

b.3. Ação Civil Pública Trabalhista:

A Ação Civil Pública é o instrumento processual previsto


constitucionalmente e em lei especial, de natureza condenatória,
destinada à tutela dos interesses transindividuais11.

Conforme já mencionado, a Ação Civil Pública, representa o grande


exemplo de atuação judicial do Ministério Público do Trabalho. Pode
ser conceituada como a ação constitucionalmente prevista para a
tutela dos interesses Transindividuais ou Metaindividuais de terceira
dimensão (difusos, coletivos e individuais homogêneos).

Com a promulgação da Constituição Federal, de 1988, a ação civil


pública passou à figurar como garantia fundamental, ampliando-se
consideravelmente o seu objeto não apenas para a reparação de
danos causados ao meio ambiente, ao consumidor e aos bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico,
mas também para “a proteção do patrimônio público e social” e “de
outros interesses difusos e coletivos” (CF, art. 129, III).12

A natureza jurídica da ação civil pública é condenatória, pois tem por


objeto reparar a lesão dos interesses transindividuais, por meio de
imposições de obrigação de fazer, não fazer e pecuniárias ao
causador do dano. Nesse diapasão, dispõe o art. 3º da Lei n.
7.347/85:

Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em


dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não
fazer.


11
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho, 10ª ed. São Paulo: LTr, 2016, p. 1397.
12
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ªed. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 1704.

O Ministério Público do Trabalho possui legitimidade para o


ajuizamento de ações coletivas, em defesa de direitos
metaindividuais e indisponíveis, pertinentes às relações de trabalho,
nos termos da LC 75/93, em seus artigos 6º, e 83:

Art. 6º Compete ao Ministério Público da União:

(...)

VII - promover o inquérito civil e a ação civil pública para:


a) a proteção dos direitos constitucionais;
(...)
d) outros interesses individuais indisponíveis, homogêneos,
sociais, difusos e coletivos;
(...)
XII - propor ação civil coletiva para defesa de interesses
individuais homogêneos;

Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o


exercício das seguintes atribuições junto aos órgãos da
Justiça do Trabalho:
(...)
III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do
Trabalho, para defesa de interesses coletivos, quando
desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente
garantidos;

Lembrando que o Ministério Público, se não intervier no processo


como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei (Lei
7.347/1985, art. 5º, § 1º).

A competência material para processar e julgar as ações civis


públicas em defesa dos direitos trabalhistas é da Justiça do Trabalho,
conforme o art. 114, inciso I, da CF/88:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e


julgar:
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os
entes de direito público externo e da administração pública
direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,


de 2004)

Importante destacarmos que os direitos transindividuais em sentido


amplo podem ser das seguintes modalidades:

• Direitos difusos: de natureza indivisível e com titulares


indeterminados;

• Direitos coletivos em sentido estrito: de natureza indivisível e


titulares determináveis (ou seja, de titularidade de grupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base);

• Interesses individuais homogêneos: decorrentes de origem


comum, de natureza divisível e com titulares determinados.

Há entendimento de que a ação em defesa dos direitos homogêneos


receberia a denominação ação civil coletiva.

b.4. Ação Civil Coletiva:

Segundo Raimundo Simão de Mello apud Mauro Schiavi13, “a ação


coletiva, como espécie do gênero ação civil pública, é instrumento
novo de defesa dos interesses Metaindividuais, destinado
especificamente à tutela dos interesses individuais homogêneos”.
Esta ação, segundo Mauro Schiavi, não difere ontologicamente da
Ação Civil Pública. Não obstante, é destinada à tutela dos direitos
individuais homogêneos, por força do que dispõe o art. 91, da Lei
8.078/90:

Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão


propor, em nome próprio e no interesse das vítimas ou seus
sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos
danos individualmente sofridos, de acordo com o disposto
nos artigos seguintes. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de
21.3.1995)


13
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho, 8ª ed. São Paulo: LTr, 2015, p. 1416.

O doutrinador ensina ainda que trata-se de uma ação de natureza


condenatória, tendo por objeto ressarcir as vítimas dos danos
sofridos que têm origem comum. Seu objeto é a condenação do
ofensor em importância pecuniária.

b.5. Ação Anulatória na Justiça do Trabalho:


A ação anulatória é uma ação de conhecimento, de natureza
desconstitutiva, que tem por objeto a declaração de nulidade de
cláusulas estabelecidas em convenções coletivas, acordo coletivo de
trabalho, ou mesmo em contratos individuais de trabalho, que violem
as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais
indisponíveis dos trabalhadores.

Leite14 aduz que trata-se de uma ação de conhecimento, de natureza


coletiva, que tem por objeto a declaração de nulidade de cláusula
constante não só de convenções e acordos coletivos, mas, também,
de contrato individual de trabalho.

Encontra previsão no artigo 966 do CPC:

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode


ser rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação,
concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo
absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em
detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou
colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada
em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria
ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado,
prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde
fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento
favorável;


14
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ªed. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 1727.

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos


autos.
§ 1o Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir
fato inexistente ou quando considerar inexistente fato
efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os
casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o
qual o juiz deveria ter se pronunciado.
§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será
rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não
seja de mérito, impeça:
I - nova propositura da demanda; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente.
§ 3o A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um)
capítulo da decisão.
§ 4o Os atos de disposição de direitos, praticados pelas
partes ou por outros participantes do processo e
homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios
praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação,
nos termos da lei.
§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V
do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado
de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos
repetitivos que não tenha considerado a existência de
distinção entre a questão discutida no processo e o padrão
decisório que lhe deu fundamento. (Incluído
pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do §
5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia,
demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação
particularizada por hipótese fática distinta ou de questão
jurídica não examinada, a impor outra solução
jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)

A legitimidade do Ministério Público encontra-se disposta no artigo


967, também do CPC:

Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:


I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título
universal ou singular;

II - o terceiro juridicamente interessado;


III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a
intervenção;
b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou
de colusão das partes, a fim de fraudar a lei;
c) em outros casos em que se imponha sua atuação;
IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era
obrigatória a intervenção.
Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério
Público será intimado para intervir como fiscal da ordem
jurídica quando não for parte.

Com efeito, a ação anulatória de cláusula de convenção ou acordo


coletivo de trabalho será proposta, em regra, pelo Ministério Público
do Trabalho (art. 83, IV, da LC 75/1993), não sendo possível que os
próprios signatários do instrumento normativo postulem a nulidade
da cláusula, salvo demonstrado vício de vontade:

Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o


exercício das seguintes atribuições junto aos órgãos da
Justiça do Trabalho:
IV - propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de
cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva
que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos
individuais indisponíveis dos trabalhadores;

Importante destacarmos que nos termos do art. 611-A, § 5°, da CLT,


incluído pela Reforma Trabalhista, os sindicatos subscritores de
convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho deverão
participar, como litisconsortes necessários, em ação individual ou
coletiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses
instrumentos:

Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de


trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros,
dispuserem sobre: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
o
§ 5 Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de
acordo coletivo de trabalho deverão participar, como
litisconsortes necessários, em ação individual ou coletiva,

que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses


instrumentos. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Importa dizer que, nos termos do artigo 114 do CPC:

Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de


lei ou quando, pela natureza da relação jurídica
controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de
todos que devam ser litisconsortes.

Uma vez que a decisão proferida na ação anulatória de cláusula


convencional é incindível, atingindo os sindicatos dos empregados e
empregadores, todos devem participar da relação processual, sendo
o caso de litisconsórcio necessário. Pela mesma razão, quando se
tratar de acordo coletivo de trabalho, todas as empresas subscritoras
devem integrar a lide.

Muito se discutiu na doutrina sobre a competência originária para o


julgamento da ação anulatória envolvendo declaração de nulidade de
cláusulas fixadas em convenção ou acordo coletivo.

Prevalece o entendimento que a ação anulatória deve ser proposta,


originariamente perante os Tribunais do Trabalho – TRT ou TST. No
entanto, quando se tratar de ação anulatória de contrato individual
de trabalho, a competência originária será da Vara do Trabalho, e não
do Tribunal, por não se tratar de matéria coletiva.

b.6. Tutela dos Interesses Transindividuais, Metaindividuais


ou Supraindividuais Trabalhistas (Difusos, Coletivos e
Individuais Homogêneos):

Interesses e direitos Metaindividuais tutelados:


O MPT até 1988 atuava apenas como órgão interveniente junto ao
TST e TRTs, emitindo pareceres nos processos judiciais, na condição
de fiscal da Lei. A partir da nova Carta Magna passou a atuar também
como órgão agente, na defesa dos direitos difusos e coletivos (art.
129, III, da CF/88).

Desde 1999, o MPT elegeu cinco áreas prioritárias de atuação:


erradicação do trabalho infantil e regularização do trabalho do

adolescente; combate ao trabalho escravo e regularização do


trabalho indígena; combate a todas as formas de discriminação no
trabalho; preservação da saúde e segurança do trabalhador e
regularização dos contratos de trabalho.

A atuação do MPT como órgão agente envolve o recebimento de


denúncias, a instauração de procedimentos investigatórios, inquéritos
civis públicos, outras medidas administrativas ou mesmo ajuizamento
de ações, quando comprovada a irregularidade. Na atuação
administrativa o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta
(TAC), que prevê multa no caso de descumprimento pode ser
executado perante as Varas do Trabalho (título executivo
extrajudicial).

O MPT dispõe da Ação Civil Pública (ACP), da Ação Coletiva Pública, e


da Ação Anulatória Trabalhista para controle de cláusulas de ACT e
CCT.

Também orienta a sociedade através de audiências públicas,


palestras, oficinas, reuniões setoriais e outros eventos semelhantes,
além de parcerias com órgãos nacionais e internacionais, sociedade
civil organizada, por meios de convênios, protocolos ou pela
participação em Conselhos e Fóruns.

c. Legislação

Constituição Federal – arts. 5º; 93; 105, 111 e 114;


Consolidação das Leis do Trabalho;
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015;
Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985;
Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990;
Lei Complementar 75, de 20 de maio de 1993;

d. Julgados/Informativos

Reclamação. ADI n. 3.395-MC. Ação Civil Pública Proposta na Justiça


do Trabalho, para Impor ao Poder Público a Observância das Normas
de Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho (STF Rcl.3303/PI —

PIAUÍ). Revista 36. Associação Nacional do Procuradores do


15
Trabalho.

TRT-11 - 00023980920165110007 (TRT-11)


Jurisprudência • Data de publicação: 22/08/2017
Ementa: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA.
LITISPENDÊNCIA. De acordo com o art. 81 da Lei nº 8.078 /90
(Código de Defesa do Consumidor ), a Ação Civil Pública tem por
objeto tutelar os interesses metaindividuais, que compreendem os
interesses ou direitos difusos, interesses ou direitos coletivos e
interesses ou direitos individuais homogêneos. Tem-se, pois, que
Ação Civil Pública e a ação trabalhista individual podem seguir
simultaneamente sem que isso configure litispendência, sendo
facultado aos autores da demanda individual, ao tomarem ciência da
lide coletiva, pedir a suspensão do processo ou prosseguir em busca,
pessoalmente, da reparação do direito individual violado. Assim, no
caso sub judice, a reclamante, mesmo diante da existência de ação
interposta pelo Ministério Público do Trabalho, optou, como lhe
faculta a legislação em vigor, propor sua reclamação trabalhista em
busca, pessoal, da reparação a seus direitos individuais violados, não
havendo, por isso mesmo, como prevalecer a litispendência declarada
pelo ilustre magistrado a quo. Recurso conhecido e provido, nos
termos da fundamentação. (TRT 11 00023980920165110007,
Relator: Ormy da Conceição Dias Bentes, Gabinete da
Desembargadora)

TRT-9 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO


00013514020155090023 PR (TRT-9)
Jurisprudência • Data de publicação: 04/04/2018
Ementa: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. DANO MORAL COLETIVO. DESCUMPRIMENTO DA
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. O dano moral coletivo é a violação
transindividual dos direitos da personalidade. O dano moral coletivo
abrangendo a injusta lesão a direitos e interesses metaindividuais
socialmente relevantes para a sociedade. No caso, as irregularidades
reveladas nos autos são suficientes para configurar ofensa à
coletividade, pois extravasam a esfera patrimonial individual dos
trabalhadores envolvidos. Recurso ordinário da ré ao qual se negou


15
Disponível em: http://fs1.anpt.org.br/site/images/stories/revista_mpt_36.pdf

provimento.(TRT-9 – RO: 00013514020155090023 PR, Relator: Célio


Horst Waldraff, Data de Julgamento: 04/04/2018)

TRT-6 - Recurso Ordinário RO 00004074620175060251 (TRT-6)


Jurisprudência • Data de publicação: 29/11/2017
Ementa: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DESOBEDIÊNCIA A NORMAS
TRABALHISTAS. "A reparação do dano moral coletivo tem por
objetivo prevenir a ocorrência de danos morais individuais, facilitar o
acesso à justiça, à ordem jurídica justa, bem como assegurar a
proteção da moral coletiva e da própria sociedade. 2. Assim, tem-se
que o dano moral coletivo é a ofensa antijurídica de valores coletivos,
pois decorre da violação do patrimônio moral de uma coletividade em
decorrência de fato capaz de lesionar um grupo, classe ou
comunidade de pessoas. 3. In casu, a atitude antijurídica da
reclamada alusiva ao atraso no pagamento dos salários, acrescido ao
recolhimento do FGTS de forma intempestiva, configura desrespeito
ao princípio da proteção do salário ( CF , art. 7 , X ) e violação de
direito indisponível dos trabalhadores, resultando em ofensa
aos direitos transindividuais da coletividade trabalhadora". Recurso
do MPT provido, no particular. (Processo: RO - 0000407-
46.2017.5.06.0251, Redator: Fabio Andre de Farias, Data de
julgamento: 29/11/2017, Segunda Turma, Data da assinatura:
09/12/2017)

TRT-4 - Recurso Ordinário RO 00203155620135040002 (TRT-4)


Jurisprudência • Data de publicação: 21/03/2018
Ementa: SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. DIREITOS INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS. LEGITIMIDADE DO SINDICATO DA CATEGORIA. O
Sindicato tem legitimidade para defesa de direitos individuais
homogêneos dos integrantes da categoria, inclusive relativamente
aos não associados, tudo na forma do artigo 8º, III da CF , sendo
desnecessária a apresentação de rol de substituídos. Direitos
postulados de origem comum configuram-se como individuais
homogêneos, nos termos do artigo 81 , II do Código de Defesa do
Consumidor . (TRT-4 – RO: 00203155620135040002, Data de
Julgamento: 21/03/2018, 1ª Turma).

e. Leitura sugerida

FERNANDES, Fábio Lopes. O FGTS como objeto da ação civil pública.


Ver. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg. Belo Horizonte, v.44, n.74 p. 147-156,
jul./dez. 2006. Disponível : <
https://www.trt3.jus.br/escola/download/revista/rev_74/Fabio_Ferna
ndes.pdf>

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do


trabalho. 14ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2016.

_______________________. Ministério Público do Trabalho.


Doutrina, jurisprudência e prática. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 5ª ed. São


Paulo: Saraiva, 2017.

SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª


ed. São Paulo: LTr, 2017.

______________. A reforma trabalhista e o processo do


trabalho: aspectos processuais da Lei n. 13.467/17. 1ª ed. São
Paulo: LTr, 2017.

f. Leitura complementar

BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti. As ações coletivas na Justiça do


Trabalho. Propostas para atualização da lei brasileira. Jus Navigandi,
Teresina, ano 16, n. 3079, 6 dez. 2011 . Disponível em:
http://jus.com.br/artigos/20580

CASTELO, Jorge Pinheiro. Tratado de Direito Processual do Trabalho


na Teoria Geral do Processo. 3ª Ed. São Paulo: LTr, 2012.

DANTAS, Adriano Mesquita. A proteção dos direitos metaindividuais


trabalhistas: considerações sobre a aplicabilidade da Lei da Ação Civil
Pública e do Código de Defesa do Consumidor ao processo do
trabalho. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 913, 2 jan. 2006.
Disponível em: http://jus.com.br/artigos/7780

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito Processual do


Trabalho. 6ª ed. Rio de Janeiro: GEN Forense, 2017.

- MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: Doutrina


e Prática Forense. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

MELO, Raimundo Simão de. Ação Civil Pública na Justiça do Trabalho.


5ª Ed. São Paulo: Ltr, 2014.

SAAD, José Eduardo Duarte. Ministério Público do trabalho. Senado.


Disponível em:
http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/181822/000435
115.pdf?sequence=1

SANTOS, Alfeu Gomes dos. A defesa dos direitos individuais


homogêneos, pela entidade sindical, na Justiça do Trabalho. Jus
Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2603, 17 ago. 2010 . Disponível em:
http://jus.com.br/artigos/17200

SAVAGET, Júnia Castelar. O papel do Ministério Público perante a


Justiça do Trabalho. TST. Disponível em:
https://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/73036/20
00_savaget_junia_papel_ministerio.pdf?sequence=1

SOUZA, Marcius Cruz da Ponte. A ação civil pública no âmbito do


processo do trabalho. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2229, 8
ago. 2009. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/13301>

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