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Significa dizer que os fatos não controvertidos, como regra geral, não são objeto
da prova, pois não sendo controversos, são admitidos como verdadeiros no processo.
As provas no direito processual do trabalho, devem ser norteadas segundo os
princípios constitucionais da ampla defesa, do devido processo legal, do contraditório.
Além desses, também devem ser observados os princípios trabalhistas da oralidade, da
busca da verdade real e lealdade processual, porém, existem princípios que são
específicos, que regulam a matéria, são eles:
a) Princípio da Necessidade da Prova: determina que os fatos alegados devem vir
acompanhados de provas que possibilitem o reconhecimento do direito.
b) Princípio da Licitude e Probidade da Prova: as provas ilícitas são vedadas em
nosso ordenamento jurídico, não bastando apenas ser idônea, deve ser obtida por meios
lícitos.
c) Princípio do Livre convencimento Motivado do Juiz: a doutrina o classifica como
o princípio da persuasão racional, de acordo com esse princípio, permite ao juiz formar
seu convencimento, ou seja, a decisão do juiz não está vinculada à prova, desde que
fundamentada, a decisão cabe ao magistrado, que goza de liberdade para analisar a
verossimilhança dos fatos da causa.
d) Princípio da Aquisição Processual da Prova no Processo do Trabalho: as provas
pertencem ao processo, ou seja, a partir do momento que a prova é produzida, passa a
integrar os autos, mesmo que não tenha sido a parte que a apresentou, o juiz tem a
faculdade, de acordo com suas convicções, beneficiá-la, conforme a literalidade do
artigo 371 do CPC que dispõe: “O juiz apreciará livremente a prova,
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões
da formação de seu convencimento.”
e) Princípio da Aptidão Para a Prova: a prova deve ser produzida por aquele que
apresenta melhor condição.
f) Principio da Oralidade: de acordo com Mauro Shiavi, a oralidade possibilita que o
juiz colha informações relevantes ao seu conhecimento, proporcionando assim a
possibilidade de uma sentença mais justa. Isso por que, o contato direto com as partes,
possibilita ao juiz, uma melhor avaliação, nas provas orais, uma vez que poderá analisar
as expressões corporais nos depoimentos, que são de extrema relevância para a
convicção do juiz.
A CLT é de 1943 e seu principal objetivo, foi a imposição de regras que
regulamentasse as relações de trabalho, em uma época em que a exploração da mão de
obra era feita de forma indiscriminada, não respeitando a dignidade dos trabalhadores.
Talvez esse seja o motivo das várias omissões existentes no texto das leis do trabalho,
uma vez que não se teve um planejamento sistematizado que possibilitasse adentrar nas
diversas celeumas das questões trabalhistas. Dessa forma, é legítima o disposto no
artigo 769, da CLT, ao determinar a aplicação do Código de Processo Civil como fonte
subsidiaria do Direito do Trabalho, para sanar eventuais omissões, naquilo em que houver
compatibilidade, como verifica-se em relação ao ônus da prova.
A CLT é sucinta quanto ao ônus da prova, apenas mencionando que o ônus da
prova incumbe à parte que fizer conforme prevê o artigo 818.
O art. 818 da CLT estabelece que a prova das alegações incumbe à parte que as
fizer. Dessa forma, não bastam as alegações da parte para a formação do convencimento
do magistrado, mas sim deverá prová-las (princípio da necessidade da prova).
Diz o novo CPC em seu Art. 373 que: “O Ônus da prova incumbe: I. Ao autor,
quanto ao fato constitutivo do seu direito; II. Ao réu, quanto à existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. ”
Para Mauro Schiavi (2016):
Ainda que a teoria das provas não seja uma tarefa fácil de ser tratada, a justiça
do trabalho é um dos campos do direito que mais se desenvolveu em relação às
inovações no tocante as provas. Porém, o entendimento de alguns tribunais é a aplicação
da inversão do ônus da prova no processo do trabalho, feita com fundamento no Código
de Defesa do consumidor, que é pautado pela hipossuficiência do consumidor.
Entretanto, para alguns doutrinadores poderia ser aplicado o princípio da maior
aptidão para a prova, ao invés da que aplicação do CDC, isso porque para eles não
estamos tratando de hipossuficiência, mas de distribuição dinâmica do ônus da prova.
Existem algumas situações na justiça do trabalho, como por exemplo em uma
ação de danos morais, onde fica inviável para o empregado provar a culpa do
empregador e, que em razão da dificuldade do empregado, tem-se concedido a inversão
do ônus da prova, transferindo para o empregador, o juiz pode, levando em consideração
a hipossuficiência e a verossimilhança da alegação fazer a inversão.
No entanto a grande questão é que a lei não determina qual seria o momento
adequado para que o juiz conceda a inversão do ônus probatório, contudo, no âmbito
trabalhista as provas são colhidas em audiência e por isso entendemos que este é o local
e momento adequado para que o juiz ao verificar as circunstâncias que levam a inversão,
possa aplica-la, todavia, em razão do princípio da não surpresa, a decisão deve ser
fundamentada para que a parte contrária tome ciência.
O novo CPC no seu artigo 373, § 1º trouxe uma importante inovação, a teoria da
distribuição dinâmica do ônus da prova. De acordo com essa teoria, cabe a quem tem
melhores condições a produção das provas. Vejamos:
Torna-se relevante salientar que apesar do Novo CPC consagrar tal teoria, o
entendimento já pacificado pelo STJ é de que o momento processual adequado para a
aplicação do ônus da prova é no saneamento do processo. Porém, no processo do
trabalho não há de se falar em uma fase para o saneamento do processo, visto a
unicidade das audiências, onde tudo acontece em um único momento e o processo é
saneado na própria audiência em ato único, salvo a possibilidade de o juiz fraciona-la.
Desse modo, verificamos que o momento adequado para o juiz trabalhista fazer
a distribuição dinâmica deve estar entre a réplica, ou seja, a manifestação sobre a defesa
e a instrução processual.
REFERÊNCIAS BIBlIOGRÁFICAS
https://damianacunha.jusbrasil.com.br/artigos/412005327/o-novo-cpc-e-o-onus-da-
prova-no-processo-do-trabalho