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História do Ensino de História no Brasil

FICHAMENTO:
“Conteúdos históricos: como selecionar?”
Circe Maria Fernandes Bittencourt

Docente: Germano Esteves


Discente: João Pedro Vargas Frandsen
História – Matutino - 1̊ ano
26/05/2018

Bibliografia:
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. O ensino de história: fundamentos
e métodos. Cortez editora, 4˚ edição, 1˚ reimpressão. Conteúdos históricos:
como selecionar? (p. 137-155).

Quais as formas de se ensinar história? É partindo-se deste questionamento


que Circe Maria Bittencourt vai buscar construir sua análise acerca do conteúdo
histórico. Assim, mais do que construir as “bases”, a autora vai apontar para as
“estruturas” responsáveis pelo ensino da História, isto é, quais as linhas
historiográficas que serviram de fundamento para o método. Por tanto, a
proposta de Circe se pautará, sobretudo, nos “tipos de História”.
A ideia de se ensinar história por vezes se mostra mais complexa do que
parece, na medida que se pensa em seus conteúdos, afinal: como abordar tantos
conteúdos pertencentes a um período tão extenso? A resposta para essa dúvida
está na presente na expressão utilizada pela autora, que seria “conteúdos
significativos”. A seleção do conteúdo é peça chave para a formação de um
currículo de ensino. Com isso, ensinar história corresponderia a um complexo
processo de escolha de “um todo”, em favor de um contexto, onde o todo seria
a História, e o contexto representaria não só as condições econômicas, culturais
e políticas, como o próprio público discente.
Sob esta ótica encontra-se os diversos “tipos de história”, que estariam diluídos
em diversos períodos históricos mas se distinguem, de maneira geral, entre
conteúdo tradicional e conteúdo temático. Olhar a história de modo tradicional
significaria analisa-la cronologicamente, sob uma visão progressiva e singular.
Contudo, a abordagem temática dessa disciplina implicaria quebrar a linearidade
dos períodos para utilizar como ferramenta não só o tempo, como ainda fatores
culturais, econômicos, sociais. Contar história, sob o método temático
representaria trazer essa do caráter objetivo, para a subjetividade da crítica.
E assim fizeram-se as linhas historiográficas, a começar pela a que inaugura
a abordagem de Circe: O historicismos. Os “ismos “do século XIX chegam até o
campo da história e estabelecem a história como narrativa. De fato, essa ideia
implantada por Leopold von Ranke, previa, objetivamente, contar a verdadeira
história dos fatos passados. Tida como história positivista, não era do interesse
dessa corrente historiográfica atribuir uma carga interpretativa dos fatos. Desta
forma, a fonte exclusivamente documental serviria de ferramenta para narrar o
passado das nações, ações políticas e militares. O cerne dessa corrente está na
objetividade de estabelecer na História certa imparcialidade e singularidade dos
fatos. Com isso, o passado seria palco de heróis e vilões, grandes guerras e
grandes nomes, sempre com total linearidade das datas e o objetivo da aluno
seria de memorizar essa narrativa, até certo ponto emotiva, sem atribuir um juízo
crítico.
Contudo, a maior crítica que se encontra nessa corrente é vinda das
historiografias do século XX, como o marxismo. A história contada sob a ótica
dos modos de produção e a luta de classes, introduz o “materialismo histórico”
de Karl Marx, onde a chave da evolução humana estaria no desenvolvimento
dos meios de produção, e o estudo da sociedade se pautaria na luta de classes.
Diferentemente do historicismo, o marxismo não só abre espaço para a critico,
como ainda utiliza-se como base o material, aquilo que é produzido pelo homem,
expandindo se olhar para além fontes documentais. Dá-se forma a partir daí para
uma história econômica.
Todavia, se o marxismo de Karl Marx utilizou-se do material como objeto de
estudo, a escola dos Annales fez se valer também de um objeto muito importante
para um sociedade: o imaginário, a mente. Com isso, Marc Block e Lucien
Febrve inauguram um história das mentalidades, das ideias coletivas de uma
sociedade, que teriam como base temporal o próprio século XX, era dos
extremos, de muitas questões, principalmente no âmbito ideológico, mas para
além disso, passando por várias fases. A escola dos Annales é responsável por
propor a “longa história” em contrapartida ao historicismo de Ranke. Neste
sentido, tanto o marxismo como os Annales começam a tender para o lado das
ciências sociais como a sociologia, propondo sempre um olhar interpretativo dos
fatos.
A procedência dos Annales, que se concentraram mais na França, leva o
ensino de História até a última linha historiográfica trabalhada por Circe, isto é,
a Nova História Cultural que se estabeleceu sobretudo nos anos 80-90. A marca
das produções dessa escola está na associação da história com a antropologia.
Sendo assim, os objetos de estudo passam ser muitos: história oral, mitos,
lendas, tradições, cultural, social, etc. e o foco revela uma micro História em favor
da macro História. A implicação que esse olhar renovado propõe é o de se
abordar um olhar mais intimista, abrangente, complexo de um cotidiano de
determinada época. Por fim entende-se no ensino de história como uma conexão
entre passado e presente, onde muito do presente vivido se encontra no
passado.
A essência da análise de Circe Bittencourt se encontra em entender o ensino
de história como variável perante as diversas linhas historiográficas que o
fizeram durante a própria história. Assim, essas diversas “lente” dos fatos e de
sociedades tem como base seus respectivos objetos e olhares para um mesmo
fato. Falar de História requer intenção, interpretação e fundamentalmente
seletividade.

Texto: Teoria historiográfica e prática pedagógica: as correntes


de pensamento que influenciaram o ensino de História no
Brasil.
Crislane Barbosa Azevedo
Maria Inês Sucupira Stamatto
Bibliografia:
AZEVEDO, Crilane Barbosa; STAMATTO, Maria Inês Sucupira. Teoria
Histórica e prática pedagógica: as correntes de pensamento que
influenciaram o ensino de História no Brasil. Antíteses, vol. 3, n. 6, p. 705-
711. Jun. Dez. 2010

A pedagogia surge como um ramo chave para a ligação entre conhecimento


e aprendizagem. Desta maneira, o ensino de história é fruto de uma união
entre as correntes historiográficas em conexão as teorias pedagógicas. E mais
do que isso, assim como há um processo de passagem de uma corrente para
outra, é identificável a absorção de teorias pedagogas pelo sistema de ensino,
sobretudo no Brasil.
As diversas teorias pedagógicas implicam mais do que questões internas,
pois a evolução de tais teoria tem direta relação com o meio externo, isto é, o
contexto histórico, escolar, etc. Assim, Crislane Barbosa e Maria Inês Sucupira
identificam nesse texto três métodos pedagógicos: o de Transmissão de
conteúdo; seguido do de Formação Reflexiva; e por fim o de Construção Ativa.
A marca desses métodos se encontra na interação entre aluno e professor.
A primeira linha ilustrada por Crislane e Maria, sendo assim, se configura na
transmissão de conteúdo, tida como Pedagogia Tradicional, onde o ensinar
pauta-se na reprodução do saber, despreocupando-se com olhar crítico dos
fatos. Com isso, as práticas pedagógicas pautam-se em exercícios de
memorização com base no discurso do professor, preencher lacunas, citar,
escrever nomes, copiar informações. A chave de entendimento dessa teoria
está em entender no professor como fonte do saber e aos alunos cabem
apenas a absorção desse conhecimento. No Brasil, esse Tecnicismo
pedagógico se fez, sobretudo, no período militar (Ditadura Militar), onde
encontrava-se os chamados “Estudos Sociais”.
Em contrapartida se encontra a teoria da Formação Reflexiva (Pedagogia
Libertadora/ Critico-social dos conteúdos) e suas diversas fases de evolução:
Pedagogia Libertadora em um processo inicial ilustrada por Paulo Freire (1950-
60); a Pedagogia Crítico social; e por fim as teorias Críticas do currículo.
Contudo a essência dessa nova proposta compreender justamente o olhar
crítico do conhecimento introduzindo o aluno como já um participante da
formação do conhecimento, em oposição a teoria contemporânea desta
mesma, Transmissão de conteúdo.
Desta maneira as fontes apontam para a última teoria, da qual atribuir-se-ia
ao aluno o protagonismo do formação do conhecimento, enquanto o professor
teria o papel de intermediar, apontar, instigar a pesquisa, a investigação, a
formação do saber pelo aluno. Assim, no Brasil identifica-se a presença dessa
corrente desde o período inicial da republica, passando por transformações,
isto é do Escolanovismo, passando pelo Construtivismo e chegando até o
ensino Cognitivista. A esses dois últimos nomes traduzem-se no ensino como,
mais do que um olhar crítico, entender o meio social como definitivo para
aprendizagem. Assim, o aluno assume o presente como ponto de partida para
a investigação com o passado.
É notável a relação dessas teorias pedagógicas com as próprias correntes
historiográficas, uma vez que identifica-se certa intertextualidade e mais do que
isso, é perceptível a reciprocidade da pedagogia, que da base ao ensino de
História. Assim, pode-se partir do pressuposto que as diversas partes de um
ensino de História ultrapassam o limite monologo entre História e História para
o discurso dialético do ensino. A pedagogia anda entrelaçada com a história
sob o pilar do ensino.

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