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CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA PARA AMASSAMENTO DO CONCRETO

FABRICADO NAS USINAS DA ILHA DE SÃO LUÍS - MA

CHARACTERIZATION OF WATER FOR PUTTING THE CONCRETE


MANUFACTURED IN THE USES OF THE ISLAND OF SÃO LUÍS - MA
Marcello Resende Leite1
Ma. Adriana Marques Silva2

Resumo:
O concreto e a água são os produtos mais consumidos no planeta, tendo participação em
quase todas as etapas de uma obra desde as fundações até as coberturas. O concreto está sempre
em evolução e requer constante atualização de conhecimento e a sua qualidade depende muito
do seu controle tecnológico e dos seus materiais, dentre esses podemos citar a água de
amassamento que muitas das vezes é negligenciada o seu controle mesmo sabendo que para
essa finalidade é necessário ter parâmetros químicos adequados. As águas subterrâneas da ilha
de São Luís são levemente salinas e as aberturas de poços artesianos tem uma fiscalização
ineficiente, o que pode estar aumentando o processo de salinização. O presente trabalho
investigou as águas subterrâneas das principais usinas de concreto da Ilha de São Luís
identificando a forma de armazenamento e avaliando os parâmetros químicos e físicos tais
como pH, matérias sólidos, cor, turbidez, odor, cloretos e sulfatos utilizando os preceitos da
NBR 15900, ABNT 2009. Com os resultados pôde-se caracterizar a água como de boa
qualidade, atendendo a norma, porém foi constatado que o armazenamento da água é realizado
de forma irregular, podendo assim ocasionar em algumas futuras patologias, afetando a pega e
resistência à compressão no concreto.
Palavra Chave: Água de amassamento. Caracterização. Concreto.
Abstract:
Concrete and water are the most consumed products on the planet, having participated in almost
every stage of a work from foundations to coverings. Concrete is always evolving and requires
constant updating of knowledge and its quality depends very much on its technological control
and its materials, among which we can mention the kneading water that is often neglected its
control even knowing that for this purpose it is necessary to have suitable chemical parameters.
The groundwater of the island of São Luís is slightly saline and the openings of artesian wells
have an inefficient inspection, which may be increasing the process of salinization. The present
work investigated the groundwater of the main concrete plants of the Island of São Luís,
identifying the form of storage and evaluating the chemical and physical parameters such as
pH, solids, color, turbidity, odor, chlorides and sulphates using the precepts of NBR 15900,
ABNT 2009. With the results, it was possible to characterize the water as good quality,
according to the norm, but it was verified that the water storage is carried out in an irregular
way, being able to cause in some future pathologies, affecting the handle and resistance to
compression in the concrete.
Key Word: Kneading water. Description. Concrete.
Submissão: Maio, 2019

1
Aluno Concludente do Curso de Engenharia Civil – mrlexpedicoes@gmail.com
2
Orientadora – Mestre em Meio Ambiente, Engenheira Civil – adriana.marques@ceuma.br
1. INTRODUÇÃO

Os produtos mais utilizados no mundo são a água e o cimento, ambos são os


constituintes indispensáveis do concreto e necessitam de controle de qualidade para
proporcionar um concreto de adequado (NEVILLE, 2013).
A água tem características importantes e é um componente essencial para o
amassamento do concreto que está ligada as reações de hidratação do cimento e na sua
utilização na cura, fases estas que influenciam as propriedades e durabilidade do concreto,
sendo de grande importância para sua produção. Quantidade e composição química devem ser
controladas de forma a não prejudicar o concreto.
De acordo com Nascimento (2005 apud PRADO E ANTUNES, 2017), a água é um
ingrediente essencial na argamassa, uma vez que ela possui duas funções primordiais:
possibilita que a mistura seja trabalhável e combina-se quimicamente com os aglomerantes
proporcionando o endurecimento e a resistência da argamassa.
Segundo Neville (2013), a água não é somente um líquido utilizado para produzir
concreto: ela está envolvida em toda a vida útil do concreto, para o bem e para o mal. A água,
além de atuar na trabalhabilidade e na resistência, exerce importante influência nos seguintes
aspectos: pega, hidratação, exsudação, retração por secagem, fluência, ingresso de sais, ruptura
brusca de concretos de relação água/cimento muito baixa, colmatação autógena, manchamento
superficial, ataque químico ao concreto, corrosão de armaduras, gelo e degelo, carbonatação,
reação álcali/agregado, propriedades térmicas, resistividade elétrica, cavitação e erosão. Como
algumas influências são benéficas e outras são nocivas, pode ser dito que a água e o concreto
têm uma relação de amor e ódio.
As águas subterrâneas da Ilha de São Luís são em geral levemente salinas, e devido aos
inúmeros poços que são perfurados há uma tendência salinização do lençol freático ocasionado
pelo rompimento do equilíbrio hidrostático água doce/ água salgada, o desmatamento
desordenado e construções sem controle que impossibilita a recarga desse aquífero, são fatores
propício a entrada da água do mar trazendo um aumento no teor íons cloretos na água,
ocasionando sérios problemas na utilização dessa água, conforme Norma Técnica Brasileira
(NBR) 15900-1, Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 2009, onde determina os
requisitos para o uso de água de amassamento do concreto. A água para o uso em concreto deve
passar por uma avalição preliminar e deve estar em conformidade com as exigências químicas
relativas a cloretos, sulfatos e álcalis.
Todos os elementos constituintes do concreto interagem entre si e com seu meio externo,
apresentam um comportamento não inerte que muitas vezes apresentam anomalias na estrutura
comprometendo o seu desempenho, têm aparência, estabilidade e seguranças afetadas. Sendo a
água um dos constituintes do concreto, este estudo teve como objetivo a investigação dos
parâmetros físico-químicos da água utilizada nas usinas de concreto da Ilha de São Luís – MA,
localizadas em Mocajituba, Bacanga e Quebra Pote, para caracteriza-la de acordo com a norma,
uma vez que a água é proveniente de poços artesianos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. CONCRETO

Neville 2013 caracteriza o concreto como sendo uma mistura de diversos materiais,
agregados graúdos e miúdos onde adicionado água no seu processo consegue se produzir uma
peça com propriedades e característica estruturais, após a sua cura atinge propriedades físico-
químicas de grande durabilidade. Por ser um material essencialmente poroso precisa ser
submetido a um controle rigoroso de qualidade, levando em consideração agressões por cloretos
e sulfatos e também agressões ao meio que se encontra destacando a poluição ambiental de
monóxidos de carbono e resíduos de efluentes.
Muitas variáveis influem na característica do concreto, necessitando uma rigorosa
seleção dos materiais, um estudo de dosagens e um ótimo controle na sua execução para ser ter
um produto final de qualidade (BAUER 2008). Medeiros 2010 afirma que um concreto
saudável se diferencia por proporcionar uma dupla proteção as armaduras por causa de sua
alcalinidade agindo como uma capa passivadora e a massa do concreto formando uma barreira
de proteção contra-ataques físicos, dessa forma minimizando patologias como carbonatação e
corrosão.
2.2. ÁGUA PARA AMASSAMENTO

A água de mistura do concreto é um dos componentes mais importantes, ela que


possibilita que a mistura seja trabalhável e combina-se quimicamente com os aglomerantes, a
resistência final é determinada pela quantidade de água utilizada (fator água/cimento), pode-se
apresentar patologias graves se não for utilizado águas de fontes confiáveis, presença de
cloretos podem contribuir para instalação e o desenvolvimento de corrosão nas armaduras
(SOUZA E RIPPER, 1998).
Em toda vida útil do concreto a água estará envolvida sendo para o bem o para o mal,
além de agir na trabalhabilidade e na resistência também atua nos aspectos: fluência, exsudação,
retração, pega, hidratação, relação água cimento, colmatação autógena, manchamento
superficial, ataque químico ao concreto, corrosão de armaduras, gelo e degelo, carbonatação,
reação álcali/agregado, propriedades térmicas, resistividade elétrica, cavitação e erosão.
(NEVILLE, 2013).
Conforme a NBR 15900-1 (ABNT, 2009) é criteriosa com relação a água adequada para
a preparação do concreto conforme sua origem, sendo água de abastecimento público, água
recuperada de processos de preparação de concreto, água de fontes subterrâneas, água natural
de superfície, água de captação pluvial e água residual industrial e água salobra.
A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 357, 2005
classifica os corpos de água de acordo com quadro 1.

Quadro1 - Classificação dos corpos de água, segundo CONAMA


Água Salinidade
Doces salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰;
salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior
Salobra
a 30 ‰;
Salinas salinidade igual ou superior a 30 ‰.
Fonte: Adaptado Conama Nº 357 (2005)

Conforme Sousa 2000, as águas encontradas no subsolo da Ilha de São Luís são
predominantemente salinas, possuindo um pH; mínimo de 4,90, médio de 6,95 e máximo de
8,91, não mostrando percentual de acidez ou alcalinidade dessas águas. Os inúmeros poços
perfurados na região podem estar provocando um desequilíbrio hidrostático água doce/água
salgada ocasionando a migração da água salgada para os aquíferos, consequentemente
aumentando os números de moléculas de cloretos (Cl-) comprometendo a qualidade da água de
amassamento, a dissolução de sais como cloreto, carbonatos e calcário que são encontrados no
subsolo afetam a qualidade da água.
2.3. CLORETOS

Os cloretos podem estar presentes no concreto por terem sido incorporados à mistura
por meio do uso de agregados contaminados ou de água do mar ou água salobra ou pelo uso de
aditivos que contem cloretos.
A corrosão das armaduras é uma das principais causas da deterioração de estruturas de
concreto armado em diversos locais. A camada passivada protetora é formada logo após o início
da hidratação do cimento e é firmemente aderida ao aço, formando um filme de óxido que
enquanto estiver presente o aço permanecerá intacto. Entretanto, os íons cloreto destroem o
filme na presença de água e de oxigênio ocasionando a corrosão, a figura 1 demonstra o
esquema eletroquímico ocasionado pelos ataques do cloreto (NEVILLE, 2016).

Figura 1- Representação esquemática da corrosão eletroquímica na presença de cloretos

Fonte: Neville (2016, p. 587)

As diferenças de potencial eletroquímico podem decorrer de diferenças no ambiente do


concreto, como, por exemplo, quando uma parte dele está́ permanentemente submersa em água
do mar e a outra parte está́ exposta a molhagem e secagem periódicas. Uma situação semelhante
pode ocorrer quando existe uma diferença significativa na espessura do cobrimento de uma
armadura que esteja eletricamente conectada. Também se formam células eletroquímicas pela
variação da concentração salina dá água dos poros ou pelo acesso não uniforme ao oxigênio,
(NEVILLE, 2016).
O teor de cloreto na água ensaiada e expresso como Cl-, não deve exceder os limites
estabelecidos no Quadro 2, a menos que se mostre que o teor de cloreto do concreto não excede
o valor máximo permitido na NBR 12655 (ABNT, 2015).

Quadro 2 - Teor máximo de cloreto em água para amassamento segundo NBR 15900-1

Uso Final Teor máximo de cloreto mg/L Procedimento de ensaio


Concreto protendido ou graute 500
Concreto armado 1 000 ABNT NBR 15900-6
Concreto simples (sem armadura) 4 500
Fonte: ABNT (2009, p. 06)
2.4. SULFATOS

É a terceira maior presencia de íons nos oceanos, perdendo apenas para os íons cloreto
(Cl ) e sódio (Na+), na medida que a profundidade aumenta a proporção diminui. As águas
-

infectadas são oriundas dos efeitos causados por ser humano e de origem natural. As águas com
presença de sulfato de origem natural são encontradas na transformação de matéria orgânica,
sais inorgânicos presentes nos solos e águas dos oceanos, conforme (LIMA E SILVA et al,
2018).
Segundo Carmona Filho e Carmona (2011) na hidratação do cimento Portland o
aluminato tricálcico se ajusta na forma de monosulfato hidratado e em contato com íons sulfato,
portlandita e umidade se transforma em etringita podendo ocasionar a fissuração do concreto.
Conforme Bauer (2008) existe dois mecanismos de atividade de águas com sulfato sobre o
concreto. Reação química que resulta produtos de características de expansão e a ação mecânica
de microfissuração ocasionada devido deterioração do concreto tendo como resultado a
cristalização de sais provenientes da evaporação da água, na tabela 1 apresenta o grau de
corrosão com a proporção de sais presentes na água.

Tabela 1 - Ataque por Solos e Águas Sulfatadas segundo Bauer


Grau relativo de Ataque por Sulfato Solúvel, SO4 no solo SO4 em Solução
Sulfatos (%) ppm

Desprezível 0,00 – 0,10 0 -150

Positivo 0,10 – 0,20 150 – 1000

Considerável 0,20 – 0,50 1000 – 2000

Severo 0,50 2000


Fonte: Bauer (2008, p.304)

A quantidade de sulfato na água, ensaiada de acordo com NBR 15900-7 (ABNT, 2009)
expresso como SO42-, não deve exceder 2 000 mg/L.

2.5. ÁLCALIS

NBR 15577-1 (ABNT 2018), define álcalis como sendo “sais de sódio e/ou potássio,
provenientes de qualquer fonte interna ou externa ao concreto, que, quando em contato com
água são solubilizáveis imediatamente ou ao longo do tempo”.
Conforme Carmona Filho e Carmona (2011) apud Valin Junior e Ribeiro (2014),
definem a reação álcali agregado é proveniente da reatividade presentes no cimento em
presença com a água, provocando uma reação química lenta dando origem a um gel expansivo,
denominado de gel de sílica, essa reação ocasiona tensões internas de tração no concreto
formando fissuras na estrutura. Casos com sérias consequências têm sido constatados em
edificações incluindo pontes, edifícios residenciais e comerciais, pavimentação de concreto etc.
A NBR 15900-1 ABNT 2009 ressalta que álcalis potencialmente reativos forem usados
na fabricação do concreto ou argamassa, a água utilizada deve ser analisada e não deve exceder
1500 mg/L, caso contrário a água só poderá ser usada, se forem tomadas ações que comprovem
a prevenção contra a reação de álcali-agregado de acordo com a NBR 15577-1 (ABNT, 2018).
2.6. SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS
As substâncias orgânicas merecem atenção devido a possibilidade de modificar as
propriedades do concreto em especial os açucares, óleos minerais e os hidratos de carbono. São
substâncias retardadores de pega, pequenas quantidades de açúcar podem influenciar na
resistência do concreto nos primeiros dias, mas nem sempre isso ocorre da mesma forma,
porque outros fatores podem influenciar, como o tipo de cimento, necessitando um estudo mais
aprofundado em laboratório, Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT,
2005).
Concentrações de açúcar entre 0,03% e 0,06% da massa de cimento podem retardar a
pega do concreto e aumentar a resistência mecânicas até o terceiro dia de idade (TUTHILL,
ADAMS E HEMME, 1960 APUD DNIT 2005), mas Bloem (1959 apud DNIT 2005), verificou
que se as concentrações de sacarose estivessem em torno de 0,1% atrasariam a pega do concreto
consideravelmente e aumentaria a resistência no terceiro dia e também analisou que quando a
sacarose estava em 0,15% parecia ocorrer aceleração da pega do concreto.
2.7. SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS

Substâncias inorgânicas podem ser levadas pela água e quando presentes podem causar
sérios distúrbios como, na pega, na resistência à compressão do concreto e serem causadores
de manifestações patológicas como eflorescência, corrosão das armaduras e ataque à
microestrutura do concreto.
Os cloretos, sulfatos, fosfatos, iodatos, sulfetos de sódio e potássio, são as substâncias
que merecem cuidado redobrado porque são os principais causadores de patologias em concreto
(DNIT, 2005).

3. METODOLOGIA
3.1. ÁREA DE ESTUDO

O estudo consiste na caracterização da água de amassamento do concreto nas principais


usinas de concreto na Ilha de São Luís -Ma, sendo estas a de Mocajituba – Paço do Lumiar,
Quebra Pote – São Luís (imagem 1)

Imagem 1- Mapa de localização da área estudada

Fonte: Google Earth, 2019


3.2. METODOLOGIA APLICADA

O trabalho é estruturado em duas etapas, sendo a primeira etapa um estudo sobre a


literatura existente. A segunda etapa compreende coleta de amostras, realização de análise da
água e discursões dos resultados físico-química da água.
Para aceitação da água de amassamento é necessário o atendimento a todos os requisitos
estabelecidos na NBR 15900-1 ABNT 2009, que destaca um fluxograma conforme a figura 2.

Figura 2 - Fluxograma para aceite da água, segundo a NBR 15900-1

Fonte: ABNT (2009, p.04)


A coleta das amostras seguiu os preceitos da NBR 15900-2, ABNT 2009, item 5,
destinada especificamente a coleta das amostras para ensaios.
Avaliação preliminar da de amassamento deve se encontrar nos padrões da NBR 15990-
1, ABNT 2009 identificados no quadro 3.

Quadro 3 – Avaliação preliminar da água de amassamento conforme a NBR 15900-1


Parâmetro Requisito Procedimento de Ensaio

Óleos e Não mais do que traços visíveis


gorduras

Qualquer espuma deve desaparecer em 2


min
Detergentes
ABNT NBR 15900-3

A cor deve ser comparada


qualitativamente com água potável
devendo ser amarelo claro a incolor,
Cor exceto para a água classificada em 3.3

Para água de fontes classificadas em


3.3, utilizar a metodologia do Anexo
Material A ou ABNT NBR 15900-3. Para os
Máximo de 50 000 mg/L
Sólido demais tipos de água aplica-se o
Projeto ABNT NBR 15900-3

Água de fontes classificadas em 3.3 não


devem apresentar cheiro, exceto um leve
odor de cimento e, onde houver escória,
Odor um leve odor de sulfeto de hidrogênio
após a adição de ácido clorídrico
ABNT NBR 15900-3
Ácidos pH >5

A cor da água deve ser mais clara ou


Matéria igual à da solução-padrão, após a adição
Orgânica de NaOH

Fonte: ABNT, 2009

Para a realização de ensaios químicos e avaliação preliminar, o volume mínimo de


amostra de água é 3 litros, por segurança foram retirados 4 litros em cada usina. Para coleta foi
utilizado recipientes plásticos, mas especificamente garrafas de polietileno tereftalato (PET) de
2 litros de capacidade, conforme (imagem 2).
Imagem 2 – Água coletada e identificada

Fonte: O autor, 2019

Os recipientes foram identificados, com informações como: procedência, local de


coleta, finalidade a que se destina, profundidade da coleta, quantidade, data e hora da coleta.
Para realização do estudo foi definido que a Usina de Concreto A é da região de
Mocajituba município de Paço do Lumiar – MA e a Usina de Concreto B é da região do Quebra
Pote município de São Luís- MA.
As amostras foram avaliadas em laboratório quanto à presença de detergentes, óleos ou
gorduras, cor, odor e pH de acordo com o item 6 NBR 15900-3, ABNT 2009, em caso de a
água não passar na fase de análise preliminar, a mesma só poderá ser utilizada para uso em
concreto, se comprovado aptidão de acordo com os ensaios de tempo de pega e resistência.
Para identificação de odor na amostra, agitou se de modo a misturar qualquer material
que esteja no fundo do recipiente. Despejou-se 80 ml da amostra numa proveta de 100 ml e
agitou em média 30 segundos. Reservou-se uma quantidade de amostra e adicionou 0,5 ml de
ácido clorídrico e misturou com o intuito de observar se há presença de odor típico de sulfeto
de hidrogênio
Verificou se a presença visível de espuma deixando a amostra em repouso por 30 min.
Nos primeiros 2 minutos foi observado se haveria espuma e indícios de óleo e gordura. Ao final
dos 30 min examinou-se a tonalidade e a cor da amostra em relação a água potável.
O potencial hidrogeniônico (pH) foi avaliado imergindo papel indicador em um béquer
e observado sua escala indicativa e comparado com escala indicativa do fabricante.
A amostra foi agitada e transferida para uma proveta graduada de 250 ml e colocado em
um béquer, mantendo em banho-maria e mexendo. Após a evaporação colocou se o béquer na
estufa secando o material sólido durante 50 minutos em uma temperatura de 103 ºC em seguida
foi pesado o material em uma balança de precisão.
Para se obter a quantidade de material sólido em mg/L foi utilizado a equação 1:

𝑚2 −𝑚1
𝑅=( ) × 106 (1)
𝑉

onde;
R = quantidade de material sólido presente na amostra em miligramas por Litro (mg/L);
m1= massa do béquer em gramas (g);
m2= massa do béquer mais a massa da amostra depois de seca em gramas (g);
V = volume em mililitros (ml) da amostra.

A determinação de cloretos (Cl-) foi por titulação de nitrato de prata (AgNO3). Pipetado
uma alíquota de 10 ml da amostra e colocada em um béquer de 250 ml e acrescentado 10 ml de
água destilada mais 0,5 ml de cromato de potássio (K2CrO4).
Preencheu uma bureta de 25 ml com solução de nitrato de prata 0,05 ml/L e colocado
somente a ponta da bureta dentro da solução do béquer. Agitou o béquer manualmente e titulou
lentamente com pequenas adições de solução de nitrato de prata, anotando o volume utilizado.
Utilizando a equação 2, pôde-se identificar a quantidade de cloreto na amostra em
miligramas por litro (mg/L).

V1 ×C1 ×35,5×1000
Cl- = (2)
V2
onde,
Cl-= quantidade de cloretos em mg/L;
V= volume de nitrato de prata em mililitros (ml);
C= concentração de nitrato de prata em mol por litro (mol/L);
V2 = volume total da amostra em mililitros (ml).

Com o propósito de determinar a quantidade de sulfato, foram utilizados os reagentes


de solução de vermelho de metila 0,2%, 50 ml de ácido clorídrico concentrado com 50 ml de
água e solução de cloreto de bário (BaCl2) a 10%.
Misturou-se a amostra até ficar homogenia e aguardou por 1 hora, em seguida filtrou
uma pequena quantidade para realização dos ensaios em sistema de filtração a vácuo.
Colocou-se 200 ml da amostra em um béquer de 250 ml, adicionou três gotas de solução
de vermelho de metila e 0,10 ml de ácido clorídrico, aqueceu até a ebulição e acrescentou-se
lentamente 10 ml de solução de cloreto de bário facilitando a formação de cristais, manteve a
ebulição por 45 min acumulando o precipitado e deixou descansando em banho maria a
amostra.
No seguinte dia o precipitado foi filtrado em papel de filtração lenta e lavado com água
deionizada quente até ausência de cloretos. Para verificar a falta de cloreto recolheu
aproximadamente 2 ml do filtrado em um tubo de ensaio, acrescentou 2 gotas de HNO3
concentrado e algumas gotas de solução de AgNO3, foi lavado algumas vezes até a solução
ficar ligeiramente turva.
Utilizou-se um cadinho de porcelana previamente pesado, secou e queimou lentamente
sem inflamar até desaparecer todo o carvão de papel, na sequência calcinou a (650) °C por 48
minutos, esfriou em dessecador e pesou.
Para se obter a quantidade de Sulfato SO42- foi utilizado a equação 3 conforme o item 8
da NBR 15900-7 (ABNT 2009).

(𝑚2 −𝑚1 )×0,4116×106


SO2−
4 = (3)
𝑉

onde;
SO42-= concentração de sulfatos, expressa em miligramas por litro (mg/L);
m1 = tara do cadinho, expressa em gramas (g);
m2 = massa do resíduo mais cadinho, expressa em gramas (g);
0,4116 = fator de conversão de sulfato de bário a íon sulfato (SO42-);
V = volume de amostra, expresso em mililitros (ml);
106 = fator de conversão de gramas por litro (g/L) para miligramas por litro mg/L).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na amostra não foi identificado a presença de Odor, Detergentes, Óleos ou Gorduras,


para as amostras das Usinas de concreto A e B (imagem 3).

Imagem 3 – Avaliação preliminar

Fonte: O autor, 2019

O anexo da NBR 15900-1 A.5.2 estabelece que água deve estar adequadamente
protegida para se evitar contaminações, mas a Usina A não apresentava essas condições (
imagem 4) podendo estar contaminada por substâncias estranhas, afetando os processos de
pega e na resistência à compressão do concreto. A Usina de concreto B apresentava caixas
d´águas em boas condições de armazenamento com tampas e outras tipo cisterna ( imagem 5).
Imagem 4 – Caixas d’águas sem tampas da Usina de concreto A

Fonte: O autor, 2019


Imagem 5 – Caixa d’água em boas condições de armazenamento, usina de concreto B

Fonte: O autor, 2019

O Potencial hidrogeniônico (pH) encontrado em ambas as usinas, foi igual a 7, meio


neutro (imagem 6), estando em conformidade com a NBR 15900-1, ABNT 2009 que determina
pH > 5.

Imagem 6 – Determinação de pH

Fonte: O autor, 2019

A quantidade de material sólido encontrado na Usina de Concreto A foi de 27.600 mg/L


e na Usina B foi 36.400 mg/L estando dentro dos padrões estabelecidos pela tabela 1, página 5
da NBR 15900-1, ABNT 2009.
Os valores encontrados de Cl-, foram de 405 mg/L para a usina A foi 464 mg/L
(imagem 7) não excedendo os limites determinados pelo o item 4.3.1, da NBR 15900-1, ABNT
2009.
Imagem 7 – Amostra com cromato de potássio

Fonte: O autor, 2019

A imagem 8 demonstra parte da análise realizada para obtenção Cl- nas amostras.
Imagem 8 – Amostra com nitrato de prata

Fonte: O autor, 2019

Os resultados obtidos referentes aos sulfatos foram na Usinas A 1893 mg/L e B 1788
mg/L satisfazendo as condições do item 4.3.2 da NBR 15900-1 que determina a quantidade
máxima de sulfatos presentes que é 2000 mg/L e caracterizando as amostras como apta para o
amassamento do concreto

5. CONCLUSÃO

Conhecendo-se a importância e exigências que devem ser estabelecidas na fabricação


do concreto, mesmo em usinas, pode-se observar que apesar da caracterização da água ter sido
positiva por atender aos parâmetros estabelecidos na NBR 15900-1, ABNT 2009, ambas as
Usinas de concreto não possuem um controle permanente quanto a avaliação da água de
emassamento.
Também foram analisadas as condições do ambiente de armazenamento destas usinas,
constatando-se que não há um padrão estabelecido de proteção da água de uso em uma das
usinas.
Além da água de amassamento, outros fatores, tais como umidade da areia, teor de
cloretos devido à utilização de aditivos retardantes e a reação álcalis – agregados, podem
influenciar nas propriedades do concreto em seu estado fresco ou endurecido, o que pode
ocasionar futuras patologias de grandes proporções em elementos estruturais que possam ser
executados com concreto fabricado sem controle total.
Se torna importante a necessidade de capacitação profissional quanto às exigências da
NBR 15900-1, 2019, assim como a fiscalização ou exigência por parte das construtoras quanto
a fabricação do concreto usinado.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655: Concreto de
Cimento Portland: Preparo, controle, recebimento e aceitação: Procedimento. Rio de Janeiro,
2015.
______. NBR 15577-1: Agregados: Reatividade álcali-agregado Parte 1: Guia para avaliação
da reatividade potencial e medidas preventivas para uso de agregados em concreto

______. NBR 15900-1: Água para amassamento do concreto Parte 1: Requisitos. Rio de
Janeiro, 2009.

______. NBR 15900-2: Água para amassamento do concreto: Parte 2: Coleta de amostras
para ensaios. Rio de Janeiro, 2009.

______. NBR 15900-3: Água para amassamento do concreto: Parte 3: Avaliação preliminar.
Rio de Janeiro, 2009.

______. NBR 15900-6: Água para amassamento do concreto: Parte 6: Análise química –
Determinação de cloreto solúvel em água. Rio de Janeiro, 2009.

______. NBR 15900-7: Água para amassamento do concreto: Parte 7: Análise química –
Determinação de sulfato solúvel em água. Rio de Janeiro, 2009.

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