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Artigo - Qualidade Da Água de Amassamento.
Artigo - Qualidade Da Água de Amassamento.
Resumo:
O concreto e a água são os produtos mais consumidos no planeta, tendo participação em
quase todas as etapas de uma obra desde as fundações até as coberturas. O concreto está sempre
em evolução e requer constante atualização de conhecimento e a sua qualidade depende muito
do seu controle tecnológico e dos seus materiais, dentre esses podemos citar a água de
amassamento que muitas das vezes é negligenciada o seu controle mesmo sabendo que para
essa finalidade é necessário ter parâmetros químicos adequados. As águas subterrâneas da ilha
de São Luís são levemente salinas e as aberturas de poços artesianos tem uma fiscalização
ineficiente, o que pode estar aumentando o processo de salinização. O presente trabalho
investigou as águas subterrâneas das principais usinas de concreto da Ilha de São Luís
identificando a forma de armazenamento e avaliando os parâmetros químicos e físicos tais
como pH, matérias sólidos, cor, turbidez, odor, cloretos e sulfatos utilizando os preceitos da
NBR 15900, ABNT 2009. Com os resultados pôde-se caracterizar a água como de boa
qualidade, atendendo a norma, porém foi constatado que o armazenamento da água é realizado
de forma irregular, podendo assim ocasionar em algumas futuras patologias, afetando a pega e
resistência à compressão no concreto.
Palavra Chave: Água de amassamento. Caracterização. Concreto.
Abstract:
Concrete and water are the most consumed products on the planet, having participated in almost
every stage of a work from foundations to coverings. Concrete is always evolving and requires
constant updating of knowledge and its quality depends very much on its technological control
and its materials, among which we can mention the kneading water that is often neglected its
control even knowing that for this purpose it is necessary to have suitable chemical parameters.
The groundwater of the island of São Luís is slightly saline and the openings of artesian wells
have an inefficient inspection, which may be increasing the process of salinization. The present
work investigated the groundwater of the main concrete plants of the Island of São Luís,
identifying the form of storage and evaluating the chemical and physical parameters such as
pH, solids, color, turbidity, odor, chlorides and sulphates using the precepts of NBR 15900,
ABNT 2009. With the results, it was possible to characterize the water as good quality,
according to the norm, but it was verified that the water storage is carried out in an irregular
way, being able to cause in some future pathologies, affecting the handle and resistance to
compression in the concrete.
Key Word: Kneading water. Description. Concrete.
Submissão: Maio, 2019
1
Aluno Concludente do Curso de Engenharia Civil – mrlexpedicoes@gmail.com
2
Orientadora – Mestre em Meio Ambiente, Engenheira Civil – adriana.marques@ceuma.br
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. CONCRETO
Neville 2013 caracteriza o concreto como sendo uma mistura de diversos materiais,
agregados graúdos e miúdos onde adicionado água no seu processo consegue se produzir uma
peça com propriedades e característica estruturais, após a sua cura atinge propriedades físico-
químicas de grande durabilidade. Por ser um material essencialmente poroso precisa ser
submetido a um controle rigoroso de qualidade, levando em consideração agressões por cloretos
e sulfatos e também agressões ao meio que se encontra destacando a poluição ambiental de
monóxidos de carbono e resíduos de efluentes.
Muitas variáveis influem na característica do concreto, necessitando uma rigorosa
seleção dos materiais, um estudo de dosagens e um ótimo controle na sua execução para ser ter
um produto final de qualidade (BAUER 2008). Medeiros 2010 afirma que um concreto
saudável se diferencia por proporcionar uma dupla proteção as armaduras por causa de sua
alcalinidade agindo como uma capa passivadora e a massa do concreto formando uma barreira
de proteção contra-ataques físicos, dessa forma minimizando patologias como carbonatação e
corrosão.
2.2. ÁGUA PARA AMASSAMENTO
Conforme Sousa 2000, as águas encontradas no subsolo da Ilha de São Luís são
predominantemente salinas, possuindo um pH; mínimo de 4,90, médio de 6,95 e máximo de
8,91, não mostrando percentual de acidez ou alcalinidade dessas águas. Os inúmeros poços
perfurados na região podem estar provocando um desequilíbrio hidrostático água doce/água
salgada ocasionando a migração da água salgada para os aquíferos, consequentemente
aumentando os números de moléculas de cloretos (Cl-) comprometendo a qualidade da água de
amassamento, a dissolução de sais como cloreto, carbonatos e calcário que são encontrados no
subsolo afetam a qualidade da água.
2.3. CLORETOS
Os cloretos podem estar presentes no concreto por terem sido incorporados à mistura
por meio do uso de agregados contaminados ou de água do mar ou água salobra ou pelo uso de
aditivos que contem cloretos.
A corrosão das armaduras é uma das principais causas da deterioração de estruturas de
concreto armado em diversos locais. A camada passivada protetora é formada logo após o início
da hidratação do cimento e é firmemente aderida ao aço, formando um filme de óxido que
enquanto estiver presente o aço permanecerá intacto. Entretanto, os íons cloreto destroem o
filme na presença de água e de oxigênio ocasionando a corrosão, a figura 1 demonstra o
esquema eletroquímico ocasionado pelos ataques do cloreto (NEVILLE, 2016).
Quadro 2 - Teor máximo de cloreto em água para amassamento segundo NBR 15900-1
É a terceira maior presencia de íons nos oceanos, perdendo apenas para os íons cloreto
(Cl ) e sódio (Na+), na medida que a profundidade aumenta a proporção diminui. As águas
-
infectadas são oriundas dos efeitos causados por ser humano e de origem natural. As águas com
presença de sulfato de origem natural são encontradas na transformação de matéria orgânica,
sais inorgânicos presentes nos solos e águas dos oceanos, conforme (LIMA E SILVA et al,
2018).
Segundo Carmona Filho e Carmona (2011) na hidratação do cimento Portland o
aluminato tricálcico se ajusta na forma de monosulfato hidratado e em contato com íons sulfato,
portlandita e umidade se transforma em etringita podendo ocasionar a fissuração do concreto.
Conforme Bauer (2008) existe dois mecanismos de atividade de águas com sulfato sobre o
concreto. Reação química que resulta produtos de características de expansão e a ação mecânica
de microfissuração ocasionada devido deterioração do concreto tendo como resultado a
cristalização de sais provenientes da evaporação da água, na tabela 1 apresenta o grau de
corrosão com a proporção de sais presentes na água.
A quantidade de sulfato na água, ensaiada de acordo com NBR 15900-7 (ABNT, 2009)
expresso como SO42-, não deve exceder 2 000 mg/L.
2.5. ÁLCALIS
NBR 15577-1 (ABNT 2018), define álcalis como sendo “sais de sódio e/ou potássio,
provenientes de qualquer fonte interna ou externa ao concreto, que, quando em contato com
água são solubilizáveis imediatamente ou ao longo do tempo”.
Conforme Carmona Filho e Carmona (2011) apud Valin Junior e Ribeiro (2014),
definem a reação álcali agregado é proveniente da reatividade presentes no cimento em
presença com a água, provocando uma reação química lenta dando origem a um gel expansivo,
denominado de gel de sílica, essa reação ocasiona tensões internas de tração no concreto
formando fissuras na estrutura. Casos com sérias consequências têm sido constatados em
edificações incluindo pontes, edifícios residenciais e comerciais, pavimentação de concreto etc.
A NBR 15900-1 ABNT 2009 ressalta que álcalis potencialmente reativos forem usados
na fabricação do concreto ou argamassa, a água utilizada deve ser analisada e não deve exceder
1500 mg/L, caso contrário a água só poderá ser usada, se forem tomadas ações que comprovem
a prevenção contra a reação de álcali-agregado de acordo com a NBR 15577-1 (ABNT, 2018).
2.6. SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS
As substâncias orgânicas merecem atenção devido a possibilidade de modificar as
propriedades do concreto em especial os açucares, óleos minerais e os hidratos de carbono. São
substâncias retardadores de pega, pequenas quantidades de açúcar podem influenciar na
resistência do concreto nos primeiros dias, mas nem sempre isso ocorre da mesma forma,
porque outros fatores podem influenciar, como o tipo de cimento, necessitando um estudo mais
aprofundado em laboratório, Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT,
2005).
Concentrações de açúcar entre 0,03% e 0,06% da massa de cimento podem retardar a
pega do concreto e aumentar a resistência mecânicas até o terceiro dia de idade (TUTHILL,
ADAMS E HEMME, 1960 APUD DNIT 2005), mas Bloem (1959 apud DNIT 2005), verificou
que se as concentrações de sacarose estivessem em torno de 0,1% atrasariam a pega do concreto
consideravelmente e aumentaria a resistência no terceiro dia e também analisou que quando a
sacarose estava em 0,15% parecia ocorrer aceleração da pega do concreto.
2.7. SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS
Substâncias inorgânicas podem ser levadas pela água e quando presentes podem causar
sérios distúrbios como, na pega, na resistência à compressão do concreto e serem causadores
de manifestações patológicas como eflorescência, corrosão das armaduras e ataque à
microestrutura do concreto.
Os cloretos, sulfatos, fosfatos, iodatos, sulfetos de sódio e potássio, são as substâncias
que merecem cuidado redobrado porque são os principais causadores de patologias em concreto
(DNIT, 2005).
3. METODOLOGIA
3.1. ÁREA DE ESTUDO
𝑚2 −𝑚1
𝑅=( ) × 106 (1)
𝑉
onde;
R = quantidade de material sólido presente na amostra em miligramas por Litro (mg/L);
m1= massa do béquer em gramas (g);
m2= massa do béquer mais a massa da amostra depois de seca em gramas (g);
V = volume em mililitros (ml) da amostra.
A determinação de cloretos (Cl-) foi por titulação de nitrato de prata (AgNO3). Pipetado
uma alíquota de 10 ml da amostra e colocada em um béquer de 250 ml e acrescentado 10 ml de
água destilada mais 0,5 ml de cromato de potássio (K2CrO4).
Preencheu uma bureta de 25 ml com solução de nitrato de prata 0,05 ml/L e colocado
somente a ponta da bureta dentro da solução do béquer. Agitou o béquer manualmente e titulou
lentamente com pequenas adições de solução de nitrato de prata, anotando o volume utilizado.
Utilizando a equação 2, pôde-se identificar a quantidade de cloreto na amostra em
miligramas por litro (mg/L).
V1 ×C1 ×35,5×1000
Cl- = (2)
V2
onde,
Cl-= quantidade de cloretos em mg/L;
V= volume de nitrato de prata em mililitros (ml);
C= concentração de nitrato de prata em mol por litro (mol/L);
V2 = volume total da amostra em mililitros (ml).
onde;
SO42-= concentração de sulfatos, expressa em miligramas por litro (mg/L);
m1 = tara do cadinho, expressa em gramas (g);
m2 = massa do resíduo mais cadinho, expressa em gramas (g);
0,4116 = fator de conversão de sulfato de bário a íon sulfato (SO42-);
V = volume de amostra, expresso em mililitros (ml);
106 = fator de conversão de gramas por litro (g/L) para miligramas por litro mg/L).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O anexo da NBR 15900-1 A.5.2 estabelece que água deve estar adequadamente
protegida para se evitar contaminações, mas a Usina A não apresentava essas condições (
imagem 4) podendo estar contaminada por substâncias estranhas, afetando os processos de
pega e na resistência à compressão do concreto. A Usina de concreto B apresentava caixas
d´águas em boas condições de armazenamento com tampas e outras tipo cisterna ( imagem 5).
Imagem 4 – Caixas d’águas sem tampas da Usina de concreto A
Imagem 6 – Determinação de pH
A imagem 8 demonstra parte da análise realizada para obtenção Cl- nas amostras.
Imagem 8 – Amostra com nitrato de prata
Os resultados obtidos referentes aos sulfatos foram na Usinas A 1893 mg/L e B 1788
mg/L satisfazendo as condições do item 4.3.2 da NBR 15900-1 que determina a quantidade
máxima de sulfatos presentes que é 2000 mg/L e caracterizando as amostras como apta para o
amassamento do concreto
5. CONCLUSÃO
______. NBR 15900-1: Água para amassamento do concreto Parte 1: Requisitos. Rio de
Janeiro, 2009.
______. NBR 15900-2: Água para amassamento do concreto: Parte 2: Coleta de amostras
para ensaios. Rio de Janeiro, 2009.
______. NBR 15900-3: Água para amassamento do concreto: Parte 3: Avaliação preliminar.
Rio de Janeiro, 2009.
______. NBR 15900-6: Água para amassamento do concreto: Parte 6: Análise química –
Determinação de cloreto solúvel em água. Rio de Janeiro, 2009.
______. NBR 15900-7: Água para amassamento do concreto: Parte 7: Análise química –
Determinação de sulfato solúvel em água. Rio de Janeiro, 2009.
______. NBR 15900-9: Água para amassamento do concreto: Parte 9: Análise química –
Determinação de álcalis solúveis em água. Rio de Janeiro, 2009.
______. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto: Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
BAUER, Luiz Alfredo Falcão. Materiais de Construção. 5. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
LIMA E SILVA, L.D; SOUZA, M.V.T; MARQUES, N.M; ALVES, I.S.S.S; GOMES, G.J.C.
Análise da resistividade de estruturas de concreto submetidas ao ataque corrosivo de sulfato
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em: <http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/160/doencas-concretas-conheca-as-
principais-causas-de-patologias-de-287763-1.aspx > Acesso em: 16 nov. 2018.
NEVILLE, Adam M. Propriedades do Concreto. Tradução de Ruy Alberto Cremoni. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2016.
VALIN JR, Marcos de Oliveira; RIBEIRO, Karyn Ferreira Antunes. Estudo sobre as
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– MT. In. ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO,
15, 2014, Maceió. Anais Eletrônico XV Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente
Construído. Disponível em <
https://www.researchgate.net/publication/273886095_Estudo_sobre_as_patologias_ocorridas
_devido_a_reacao_alcali-agregado_no_ginasio_Aecim_Tocantins_em_Cuiaba_MT>. Acesso
em: 18 nov.2018