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Aula de Direito Administrativo (37)

09/10/2010

Audiências Públicas
1. Introdução

As audiências públicas consistem em uma das formas de participação e controle popular na AP.
Ocorrendo em um Estado democrático de direito.
Através desse controle e participação popular o principio democrático irá se fundar, e firma-se na
troca de informação entre o administrador e administrado.
Através das audiências publicas terá uma decisão mais transparente e legitima, já que o Poder
público irá ouvir o administrado/cidadão antes de decidir.
No direito Brasileiro a audiência pública presta para subsidiar ao desempenho da função
legislativo como também subsidia a função jurisdicional, bem assim na missão institucional do MP.

2. Audiência Pública na Administração Pública

2.1 Lei 9.784/99

É a lei de processo administrativo em âmbito federal, trazendo no art. 32 a previsão de audiência


publica para subsidiar a tomada de decisão em questões relevantes:

Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância da questão, poderá
ser realizada audiência pública para debates sobre a matéria do processo.

Essa audiência pública convocada pela Autoridade administrativa não possui o caráter
compulsório. A autoridade constatando uma situação relevante poderá convocar a audiência
pública para subsidiar a sua decisão.

Há também a consulta pública que não se confunde com a audiência publica, pois a primeira se
consubstancia em manifestações escritas, ao passo que a audiência publica se materializa em debates
orais.
A lei também traz outros instrumentos de participação popular além da audiência publica e
consulta pública como as reuniões, convocações e trocas de correspondências.

Em síntese, é um mecanismo de instrução do processo administrativo e, o seu objetivo é


fomentar um amplo debate acerca de uma questão relevante.
A questão relevante pode ser traduzida como toda aquela que exista um interesse coletivo de
reconhecida importância, por exemplo, meio ambiente e consumidor.
Embora a audiência publica não tenha caráter compulsório é importante por trazer transparência
bem como mais legitimidade e seja cumprida de forma mais efetiva.

A participação do cidadão pode ser direta (participa pessoalmente na audiência publica) ou


indireta (associação legalmente constituída), por exemplo, que visa discutir tarifa de energia
elétrica, indireta por uma associação em defesa do direito do consumidor.

2.2 Lei 8666/93

Em se tratando de licitação de objeto de grande porte, nos termos do art. 39 da lei 8666.93 o
procedimento licitatório será iniciado com a audiência pública que é compulsória, com isso se não
for realizada será caso de nulidade:

Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações
simultâneas ou sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea
"c" desta Lei, o processo licitatório será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência pública
concedida pela autoridade responsável com antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis da data
prevista para a publicação do edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis
de sua realização, pelos mesmos meios previstos para a publicidade da licitação, à qual terão acesso
e direito a todas as informações pertinentes e a se manifestar todos os interessados.

2.3 Lei 9.247/06

Lei que institui a ANEEL, a lei dispõe que quando o processo decisório implicar na afetação de
direito dos agentes econômicos quanto no processo administrativo quanto dos consumidores na
iniciativa do processo de lei poderá convocar a audiência pública, por exemplo, alterar o valor da
tarifa. Sendo facultativo inscrito no art.4, §3º:

§ 3o O processo decisório que implicar afetação de direitos dos agentes econômicos do setor
elétrico ou dos consumidores, mediante iniciativa de projeto de lei ou, quando possível, por via
administrativa, será precedido de audiência pública convocada pela ANEEL.

2.4 Lei 9478/ 97

Institui a ANP. Se afetar direito de agente do petróleo ou consumidor.

3. No processo judicial

A previsão consta na lei 9868 que dispõe sobre o processo de ADC e ADIN:
E essa lei estabelece que o relator do processo poderá fixar data para que em audiência pública
possa ouvir depoimentos de pessoas com experiência e notoriedade na matéria, conforme se viu no
julgamento das células- tronco (membro de facções religiosas e cientistas):
Logo, a audiência pública vem para instruir o feito e na tomada de decisões do Poder
judiciário, com isso terá elementos técnicos para decidir melhor.

Art. 9o Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório, com cópia a todos
os Ministros, e pedirá dia para julgamento.

§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de


notória insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações
adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar
data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na
matéria.

4. No processo legislativo

A CF no art. 58. E com esta previsão a CF buscou integrar representantes e representados:


O objetivo da audiência pública é instruir o processo e subsidiar os parlamentares para o
adequado cumprimento de suas obrigações institucionais:

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias,
constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que
resultar sua criação.

Essas audiências públicas devem ser adotadas não apenas nas casas federais, sendo estendidas as
municipais e estaduais.
5. Na atuação do M.P

A lei 8625/93 determina que o MP dentre outras medidas necessárias a defesa dos direitos
assegurados na CF, realize a audiência publica, logo esta faz parte da missão institucional do
MP
O objetivo da audiência publica não é o mesmo do realizado na Administração Pública, isto
porque essa audiência realizada pela Administração Pública tem como objetivo de servir de
instrução para o processo administrativo, já a audiência publica tem objetivo de coletar subsídios na
defesa dos interesses que lhe são confiados. E, através disso poderá adotar medidas mais se
coadunem com as necessidades da coletividade.
A audiência publica é também discricionária, o membro do MP fará esse juízo para convocar ou
não.

6. Conclusões

Tanto a audiência publica quanto a consulta publica, reuniões e convocações são instrumentos de
participação popular na tomada de decisão, conferindo maior legitimidade e transparência na
atuação da Administração Pública. Tendo o condão de alterar decisões que seriam diversas em caso
de inexistência da audiência publica, é um instrumento da democracia participativa.

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