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1 INTRODUÇÃO
1
Estudante de Pós-Graduação. Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail:
cawell2000@gmail.com
2
Estudante de Pós-Graduação. Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail:
lunaflorrocha@hotmail.com
dinâmica intrinsecamente ligada ao contexto social, político e econômico. São
inúmeras as dificuldades de se conceituar cultura, inclusive entre aqueles que
pertencem à categoria dos intelectuais, que condicionam a definição do seu centro.
Cultura, em seu sentido etimológico, é uma palavra de origem latina que traz
em seu significado uma forte ligação com atividades agrícolas, especificamente do
verbo colere que significa cultivar. Porém tanto o seu uso quanto as formas de se
entender cultura evoluiu em conjunto com a evolução humana, assumindo
características diferentes em determinadas épocas e nações. Dessa forma uma
palavra que a priori designava uma atividade material logo após o século XVIII se
ressignifica como o cultivo do intelecto tanto no sentido individual como coletivo.
As primeiras investigações acerca da questão cultural datam do século XVIII
especificamente na Alemanha, com foco em pensadores que interpretavam a história
humana para entender o desenvolvimento dos povos no contexto das condições
materiais em que se desenvolviam.
Mas foi no século XIX que os estudos culturais tiveram uma expansão
concomitante aos avanços imperialistas das nações européias, alavancados tanto por
um projeto de nação e de dominação quanto por uma ruptura da concepção religiosa
que era bastante presente sobre a cultura, onde as ciências humanas iniciam sua
preocupação para o estudo da Cultura com caráter cientifico. As preocupações
sistemáticas com a cultura acompanharam as novas formas de conhecimento que
então surgiam, explicando a forte ligação entre cultura e nação e cultura e sociedade.
Esse percurso histórico e teórico trouxe uma forte demarcação de qual cultura
política se instaurava no debate mundial e que se perpetuou, com características
diferentes, principalmente nos países europeus, nos Estados Unidos e na América
Latina. Este ensaio objetiva apontar as principais formulações acerca da cultura
preconizadas por Gramsci e Raymond Williams, antevendo intersecções e correlações
nos postulados dos dois intelectuais balizados pela teoria marxista. Dessa forma
optou-se por dividir esse texto em três seções: a primeira com uma breve introdução e
apresentação da temática com a exposição do objetivo, seguido por uma seção com
foco nas elaborações de Gramsci e Williams sobre cultura, e, finalmente uma
conclusão.
2 INTERSECÇÕES SOBRE CULTURA EM GRAMSCI E RAYMOND WILLIAMS
Para os autores, a questão da cultura tem função histórica, e não pode ser
tratada abstratamente, pois a mesma em sua concepção, não trata-se de um simples
jogo de idéias que se resolve fora da realidade, é preciso ter em vista que uma nova
concepção de mundo é decorrente primeiro por razoes políticas e depois por razões
sociais, sendo imprescindível o elemento formal de coerência lógica como elemento
de autoridade organizativa para ter função de orientação geral tanto no espectro
individual quanto coletivo.
Na perspectiva de Gramsci é enfatizada a necessidade da criação de uma
nova cultura que servirá de base para a ordem social que não se constituirá de
privilégios para intelectuais, mas terá base de criação comum. É indissociável a
relação entre conhecimento histórico, luta cultural, práxis e processos de formação
humana.
O processo de hierarquização das organizações da cultura implica na
complexidade presente na vida cultural de um determinado período histórico. Tudo o
que e produzido, o nível de homogeneização ideológica, bem como a amplitude de
seu alcance na sociedade denota o grau de desenvolvimento social. A relação de
poder e de forças esta presente em todos os domínios da cultura seja na produção,
criação, distribuição do que usualmente se denomina como bens culturais, reforçando
que os conceitos de hegemonia e ideologia estão intrinsecamente ligados na relação
entre Estado e Cultura.
Cultura pode ser entendida como um patrimônio reflexivo que demarca uma
determinada realidade social que se materializa sob a forma de normas, padrões,
concepções de um determinado grupo social que rege o comportamento em
sociedade, engloba, também, todo tipo de manifestação oriunda da criatividade
humana como a ciência, a arte, religião, política desde que seja resultado do
desenvolvimento histórico de um grupo social. Essa percepção ampliada de cultura
não obscurecia o entendimento de Gramsci e Williams acerca da existência de
manifestações culturais criadas e mantidas sob a égide do capitalismo que denota a
existência de uma sociedade de classes onde se produz dois tipos de cultura: a dos
dominantes a e dos subalternos.
A importância da questão cultural para a classe trabalhadora resulta da critica
à burguesia e por conseguinte das formas de dominação intelectual e política
ensejada pela cultura vigente alicerçada na ideologia dos que detêm o poder. Não se
trata aqui de tentar hierarquizar relevâncias entre cultura e ação política, mas sim de
enfatizar sua univocidade, resultado de lutas históricas dos trabalhadores tendo na
cultura o fator fundante de uma emancipação ensejada no processo de uma
organização política.
REFERÊNCIAS
CEVASCO, Maria Elisa. Dez lições sobre estudos culturais. São Paulo: Boitempo,
2003..
SCHLESENER, Anita Helena. Hegemonia e Cultura. 3º ed. Curitiba: Ed. UFPR, 2007