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Vale a pena ser servidor público


com a estabilidade em risco?
Letícia Nobreleticia@sosconcurseiro.com.br
5-7 minutes

A estabilidade é uma das maiores vantagens oferecida aos


profissionais que escolhem o setor público. A garantia parte
do princípio de que as avaliações de desempenho previstas
pela Emenda Constitucional nº 19, editada em 1998, ainda
não têm regulamentação e que os processos disciplinares
administrativos são morosos e aplicados apenas em casos
bastante graves. A cada dia, essa realidade está mais perto
de acabar.

O projeto de lei que determina as regras e os procedimentos


de apuração da qualidade do trabalho dos servidores públicos
avançou mais uma vez. Depois de ter sido aprovada na
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), foi a
vez dos parlamentares da Comissão de Assuntos Sociais
(CAS) apresentarem o parecer favorável.

A matéria ainda tem pela frente a avaliação nas comissões de


Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), de
Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa

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do Consumidor (CTFC). Entretanto, ela pode pegar um atalho


e ir direto para o plenário da Casa, caso o requerimento de
urgência apresentado pela relatora, senadora Juíza Selva
(PSL-MT), seja atendido.

Ponto de virada

Atualmente, depois de três anos de atividade, o concursado


passa a ser estável, só podendo ser exonerado por decisão
judicial ou processo administrativo disciplinar. Apesar de ser
submetido a avaliações de desempenho desde o primeiro
momento, não há padrão nem requisitos formatados. O
resultado são apurações mais baseadas no corporativismo e
boa convivência do que no acompanhamento de um trabalho
satisfatório.

A pauta esperou por quase uma década para começar a ser


debatida entre os parlamentares. Se aprovada, passa a ter
impacto nos servidores públicos federais, estaduais, distritais
e municipais, nos três poderes e com igualdade de regras e
punições. A iniciativa é da senadora Maria do Carmo Alves
(DEM-SE). Na CCJ foi apresentado um texto substitutivo e
emendas, pouca coisa mudou na proposta aprovada na CAS.

Quando foi apresentado em audiência pública, ainda em 2017,


a proposta tinha duras críticas de entidades representantes
dos servidores públicos. Em contrapartida, ao longo da
tramitação, boa parte dos senadores envolvidos aprovaram e
defenderam que esse será um mecanismo para melhorar a

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qualidade e a eficiência dos serviços prestados à população

Sem punição

No discurso dos parlamentares, a definição de medidas que


ameaçam a estabilidade não tem por objetivo punir o
profissional, mas incentivá-lo a manter uma entrega
satisfatória. Caso entre em vigor, as avaliações serão anuais e
atenderão a critérios pré-estabelecidos informados por uma
comissão tríplice: chefia imediata, um colega da mesma
unidade e outro indicado pelo órgão de recursos humanos da
instituição. Originalmente, a cada seis meses, o chefe
imediato apresenta seu parecer.

A exoneração continua sendo um caminho longo. Para ser


demitido, o servidor deverá ter avaliações no conceito N (não
atendimento) por dois anos seguidos ou não alcançar o
conceito P (atendimento parcial) por cinco anos e, ainda, não
ser convincente em sua defesa e recurso. Por fim, se tiver as
alegações negadas, há a possibilidade de apelar para a
autoridade máxima do órgão em que está vinculado e está
condicionada a um processo administrativo disciplinar, como
existe atualmente.

Isso quer dizer que para ser retirado, o profissional terá uma
série de possibilidades de reverter o contexto e se manter em
suas funções. Uma das questões atenuantes é o quadro de
saúde mental, assunto que tem sido preocupação crescente
na administração pública.

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Algumas carreiras, como as típicas de Estado, ou seja,


policiais, procuradores, defensores públicos, entre outras,
tinham a previsão de itens próprios no processo de
monitoramento, entretanto, as particularidades ficarão a cargo
da última etapa, administrativa, exclusiva de cada poder.

Visão prática

Na prática, a estabilidade não está mais ameaçada do que


sempre esteve. A única mudança será a clareza de como o
procedimento deverá ser feito a partir da vigência da nova lei.
Isso quer dizer que o mecanismo protege os bons servidores
e exclui a possibilidade de que um trabalho aquém das
necessidades do Estado e da população seja perpetuado.

A mudança é quesito considerado essencial para a realização


do concurso da Câmara dos Deputados. O presidente Rodrigo
Maia (DEM-RJ) anunciou há alguns meses que não tinha
interesse em abrir qualquer processo seletivo sem que as
normas fossem definidas.

Acelerar a tramitação também faz parte da agenda de


mudanças administrativas do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Para o segundo semestre, depois do empenho com a reforma
da Previdência, a equipe do Executivo federal pretende
ressuscitar a proposta de limitação dos salários iniciais
apresentada ainda no governo de Michel Temer e engavetada
por falta de contexto político. Segundo a ideia inicial, haverá
redução no número de carreiras e ampliação dos níveis para

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distanciar a nomeação do topo. O salário inicial para cargos


de nível superior será de R$ 5 mil e de nível médio, R$ 2,7
mil.

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