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21/03/2019 Acerca da Loucura – Fraternidade Martinista


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Fraternidade
Martinista
Acerca da Loucura

31 de janeiro de 201931 de janeiro de 2019 • fraternidade martinista


Amados IIr::

Recebemos, de irmãos céticos, uma verdadeira crítica fulminante, desprezando por “loucura
religiosa” o tesouro que conosco compartilhamos. Para não expor e nem acusar nossos irmãos
equivocados, não revelaremos seus nomes e indelicadezas mas, do contrário, aproveitaremos a
oportunidade de explicar-vos que há uma Loucura sobre a qual nada sabeis. Nos servimos do belo
testemunho de Erasmus de Ro erdam:

“Mas é uma tolice prosseguir com essas coisas, tão numerosas que não caberiam em todos os
volumes de Crisipo e de Dídimo. Queria tão somente, ao mostrar o que se permitem os divinos
doutores, obter vossa indulgência para com uma teóloga que conta tanto quanto um tronco de
figueira, quando apresenta citações nem sempre de todo exatas.

Vamos voltar a São Paulo. Falando de si mesmo, diz: “Suportai de bom grado os loucos”
(Coríntios). E logo adiante: “Aceitai-me como um louco”. E depois: “Não falo inspirado por Deus,
mas como se fosse um louco”. E ainda: “Somos loucos por Cristo”. Que elogios da Loucura e de que
boca vieram! Ele vai mais longe ainda e prescreve como indispensável para a salvação: “Aquele que
dentre vós parece sábio, que se torne louco para ser sábio!”. Em Lucas, Jesus não chamou de loucos
aqueles dois discípulos com os quais se encontrou na estrada para Emaús? Quem poderia se
maravilhar pelo fato de São Paulo atribuir ao próprio Deus um pingo de loucura? Ele diz: “A

loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos


https://fraternidademartinista.wordpress.com/2019/01/31/acerca-da-loucura/ homens” (Coríntios). É verdade que Orígenes 1/8
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loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens” (Coríntios). É verdade que Orígenes
explica que essa loucura não poderia ser medida pela inteligência humana, como neste outro
exemplo: “A palavra da cruz é loucura para os homens que se perdem” (Coríntios).

Mas porque insisto nisso tudo, invocando tantos testemunhos? Cristo disse a seu pai, por meio dos
salmos: “Tu conheces minha loucura”. E não é por acaso que os loucos sempre foram os prediletos
de Deus. Talvez pelo mesmo motivo que os príncipes desconfiam de homens demasiado sensatos e
deles têm horror, como ocorreu com César em relação a Bruto e Cássio, enquanto não tinha medo
algum daquele beberrão do Antônio.

O mesmo ocorria com Nero, que não tolerava Sêneca, e Dionísio, que desconfiava de Platão, mas
esses tiranos se davam bem com homens rudes e sem perspicácia. De igual modo, Cristo detesta e
não cessa de recriminar esses sábios que confiam em suas próprias luzes. São Paulo o afirma
categoricamente: “Deus escolheu aquilo que, para o mundo, é loucura” (Coríntios). E mais: “Deus
quis salvar o mundo pela Loucura” (Coríntios), porquanto não podia restabelecê-lo pela sabedoria.
O próprio Deus se exprime com suficiente clareza pela boca do profeta Isaías: “Vou confundir a
sabedoria dos sábios e condenar a prudência dos prudentes”. Cristo chega até a alegrar-se por ter
sido ocultado aos sábios o mistério da salvação e por tê-lo revelado somente aos pequenos, isto é, aos
loucos, porque, em grego, para indicar os pequenos se usa o termo crianças em contraposição a
sábios. Acrescente-se a isso todas as passagens do Evangelho em que o Cristo persegue sem tréguas
os fariseus, os escribas e os doutores da lei para proteger a multidão ignorante. Que significam estas
palavras “Ai de vós, escribas e fariseus!”, senão “Ai de vós, sábios!”.

Sua companhia predileta é aquela das crianças, das mulheres e dos pescadores. Mesmo entre os
animais, Cristo preferia aqueles que mais se afastavam da sagacidade da raposa. Por isso, escolheu
um burrico como montaria quando teria podido cavalgar um leão. O Espírito Santo desceu sob a
forma de pomba e não de uma águia ou de um falcão. A Sagrada Escritura menciona
frequentemente cervos, cabritos e cordeiros. Acrescente-se ainda que Cristo chama suas ovelhas
aqueles que o seguem e que são destinados à vida imortal. Ora, não há animal mais estúpido que a
ovelha. Aristóteles afirma que o dito “cabeça de ovelha” é tirado da estupidez desse animal e se
aplica como ofensa a todas as pessoas ineptas e ilimitadas. Esse é o rebanho de que Cristo professa
ser o pastor. Ele próprio gosta de ser chamado cordeiro e é assim que João Batista o designa, ao
dizer: “Eis o Cordeiro de Deus!”. Essa denominação ocorre muitas vezes também no Apocalipse.

O que significa tudo isso, senão que a loucura existe em todos os mortais, mesmo na piedade. O
próprio Cristo, para vir em socorro da sabedoria humana, ele que é a sabedoria do Pai, procede
como tolo ao unir-se à natureza humana da forma por que o fez, isto é, tornando-se pecador para
redimir o pecado. Nem quis usar outro remédio senão a loucura da cruz, com a ajuda de apóstolos
rudes e ignorantes. Recomendou-lhes calorosamente a Loucura, afastando-os da sabedoria,
porquanto lhes propôs as crianças, os lírios, o grão de mostarda, os pássaros, todos seres privados de
inteligência, tudo aquilo que vive sem artifício nem inquietações, que só se orienta pelas leis da
natureza.

Advertiu-os de não se inquietar se tiverem de falar diante dos tribunais. Proibiu-lhes de se


preocuparem com o amanhã e o momento e até mesmo de que se fiassem na própria sabedoria,
para que não dependessem em nada senão da Providência.

Por essa razão é que Deus, o grande arquiteto do universo, proibiu provar do fruto da árvore da
ciência, como se a ciência fosse o veneno da felicidade. São Paulo rejeita-a abertamente como
perniciosa e fonte de orgulho e creio que São Bernardo exprimiu o mesmo sentimento desse apóstolo
quando, ao designar a montanha em que reside
https://fraternidademartinista.wordpress.com/2019/01/31/acerca-da-loucura/ Lúcifer, ele a chama de Montanha da Ciência. 2/8
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quando, ao designar a montanha em que reside Lúcifer, ele a chama de Montanha da Ciência.

A maior de todas as provas é a oração que Cristo na cruz faz por seus inimigos: “Pai, perdoai-lhes!”.
A única desculpa que invoca em favor deles é a ignorância: “Porque não sabem o que fazem”. São
Paulo, de modo similar, escreve a Timóteo: “Se obtive a misericórdia de Deus, é porque agi por
ignorância em minha incredulidade” (Timóteo). Mas que quer dizer “por ignorância”? Que significa
“Se obtive misericórdia” senão que não a teria obtido se sua loucura não tivesse deposto em favor
dele?

Para terminar logo uma enumeração que por natureza não acabaria nunca, quero vos fazer ver,
sucintamente, que a religião cristã se coaduna perfeitamente com a loucura e não tem a menor
relação com a sabedoria. Quereis provas? Basta observar que as crianças, os velhos, as mulheres e os
inocentes sentem mais prazer que os outros em participar das cerimônias e das coisas religiosas e
que, por simples impulso da natureza, querem estar sempre junto dos altares. Observai ainda que os
primeiros fundadores da religião, apegados a uma maravilhosa simplicidade, eram inimigos
declarados das ciências. Enfim, os loucos mais extravagantes não são aqueles que se entregaram
inteiramente e com todo o ardor à piedade cristã? Distribuem seus bens, desprezam as injúrias,
suportam os logros, não fazem distinção alguma entre amigos e inimigos, sentem horror pelo
prazer, fartam-se de jejuns, vigílias, lágrimas, padecimentos, humilhações; nutrem desgosto pela
vida e têm impaciência pela morte; numa palavra, parecem absolutamente privados de todo
sentimento humano, como se seu espírito vivesse em outros lugares e não em seu corpo. Que são,
senão loucos? E como poderia alguém ficar surpreso que os apóstolos tenham sido considerados
embebedados com vinho doce e que o juiz Festo tenha tomado Paulo por um louco?

É que a felicidade que os cristãos procuram, a custo de tantas provas, é uma espécie de demência e
de loucura. Favor não reparar nas palavras, sobretudo na realidade. Em primeiro lugar, os cristãos
têm uma doutrina comum com a dos platônicos. Segundo os princípios desses dois sistemas, a alma
está guardada e encarcerada nos laços do corpo, amarrada pelo peso da matéria, de tal modo que
não pode contemplar a verdade como ela é, nem apreciá-la. Por isso é que se definiu a filosofia como
uma meditação da morte, porque ela libera a alma das coisas visíveis e corporais, o que é igualmente
obra da morte. Por isso é que, desde que a alma utilize normalmente os órgãos do corpo, costuma
dizer-se que é sadia; mas quando, rompendo seus laços, empenha-se em se tornar livre e fugir da
prisão, costuma-se chamar isso de loucura. Se o esforço coincide com uma doença ou um defeito
orgânico, não há mais qualquer hesitação. Por outro lado, vemos certos homens que predizem o
futuro, que conhecem línguas e literatura, sem ter aprendido antes, e que mostram ter em si mesmos
algo de divino. Não há dúvida de que sua alma, livre em parte da influência do corpo, começa a
utilizar sua energia natural. A mesma causa, acredito, age nos agonizantes que revelam faculdades
similares e falam, por vezes, como profetas inspirados.

Se o ardor religioso provoca esses efeitos, pode ser que não seja a mesma loucura que a nossa, mas se
aproxima dela a tal ponto que a maioria as confunde, tanto mais quanto diz respeito a um punhado
de coitados que, em todo o seu modo de viver, afastam-se inteiramente do resto do gênero humano.
Lembro-me aqui do relato de Platão sobre esses prisioneiros acorrentados na caverna, onde só
percebem as sombras dos objetos. Um deles, que conseguiu fugir, retorna à caverna, conta aos
outros que viu objetos reais e demonstra o grave erro pelo qual eles acreditam que nada exista além
dessas sombras miseráveis. Tendo-se tornado sábio, tem compaixão de seus companheiros e deplora
a loucura que os retém em semelhante ilusão. Mas eles, por sua vez, riem de seu delírio e o
expulsam. Ocorre o mesmo com o comum dos homens. Eles se apegam fortemente às coisas
corporais e acreditam que sejam praticamente as únicas a existir. Quem pratica a religião, ao

contrário, negligencia tudo quanto se relaciona


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contrário, negligencia tudo quanto se relaciona com o corpo e fica tomado exclusivamente pela
contemplação das coisas invisíveis. Os primeiros se preocupam antes de tudo com as riquezas, a
seguir com as comodidades do corpo e, em último lugar, com sua alma, na qual, aliás, a maioria
sequer acredita, porque os olhos não a percebem. Ao contrário, os outros envidam todo seu esforço
para Deus, o mais simples de todos os seres, depois para o objeto que mais se aproxima dele, isto é, a
alma. Não se preocupam com o corpo, desprezam o dinheiro e fogem dele como de uma peste. Se
são obrigados a se preocupar com ele, fazem-no a contragosto e com desgosto. Eles possuem essas
coisas como se não as tivessem. Eles as possuem sem as possuir.

Constatamos ainda diferenças de gradação. Embora todos os nossos sentidos tenham uma ligação
com o corpo, alguns são mais materiais, como o tato, o ouvido, a vista, o olfato, o gosto. Outros têm
menor ligação com o corpo, como a memória, o intelecto, a vontade. É onde a alma concentra seu
maior poder. Disso resulta que a alma tem maior ou menor forca à proporção que se aplica mais ou
menos a esses diversos sentimentos. As pessoas religiosas, tendo-se dirigido com toda a força de sua
alma para os objetos mais estranhos aos sentidos mais corporais, chegam a enfraquecer a esses e os
aniquilam, enquanto a maioria se serve muito deles e não tanto do resto. Assim se explica o que
aconteceu com alguns santos que, imersos em contemplação, beberam azeite pensando que fosse
vinho. Além disso, há algumas paixões que afetam o corpo mais de perto, como o amor, a fome, a
sede, o sono, a cólera, a soberbia, a inveja, contra as quais movem os verdadeiros devotos, se é que os
há, uma perpétua guerra, ao passo que os adeptos da natureza acham que não podem viver sem
essas coisas.

Há ainda paixões médias e como naturais, tais como o amor da pátria, a ternura para com os filhos,
os pais, os amigos. O comum dos homens se deixa levar por elas, mas os religiosos trabalham para
eliminá-las de seu coração ou elevá-las até o mais alto da alma. Eles amam seu pai, não enquanto
pai, porque gerou somente seu corpo e mesmo esse vem do Pai divino, mas por ser um homem
honesto em quem brilha a seus olhos a imagem dessa suprema inteligência que os impele ao bem
soberano e fora da qual não veem nada para ser amado e desejado. Com esse critério medem todos
os deveres da vida. Se não se deve desprezar sempre as coisas visíveis, deve-se, pelo menos,
considerá-las como infinitamente inferiores às invisíveis. Dizem ainda que, até nos sacramentos e nos
exercícios de piedade, encontra-se a distinção do corpo e do espírito. No jejum, por exemplo,
atribuem pouco mérito à abstinência de carnes e de uma refeição, o que para o povo em geral
constitui o essencial do jejum. Querem que ao mesmo tempo as paixões sofram um severo controle,
que os arroubos e o orgulho sejam refreados, de tal modo que, estando menos sobrecarregados pelo
peso do corpo, o espírito chegue a possuir e a usufruir dos bens celestiais.

O mesmo pode ser dito da missa. Sem desprezar, dizem, o exterior das cerimônias, consideram-no
como mediocremente útil ou mesmo pernicioso, se não for agregado a ele um elemento espiritual
que esses sinais visíveis representam. A missa representa a morte de Cristo que os fiéis devem
reproduzir em si, domando, extinguindo, sepultando, se assim se pode dizer, as paixões do corpo,
para renascer com nova vida e não se tornar, todos juntos, senão um só com Cristo. Assim se pensa,
assim age o homem religioso. A multidão, ao contrário, só vê no sacrifício da missa o ato de estar
presente diante do altar, o mais perto possível, ouvir cantos e assistir, além disso, a cerimônias cheias
de detalhes.

Acabei de dar alguns exemplos, mas é no conjunto de sua vida que o homem religioso se mantém
distante das coisas corporais e toma seu impulso em direção daquelas da eternidade, espirituais e
invisíveis. Por isso, em vista de seu radical desacordo sobre todas as coisas, acontece que homens

religiosos e homens do povo em geral se olhem


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religiosos e homens do povo em geral se olhem mutuamente como loucos. Mas essa palavra, a meu
ver, aplica-se mais exatamente aos homens religiosos.

Isso ficará mais evidente quando tiver demonstrado em poucas palavras, como prometi, que essa
recompensa suprema que esperam não é outra coisa senão uma espécie de loucura. Considerai em
primeiro lugar que qualquer coisa de semelhante já vislumbrara Platão, quando escreveu que o
delírio dos amantes é o mais feliz de todos. De fato, quem ama ardentemente não vive mais em si
mesmo, mas por inteiro no objeto que ama. Quanto mais sair de si mesmo para se fundir nesse
objeto, mais ele sente a felicidade. Assim, quando a alma se propõe sair do corpo e renuncia de se
servir normalmente de seus órgãos, com todo o direito se pode falar em delírio. As expressões
correntes não pretendem dizer outra coisa: “Está fora de si… Volta para ti mesmo… Voltou a si”. E,
quanto mais o amor é perfeito, tanto maior, tanto mais delicioso é o delírio.

Qual será, portanto, essa vida do céu, à qual tão ardentemente aspiram as almas piedosas? O
espírito, que é mais forte, haverá de absorver o corpo e tanto mais facilmente porque já em vida o
terá modificado e enfraquecido em vista dessa transformação. Por sua vez, o espírito será absorvido
pela suprema Inteligência, cujo poder é infinitamente superior. Nesse ponto, o próprio homem estará
inteiramente fora de si e a única razão de sua felicidade será de não se pertencer mais a si mesmo e
estar sob a influência desse inefável e soberano bem que tudo atrai a si.

Mas, como essa felicidade só pode ser destruída pela união da alma com o corpo, e sendo a vida dos
santos na terra uma contínua meditação e uma sombra das alegrias inefáveis do paraíso, resulta que
principiam a gozar antecipadamente, neste mundo, a recompensa que lhes é prometida. É bem
verdade que, em confronto com a felicidade eterna, não passa de uma gota e de uma sombra a que
experimentam os devotos nesta terra. Não obstante, essa gota, essa sombra é incomparavelmente
superior a todos os prazeres dos sentidos, mesmo que se pudessem gozar todos ao mesmo tempo,
porque todas as coisas espirituais superam infinitamente as materiais e os bens invisíveis
ultrapassam de muito os visíveis. É a promessa do profeta (Isaías): “Olho não viu, ouvido não ouviu,
coração de homem jamais sentiu o que Deus prepara para aqueles que o amam”. É esse gênero de
loucura que, bem longe de se perder quando se passa da terra ao céu, alcança, ao contrário, seu
último grau de perfeição.

Aqueles que tiveram o privilégio tão raro desses sentimentos experimentam uma espécie de
demência. Têm discursos incoerentes, estranhos para a humanidade. Pronunciam palavras sem
sentido e a expressão de seu semblante muda a cada instante. Ora alegres, ora tristes, riem, choram,
suspiram. Em resumo, eles estão realmente fora de si. Voltando a si, não conseguem dizer onde
estiveram, se estavam em seus corpos ou fora deles, despertos ou adormecidos. Não sabem o que
ouviram, o que disseram, o que fizeram. Só têm lembranças que parecem filtrar-se através de uma
névoa ou de um sonho. Só sabem de uma coisa: que se acham felicíssimos no seu delírio. Eis porque
sofrem a convalescença do cérebro e tudo sacrificariam de bom grado para serem perpetuamente
loucos nessas condições. No entanto, toda essa felicidade não passa de uma tenuíssima migalha da
mesa celeste: imaginai, agora, o que não será o eterno banquete! E, por isso, sedes sãos, aplaudi,
vivei, bebei, oh celebérrimos iniciados nos mistérios da Loucura!”

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Reflitamos no belo poema de São João da Cruz:

“Entrei onde não sabia,


E fiquei sem saber,
Toda a ciência transcendendo.

Eu não sabia onde entrava,


Porém, quando lá me vi,
Sem saber onde estava,
Grandes coisas entendi.
Não direi o que senti
Pois fiquei sem saber,
Toda a ciência transcendendo.

De paz e de piedade
Era a ciência perfeita,
Em profunda solidão,
Diretamente entendida;
Era coisa tão secreta,
Que fiquei balbuciando,
Toda a ciência transcendendo.

Estava tão enlevado,


Tão absorto e desatento,
Que meu sentido ficou
De todo sentir privado;
E o espírito dotado
De um entendimento sem entender
Toda ciência transcendendo.

E se quiserdes ouvi-lo
Essa ciência suprema
Consiste num vivíssimo sentir
Da divina essência;

É obra de sua clemência,


Deixar ficar sem entender,
Toda ciência transcendendo”.

Que as rosas floresçam em vossa cruz.

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