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Uma prática adequada de cuidados paliativos prevê uma atenção singular ao doente
e sua família, buscando reduzir riscos e o sofrimento e controle de sintomas.
O que faz com que o homem seja ser humano, é ter consciência de si mesmo,
porém isso só é possível quando ele tem consciência da própria morte. A maneira
com que se vê a morte irá influenciar a forma de ser. Ao decorrer do processo vital,
existe um entrelaçamento da vida e morte, pois a morte revela a integridade da vida,
dando assim um sentindo a mesma.
A reflexão acerca dos cuidados paliativos circunda pela questão tal, como manter a
vida diante de um quadro que suscita morte?
Por isso entende-se a psicologia hospitalar como uma ferramenta que em cuidados
paliativos busca proporcionar “boas mortes”, através da humanização do morrer.
Como não existe solução para a morte, o que se pode fazer é proporcionar uma
boa morte, com dignidade e facilidade dos processos de finalização, assim se propõe
que durante os cuidados no fim da vida, não se tenha atitudes autoritárias e paternalistas,
mas sim com solidariedade, compromisso e compaixão.
Assim vivendo com qualidade a própria morte, aí reside o conceito de boa morte.
Fazer tudo que é possível e está no alcance e parar no limite do tolerável.
Cuidados paliativos não são apenas realizados de forma institucional, mas uma
filosofia de cuidados que podem ser realizados em diferentes contextos e instituições, no
lar da pessoa, em um hospital, casa de repouso etc.
Esta autora atualmente, é associada ao movimento que busca a morte digna. Desta
forma a preocupação maior reside também no alívio de sintomas, seja eles físicos ou
emocionais, espirituais ou sociais que decorrem do desenvolvimento de uma doença.
É destacado nas literaturas a respeito do tema, o termo “dor total” que corresponde
a um tipo de dor vivido pelo paciente no fim da sua vida, refere-se a uma dor complexa,
pois inclui aspectos sociais, emocionais, físicos, espirituais, constituindo um novo quadro
clinico, pois neste momento a dor deixa de ser apenas um indicativo da doença e se torna
o problema a ser tratado.
Assim os profissionais de saúde envolvidos devem prestar uma atenção a totalidade
deste paciente. Mesmo com o sofrimento, reside e persiste nos pacientes o sentimento de
esperança, que lhes dão a sensação de que tudo tem um sentido e lhes faz suportar,
portanto os profissionais devem fazer suas as esperanças do paciente.
ARRANJOS PROFISSIONAIS
Sendo assim o atendimento de cuidados paliativos deve ser feito mediante uma
equipe de saúde transdisciplinar, tenho como partida o objetivo de realizar o controle de
sintomas sejam eles de ordem emocionais, físicos, espirituais e sociais que venham
porventura atingir o sujeito em processo de finitude da vida. Esse paradigma exige que a
equipe mude seu foco do curar para o cuidar, sendo então sua preocupação maior a morte
digna.
A equipe de saúde deve entrar neste meio sem medo, pois só assim o paciente pode
ser atendido em sua integralidade, sendo seu atendimento estendido para o âmbito
psicológico, social e religioso, bem íntimo.
Em cuidados paliativos não existe a ideia de curar e prolongar o processo vital, mas
sim ajudar o sujeito a ter uma boa morte.
Sendo assim, falar sobre dor e sofrimento situa-se em uma esfera ética atual de
grande imensidão e sendo abrangida por uma ótica multidisciplinar envolvido pelo físico,
psíquico, social e espiritual. A partir disso podemos considerar que o cuidado com a dor e
o sofrimento do ser humano é a chave para o resgate da sua dignidade em um contexto
crítico como é o da morte.
A medicina paliativa, por si só não pode dar uma melhor qualidade de vida para o
sujeito fora de chances de cura se não for combinada com o apoio psicológico
especializado, este apoio é importante na medida que o sujeito adoecido experiencia fora
os sintomas físicos, os sintomas de ordem e aspectos psicológicos, que se mostram ao
longo da fase terminal.
Quando se fala sobre morte, podemos entender que ela muitas vezes é renegada e
escamoteada em nossa sociedade, porém diante de um diagnóstico de um adoecimento
sem possibilidades terapêuticas ela passa a ser uma reflexão que não é possível de fugir.
Verbalizar sobre morte e vida é falar também sobre luto, que corresponde a um
conjunto de reações perante uma perda e consequente a isso, falar de perda significa falar
de um vínculo, uma ligação que se rompe, com isso, uma parte de si é perdida, discorre-se
então de morte em vida.
TANATOLOGIA
Desenvolvido após a segunda guerra mundial, o nome deste estudo vem do grego
thnatos, o deus da morte. Assim o estudo da tanatologia, possibilitou redescobrir o sentido
da morte por meio da superação de medos instituídos culturalmente, propondo assim a
reflexão sobre o sentido atribuído a vida e o processo de morte e morrer com
dignidade.
Hoje em dia com o avanço da ciência e tecnologia, a morte é vista não mais com a
naturalidade de antes, mas sim é negada e não vista com realidade. Durante a idade média
por exemplo, era vista com naturalidade, ritualizada e comunitária, e componente do
ambiente doméstico, além de ser encarada com dignidade e paciência.
Outro fator que contribuía para isso era o avanço das epidemias da época, que fazia
a morte algo corriqueiro, as pessoas possuíam expectativa de vida muito baixas.
Os processos espirituais e religiosos revelavam-se através dos rituais e sacramentos
da igreja, por meio de confissões, unções. A morte era cortejada, o luto era vivido e
elaborado. O morrer nas sociedades tradicionais era mais pacífico do que atualmente, pois
o sujeito se sentia acolhido pela comunidade e sua religião.
Esta prática é uma via entre a eutanásia e a distanásia, porque ela funciona como
um favorecimento de condições necessárias para o paciente entender sua finitude e
se preparar para morrer em paz e sem sofrimento. Pois como dito anteriormente, ela
não apressa nem prolonga a morte, contudo busca proporcionar condições de vida dignas
e sem sofrimento durante o processo de morte, aliviando os sintomas biopsicossociais e
possibilitando que a pessoa possa ter contato e uma despedida com suas pessoas queridas
sem culpa e remorso.