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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS
ENG 02002 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA I

ANÁLISE MICROGRÁFICA DE FERROS FUNDIDOS

LEONARDO SOUZA DOS SANTOS


JEFFERSON DE SOUZA ZEFERINO
EMANUEL ESTEVÃO GARCIA

GRUPO M

Porto Alegre 2019


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA


DEPARTAMENTO DE MATERIAIS
ENG 02002 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA I

ANÁLISE MICROGRÁFICA DE FERROS FUNDIDOS

Trabalho apresentado em 2019/1 como requisito parcial para obtenção de aprovação na


disciplina de Materiais de Construção Mecânica I do curso de Engenharia Mecânica da Escola
de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Prof. Marcelo Mabilde

Porto Alegre 2019


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RESUMO

O presente trabalho objetiva o procedimento metalográfico aplicado a peças metálicas de ferros


fundidos, a fim de se analisar sua composição e suas microestruturas. Todos os procedimentos
preparatórios e análises foram realizadas no LACAR (Laboratório de Caracterização da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul), fazendo-se uso de seus equipamentos. Foram
fornecidas 5 amostras de ferros fundidos ao grupo, que foram analisadas utilizando-se de
microscópios óticos do laboratório, com ampliação de 100 vezes, a fim de se descobrir o tipo de
grafita presente na microestrutura, e de 1000 vezes, a fim de se descobrir a microestrutura da
peça. Através dessas fotografias e com os conhecimentos adquiridos em sala de aula, foi
possível determinar o tipo de ferro fundido em cada uma das peças analisadas.

Palavras chaves: microestrutura, ferros fundidos e metalografia.


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ABSTRACT

The present work aims at the metallographic procedure applied to metallic parts of cast iron, in
order to analyze its composition and microstructures. All the preparatory procedures and
analyzes were carried out at the LACAR (Laboratory of Characterization of the Federal
University of Rio Grande do Sul), making use of their equipment. Five samples of cast iron
were supplied to the group, which were analyzed using 100 times of magnification optical
microscopes in order to discover the type of graphite present in the microstructure and 1000
times in order to discover the microstructure of the piece. Through these photographs and with
the knowledge acquired in the classroom, it was possible to determine the type of cast iron in
each o f the pieces analyzed.

Keywords: microstructure, cast iron, and metallography.


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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Minério de Ferro - Hematita. 14
Figura 2: Ferrita observada com ampliação microscópica de 100 vezes. 15
Figura 3: Austenita observada com ampliação microscópica de 200 vezes. 16 Figura 4: Perlita
observada com ampliação microscópica de 200 vezes. 17
Figura 5: Bainita observada com ampliação microscópica de 150 vezes. 17
Figura 6: Martensita observada com ampliação microscópica de 200 vezes. 18 Figura 7: Várias
formas de ledeburita. Ampliação 360 vezes. 19
Figura 8: Classificação da grafita segundo a ASTM e a AFS. 20
Figura 9: Diagrama de fases de uma liga ferro-carbono. 22
Figura 10: Diagramas Fe-C-Si. 23
Figura 11: Diagrama ferro carbono metaestável. 25
Figura 12: Micrografia de um ferro fundido cinzento. 27
Figura 13: Estrutura do “olho de boi” descrita acima. 31
Figura 14: Ferro fundido nodular com perlita. 32
Figura 15: Ferro fundido nodular com a presença de martensita revenida 32
Figura 16: Ferro fundido nodular com a presença de bainita. 33
Figura 17: Microestrutura teórica de um ferro fundido maleável de núcleo preto. 35
Figura 18: Microestrutura de um ferro fundido maleável envolvido por ferrita numa matriz perlítica.
35
Figura 19: Ferro fundido cinzento e ferro fundido branco. 36
Figura 20: Mesa de lixas, contendo 4 lixas diferentes, usadas no LACAR 37
Figura 21 Politriz rotativa utilizada em laboratório 38
Figura 22: Peça sem ataque químico com aumento de 100 vezes. 40
Figura 23: Peça com ataque químico com aumento de 100 vezes. 41
Figura 24: Peça com ataque químico com aumento de 1000 vezes. 42
Figura 25: Peça sem ataque químico com aumento de 100 vezes. 43
Figura 26: Peça com ataque químico com aumento de 100 vezes. 44
Figura 27: Peça com ataque químico com aumento de 1000 vezes. 45
Figura 28: Peça com ataque químico com aumento de 1000 vezes. 45
Figura 29: Peça sem ataque químico com aumento de 100 vezes. 46
Figura 30: Peça com ataque químico com aumento de 100 vezes. 47
Figura 31: Peça com ataque químico com aumento de 1000 vezes. 48
7

Figura 32: Peça sem ataque químico aumento de 100 vezes. 49


Figura 33: Peça com ataque químico aumento de 100 vezes. 50
Figura 34: Peça com ataque químico aumento de 100 vezes. 50
Figura 35: Peça com ataque químico aumento de 1000 vezes. 51
Figura 36: Peça sem ataque químico com aumento de 100 vezes. 52
Figura 37: Peça com ataque químico com aumento de 100 vezes. 53
Figura 38: Peça com ataque químico com aumento de 1000 vezes. 5
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 13
Ferros Fundidos 13
Definição 13
Características Gerais 13
Produtos Siderúrgicos 14
Minério de ferro 14
Ferro gusa 14
Microconstituintes 15
Ferrita 15
Austenita 16
Cementita 16
Perlita 16
Bainita 17
Martensita 18
Ledeburita 18
Grafita19
Steadita 21
Tratamento Térmicos 21
Diagrama Ferro-Carbono 22
Classificação dos Ferros Fundidos 24
Ferro fundido branco 24
Características gerais 24

Microestrutura 24

Elementos de liga 26

Tratamentos térmicos 26

Ferro Fundido Cinzento 26


Características gerais 26
Microestrutura 27

Elementos de liga 28
10

Tratamentos térmicos 28
Ferro fundido grafítico compacto 29
Características gerais 29
Microestrutura 29
Elementos de liga 29
Ferro fundido nodular 30
Características gerais 30
Microestrutura 30
Tratamento térmico 31
Ferro fundido maleável 33
Características gerais 33
Microestrutura 34
Tratamentos térmicos 34
2.6.7 Ferro fundido mesclado 35
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 37
Preparação da amostra 37
Lixamento 37
Polimento 37
Procedimento de análise 38
Análise química sem ataque 38
Ataque químico e micrografia 39
RESULTADOS 40
Amostra FF 58 40
Amostra FF 65 42
Amostra FF 89 46
Amostra 90 48
Amostra 105 51
CONCLUSÃO 55
BIBLIOGRAFIA 58
11
12

INTRODUÇÃO

O ferro fundido é um material de extrema importância na engenharia atual, as características


que o diferenciam dos aços carbono são o menor preço, os quais são obtidos pelo fato do ferro
fundido ter menor ponto de fusão e a maior dureza. O comparativo entre esses dois materiais é
feito pelo fato de ambos serem ligas de ferro e carbono. O ferro fundido é obtido de ferro-gusa
refundido e sucatas, mediante redução de elementos não desejáveis.
O estudo tem como objetivo analisar a microestrutura de 5 ferros fundidos distintos, os quais
foram fornecidos aos alunos pelo professor. Essa análise busca identificar qual o tipo de ferro
fundido de cada amostra; para tal, é analisado a grafita presente na estrutura.
O trabalho foi desenvolvido na cadeira de materiais de construção mecânica I para que os
alunos obtenham um conhecimento mais específico sobre os microconstituintes presentes nos
ferros fundidos, que além da importância em engenharia, foram o tópico da terceira área da
disciplina.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ferros Fundidos

Definição

Os ferros fundidos são ligas constituídas principalmente de Fe-C cujo teor de carbono é maior
que aquele encontrado em aços. Para que a liga Fe-C seja considerada um ferro fundido, o
carbono deve compor, no mínimo, 2,11% do total. A alta proporção desse elemento acarreta em
diferentes formas de ocorrência, podendo se precipitar na forma de veios, lamelas ou nódulos
em sua forma pura, denominada de grafita. Além disso, o carbono pode estar contido na forma
combinada através da cementita, e, portanto, na morfologia perlítica.
Quanto maior for o teor de carbono, menor é o ponto de fusão da liga até um mínimo na
temperatura de 1148°C, correspondendo ao ponto eutético, o qual ocorre quando a liga possui
um teor de 4,3% de C. Esse fato é importante, pois a diminuição do ponto de fusão facilita
processos de fundição e moldagem.
De modo geral, as propriedades dos ferros fundidos podem ser alteradas com a variação da
quantidade de carbono, impurezas (Si, Mg e Ce), ou ainda através de tratamentos térmicos.

Características Gerais

Os ferros fundidos possuem características que possibilitam seu emprego nos mais diversos
ramos do mundo moderno. Uma característica extremamente vantajosa dos ferros fundidos é a
menor temperatura de fusão, e, portanto, o menor consumo de combustível na sua produção.
Além disso, a facilidade de se fundir este material o torna muito eficaz na produção de peças
com geometria complexa, de modo que o preenchimento de moldes se torna relativamente fácil.
Do ponto de vista das propriedades físicas, os ferros fundidos apresentam boa resistência à
compressão, bom amortecimento, boa condutibilidade elétrica,
14

dentre outras .Em oposição, este material é considerado frágil, com baixa resistência à tração e
ao choque.

Produtos Siderúrgicos

Minério de ferro

O minério de ferro é uma rocha da qual pode-se obter ferro metálico de forma relativamente
simples. O ferro geralmente encontra-se no minério sob a forma de óxido, hematite (figura 1) e
magnetita, ou ainda como carbonato, a siderita.

Figura 1: Minério de Ferro - Hematita.

Ferro gusa

O primeiro produto siderúrgico obtido do minério de ferro é o gusa. Num alto forno são
colocados, nas devidas proporções, minério e carvão. O calor fornecido pela queima do carvão
aliado ao ar presente atende às condições necessárias para que ocorra a redução do minério. O
excesso de carbono existente é responsável por carbonetar o ferro resultante.
Com a fusão do material, ocorre a formação de uma camada formada por impurezas chamada de
escória. A escória, menos densa que o ferro líquido,
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acaba ficando por cima, e portanto é extraída por um orifício na altura apropriada. O ferro, mais
denso, acaba sendo retirado pela parte mais baixa do reservatório. Esse ferro, produto da
primeira fusão, é denominado de ferro gusa, e contém de 3,5 a 4,5% de carbono.
Microconstituintes

Os microconstituintes presentes nos ferros fundidos serão importantes pontos na discussão deste
trabalho e por isso serão melhor expostos aqui. Pode- se encontrar nove diferentes
microconstituintes: ferrita, perlita, austenita, cementita, bainita, martensita, ledeburita, grafita e
steadita.

Ferrita

Também conhecida como Ferro-α (figura 2), é um microconstituinte que possui uma estrutura
cúbica de corpo centrado (CCC), presente na fase sólida. Ela existe, em geral, em temperaturas
abaixo de 910°C para aços e 727°C para ferros fundidos, acima disso, se transforma em
austenita.

Figura 2: Ferrita observada com ampliação microscópica de 100 vezes.


16

Austenita

Representada na figura 3, é um microconstituinte com estrutura cúbica de face centrada


(CFC). Geralmente encontra-se em temperaturas acima de 727°C.

Figura 3: Austenita observada com ampliação microscópica de 200 vezes.

Cementita

Microconstituinte muito duro e, por isso, muito frágil e quebradiço que possui estrutura
ortorrômbica de dezesseis átomos, sendo que doze de ferro e quatro de carbono. Assim possui
93,33% de ferro e 6,67% de carbono, em massa.

Perlita

Microconstituinte lamelar, formado por camadas de Ferrita e Cementita alternadas. Graças a


esta combinação, a perlita é mais dura e resistente que a ferrita, porém mais branda e
maleável que a cementita. A espessura das lâminas de ferrita é superior a das de cementita.
Após ataque químico, as lamelas de Fe3C passam a adquirir coloração mais escura em
comparação às de ferrita. A figura 4 ilustra essa situação.
17

Figura 4: Perlita observada com ampliação microscópica de 200 vezes.

Bainita

Representada pela figura 5, é um microconstituinte que pode ser obtido pela transformação
isotérmica da austenita, a uma temperatura abaixo do cotovelo do diagrama TTT. Observa-se a
formação de dois tipos de estruturas: a bainita superior e inferior. A bainita superior possui
aspecto arborescente, formada por uma matriz ferrítica com carbonetos, enquanto a bainita
inferior assemelha-se a estrutura martensítica, formada por agulhas de ferrita com finas placas
de cementita.

Figura 5: Bainita observada com ampliação microscópica de 150 vezes


18

Martensita

É um microconstituinte obtido pelo resfriamento rápido da austenita (figura 6). Assim, a


estrutura da austenita, que era CFC, sofre uma transformação polimórfica para tetragonal de
corpo centrado (TCC). Dessa forma todo carbono permanece como impureza intersticial. Seus
grãos apresentam a aparência de placas ou agulhas

Figura 6: Martensita observada com ampliação microscópica de 200 vezes

Ledeburita

A ledeburita (figura 7) é uma estrutura eutética encontrada em ligas Fe-C contendo entre 2,11 e
6,67 %C. Ela é encontrada, principalmente, em ferros fundidos brancos e mesclados. É
constituída de austenita e cementita em forma metaestável quando em uma temperatura entre
723°C e 1148°C. Um resfriamento contínuo provoca a decomposição da austenita em perlita
(ferrita e cementita) em fundo de cementita, assim demonstrando uma elevada dureza. A
morfologia característica é bastões de perlita imersos em cementita.
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Figura 7: Várias formas de ledeburita. Ataque pícrico. Ampliação 360 vezes.

Grafita

É a forma pura do carbono. É um microconstituinte de muita importância para os ferros


fundidos, visto que, influencia de forma direta a característica mecânica da liga. As formas nas
quais a grafita se apresenta são: em veios, lamelas ou nódulos. Essas diferentes morfologias
surgem dependendo da composição química, que pode variar com a quantidade de carbono ou
com a adição de elementos de ligas, ou ainda, dependendo de como o ferro fundido foi resfriado
durante o processo de produção.
Com o intuito de se facilitar a compreensão e a discussão desse elemento, a American Foundry
Society (AFS) dividiu a grafita em 5 tipos (figura 8): veios orientados ao acaso (Tipo A), veios
radiais (Tipo B), veios retos e de grandes dimensões (Tipo C), veios pequenos e curtos
ocupando o espaço interdendrítico orientados ao acaso (Tipo D), veios curtos no espaço
interdendrítico de forma orientada (Tipo E).
20

Figura 8: Classificação da grafita segundo a ASTM e a AFS. Tipo A: Irregular e


desorientada, lamelas finas e uniformes distribuídas ao acaso.Tipo B: Conhecida por
roseta, apresenta o centro com grafita fina e nas bordas grafita grosseira. Tipo C:
Conhecida por grafita primária, desigual, irregular típica de ferros fundidos
hipereutéticos. Tipo D: Grafita fina, interdendrítica e desorientada, com distribuição ao
acaso, típica de solidificação com resfriamento muito rápido. Tipo E: Veios finos,
interdendríticos com orientação definida.

Além disso, a grafita é classificada em relação ao tamanho observado em microscópio


óptico com ampliação de 100 vezes, de acordo com a tabela 1 abaixo:

Tabela 1: Tamanho do veio da grafita


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Steadita

É um constituinte de natureza eutética, que apresenta em sua estrutura partículas Fe3P em cima
de um fundo de ferrita saturada de P. Isso só ocorre se a quantidade de fósforo for maior que
0,15%. Além disso, a sua morfologia é esférica, ocorrendo em quantidades limitadas.

Tratamento Térmicos

Os ferros fundidos, assim como os aços, podem ser submetidos a tratamentos térmicos,
visando transformar as suas propriedades mecânicas. Essas transformações, entretanto, são
mais restritas e menos reversíveis, devido a presença da grafita ou a tendência a grafitizar,
quando a peça é elevada em temperaturas superiores a 600 °C.
Os tratamentos térmicos aplicados nos aços, podem, em sua maioria, ser aplicados nos ferros
fundidos, como o recozimento, normalização, têmpera e o revenimento, detalhados
previamente no relatório de aços. Ademais, também aos ferros fundidos são aplicáveis três
outros tratamentos térmicos: a descarbonetação, grafitização e o envelhecimento.
A descarbonetação é um processo que pode ocorrer, também, nos aços. Ela consiste no
aquecimento da peça em um ambiente oxidante, fazendo com que o carbono reaja com o
oxigênio. Dessa forma, existe a formação de CO e CO2. A grafitização é um processo que
visa a decomposição da cementita em ferrita e grafita, ficando a grafita na forma de CL. O
envelhecimento, por fim, consiste em um tratamento térmico subcrítico, onde a peça é
elevada em temperaturas abaixo a zona crítica, com o objetivo de diminuir as tensões
internas.
22

Diagrama Ferro-Carbono

O diagrama de fases (figura 9) de uma liga Ferro-Carbono é obtido experimentalmente e


demonstra as temperaturas (eixo vertical) em que ocorrem as transformações de fase desse
tipo de liga, de acordo com o seu teor de carbono (eixo horizontal). Cada área delimitada no
diagrama corresponde a uma fase diferente. As linhas que separam uma fase líquida de uma
fase sólida são chamadas de Linha Liquidus, enquanto que as que separam duas fases
sólidas são conhecidas como Linha Solidus.
Figura 9:Diagrama de fases de uma liga ferro-carbono.

O diagrama se divide, conforme o teor de carbono, em duas grandes regiões. A primeira, dos
aços, é compreendida entre 0 a 2,11% de carbono. A segunda, dos ferros fundidos, fica entre

2,11% e 6,67%. Visto que o trabalho se trata de ferros fundidos, essa região terá um enfoque
maior.
23

Em se tratando de ferros fundidos, um ponto extremamente importante do diagrama é o


chamado ponto eutético, o qual se localiza na temperatura de 1148°C e concentração de
4,3% de carbono (ligas pur as). Neste ponto ocorre a transformação da fase líquida para a
ledeburita de forma direta.
Além do diagrama Fe-C é importante analisar o diagrama Fe-C-Si (figura 10). Estes
diagramas mostram os impactos das diferentes quantidades de silício na morfologia do
carbono. É interessante ressaltar que conforme há um aumento na concentração de silício há
um decréscimo do ponto eutético, como pode-se ver na Figura 10.

Figura 10: Diagramas Fe-C-Si para teores de Si de 2,3%, 3,5%, 5,2% e 7,9% a partir de
1000°C.
24

Classificação dos Ferros Fundidos

De modo geral, o ferro fundido possui as seguintes subdivisões: branco, cinzento, grafítico
compacto, nodular, maleável e mesclado. O material pode assumir algumas dessas diferentes
formas de acordo com dois principais fatores: a velocidade de resfriamento e composição
química. Já outras são atingidas através de tratamento térmico específico.

Ferro fundido branco

Este nome é originário pelo aspecto claro apresentado na fratura deste tipo ferro fundido. Essa
tonalidade mais clara se deve ao fato de as condições de solidificação e processamento serem
favoráveis para que ocorra o equilíbrio metaestável na forma de cementita, ou seja, o carbono
não se apresenta na forma de grafita. A formação deste tipo de ferro fundido, dentre outro
fatores, depende de um resfriamento relativamente lento e da composição química: 1 a 3% de
silício, 0,2 a 1% de manganês, 0,002 a 1% de fósforo e 0,02 a 0,25% de enxofre.

Características gerais

Os ferros fundidos brancos têm alta dureza e resistência ao desgaste e, portanto, uma baixa
ductilidade. Desta forma, seu emprego é restringido a aplicações onde se espera resistência
e dureza sem a necessidade de ser dúctil.

Microestrutura

De forma geral a microestrutura do ferro fundido branco pode ser dividida em três: hipoeutética,
eutética e hipereutética.
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Na estrutura hipoeutética, em condições normais de solidificação, o ferro fundido branco é


composto predominantemente por de dendritas de perlita envoltas por ledeburita. Neste
caso, a ledeburita começa a se apresentar quando a concentração percentual de carbono
ultrapassa os 2% em quantidade cada vez maior até cerca de 4,3%. Este fenômeno é
apresentado esquematicamente na faixa esquerda da Figura 10.
Na região eutetóide, a concentração de carbono deve ser muito próxima de 4,3%. Neste caso,
o microconstituinte presente é somente a ledeburita.
O ferro fundido hipereutético ocorre para um percentual de carbono maior que 4,3%, sendo
constituído predominantemente por cristais de cementita com um fundo de ledeburita. Na
figura 11, a região hipereutética corresponde à faixa direita.

Figura 11: Diagrama ferro carbono metaestável. A evolução microestrutural de ferro


fundido branco: hipoeutético (3%C), eutético (4,3%C) e hipereutético (5,4%C) é
apresentado na forma
simplificada.
26

Elementos de liga

O ferro branco pode receber diversos elemento de liga, isolados ou combinados, são eles: cobre,
vanádio, níquel, cromo e molibdênio. Esses elementos são responsáveis por alterar as
propriedades da liga, aumentando a resistência a corrosão, ao desgaste e altas temperaturas, por
exemplo. Além disso há casos em que se utiliza os elementos de liga para estabilizar algum
microconstituinte, como no caso do cromo que evita a formação da grafita e estabiliza a
cementita.

Tratamentos térmicos

Os ferros fundidos brancos, em geral, são produzidos pelo rápido resfriamento da peça, por
isso esse ferro tem extrema dureza e baixa ductilidade. No entanto, esse procedimento gera
tensões residuais, e, dessa forma, os tratamentos térmicos aplicados aos ferros brancos
visam diminuir essa tensão e a fragilidade do material.
Outro tratamento que vale ressaltar consiste no aquecimento até 815°C durante 18 horas,
seguido de um resfriamento de 5°C /s até atingir 650°C, esse processo resulta em uma estrutura
em que os carbonetos primários são finos e a matriz transforma-se em cementita
esferoidizada.

Ferro Fundido Cinzento

Características gerais

Os ferros fundidos cinzentos possuem dois fatores que o caracterizam: a composição química e
a velocidade de resfriamento. A composição química possui, em geral, uma porcentagem de
carbono que varia entre 2,7 a 3,7% e também uma porcentagem de silício que varia entre 1 e
2,8%i. A velocidade de resfriamento é um parâmetro característico devido ao tempo necessário
para a
27

decomposição de toda a cementita em ferrita e grafita. Dessa forma, se torna necessário que a
velocidade de resfriamento seja pequena, para que seja possível a formação de ferrita e grafita.
Esse material apresenta uma boa condutividade térmica, o que torna comum o uso desse tipo de
material em componentes sujeitos a fadiga térmica. Além disso, possui uma boa resistência ao
desgaste, devido a presença da grafita, que atua como um lubrificante. Destaca-se também a
sua capacidade de absorver vibrações, decorrente da descontinuidade da matriz imposta pela
presença de grafita.

Microestrutura

Os ferros fundidos cinzentos apresentam grafita em forma de veios. cercada por ferrita,
perlita e cementita, como pode-se observar na figura 12. Os veios de grafita operam como
pontos de concentração de tensão, e são os locais onde geralmente as fraturas têm início. A
sua distribuição pode ocorrer em cinco diferentes formas de veios, mencionados na Seção
2.2.8.

Figura 12: Micrografia de um ferro fundido cinzento.


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A formação da grafita pode ocorrer de três diferentes maneiras: a partir da formação de


partículas de Fe3C do ferro fundido hipereutético; durante a precipitação do Fe3C da austenita,
por um processo de grafitização; ou diretamente, por grafitização, do C em solução sólida na
austenita.

Elementos de liga

Os elementos de liga podem ser adicionados nos ferros fundidos cinzentos com o intuito de
modificar certas características desse material. Com essa adição, pode-se melhorar a resistência
à ruptura transversal, a resistência a corrosão e a resistência a temperaturas elevadas.
Os elementos mais utilizados são o cobre, o níquel, o cromo, o molibdênio e o titânio. O
cromo, o titânio e o níquel tornam a estrutura da matriz mais perlítica e mais refinada. Dessa
forma, a liga se torna mais resistente à ruptura transversal. Ademais, o cobre, da mesma forma
que o cromo, confere uma melhoria na usinabilidade e uma maior resistência à corrosão da liga.

Tratamentos térmicos

O tratamento térmico mais utilizado para essa liga é o alívio de tensões, visto que esse ferro
fundido apresenta diversas tensões internas provenientes da diferença de velocidade de
resfriamento ao longo da peça. Essas tensões podem gerar empenamento ou ruptura da peça
tornando assim, esse procedimento de fundamental importância.
Além desse tratamento térmico há outro que também devem ser explanado, como o
recozimento, que objetiva melhorar a usinabilidade através da conversão da cementita em
ferrita e grafita. A têmpera e o revenido, que objetivam melhorar a resistência mecânica, a
resistência ao desgaste e a dureza através da formação de martensita. E a normalização, que
é utilizada para melhorar propriedades mecânicas como a resistência à tração e a dureza,
através da formação de perlita.
29

Ferro fundido grafítico compacto

Características gerais

O ferro fundido grafítico compacto possui características intermediárias entre o ferro fundido
cinzento e o nodular (apresentado melhor na próxima seção). Essa liga, se comparada ao ferro
fundido cinzento de mesmo percentual de carbono equivalente, apresenta boa resistência
mecânica, boa tenacidade, boa ductilidade, menor oxidação a temperaturas elevadas, melhor
acabamento por usinagem. Já em comparação com o ferro fundido nodular, apresenta maior
capacidade de amortecimento, melhor usinabilidade e melhor fundibilidade.
Microestrutura

A microestrutura da matriz pode ser perlítica, ferrítica, martensítica ou uma combinação de


ferrita e perlita, dependendo do tratamento térmico. A grafita por sua vez é produzida durante a
solidificação e também se apresenta mais arredondada e interconectada, ou seja, na forma de
nódulos arredondados interconectados através de veios, e por isso também é chamada de
grafita vermicular.

Elementos de liga

Esse tipo de ferro fundido apresenta uma porcentagem de carbono que varia de 3% a 4% da
massa. Outros elementos coexistem nesse tipo de ferro fundido: 1 a 3,5% de silício, 0,2 a 1%
de manganês, 0,01 a 0,1% de fósforo, 0,01 a 0,03% de enxofre e 0,015% de magnésio (mais
comum). Além destes, pode ocorrer a presença em valores menores de titânio, cério, lantânio
e alumínio.
30

Ferro fundido nodular

Características gerais

Esse ferro fundido combina propriedades interessantes de ferros fundidos e de aços. Além
disso, sua principal característica é o ajuste da composição química e da inoculação do metal
líquido de forma que a grafita se forme em nódulos esféricos e não em veios. Esse fenômeno
ocorre devido à adição de cério ou de manganês, em pequenas quantidades, a um ferro fundido
cinzento, pouco antes do vazamento. Assim, essas adições evitam a grafitização primária e
transformam o ferro fundido cinzento em branco. Seu efeito cessa após alguns minutos, de
modo que, controlando-se a composição, a temperatura, o tempo decorrido até o vazamento e a
velocidade de resfriamento no molde, é possível obter uma grafitização com a formação direta
de nódulos.
Além disso essa liga se caracteriza pela alta ductilidade, tenacidade e resistência mecânica,
possuindo também um elevado limite de escoamento. Outro ponto a se ressaltar é o fato da
grafita estar na forma esferoidal que, assim, não impede a continuidade da matriz como a
grafita em veios permitindo, dessa maneira, que haja uma melhor ductilidade e tenacidade.

Microestrutura

A matriz dessa liga pode ser ferrítica, martensítica ou uma combinação entre ferrítica e perlítica,
essa matriz será definida pelo tratamento térmico que a peça passará.
Já a grafita em nódulos, que auxilia na manutenção das propriedades mecânicas, é encontrada
na forma esferoidal, sendo que no estado bruto a grafita encontra-se no estado conhecido como
“olho de boi”, como pode ser observado na figura 13. O processo que a transforma ocorre
durante a
31

solidificação, e diversos estágios são necessários: dessulfuração e desoxidação;


nodularização, apenas 0,04% de magnésio são necessários para obter os nódulos;
inoculação, onde ocorre a nucleação heterogênea da grafita.

Figura 13: Estrutura do “olho de boi” descrita acima.

Tratamento térmico

Normalmente esse ferro fundido sofre os seguintes tratamentos térmicos: recozimento,


normalização, têmpera e revenido e austêmpera.
O recozimento, geralmente, ocorre por meio do aquecimento até 900°C seguido de um
resfriamento até 785°C e, por último, ocorre um resfriamento até a temperatura ambiente com
uma razão de 3°C/s. Esse tratamento térmico visa a obtenção de uma matriz ferrítica.
Já para a normalização é necessário a austenitização a 900°C até o encharque. Após esse
processo é necessário um resfriamento ao ar de forma forçada. Esse tratamento térmico visa
a obtenção de uma matriz perlítica, como se observa na figura 14.
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Figura 14: Ferro fundido nodular com perlita, resultado de uma normalização

Por sua vez, a têmpera ocorre com o aquecimento da peça até um valor próximo de 900°C
seguido de um revenimento até atin gir uma dureza adequada. Esse tratamento térmico visa
aumentar dureza, resistência mecânica e resistência ao desgaste, através da formação da
martensita revenida (figura 15), como já foi mencionado.

Figura 15: Ferro fundido nodular com a presença de martensita revenida.


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Além desses tratamentos, a austêmpera visa a obtenção de uma estrutura bainítica (figura 16)
por meio de um tratamento isotérmico em uma temperatura próxima aos 900°C. Para esse
processo o correr conforme o esperado, elementos como magnésio e molibdênio são
adicionados para prevenir a formação da perlita durante o resfriamento.

Figura 16: Ferro fundido nodular com a presença de bainita, resultado de uma
austêmpera.

Ferro fundido maleável

Características gerais

De forma geral esse ferro fundido apresenta boa resistência à tração, boa ductilidade, boa
tenacidade, boa resistência ao choque, boa resistência à corrosão, boa usinabilidade e boa
resistência ao desgaste.
Além disso, vale ressaltar que essa liga advém dos ferros fundidos brancos, possuindo,
assim, um elevado custo – seu tratamento consiste no aquecimento a uma temperatura de
800ºC por 70 horas. Essa liga é muito utilizada para fabricar hastes de conexão,
engrenagens de transmissão, cubos de rodas, bielas, carcaças de caixas de câmbio e
conexões de tubos.
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Microestrutura

A microestrutura desse ferro fundido varia conforme a forma como este é obtido, podendo ser
de ferrita e grafita rendilhada ou de ferrita na periferia e perlita, ferrita e grafita rendilhada.

Tratamentos térmicos

No processo de maleabilização, os ferros fundidos brancos são convertidos em ferros


fundidos maleáveis. Esse processo pode ocorrer de duas formas: por grafitização ou por
descarbonetação.
No processo de grafitização, toda a cementita se decompõem em ferrita e grafita, dando um
aspecto, na fratura, um tanto quanto escuro. Esse ferro fundido também é conhecido como ferro
fundido maleável de núcleo preto ou maleável americano, observado na figura 17.
Já por descarbonetação, o carbono do ferro fundido branco é eliminado por oxidação junto à
periferia da peça, para onde migra por difusão, dando assim um aspecto clara, por isso esse
ferro fundido também é chamado de ferro fundido maleável de núcleo branco ou europeu,
observado na figura 18. Destaca-se também o fato de que peças de pequena espessura
possuirão uma matriz inteiramente ferrítica, enquanto uma de grande espessura possuirá
uma periferia de ferrita e um núcleo com composição de perlita, ferrita e grafita rendilhada.
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Figura 17: Microestrutura teórica de um ferro fundido maleável de núcleo preto – obtido por
grafitização

Figura 18: Microestrutura de um ferro fundido maleável envolvido por ferrita numa matriz
perlítica – obtido por descarbonetação

2.6.7 Ferro fundido mesclado

Esse ferro fundido (figura 19) é um produto intermediário entre o ferro fundido branco e o
cinzento, podendo, assim, ser identificado pela presença de ledeburita juntamente com grafita
em uma mesma peça. Essa liga é obtida mediante ajuste da velocidade de resfriamento e de
outros parâmetros, de
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forma que a camada superficial é do tipo branco e a interior é do tipo cinzento. Isso proporciona
elevada dureza superficial e menor fragilidade da peça.

Figura 19: Ferro fundido cinzento (acima e à esquerda) e ferro fundido branco (abaixo e
à direita). Ataque: 4% picral. Fonte: Bramfitt – Metallografher’s Guide.
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PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Preparação da amostra
Neste trabalho recebeu-se cinco amostras de ferro fundido no intuito de analisar a
microestrutura e identificar qual o tipo. O embutimento em baquelite foi feito antes do
recebimento das amostras, com isso essa operação foi suprimida pelos integrantes do grupo.
Essas peças recebidas já possuíam identificação prévia, sendo elas FF 58, FF 65, FF 89, FF 90 e
FF 105.

Lixamento
O primeiro processo feito foi o lixamento. As peças já tinham sido analisadas previamente, por
isso só foi necessário utilizar as granulações mais altas da lixa, iniciou-se com a 400, passando
pela 600 e terminando com a 1000. A figura 20 mostra a mesa de lixamento utilizada. O método
de lixamento foi muito semelhante aos feito nos aços carbono, escolhia-se um sentido e lixava-
se a peça até ela possuir somente riscos nessa direção; ao atingir esse ponto, girava-se a peça
em 90º e passava-se para a próxima lixa.

Figura 20 - Mesa de lixas, contendo 4 lixas diferentes, utilizadas no LACAR.


Fonte: Autores

Polimento
Para o polimento foi utilizada uma politriz rotativa (figura 21), adicionando alumina em
suspensão de 3µm e lubrificação à água. A rotação da politriz deve
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permanecer em cerca de 300 RPM e a amostra deve ser rotacionada no sentido contrário ao
da politriz. O polimento deve ser realizado por um tempo aproximado de 3 minutos ou até que
o corpo de prova apresenta aspecto espelhado na superfície de análise. A realização da
limpeza com algodão umedecido com álcool, seguida de secagem com ar quente visa retirar
manchas de secagem. Deve ser evitado o toque na superfície para não provocar oxidação e o
cuidado com a rotação da peça em torno do seu próprio eixo deve ser tomado para evitar
marcas de polimento, como as marcas cometas.

Figura 21 - Politriz rotativa utilizada em laboratório.


Fonte: Autores

Procedimento de análise

Para o procedimento de análise das cinco peças foram utilizados duas formas diferentes. O
primeiro foi a análise sem o ataque químico e a segunda foi com o ataque químico de nital com
2%.

Análise química sem ataque

Para essa etapa do trabalho foi utilizado o microscópio ótico e foram tiradas fotos com uma
ampliação de 100 vezes e 1000 vezes. O objetivo inicial dessa análise é verificar a presença
ou não de grafita, sendo ela percebida, o passo seguinte era a
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identificação da morfologia da grafita, podendo ela ser em veios, nódulos ou nódulos


rendilhados.

Ataque químico e micrografia

As peças foram atacadas com nital 2%, o qual é uma solução de 2% nital e 98% de álcool. Esse
ataque tem a função de aprimorar o contraste da superfície da peça. Com isso, é possível fazer a
identificação da microestrutura utilizando o microscópio ótico.
O procedimento era a aplicação da peça na solução durante aproximadamente 3 segundos,
depois levava-se a mesma em água parada no intuito de retirar o ácido da superfície, pois o
mesmo pode queimar a peça, o que mascara os resultados da micrografia. Feito isso, a peça foi
secada passando um algodão umedecido em álcool com uma corrente de ar criada pelo secador.
Utilizando o microscópio óptico, com ampliação de 100 vezes e 1000 vezes, foram observadas e
gravadas imagens de cada uma das cinco amostras. A partir da análise microscópica das
peças, foi possível verificar a presença demicroconstituintes como a ferrita, a
perlita (podendo estar em dendritas), a cementita (podendo aparecer em forma de agulhas), a
steadita, a martensita (para o caso de a amostra ter sido temperada e revenida) e a ledeburita
(para ferros fundidos brancos). Da mesma forma que na análise do aço carbono, utilizou-se a
massa de modelar com a função de melhorar a visualização de cada amostra, pois era possível
um foco melhor no dispositivo óptico, possibilitando assim uma análise com
qualidade superior.
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4. ANÁLISES E DISCUSSÕES

Essa seção do trabalho tem o objetivo de apresentar os dados obtidos durante todas aulas
práticas disponibilizadas para o segundo trabalho, além da apresentação das fotos, são feitas
análises discutindo quais os microconstituintes presentes e baseado nisso, inferiu-se qual o tipo de
ferro fundido em cada amostra experimentada.

4.1 Amostra FF 21

A imagem a seguir foi obtida a partir da ampliação de 100x no microscópio óptico,


referente a amostra numerada como 21, nela podemos identificar a existência de grafita na forma
de nódulos esféricos e poucas inclusões não metálicas.

Figura XX: Amostra 21 sem ataque químico com nódulos esféricos ampliados 100X.

Após a realização do ataque químico, a amostra 21 foi analisada com


ampliação de 500 vezes, como mostra a figura xx. Nela é possível identificar os veios de grafita
que são característicos dos ferros fundidos cinzentos.
Com base nisso e de acordo com a comparação com microestruturas presentes no livro
COLPAERT (1974), a presença dessas microestruturas caracteriza o ferro fundido cinzento.
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FiguraXX : Ferro fundido cinzento, ampliado em 500X.

4.2 Amostra FF 43

Foi feita a análise sem ataque químico, da amostra de número 43. Conforme é possível
observar claramente na Imagem XX abaixo, o ferro fundido em questão apresenta veios de
grafita tipo A.
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Figura XX: Amostra 43, sem ataque, ampliação de 100X apresentando feios de grafita tipo A.

Quando realizado o ataque em Nital, podemos identificar que o material tratava-se de

Figura XX: Amostra 43, com ataque químico, ampliado 200x Ferro fundido

4.3 Amostra FF 72

A outra amostra que foi analisada microscopicamente é a de número 72. A partir de uma
ampliação de 100x podemos identificar que a amostra em questão apresenta grande porosidade e
inúmeras inclusões. Essa conclusão foi feita a partir da comparação com imagens de
microestruturas disponibilizadas na LACAR.
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Figura XX: Amostra 72 sem ataque de ampliação de 100x, apresentando porosidades e inclusões
não metálicas.

Abaixo temos a imagem XX da amostras 72 depois de ter sido atacada químicamente.


Nela podemos identificar características que indicam que seja um ferro fundido maleável
contendo um núcleo branco. Essas características é a possibilidade de observação de e ferrita e
grafita rendilhada ou de ferrita na periferia e perlita, ferrita e grafita rendilhada.

Figura XX: Amostra 72 com ataque quimico de ampliação de 100X, sendo um ferro fundido
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4.4 Amostra FF 93

A Figura XX abaixo mostra, com ampliação de 100x, o ferro fundido de número 93. Temos na
microestrutura da amostra 93 sem ataque uma estrutura contendo grafitas em forma de nódulos
redinlnhados, conforme podemos identificar atráves da imagem abaixo mostrada.

Figura XX: Amostra 93 sem ataque químico de ampliação de 100x, nódulos redinlhados.

Após ser realizado o procedimento de ataque químico na amostra, ela foi analisada no
microscópio óptico. A partir da observação pode-se determinar que se tratava de um ferro
fundido maleável de matriz ferrítica, como visto na imagem XX abaixo. Vale ressaltar ainda que
a imagem mostra corrosão e inclusões dela.
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Figura XX: Amostra 93 com ataque químico de ampliação de 100x.

4.5 Amostra FF 105

A figura 36 ilustra a amostra de número 105 com ampliação de 100 vezes


s e m ataque químico. Nessa figura, destaca-se a presença de grafita em formato
radial caracterizada em veios do tipo B. Devido à isso podemos inicialmente inferir
que a região observada no microscópio trata-se de um ferro fundido cinzento. Com
apenas essa observação não é possível afirmar que toda a amostra trata-se de um
ferro fundido cinzento, uma vez que a presença de ferro fundido branco mudaria a
sua classificação para ferro fundido mesclado.
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Figura 36: Peça 105 sem ataque químico e com aumento de 100 vezes. Destaque para presença grafita em
veios do tipo B.

Fonte: Autores

Após a realização do ataque químico, pela figura 37, com aumento de 100 vezes,
é possível visualizar a presença dos veios em uma matriz predominantemente escura,
indicando a presença de uma matriz perlítica. Ainda é possível identificar regiões
claras, cuja natureza não pode ser determinada ainda, visto que elas podem ser
formadas por ferrita, ledeburita ou steadita.
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Figura 37: Peça 105 com ataque químico e com aumento de 100 vezes. Destaque para
presença grafita em veios do tipo B em matriz predominantemente escura, indicando existência de
perlita. Há também a presença de regiões claras que podem ser indícios de ferrita, ledeburita ou
steadita.

Fonte: Autores

A figura 38 apresenta a amostra atacada quimicamente e com aumento de 1000


vezes. Observa-se mais nitidamente que as regiões escuras são, de fato, perlita
lamelar, contornando os veios de grafita do tipo B. Além disso a observação das regiões
claras permite a identificação da formação de steadita (caracterizada por uma matriz
ferrítica com pontos escuros referentes aos precipitados da liga de fósforo e ferro).
Com base nisso, de acordo com COLPAERT (1974), a presença dessas microestruturas
caracteriza o ferro fundido cinzento perlítico com veios do tipo B com um teor de
fósforo superior a 0,15%, ocasionando a formação de steadita na amostra.
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Figura 38: Peça 105 com ataque químico e com aumento de 1000 vezes. Presença de uma
matriz perlítica (região acinzentada e lamelar), grafita em veio (região escura desfocada) e “placas” de
steadita (região clara com pontilhado escuro, caracterizado pela matriz ferrítica com precipitados da
liga de fósforo e ferro).
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5. CONCLUSÃO
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6. BIBLIOGRAFIA
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