CONHECIMENTOS BASICOS
METALOGRAFIA
MILTON FRANCO MORAES
Téc. de Inspeção de Equipamentos
7 – DEFINIÇÕES
MARTENSITA – É a fase que produz a mais alta dureza e resistência nos aços. É um
termo genérico para a microestrutura formada por transformação de fase sem
difusão, na qual a fase de origem e a fase produto, têm um relacionamento
metalográfico específico. A martensita é caracterizada por um padrão acicular na
microestrutura em ligas ferrosas e não ferrosas. Em ligas na qual o átomo solúvel
ocupa a posição intersticial no reticulado martensítico, tais como o carbono no ferro,
a estrutura é dura e altamente deformada; se o átomo solúvel ocupa a posição
substitucional, tais como o níquel no ferro, a martensita é macia e dúctil.
1.1 – METALOGRAFIA
O exame da estrutura de um metal ou amostra metálica por meio de uma
superfície devidamente polida e atacada com um reagente específico denomina-se
metalografia. Pode-se aplicar a técnica com a utilização ou não de um reagente
químico adequado para revelação de estrutura e também pode ser classificado
como destrutivo ou não destrutivo.
A metalografia é um dos principais ramos da metalurgia física, estuda os
constituintes, a estrutura e a textura dos metais, suas ligas e seu relacionamento
com as propriedades mecânicas, físicas, químicas e processos de fabricação.
1.2 - TIPOS DE EXAMES METALOGRÁFICOS
2.1 – SECCIONAMENTO
Depois da localização de onde a amostra será retirada para a realização de
ensaio metalográfico, a etapa seguinte é o corte da amostra. O corte tem
como objetivo reduzir o tamanho da amostra para uma menor dimensão
possível que represente o equipamento ou o componente em condições
físicas e composição química. As ferramentas e equipamentos mais
utilizados para o corte mecânico das amostras são: arco de serra manual,
serra elétrica, serra de fita, maquina de corte por cisalhamento e máquina
de corte abrasivo.
a) MÁQUINAS DE SERRAR
São aquelas que usam serra como ferramenta de corte. As maquinas de serrar
são muito comuns em oficinas mecânicas e podem ser alternativas, circulares
ou contínuas.
Com regra geral, a preparação dos corpos de prova para o exame macrográfico
abrange as seguintes etapas.
- Escolha e localização da secção a ser examinada.
- Preparação da superfície escolhida.
- Ataque químico com reagente adequado da superfície preparada.
Uma vez escolhida a localização e a seção a ser examinada, que poderá ser
uma seção do equipamento, de um componente ou uma amostra, o corte
deverá ser realizado, tomando-se o cuidado de modo a evitar encruamentos
locais excessivos, bem como superaquecimento.
Após isso, iniciar o lixamento na direção normal aos riscos já existentes, até que
os mesmos sejam completamente removidos. Ao reiniciar a operação de
lixamento com uma lixa de granulação mais fina, a direção de lixamento
deverá ser de 45o a 90o defasado da anterior e da mesma forma nas
operações subseqüentes, até que os riscos da operação anterior sejam
completamente removidos e assim por diante, até a lixa de granulação
número 600. A cada mudança de operação do lixamento, é conveniente
limpar ou lavar a peça para evitar a contaminação da lixa nova com resíduos
da lixa anterior. O polimento especular é indesejável porque torna o ataque
químico mais difícil e irregular. Neste estágio, a superfície denota por vezes
algumas particularidades, tais como: vazios, trincas, grandes inclusões,
porosidades, falhas em soldas.
c) ATAQUE QUÍMICO DA SUPERFÍCIE
4.1 – OBJETIVO
Qualquer amostra, para ter valor metalográfico, deve representar o metal tanto em
composição química, como em condições físicas. Caso contrário, a realização do
polimento, ataque e as fotos das micrografias serão esforços jogados fora.
Normalmente o propósito da investigação, a forma e a condição do material, sugerem
a posição na qual a amostra ou amostras deverão ser cortadas, mas existem certas
regras que se observadas, ajudarão a obter amostras adequadas:
* Se o propósito da investigação é determinar a causa da falha, a
amostra deverá ser obtida na posição próximo onde a falha iniciou. É
também aconselhável obter uma ou mais amostras de uma posição
distante da falha, para comparar a estrutura do metal sadio com
aquela do metal que falhou. Comparações deste tipo geralmente dão
informações valiosas.
* Em materiais laminados ou forjados, seções transversais e
longitudinais deverão ser examinadas. Isto é importante se o propósito
do exame é o estudo das inclusões não metálicas ou da estrutura. Se
o material foi reduzido a frio, a amostra deverá ser retirada na direção
do trabalho.
* Para materiais trabalhados ou trabalhados e tratados termicamente,
é aconselhável incluir na amostra a parte externa, de modo que
descarbonetação e outras imperfeições superficiais possam ser
observadas.
* Se o motivo da analise for segregação, algumas amostras de
diferentes posições deverão ser examinadas.
a) SECCIONAMENTO – Uma amostra para ser metalograficamente
examinada geralmente deve ser seccionada em um tamanho conveniente,
antes que outras etapas possam ser realizadas para revelar sua
microestrutura. A microestrutura é mais vulnerável de alteração durante o
seccionamento do que em qualquer outra etapa da preparação
metalográfica. A alteração da microestrutura, comumente chamada “falsa
indicação”, pode ocorrer devido ao calor excessivo, deformação mecânica
ou ambos. A “falsa indicação” mascará a interpretação correta da
verdadeira microestrutura. Corte com disco abrasivo, serra e cisalhamento
são os métodos mais comuns de seccionamento de amostras.
Foto 35 Foto 36
A microestrutura da foto 35 é constituída de martensita revenida. A foto
36 é constituída de martensita como temperada. O revenimento da
martensita foi causado pela temperatura necessária para a cura da
baquelite, durante o processo de montagem.
c) LIXAMENTO
Lixa usada
Lixa nova
Lixa usada
Polimento químico
Polimento químico
% de austenita retida
Figura 39: Efeito do uso de lixas usadas sobre a austenita retida, em um aço com
duas fases. Primeiro a amostra foi polida usando lixas novas. A difração de raio-x
revelou 7,8 % de austenita retida. A amostra foi re-polida com lixas usadas,
resultando em 5,7 % de austenita retida. A experiência foi repetida, resultando em
uma diferença ainda maior no teor de austenita retida. A austenita se transformou
em martensita devido à deformação mecânica. Os dois polimentos químicos
foram usados como padrão.
d) POLIMENTO
Deve ser suficientemente plana, desde a periferia até o centro. Para permitir exame
em todo os pontos e ampliações.
Foto 43 - Aço com alto teor de carbono (0,75% C) que foi mantido a 1095 0C
durante 24 horas e resfriado ao ar. A baixa taxa de resfriamento a partir da
austenita produziu a perlita
mostrada na foto. Picral 4% - 500X.
Foto 44 - Aço com duas fases (0,11C-1,40Mn-0,58Si-0,12Cr-0.08Mo), foi tratado
a uma temperatura de 790 0C e resfriado ao ar. A estrutura é constituída de
ferrita e perlita. Picral 4% - 1000x.
Foto 45 - A área da foto 44 que foi observada no microscópio eletrônico
de varredura, com aumento de 5000 x. Com este aumento pode-se
observar a resolução da perlita. Picral 4%.
Bainita – Pode se atacada usando picral ou o procedimento picral-nital da
mesma maneira da perlita. A amostra da foto 46 foi atacada usando picral 4 %.
Foto I - Aço de alta resistência e baixa liga (0,2% C), laminado a quente.
A estrutura consiste de ferrita e perlita. Nital – 200x.
Microstructure of plain carbon UNS G10150 steel showing equiaxed ferrite grains
with pearlite islands. 4% picral + 2% nital etch. Original magnification 200×
Foto II - Aço com (0,06C-0,35Mn-0,04Si-0,40Ti). Ataque para colorir os
grãos de ferrita.
A cor depende da orientação do grão.
Reagente Baraha´s – 100x.
Plate martensite formed in an Fe-1.86C alloy. Arrows indicate microcracks.
Micrograph of plate martensite in an Fe-30Ni-0.38C alloy.
Micrograph of plate martensite in an Fe-20Ni-1.2C alloy after cooling at 4 K.
Microstructure of water-quenched UNS G10800 steel showing plate martensite.
The light regions between the martensite plates are retained austenite. 10%
sodium metabisulfite etch. Original magnification 1000×
Foto III - Martensita do tipo folha
Foto IV - Martensita do tipo folha.
Foto V - Martensita do tipo folha ou lenticular, em um aço com alto
teor de carbono (1,2% C).
A matriz é austenita retida. Nital - 1000x.
Foto VI - Martensita tipo folha ou lenticular e
austenita retida (claro) em um aço liga, Fe-32Ni.
Nital – 500x.
Transmission electron micrograph showing a packet of martensite
laths (between arrows) formed in an Fe-21Ni-4Mn alloy.
Foto VII - Martensita do tipo ripa.
Foto VIII - Bainita inferior em um aço 4360, austenitizado e
transformado isotermicamente a 300 0C.
Transmission electron micrograph of lower bainite showing the precipitation of
several variants of carbide particles within the plate of bainitic ferrite.
Microstructure of quenched and tempered low-alloy UNS G43400 steel showing a
mixture of bainite (dark etching constituent) and martensite (lighter gray). 4%
picral + 2% nital etch. Original magnification 500×
Microstructure of lower bainite as seen in the transmission electron microscope.
Note the carbides at a discrete angular orientation within the ferrite laths. Thin
foil. Original magnification 8000×
Foto IX - ASTM A-285 Gr.C austenitizado a 850 0C e temperado em água.
A estrutura consiste de martensita do tipo ripa como temperada.
Nital – 340x.
Foto X - ASTM A-285 Gr.C austenitizado a 850 0C, temperado em água e
revenido a 450 0C.
A estrutura consiste de martensita revenida do tipo ripa.
Nital – 340x.
Foto XI - Aço 1095 laminado a quente, que foi esferoidizado a 677 0C
durante 15 horas, e resfriado ao ar. A estrutura consiste de partículas
esferoidais de cementita em uma matriz de ferrita.
Foto XII - Aço com estrutura de ferrita e perlita que sofreu
redução de 10%.
Foto XIII - Aço com estrutura de ferrita e perlita que sofreu redução de 50%.
Foto XIV - Aço liga Fe-1,86C ataque colorido com nital 2% para revelar
folhas de martensita dentro dos grãos de austenita e ledeburita nos
contornos. 500x.
Foto XV - Fe-1C, 1 g Na2MoO4 em 100 ml de H2O para colorir a cementita.
A cementita da perlita é azul; o contorno de grão da cementita é violeta.
Foto XVI - Chapa de aço carbono (Fe-0,06C-0,35Mn-0,04Si-0,4 Ti)
Ataque colorido para delinear a estrutura ferrítica.
Ataque com 3g K2S2O5, 10g Na2S2O3 e 100 ml de água – 100x.
5 - AÇOS INOXIDÁVEIS TRABALHADOS
5.1 – DEFINIÇÃO
Os graus mais usados são os austeníticos, dos quais os AISI 302 e 304
são os mais populares. Esses graus contêm 16 % de cromo ou mais, o
cromo é um elemento estabilizador de ferrita, e suficiente quantidade de
elementos estabilizadores da austenita, tais como carbono, nitrogênio,
níquel e manganês, para manter a austenita estável na temperatura
ambiente. Os graus que contém silício, molibidênio, titânio ou nióbio –
AISI 302B, 316, 317 e 347, por exemplo – irá algumas vezes, incluir uma
pequena quantidade de ferrita delta por causa da influência desses
elementos que são estabilizadores de ferrita. Ligas que possuem uma
quantidade substancial de níquel são completamente austeníticas, por
exemplo, AISI 310 ou AISI 330.
5.2.2 - AÇOS INOXIDÁVEIS FERRÍTICOS
6.1 – DEFINIÇÃO
Lixadeira portátil;
Politriz portátil;
Microscópio de campo;
Reagentes
Solvente específico;
Película plástica;
Fita adesiva
Lamina de vidro
6.4 - PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE
4 – Metals Handbook
Metallography and Microstructures – Ninth Edition