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PROCESSO Nº TST-ARR-11323-86.2016.5.15.

0005

A C Ó R D Ã O
6ª Turma
GDCCAS/cris 

AGRAVO DE INSTRUMENTO DA FUNDAÇÃO


CASA. LEI 13.467/2017. HORAS EXTRAS.
ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA.
TRANSCENDÊNCIA. O processamento do
recurso de revista na vigência da Lei
13.467/2017 exige que a causa ofereça
transcendência com relação aos
reflexos gerais de natureza
econômica, política, social ou
jurídica, a qual deve ser analisada
de ofício e previamente pelo Relator
(artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 do
RITST). Ausente a transcendência o
recurso não será processado. No caso,
o reclamante labora em regime 2 x 2
dias, com jornada de doze horas
diárias, sem acordo individual ou
instrumento normativo. A decisão está
de acordo com a Súmula 85, I, do TST.
As matérias debatidas não possuem
transcendência econômica, política,
jurídica ou social. Agravo de
instrumento a que se nega provimento,
porque não reconhecida a
transcendência.
RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. LEI
13.467/2017. HORAS EXTRAORDINÁRIAS.
TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO.
JORNADA DE 12 HORAS. REGIME 2X2.
TRANSCENDÊNCIA. O processamento do
recurso de revista na vigência da Lei
13.467/2017 exige que a causa ofereça
transcendência com relação aos
reflexos gerais de natureza
econômica, política, social ou
jurídica, a qual deve ser analisada
de ofício e previamente pelo Relator
(artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 do
RITST). Ausente a transcendência o
recurso não será processado. O art.
896-A, § 1º, II, da CLT prevê como
indicação de transcendência política,
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entre outros, o "o desrespeito da


instância recorrida à jurisprudência
sumulada do Tribunal Superior do
Trabalho ou do Supremo Tribunal
Federal". Como o dispositivo não é
taxativo, deve ser reconhecida a
transcendência política quando há
desrespeito à jurisprudência
reiterada do Tribunal Superior do
Trabalho ou do Supremo Tribunal
Federal, ainda que o entendimento
ainda não tenha sido objeto de
súmula. No caso, constatou-se que o
Tribunal Regional manteve   a
condenação   em   relação   às   horas
excedentes   da   8ª   diária,   ao
entendimento de que a alternância de
horários a cada três ou quarto meses
não caracteriza turno de revezamento.
Referido entendimento contraria
jurisprudência desta c. Corte sobre a
matéria, a qual se posiciona no
sentido de que faz jus à jornada
especial prevista no art. 7º, XIV, da
CF o trabalhador que exerce suas
atividades em sistema de alternância
de turnos. Aplicação da OJ 360 da
SbDI-1. Dessa forma, reconhece-se a
transcendência política. O reclamante
demonstrou ofensa   ao art. 7º, XIV,
da   Constituição   Federal,  que dispõe
sobre o direito do trabalhador a
jornada de seis horas para o trabalho
realizado em turnos ininterruptos de
revezamento.  Recurso   de   revista   de
que   se   conhece   e   a   que   se   dá
provimento.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso de Revista com Agravo n° TST-ARR-11323-86.2016.5.15.0005, em
que   é  Agravante e Recorrido  FUNDAÇÃO CENTRO DE ATENDIMENTO SÓCIO-
EDUCATIVO DE ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE - FUNDAÇÃO CASA/SP e
Agravado e Recorrente, CLAUDIO SERGIO SANCHES MARTINEZ.

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Trata-se de Recurso de Revista com Agravo de


instrumento interpostos de decisão regional publicada em 17/11/2017,
na vigência da Lei 13.467/2017.
O eg. Tribunal Regional do Trabalho negou
provimento aos recursos ordinários da Fundação Casa e do Reclamante
no tema horas extraordinárias e reflexos e deu provimento ao recurso
ordinário da reclamada para afastar a obrigação de comprovação do
recolhimento fiscal.
As partes interpõem Recurso de Revista.
O reclamante quer a reforma da decisão para
condenar a reclamada ao pagamento de "HORAS EXTRAS. TRABALHO EM
TURNOS DE REVEZAMENTO".
A reclamada se insurge em relação aos seguintes
temas "HORAS EXTRAS - VALIDADE DO ACORDO DE COMPENSAÇÃO -, ADICIONAL
NOTURNO."
O despacho de admissibilidade negou provimento ao
recurso da reclamada e deu provimento ao recurso de revista do
reclamante, por possível violação do art. 7º, XIV, da CR.
Contrarrazões apresentadas pela reclamada, fls.
929/938.
O Ministério Público do Trabalho não emitiu
parecer.
É o relatório.

V O T O

AGRAVO DE INSTRUMENTO DA FUNDAÇÃO CASA


CONHECIMENTO
Conheço do Agravo de Instrumento, porque regular e
tempestivo.

MÉRITO
ANÁLISE PRÉVIA DA TRANSCENDÊNCIA

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Nos termos do art. 896­A da CLT (Lei 13.467/2017),
incumbe   ao   Tribunal   Superior   do   Trabalho   o   exame   prévio   da   causa
objeto   do   recurso   de   revista,   com   relação   aos   reflexos   gerais   de
natureza econômica, política, social ou jurídica.
De acordo com o art. 246 do Regimento Interno do
c.   TST,   o   exame   da   transcendência   incide   nos   recursos   de   revista
interpostos contra decisão de TRT publicada a partir de 11/11/2017,
caso   dos   autos,   em   que   a   decisão   regional   foi   publicada  em
17/11/2017.
De acordo com o entendimento da c. 6ª Turma, no
julgamento do AIRR-394-75.2016.5.21.0021 (sessão de 10 de outubro de
2018), em que fiquei vencida, a análise da transcendência da causa
precede ao exame do conhecimento do Agravo de Instrumento.
Desse modo, adoto o posicionamento com ressalva.
Destaco que não foi renovado no agravo de
instrumento o tema ADICIONAL NOTURNO, por isso não será analisado.

HORAS EXTRAORDINÁRIAS. ACORDO DE COMPENSAÇÃO:
Eis o teor do acórdão recorrido no tema:

"Insurgem-se as partes contra a r. sentença que, descaracterizando o


acordo de compensação de jornada, condenou-a ao pagamento de horas
extras acima da 8ª diária e 40ª semanal com adicional e reflexos, até
28/02/2015.
A reclamada pugna pela exclusão da condenação. Alega, em síntese,
que o sistema de compensação adotado era benéfico ao trabalhador, que
laborava em carga horária mensal inferior àquela para a qual fora
contratado. Defende a validade do acordo compensatório semanal tácito,
fazendo analogia à semana espanhola (OJ SDI-I 323, TST), de sorte que os
dias laborados foram compensados com as folgas existentes. Sustenta,
ainda, não lhe ser possível firmar negociação coletiva para compensação de
jornada, por tratar-se de autarquia estadual.
O reclamante insiste na caracterização do labor em turnos
ininterruptos de revezamento, com o deferimento das horas extras acima da
6ª diária e 36ª semanal, ou, a partir da 8ª hora diária, com adicional e
reflexos. Prequestiona a matéria recorrida.
Pois bem.
Depreende-se dos autos que o autor foi contratado para uma jornada
de 40 horas semanais e, no máximo, 200 horas mensais, sendo que a
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reclamada poderia alterar a jornada de trabalho, inclusive do período diurno


para o noturno, o horário para repouso e alimentação, bem como determinar
a escala de trabalho a ser cumprida, e fazer cumprir horas extras, quando
necessário, observando-se o §1º do art. 59 da CLT (contrato de trabalho -
ID be685da).
É incontroverso que o autor laborou em escalas de trabalho 2X2 (dois
dias trabalhados por dois dias de descanso), das 7h00 às 19h00 ou das
19h00 às 7h00, com 1 hora de intervalo intrajornada (observe-se que o
reclamante não recorre quanto à pausa, reconhecida, na sentença, como
integralmente fruída).
Analisando-se os espelhos de ponto, denota-se que os turnos se
alteravam, no mínimo, a cada 2 (dois) ou 3 (três) meses. Aliás, na inicial, o
próprio obreiro afirmou que a alternância de escala de revezamento ocorreu
a cada período de 1 (um), 2 (dois) ou 3 (três) meses.
O trabalho em turnos ininterruptos de revezamento (art. 7º, XIV,
CF/88) caracteriza-se apenas quando o empregado exerce suas atividades
em sistema de alternância de turnos - ainda que em dois turnos -, que
compreendam, no todo ou em parte, o horário diurno e o noturno, realizado
de forma semanal ou quinzenal (art. 73, CLT), sendo irrelevante que a
atividade da empresa se desenvolva de forma ininterrupta (OJ nº 360, da
SDI-1, do C. TST).
Assim, o fato de haver variação do horário trabalhado, durante alguns
meses, sem alternância constante da jornada de trabalho, de modo a obrigar
o obreiro a laborar cada dia, ou semana, em um período do dia, como no
caso concreto, não é suficiente para se concluir que o labor foi realizado em
turnos ininterruptos de revezamento, mas sim em turnos fixos, não havendo
falar em horas extras acima da 6ª diária e 36ª semanal, como pleiteia o
reclamante.
Observa-se que, no período diurno, o reclamante cumpria 44 horas de
trabalho semanais, por duas semanas, e 33 horas semanais, nas duas
semanas subsequentes (em se considerando o gozo do intervalo
intrajornada), e, no período noturno, laborava 49 horas semanais por duas
semanas e 36h45 semanais nas duas semanas seguintes (diante da hora
noturna reduzida e prorrogada - art. 73 CLT).
Como é cediço, a compensação da jornada de trabalho dentro da
mesma semana, obedecendo-se o limite máximo de 44 horas de trabalho,
deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou
convenção coletiva de trabalho (Súm. 85, I, TST), inclusive pelos entes
públicos que, ao contratarem pelo regime celetista, podem participar de
negociações coletivas para o estabelecimento de condições de trabalho que
não impliquem concessão de vantagens pecuniárias ou aumento de
remuneração (art. 611, CLT e art. 37, VI e VII, CF).
Afigura-se, no entanto, insuficiente o estabelecimento de tais escalas
por meio de Portarias Normativas, que são normas de regulamentação
interna, de imposição unilateral, portanto. Não há, assim, como se validar o
acordo de compensação invocado. Nesse sentido, já se manifestou o C.
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TST: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA -


FUNDAÇÃO CASA - HORAS EXTRAORDINÁRIAS - REGIME
ESPECIAL 2X2 - DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME
COMPENSATÓRIO - AUSÊNCIA DE NORMA COLETIVA -
PAGAMENTO DE HORAS EXTRAORDINÁRIAS A PARTIR DA 8ª
DIÁRIA.
A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que o regime de
jornada de trabalho especial, em que se ultrapassa o limite diário de oito
horas, só é válido quando celebrado via acordo coletivo ou convenção
coletiva de trabalho, nos termos dispostos no art. 7º, inciso XIII, da
Constituição Federal, sendo possível adotar esse mesmo entendimento para
regimes de jornada similares, como aquele adotado no caso, em que o
reclamante laborava dois dias seguidos por doze horas a cada dia e
descansava os outros dois, perfazendo 48 horas em uma semana e 36 horas
trabalhadas em outra semana. No caso, não há instrumento negociado,
tampouco notícia de que tenha ocorrido regulamentação do sistema
compensatório pela via legislativa. Assim, impossível convalidá-lo.
Precedentes.
Agravo de instrumento desprovido." (Processo: AIRR - 15900-
95.2009.5.15.0153 Data de Julgamento: 11/05/2016, Relator Ministro: Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
13/05/2016.) "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
REVISTA.RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA
DA LEI Nº 13.015/2014.
HORAS EXTRAS. ACORDO TÁCITO DE COMPENSAÇÃO
EM REGIME DE JORNADA DE 2X2. INVALIDADE. FUNDAÇÃO
CASA.
A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o regime de
compensação, por configurar uma situação excepcional, somente é
admitido mediante acordo ou convenção coletiva, nos termos do artigo 7º,
inciso XIII, da Constituição Federal. Na hipótese dos autos, o Regional,
expressamente, consignou que o autor foi contratado para laborar 40 horas
semanais, entretanto laborava no sistema 2x2, das 19 às 7h e das 7 às 19h, o
que corresponde a 42 horas semanais e, evidentemente, extrapola o limite
pactuado. Ademais, a Corte a quo consignou que não foi apresentado
qualquer acordo individual escrito ou coletivo ou mesmo legislação
estadual apto a validar a compensação da jornada. Nesse contexto, a
decisão regional, no que diz respeito à necessidade de acordo escrito,
individual ou coletivo para a compensação de jornada mostra-se em
consonância com a Súmula 85, I, do TST Há precedente. Agravo de
instrumento desprovido." (Processo: AIRR - 11774-38.2013.5.15.0031 Data
de Julgamento: 17/02/2016, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta,
2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/02/2016.) A propósito, a reclamada
vem a defender, nas razões de recurso, o acordo compensatório tácito, o que
se afigura inadmissível, porquanto necessário o ajuste coletivo ou a
previsão em Lei, para o fim de flexibilizar a compensação entre os módulos
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semanais de trabalho, conforme inteligência da Súmula n.º 444 do TST


(regime 12X36).
Correto, assim, o deferimento de horas extras e reflexos, para as horas
excedentes da diária normal de 8 horas e semanal normal de 40 horas. Não
há que se falar em adicional de 100% para a 11ª hora de trabalho em diante,
por falta de amparo legal.
Diante da adoção de tese explícita, tem-se por prequestionadas todas
as matérias objeto do presente recurso, nos termos do art. 932, IV, a, do
NCPC, sendo "desnecessário o exame [detalhado] das divergências e das
violações de lei e da Constituição [eventualmente] alegadas" (OJ 336, da
SDI-1, do C. TST), advertindo-se às partes que a oposição de embargos
declaratórios meramente protelatórios é apta a ensejar a aplicação das
multas do artigo 1.026, §§ 2º e 3º, do NCPC.
Por todo o exposto, nego provimento aos recursos.

Nas razões de recurso de revista afirma a


reclamada que não pode ser condenada ao pagamento de horas extras
após a oitava hora diária de trabalho, pois o acordo de compensação
adotado entre as partes, ainda que tácito, deve ser considerado
válido. Aponta violação do art. 7º, I, XIII e XV, da CR; 442 e 443
da CLT.
A matéria diz respeito à necessidade de acordo
escrito, individual ou coletivo, para a compensação de jornada e a
impossibilidade de se excluir o pagamento das horas extraordinárias
em razão de compensação por meio de acordo tácito.
De   tal   modo,   na   análise   do   tema   do   recurso   de
revista trazido para exame da causa, não se vislumbra transcendência
a ser reconhecida:

a) Transcendência econômica  – não se afigura debate que
conduza   a   conclusão   de   que   há   valores   pecuniários   de
excessiva monta;
b) Transcendência   política  –   não   se   verifica   decisão
contrária a Súmula do TST ou do STF. Em relação ao tema
HORAS EXTRAS, COMPENSAÇÃO DE JORNADA, a decisão se afina
com   os   termos   da   Súmula   85,   I,   do   c.   TST   e   os
precedentes desta Corte.
c) Transcendência social – não se verifica causa contida
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no recurso de revista, atrelado a pretensão do


reclamante, quanto a direito social constitucionalmente
assegurado.
d) Transcendência jurídica – a matéria debatida não traz
novidade para o fim de elevar o exame do tema em torno
da interpretação da legislação trabalhista. 

Nego provimento porque não reconhecida a transcendência.

RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE


TRANSCENDÊNCIA DO RECURSO DE REVISTA – EXAME
PRÉVIO
Nos termos do art. 896­A da CLT (Lei 13.467/2017)
incumbe   ao   Tribunal   Superior   do   Trabalho   o   exame   prévio   da   causa
objeto   do   Recurso   de   Revista,   com   relação   aos   reflexos   gerais   de
natureza econômica, política, social ou jurídica.
De acordo com o art. 246 do Regimento Interno do
c.   TST   o   exame   da   transcendência   incide   nos   recursos   de   revista
interpostos contra decisão proferida pelos TRTs publicada a partir
de   11/11/2017,   caso   dos   autos,   em   que   a   decisão   regional   foi
publicada em 17/11/2017.
Procede­se,   portanto,   ao   exame   da   transcendência
da causa, no recurso de revista, diante do quanto disposto no art.
247 do RITST, que determina que a análise deve ocorrer, previamente
e de ofício.
Isso   porque   não   se   verifica   o   descumprimento   do
pressuposto relativo à tempestividade do recurso de revista. 

HORAS EXTRAORDINÁRIAS. TURNO ININTERRUPTO DE


REVEZAMENTO. JORNADA DE 12 HORAS. REGIME 2X2.
Eis o acórdão regional no tema:

"Insurgem-se as partes contra a r. sentença que, descaracterizando o


acordo de compensação de jornada, condenou-a ao pagamento de horas
extras acima da 8ª diária e 40ª semanal com adicional e reflexos, até
28/02/2015.
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A reclamada pugna pela exclusão da condenação.


Alega, em síntese, que o sistema de compensação adotado era
benéfico ao trabalhador, que laborava em carga horária mensal inferior
àquela para a qual fora contratado.
Defende a validade do acordo compensatório semanal tácito, fazendo
analogia à semana espanhola (OJ SDI-I 323, TST), de sorte que os dias
laborados foram compensados com as folgas existentes. Sustenta, ainda,
não lhe ser possível firmar negociação coletiva para compensação de
jornada, por tratar-se de autarquia estadual.
O reclamante insiste na caracterização do labor em turnos
ininterruptos de revezamento, com o deferimento das horas extras acima da
6ª diária e 36ª semanal, ou, a partir da 8ª hora diária, com adicional e
reflexos.
Prequestiona a matéria recorrida.
Pois bem.
Depreende-se dos autos que o autor foi contratado para uma jornada
de 40 horas semanais e, no máximo, 200 horas mensais, sendo que a
reclamada poderia alterar a jornada de trabalho, inclusive do período diurno
para o noturno, o horário para repouso e alimentação, bem como determinar
a escala de trabalho a ser cumprida, e fazer cumprir horas extras, quando
necessário, observando-se o §1º do art. 59 da CLT (contrato de trabalho -
ID be685da).
É incontroverso que o autor laborou em escalas de trabalho 2X2 (dois
dias trabalhados por dois dias de descanso), das 7h00 às 19h00 ou das
19h00 às 7h00, com 1 hora de intervalo intrajornada (observe-se que o
reclamante não recorre quanto à pausa, reconhecida, na sentença, como
integralmente fruída).
Analisando-se os espelhos de ponto, denota-se que os turnos se
alteravam, no mínimo, a cada 2 (dois) ou 3 (três) meses.
Aliás, na inicial, o próprio obreiro afirmou que a alternância de escala
de revezamento ocorreu a cada período de 1 (um), 2 (dois) ou 3 (três)
meses.
O trabalho em turnos ininterruptos de revezamento (art. 7º, XIV,
CF/88) caracteriza-se apenas quando o empregado exerce suas atividades
em sistema de alternância de turnos - ainda que em dois turnos -, que
compreendam, no todo ou em parte, o horário diurno e o noturno, realizado
de forma semanal ou quinzenal (art. 73, CLT), sendo irrelevante que a
atividade da empresa se desenvolva de forma ininterrupta (OJ nº 360, da
SDI-1, do C. TST).
Assim, o fato de haver variação do horário trabalhado, durante alguns
meses, sem alternância constante da jornada de trabalho, de modo a obrigar
o obreiro a laborar cada dia, ou semana, em um período do dia, como no
caso concreto, não é suficiente para se concluir que o labor foi realizado em
turnos ininterruptos de revezamento, mas sim em turnos fixos, não havendo
falar em horas extras acima da 6ª diária e 36ª semanal, como pleiteia o
reclamante.
Firmado por assinatura digital em 14/11/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.10

PROCESSO Nº TST-ARR-11323-86.2016.5.15.0005

Observa-se que, no período diurno, o reclamante cumpria 44 horas de


trabalho semanais, por duas semanas, e 33 horas semanais, nas duas
semanas subsequentes (em se considerando o gozo do intervalo
intrajornada), e, no período noturno, laborava 49 horas semanais por duas
semanas e 36h45 semanais nas duas semanas seguintes (diante da hora
noturna reduzida e prorrogada - art. 73 CLT).
Como é cediço, a compensação da jornada de trabalho dentro da
mesma semana, obedecendo-se o limite máximo de 44 horas de trabalho,
deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou
convenção coletiva de trabalho (Súm. 85, I, TST), inclusive pelos entes
públicos que, ao contratarem pelo regime celetista, podem participar de
negociações coletivas para o estabelecimento de condições de trabalho que
não impliquem concessão de vantagens pecuniárias ou aumento de
remuneração (art. 611, CLT e art. 37, VI e VII, CF).
Afigura-se, no entanto, insuficiente o estabelecimento de tais escalas
por meio de Portarias Normativas, que são normas de regulamentação
interna, de imposição unilateral, portanto. Não há, assim, como se validar o
acordo de compensação invocado. Nesse sentido, já se manifestou o C.
TST: "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA -
FUNDAÇÃO CASA - HORAS EXTRAORDINÁRIAS - REGIME
ESPECIAL 2X2 - DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME
COMPENSATÓRIO - AUSÊNCIA DE NORMA COLETIVA -
PAGAMENTO DE HORAS EXTRAORDINÁRIAS A PARTIR DA 8ª
DIÁRIA.
A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que o regime de
jornada de trabalho especial, em que se ultrapassa o limite diário de oito
horas, só é válido quando celebrado via acordo coletivo ou convenção
coletiva de trabalho, nos termos dispostos no art. 7º, inciso XIII, da
Constituição Federal, sendo possível adotar esse mesmo entendimento para
regimes de jornada similares, como aquele adotado no caso, em que o
reclamante laborava dois dias seguidos por doze horas a cada dia e
descansava os outros dois, perfazendo 48 horas em uma semana e 36 horas
trabalhadas em outra semana. No caso, não há instrumento negociado,
tampouco notícia de que tenha ocorrido regulamentação do sistema
compensatório pela via legislativa. Assim, impossível convalidá-lo.
Precedentes.
Agravo de instrumento desprovido." (Processo: AIRR - 15900-
95.2009.5.15.0153 Data de Julgamento: 11/05/2016, Relator Ministro: Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
13/05/2016.) "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
REVISTA.RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA
DA LEI Nº 13.015/2014. HORAS EXTRAS. ACORDO TÁCITO DE
COMPENSAÇÃO EM REGIME DE JORNADA DE 2X2.
INVALIDADE. FUNDAÇÃO CASA. A jurisprudência desta Corte
firmou-se no sentido de que o regime de compensação, por configurar uma
situação excepcional, somente é admitido mediante acordo ou convenção
Firmado por assinatura digital em 14/11/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.11

PROCESSO Nº TST-ARR-11323-86.2016.5.15.0005

coletiva, nos termos do artigo 7º, inciso XIII, da Constituição Federal. Na


hipótese dos autos, o Regional, expressamente, consignou que o autor foi
contratado para laborar 40 horas semanais, entretanto laborava no sistema
2x2, das 19 às 7h e das 7 às 19h, o que corresponde a 42 horas semanais e,
evidentemente, extrapola o limite pactuado. Ademais, a Corte a quo
consignou que não foi apresentado qualquer acordo individual escrito ou
coletivo ou mesmo legislação estadual apto a validar a compensação da
jornada. Nesse contexto, a decisão regional, no que diz respeito à
necessidade de acordo escrito, individual ou coletivo para a compensação
de jornada mostra-se em consonância com a Súmula 85, I, do TST Há
precedente. Agravo de instrumento desprovido." (Processo: AIRR - 11774-
38.2013.5.15.0031 Data de Julgamento: 17/02/2016, Relator Ministro: José
Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/02/2016.)
A propósito, a reclamada vem a defender, nas razões de recurso, o
acordo compensatório tácito, o que se afigura inadmissível, porquanto
necessário o ajuste coletivo ou a previsão em Lei, para o fim de flexibilizar
a compensação entre os módulos semanais de trabalho, conforme
inteligência da Súmula n.º 444 do TST (regime 12X36).
Correto, assim, o deferimento de horas extras e reflexos, para as horas
excedentes da diária normal de 8 horas e semanal normal de 40 horas. Não
há que se falar em adicional de 100% para a 11ª hora de trabalho em diante,
por falta de amparo legal.
Diante da adoção de tese explícita, tem-se por prequestionadas todas
as matérias objeto do presente recurso, nos termos do art. 932, IV, a, do
NCPC, sendo "desnecessário o exame [detalhado] das divergências e das
violações de lei e da Constituição [eventualmente] alegadas" (OJ 336, da
SDI-1, do C. TST), advertindo-se às partes que a oposição de embargos
declaratórios meramente protelatórios é apta a ensejar a aplicação das
multas do artigo 1.026, §§ 2º e 3º, do NCPC.
Por todo o exposto, nego provimento aos recursos.

Nas   razões   de   recurso   de   revista,   o   reclamante


sustenta que cumpre jornada de trabalho no sistema de 2x2, em escala
de  revezamento,  razão  pela  qual  tem  direito  ao  pagamento  de  horas
extraordinárias   relativas   ao   turno   ininterrupto   de   revezamento,
excedentes à 6ª hora diária, pois ausente ajuste por meio de acordo
escrito   ou   de   norma   coletiva.   Aponta   violação   do   art.   7º,   XII   e
XIVI, da CR e contrariedade às Súmulas 85, 423 e 444 do c. TST.
O art. 896-A, § 1º, II, da CLT prevê como
indicação de transcendência política, entre outros, o "o desrespeito
da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal". Como o
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dispositivo não é taxativo, deve ser reconhecida a transcendência


política quando há desrespeito à jurisprudência reiterada do
Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ainda
que o entendimento ainda não tenha sido objeto de súmula.
No caso, constatou-se que o Tribunal Regional
manteve a condenação em relação às horas excedentes da 8ª diária, ao
entendimento de que a alternância de horários a cada três ou quarto
meses não caracteriza turno de revezamento. 
Referido entendimento contraria jurisprudência
desta c. Corte sobre a matéria, a qual se posiciona no sentido de
que faz jus à jornada especial prevista no art. 7º, XIV, da CF o
trabalhador que exerce suas atividades em sistema de alternância de
turnos. No presente caso, incontroverso que o autor se ativava em
escalas das 7h00 às 19h00 e das 19h00 às 7h00 a cada dois ou três
meses.
Nesse sentido os seguintes precedentes: AgR-AIRR
- 10206-07.2016.5.03.0163 Data de Julgamento: 29/08/2018, Relator
Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 31/08/2018, AIRR - 11358-10.2016.5.03.0028 Data de
Julgamento: 13/06/2018, Relatora Desembargadora Convocada: Cilene
Ferreira Amaro Santos, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
15/06/2018. Processo: RR - 1002065-42.2016.5.02.0055 Data de
Julgamento: 26/09/2018, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/09/2018. RR - 1001591-
86.2016.5.02.0050 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data
de Julgamento: 15/08/2018, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
17/08/2018). RR - 1001889-32.2016.5.02.0033 , Relator Ministro:
Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 08/08/2018, 5ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 10/08/2018.
Assim, a dissonância da decisão do eg. TRT com a
jurisprudência desta Corte, determina o reconhecimento de
transcendência política, nos termos do art. 896-A, §1º, II, da CLT.
CONHECIMENTO
O reclamante demonstra ofensa ao art. 7º, XIV, da
Constituição   Federal,  que dispõe sobre o direito do trabalhador a
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jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos


ininterruptos de revezamento.
Conheço do recurso de revista, por violação ao
art. 7º, XIV, da CF.

MÉRITO
O recurso de revista da reclamante devolve à
análise do Tribunal Superior do Trabalho a matéria relacionada ao
indeferimento do pedido de horas extras após a sexta diária, razão
de não reconhecimento da jornada em jornada de turno de revezamento,
sem notícia de acordo válido de compensação.
A jurisprudência desta Corte é no sentido de que
não descaracteriza o trabalho em turno ininterrupto de revezamento a
alternância de turnos, ainda que ocorra a cada dois ou três meses.
Neste sentido a OJ 360 da SBDI-1/TST e os
seguintes precedentes:

"OJ 360. TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO.


DOIS TURNOS. HORÁRIO DIURNO E NOTURNO.
CARACTERIZAÇÃO
(DJ 14.03.2008) Faz jus à jornada especial prevista no art. 7º, XIV, da
CF/1988 o trabalhador que exerce suas atividades em sistema de alternância
de turnos, ainda que em dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo
ou em parte, o horário diurno e o noturno, pois submetido à alternância
de horário prejudicial à saúde, sendo irrelevante que a atividade da
empresa se desenvolva de forma ininterrupta."

E ainda, os seguintes precedentes:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. ADICIONAL


DE PERICULOSIDADE. INTERVALO INTRAJORNADA. PEQUENAS
VARIAÇÕES NO REGISTRO NÃO DEMONSTRADAS.
DESPROVIMENTO. Não há como reformar a decisão regional, quando
não realizado o devido confronto analítico entre a tese transcrita nas razões
recursais e as alegações da recorrente, em inobservância ao art. 896, § 1º-A,
II e III, da CLT. Agravo de instrumento desprovido. RECURSO DE
REVISTA DO RECLAMANTE. TURNO ININTERRUPTO DE
REVEZAMENTO. HORAS EXTRAORDINÁRIAS. Faz jus à jornada
especial prevista no art. 7º, XIV, da CF/1988 o trabalhador que exerce suas
atividades em sistema de alternância de turnos, ainda que isso ocorra a cada
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três meses. O que de fato importa é o prejuízo à higidez física e mental do


trabalhador, e não a periodicidade da alternância. Precedentes. Recurso de
revista conhecido e provido. (ARR - 23-91.2012.5.09.0084 , Relator
Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 22/02/2017, 6ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 24/02/2017);

TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO -


CARACTERIZAÇÃO - ALTERNÂNCIA BIMESTRAL. Arguição de
violação do artigo 7º, XIV, da CF e de divergência jurisprudencial. O TRT
entendeu que a variação de horários de trabalho em turnos a cada dois
meses não descaracteriza o turno ininterrupto de revezamento. De fato, a
jurisprudência pacífica deste Tribunal Superior é a de que não se revela
imprescindível à caracterização do aludido sistema a alternância semanal,
quinzenal ou mensal, bastando que se estabeleça situação de alteração de
turnos que acarrete maior desgaste físico e emocional para o trabalhador.
Precedentes de todas as Turmas. O recurso de revista encontra óbice no
artigo 896, §4º, da CLT (Lei nº 9.756/98) e na Súmula/TST nº 333. Recurso
de revista não conhecido. Processo: RR - 458-86.2012.5.09.0562 Data de
Julgamento: 06/09/2017, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/09/2017;

"TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO.


ALTERNÂNCIA MENSAL, BIMESTRAL E TRIMESTRAL.
CARACTERIZAÇÃO. Nos termos da OJ nº 360 da SBDI-1/TST, 'faz jus à
jornada especial prevista no art. 7º, XIV, da CF/1988 o trabalhador que
exerce suas atividades em sistema de alternância de turnos, ainda que em
dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo ou em parte, o horário
diurno e o noturno, pois submetido à alternância de horário prejudicial à
saúde, sendo irrelevante que a atividade da empresa se desenvolva de forma
ininterrupta'. Agravo de instrumento conhecido e desprovido" (AIRR-
24965-51.2014.5.24.0101, Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, 3ª Turma, DEJT 16/9/2016).

No que se refere à impossibilidade de


elastecimento da jornada para além das oito horas diárias, eis o
entendimento da Súmula 423 do c. TST:
"Súmula Nº 423 do TST. TURNO ININTERRUPTO DE
REVEZAMENTO. FIXAÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO
MEDIANTE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. VALIDADE. (conversão da
Orientação Jurisprudencial nº 169 da SBDI-1) - Res. 139/2006 – DJ 10, 11
e 13.10.2006) Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito
horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a
turnos ininterruptos de revezamento não têm direito ao pagamento da 7ª e
8ª horas como extras

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Da delimitação fática do julgado regional, extrai-


se o trabalho em 2 turnos, das 7h às 19h e das 19h às 7h, em
revezamento a cada três ou quatro meses, o que resulta na conclusão
de que o Reclamante estava sujeito ao regime de turno ininterrupto
de revezamento, em jornada elastecida além de oito horas, sem
instrumento coletivo, o que contraria o entendimento da Súmula 423
do TST.
Não obstante a sujeição ao trabalho em turnos
ininterruptos de revezamento, o Tribunal Regional manteve   a
condenação   em   relação   às   horas   excedentes   da   8ª   diária,   ao
entendimento de que a alternância de horários a cada três ou quarto
meses não caracteriza turno de revezamento, o que viola o art. 7º,
XIV,   da   CR,   que   determina   a   jornada   de   seis   horas   diárias   para
empregados submetidos ao turno ininterrupto de revezamento. 
Portanto, dou provimento ao recurso de revista do
reclamante para acrescer à condenação o pagamento das horas extras
excedentes da 6ª hora diária, trinta e seis horas semanais, mantidos
os reflexos e demais parâmetros deferidos. 

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, a) determinar a correção da
autuação para incluir o marcador  "Lei   nº   13.467/17";  b) negar
provimento ao agravo de instrumento da FUNDAÇÃO CASA, por ausência
de transcendência; c) reconhecer a transcendência política da causa,
a teor do art. 896-A, §1º, II, da CLT; d) conhecer  do  recurso  de
revista do reclamante, quanto ao tema "HORAS EXTRAORDINÁRIAS. TURNO
DE REVEZAMENTO", por violação do art. 7º, XIV, da CR e, no mérito,
dar-lhe provimento para acrescer à condenação o pagamento das horas
extras excedentes da 6ª hora diária, trinta e seis horas semanais,
mantidos os reflexos e demais parâmetros deferidos.
Brasília, 14 de novembro de 2018.

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CILENE FERREIRA AMARO SANTOS
Desembargadora Convocada Relatora

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