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Italan Carneiro
Instituto Federal da Paraíba MÚSICA E FÍSICA:
italancarneiro@gmail.com
interdisciplinaridade em sala de aula
MÚSICA Y FÍSICA:
interdisciplinariedad en el aula
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Anais da IV Jornada Ibero-Americana de Pesquisas em Políticas Educacionais e Experiências Interdisciplinares na Educação. Anais...Salvador (BA), 2019.
RESUMO
RESUMEN
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1. INTRODUÇÃO
Anais da IV Jornada Ibero-Americana de Pesquisas em Políticas Educacionais e Experiências Interdisciplinares na Educação. Anais...Salvador (BA), 2019.
Este trabalho apresenta um pequeno recorte da pesquisa de doutorado intitulada “Curso
Técnico Integrado ao Ensino Médio em Instrumento Musical do IFPB: reflexões a partir dos
perfis discente e institucional”1 que definiu como um dos seus objetivos específicos a reflexão
acerca das possibilidades de integração entre os conteúdos relacionados à Música e os
conhecimentos associados às disciplinas do currículo do Ensino Médio.
Neste texto, a partir de pesquisa bibliográfica, abordamos possibilidades de aproximação
entre conhecimentos musicais e conteúdos da disciplina Física presente no currículo do Ensino
Médio. Ressaltamos que a integração entre os conhecimentos das diversas áreas do saber
contribui efetivamente para que os sujeitos compreendam as conexões estabelecidas em seu
contexto histórico, social, cultural, e político. Nestes termos, acreditamos que a integração entre
os diversos conhecimentos amplia a “compreensão de mundo” dos estudantes, contribuindo
para que os mesmos sejam formados numa perspectiva integral.
A maioria dos livros que circulam nas escolas apresentam os conteúdos como
conceitos estanques, dando o caráter de Ciência acabada e imutável à Física.
Porém, o mais problemático das obras está na forte identificação que elas
agregam entre a Física e os algoritmos matemáticos. Os textos e,
principalmente, os exercícios são apresentados como matemática aplicada, na
1
Pesquisa desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Música, subárea Educação Musical, da Universidade Federal da Paraíba – UFPB,
sob a orientação do prof. Dr. Luis Ricardo Silva Queiroz. Disponível em:
<https://www.academia.edu/35060454/Curso_T%C3%A9cnico_Integrado_ao_Ensino_M%C3%A9dio_e
m_Instrumento_Musical_do_IFPB_reflex%C3%B5es_a_partir_dos_perfis_discente_e_institucional>. Acesso em 14/05/2019. 573
qual a questão fundamental se resume a treinar o estudante na resolução de
problemas algébricos. (ROSA; ROSA, 2005, p. 2)
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regra, o desenvolvimento dos conteúdos relacionados à disciplina Física, como por exemplo os
conceitos relacionados à acústica, e seu distanciamento das demais áreas do conhecimento,
Monteiro Jr. e Carvalho (2011) tecem a seguinte reflexão:
Anais da IV Jornada Ibero-Americana de Pesquisas em Políticas Educacionais e Experiências Interdisciplinares na Educação. Anais...Salvador (BA), 2019.
O elo entre a física e a música constitui um importante fator motivador para o
aprendizado, pois estimula os estudantes a encararem a física através de uma
visão mais ampla e interdisciplinar. Acreditamos também que o ensino da
física dos instrumentos musicais em cursos de formação de professores de
Ensino Médio contribuirá para abordagens didáticas mais ricas e abrangentes.
(DONOSO et al. 2008, p. 19)
O som é talvez um dos temas mais fascinantes tanto por sua diversidade
quanto por sua complexidade. A produção, a propagação e a percepção do som
envolvem conceitos físicos, biológicos, artísticos e psíquicos que perpassam
todas as áreas do conhecimento humano. Afinal, o que diferencia, fisicamente,
o barulho e o som musical? Quantas e quais sensações são despertadas por
uma seqüência de notas musicais em diferentes pessoas? Por sua vez, no
contexto da Física, o estudo da produção, propagação e percepção do som
introduz uma gama enorme de conceitos físicos: vibração, freqüência,
período, velocidade, comprimento de onda, energia, pressão, ressonância, etc.
Já no contexto artístico, conceitos como ritmo, harmonia, tom, melodia e
outros parecem em nada se relacionarem com os conceitos físicos
mencionados. Ademais, o estudo da audição humana nas aulas de biologia
quase sempre tem caráter essencialmente informativo, restringindo-se, via de
regra, à identificação das partes que compõem o ouvido e descrições de suas
funções básicas. Já é tempo de romper com este modelo de ensino
fragmentado e desarticulado. (RUI; STEFFANI, 2007, p. 2)
[...] o som que escutamos quando batemos, com raquetes de tênis de mesa, em
uma das extremidades do cano é provocado pelas vibrações das colunas de ar
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no interior do tubo. Essas vibrações podem ser estudadas como ondas
estacionárias resultantes da interferência do som enviado numa extremidade
com o som refletido na outra. Em uma extremidade aberta o som reflete-se em
fase, formando um ventre (ou antinó) e constituindo o que chamamos de
interferência construtiva. (CAVALCANTE et al., 2012, p. 105)
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fenômeno de ressonância na caixa acústica do violino, a função dos orifícios
em forma de “f” que permitem considerar o violino como um ressoador de
Helmholtz, o estudo dos modos normais de vibração dos tampos de madeira e
do cavalete, e o problema das vibrações produzidas numa corda friccionada
por um arco. Este último tópico resulta também numa interessante análise da
transferência de energia entre os modos de vibração naturalmente estimulados
pelo arco (torsionais) e aqueles que efetivamente acoplam com o meio em que
a perturbação acústica se propaga. (DONOSO et al. 2008, p. 1)
Refletindo sobre os aspectos físicos do violino que estão relacionados aos conteúdos da
Física, Donoso e colaboradores (2008, p. 10) analisam a construção do cavalete e apontam que
sua principal função consiste em “transformar o movimento da vibração das cordas – paralela
ao tampo superior – em forças aplicadas a cada um dos dois pés, as quais atuam perpendiculares
ao tampo superior do instrumento”. Ou seja, “sua função é ‘girar’ a força transversal da corda
vibrante em forças normais aplicadas ao corpo do instrumento” (DONOSO et al. 2008, p. 10).
Sobre a construção do cavalete, os autores assinalam que:
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Substituindo estes parâmetros na Eq. 3, obtemos (ΔL/L) 1%. Isto significa que
a corda Mi vai estourar se a deformação relativa for maior que 1%. Como o
comprimento da corda do violino, desde a cravelha até o microafinador, é de
cerca de 34 cm, basta uma volta na cravelha para atingir esse 1% de tolerância.
De fato, como o diâmetro do eixo da cravelha é de 0.5 cm, uma volta na
cravelha encurta a corda em aproximadamente 3 mm, chegando-se assim
próximo à tensão de ruptura do aço. Ao apertar-se um pouco mais a cravelha,
a corda rompe-se. (DONOSO et al. 2008, p. 7)
Analisando a resposta acústica do violino, a partir dos modos de vibração dos tampos do
violino, Donoso e colaboradores (2008, p. 7) indicam que estes “precisam se comportar como
verdadeiras tábuas harmônicas, com modos normais de vibração cujas frequências formam
uma sequência harmônica (ou seja, que as frequências dos sobretons sejam múltiplos inteiros
de uma frequência fundamental)”. Sobre a natureza dos dois orifícios em forma de “f”
localizados no tampo superior, Donoso e colaboradores (2008, p. 8) indicam que estes
“permitem - em primeira aproximação - considerar a caixa do violino como um ressoador de
Helmholtz”. Os autores apontam ainda que:
Refletindo sobre a ação realizada pelo violinista de friccionar o arco nas cordas do
instrumento, movimento conhecido como “arcada”, e ainda sobre a influência da utilização do
breu no arco, os autores analisam as características físicas inerentes ao ângulo de inclinação do
arco e os coeficientes de atrito que caracterizam o movimento, ilustrando possibilidades de
trabalho a serem desenvolvidos nas aulas de Física:
breu, dando coeficiente de atrito de µe = 0.36 e = 0.6 para o arco sem e com
breu, respectivamente. Estes valores estão de acordo com os encontrados na
literatura, µe = 0.56 nos arcos com breu, e 0.21 nos sem breu. Estes resultados
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indicam que o coeficiente de atrito estático aumenta cerca de 60% com a
aplicação do breu. (DONOSO et al. 2008, p. 13)
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de extrair som das cordas do instrumento, a produção sonora resultante do estímulo pelo arco
(arcada) X a sonoridade da técnica pizzicato, os autores analisam que:
O som musical emitido por uma corda vibrante é determinado pelo tom
fundamental e seus parciais, ou harmônicos. A quantidade e a intensidade dos
harmônicos presentes na vibração da corda dependem da forma como ela for
excitada. A vibração da corda friccionada por um arco é diferente da vibração
de uma corda tangida, ou seja, puxada e depois solta. Ao beliscar uma corda
os parciais produzidos são ligeiramente inarmônicos, mas quando a corda é
friccionada a oscilação é auto-sustentada e a relação entre o tom fundamental
e seus parciais praticamente harmônica. Por este motivo seus timbres também
são diferentes. A forma da onda da corda excitada pelo arco pode ser descrita
por uma onda “dente-de-serra” modificada. Esta forma de onda, muito
encontrada em eletrônica, pode ser representada como uma série de Fourier
de ondas senoidais e tem como característica um espectro de som rico em
harmônicos. (DONOSO et al. 2008, p. 15)
A flauta doce é um instrumento de sopro antigo e muito simples, que pode ser
usado como objeto no estudo das propriedades físicas relacionadas à acústica,
tais como frequência, modos normais etc., associando-as com os aspectos da
teoria musical para se obter maior compreensão da relação entre a Física e a
Música. (COSTA; SOLTAU, 2016, p. 1)
Partindo de raciocínio semelhante, Silva Jr. e Miltão (2015) também destacam o potencial
de integração entre os conhecimentos físicos e musicais, especialmente os conteúdos
relacionados à acústica, através das particularidades dos instrumentos musicais. Os autores
abordam os conceitos acústicos a partir do instrumento cavaquinho, sob a seguinte justificativa:
[...] como uma maneira de dar concretude aos conceitos associados com a
acústica faremos uso da música através de instrumentos musicais, em especial
o cavaquinho, o que possibilita abordar este conhecimento por meio de uma
linguagem acessível para professores e estudantes do ensino médio, com o
intuito de aprofundar o ensino e a aprendizagem. (SILVA Jr.; MILTÃO, 2015,
p. 1)
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de determinados conteúdos da Física, como a acústica por exemplo, como um desafio para os
docentes. Nesse sentido, os autores afirmam que “aplicar o conteúdo de acústica assim como
outros conteúdos da física, pode significar um desafio até para o mais experiente dos
professores, isso porque conteúdos deste tipo exigem um nível de abstração tão singular que às
vezes o próprio locutor se enrola na tentativa de explicitar certos conceitos” (BARROS et al.,
2014, p. 5).
É necessário ressaltar que além das questões e dificuldades metodológicas relacionadas
à prática docente no ensino da acústica, diversos autores ressaltam que frequentemente os livros
didáticos também encontram dificuldades em abordar o tema, ambos os casos sendo reflexo da
complexidade conceitual que permeia a temática. Nessa perspectiva, Coelho e Machado (2015,
p. 210) sinalizam que “nos livros-texto, normalmente a acústica é apresentada de forma
simplificada e descontextualizada de suas importantes implicações no campo musical”.
Partindo de raciocínio semelhante, Donoso e colaboradores (2008, p. 1) indicam que “embora
a maioria dos textos de física básica discuta as propriedades e a propagação das ondas sonoras,
a produção dos sons nos instrumentos musicais não é abordada em profundidade”.
Confirmando o distanciamento da música nos livros didáticos da disciplina Física, Jaime e
Ponczek (2015) a partir de estudo que realizou análise dos livros indicados pelo Programa
Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM) do ano de 2009 apontam que “um
dos fatores que dificulta a visualização da relação entre Física e Música pela sociedade em sua
amplitude é a insuficiente discussão apresentada nos livros a favor deste vínculo” (JAIME;
PONCZEK, 2015, p. 8). Ainda apontando a ausência da música nos materiais de Física, a partir
da análise de livros didáticos voltados para a 8ª série do Ensino Fundamental e para o 2º ano
do Ensino Médio, Monteiro Jr. e Medeiros (1998) detectaram a presença de distorções
conceituais na apresentação dos conceitos relativos aos “atributos psicofísicos do som”
(conceitos de altura, intensidade fisiológica e timbre) e apontam que:
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Carvalho (2011) realizaram nova análise dos conteúdos referentes à acústica encontrados nos
livros didáticos da disciplina Física recomendados pelo PNLEM e constataram que “tais textos
pouco evoluíram em comparação com as apresentações textuais analisadas em 1998”
(MONTEIRO Jr.; CARVALHO, 2011, p. 137). Refletindo sobre a abordagem encontrada nos
livros, os autores argumentam que:
[...] apesar de todo um esforço institucional na busca por uma melhora do livro
didático oferecido aos estudantes de nível médio, ainda há falhas a serem
corrigidas, conceitos a serem melhorados e inserções históricas que realmente
revelem a natureza humana da construção da ciência e suas imbricações
sociais, políticas e econômicas. Apresentações textuais que levem os
estudantes a refletirem sobre os problemas do seu tempo, de sua sociedade.
(MONTEIRO Jr.; CARVALHO, 2011, p. 152)
4. REFLEXÕES FINAIS
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5. REFERÊNCIAS
BARROS, Luís Paulo Bizerra de et al. A música no ensino de acústica: usando software de
edição de áudio na compreensão de conceitos físicos. In: SEMINÁRIO NACIONAL
Anais da IV Jornada Ibero-Americana de Pesquisas em Políticas Educacionais e Experiências Interdisciplinares na Educação. Anais...Salvador (BA), 2019.
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