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Italan Carneiro
italancarneiro@gmail.com
1. Introdução
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Pesquisa desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Música, subárea Educação Musical, da
Universidade Federal da Paraíba – UFPB, sob a orientação do prof. Dr. Luis Ricardo Silva Queiroz.
Disponível em:
<https://www.academia.edu/35060454/Curso_T%C3%A9cnico_Integrado_ao_Ensino_M%C3%A9dio_e
m_Instrumento_Musical_do_IFPB_reflex%C3%B5es_a_partir_dos_perfis_discente_e_institucional>.
Acesso em 14 jun. 2018.
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O trabalho teve como objetivo geral, a partir da realidade sócio-histórica da Rede Federal de Educação
Profissional Brasileira, compreender o perfil do corpo discente do Curso Integrado em Instrumento
Musical do IFPB, Campus João Pessoa, e suas inter-relações com as bases epistemológicas da proposta
curricular integrada, apontando caminhos para a efetivação de uma formação técnica que contemple o
desenvolvimento integral dos sujeitos educandos.
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A partir de pesquisa bibliográfica envolvendo trabalhos das duas áreas, refletimos acerca
de possibilidades de integração entre as práticas e conhecimentos de ambas. Desse modo,
almejamos contribuir para a efetivação da proposta educacional do Currículo Integrado,
voltada para que os indivíduos sejam formados numa perspectiva que caminhe em direção
à omnilateralidade34.
2. Música e Filosofia
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Neste texto, o termo “omnilateral” refere-se à proposta de educação integral objetivada pelo Currículo
Técnico Integrado. Para um maior aprofundamento acerca dessa concepção de educação, consultar
Ramos (2008).
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A reforma empreendida pela Lei nº. 5.692/71 nos ensinos de 1º. grau e de 2º grau (atuais ensino
fundamental e ensino médio), reestruturou o currículo com base na divisão entre “núcleo comum” e
“parte diversificada”. O núcleo comum era composto pelas disciplinas obrigatórias a todas as instituições
de ensino do país, a parte diversificada, por sua vez, ficou a cargo dos estados, os quais deveriam fazer as
suas escolhas de acordo com suas necessidades. Conforme Alves (2014, p. 54-55), “nesta reforma a
filosofia foi relegada para a parte diversificada, não figurando mais dentre as disciplinas do ‘núcleo comum
obrigatório’. A filosofia passou a figurar como uma das opções de disciplinas de ‘educação geral’ previstas
na legislação. Assim, ao contrário do que se pensa, a filosofia não foi ‘excluída’ do currículo e sim foram
criados mecanismos que inviabilizavam a sua inclusão, mas formalmente não havia impedimento legal
algum para a sua inclusão como disciplina. Um destes mecanismos foi a criação de outras disciplinas como
obrigatórias supostamente equivalentes ao conteúdo filosófico de forma que não havia razão para incluir
a filosofia e sobrecarregar o currículo com disciplinas equivalentes. Trata-se das disciplinas: E.M.C.
(Educação Moral e Cívica), O.S.P.B. (Organização Social e Política Brasileira), e no ensino superior foi criada
a E.P.B. (Estudo de Problemas Brasileiros). Registre-se, de passagem, que ocorreu a mesma coisa com a
Sociologia para também impedir a sua inclusão como disciplina”.
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alunos do Ensino Médio, ao mesmo tempo que estará trabalhando de modo filosófico
textos de diferentes estruturas e registros, articulando filosofia, ciências e artes”. O autor
ressalta que “o recurso da música como elemento motivador, vem se mostrando como
uma possibilidade de diálogo e abertura, revelando-se um caminho eficaz no processo de
ensino-aprendizagem dos conteúdos filosóficos” (PAIVA, 2014, p. 58).
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Música, o que, de certa forma, também ilustra a importância social dada à Música naquele
momento, Menezes, Costa e Fernandes (2009, p. 186) refletem que,
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Sobre a função catártica das músicas, Santoro (2007, p. 9) indica que esta “opera
na transformação das emoções humanas, tais como o terror, a compaixão, e outras que
tais”. Nessa perspectiva, o autor enfatiza que “Aristóteles percebe que a provocação e a
transformação das emoções humanas nas obras poéticas é algo tanto ou até mais
importante que a expressão de valores e conteúdos morais” (SANTORO, 2007, p. 9).
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[...] ele alia a música à filosofia por acreditar que esta expressa, em uma
linguagem grandiosa, a essência interior do mundo - a vontade - por
meio dos tons, enquanto que a filosofia expressa e repete a essência
deste mundo por meio de conceitos gerais, já que são estes que
favorecem o pensamento. (SILVEIRA; RIBEIRO, 2012, p. 15)
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Conforme Melo (2007, p. 1), “a música concreta surgiu da idéia de extrapolar o material sonoro usado
na composição musical e se efetivou como um procedimento composicional próprio, mediante a
possibilidade de gravação e reprodução sonora. Este procedimento parte do questionamento do sistema
musical tradicional e da reformulação das bases teóricas já consolidadas. Em 1952, Schaefer propõe um
vocabulário próprio e esboça um solfejo específico para a música concreta. Em 1953, ele tenta agrupar
tendências musicais que surgiram mais ou menos na mesma época em que a sua. Em 1957, a música
concreta se configura como um “método de pesquisa”. Seus trabalhos de pesquisa culminaram no solfejo
dos objetos musicais”.
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Moreira (2009, p. 149) ressalta que as diferenças entre música concreta e abstrata
seriam caracterizadas pelos “seus modos de fazer, onde a primeira seria um tipo de música
com a qual se pode relacionar e inferir através da experiência, a posteriori, e a segunda
seria uma música a priori, que sequer precisaria acontecer no tempo para ser verificada a
sua condição de verdade”. Tratando da relação entre o som e o espectador, portanto do
processo de escuta musical, o autor reflete que:
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“O Traité des objets musicaux de Pierre Schaeffer (1966) pode ser considerado um dos livros
fundamentais de reflexão sobre música no século XX. Além de sua classificação de quatro tipos de escuta,
do conceito de objeto sonoro, da escuta reduzida (acusmática) e de sua tipo-morfologia, Schaeffer dá ao
solfejo dos objetos sonoros uma importância capital. Seu solfejo, além de ser um dos pontos chave em
seu livro, parece sugerir uma sequência de passos que parte da escuta dos objetos sonoros e nos leva à
composição musical” (ZAMPRONHA, 2011, p. 67). Ainda sobre o Traité des objets musicaux (1966),
consultar Melo (2007).
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Claude Debussy (1862-1918), Igor Stravinsky (1882-1971), Luigi Russolo (1885-1947), Edgar Varèse
(1883-1965), Anton von Webern (1883-1945), Arnold Schoenberg (1874-1951), Olivier Messiaen (1908-
1992), Karlheinz Stockhausen (1928-2007), Pierre Schaeffer (1910-1995), John Cage (1912-1992), Giacinto
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a partir das correntes musicais desenvolvidas nesse período (séculos XX e XXI), como a
Música Concreta, destacada anteriormente. Nessa perspectiva, apontamos os seguintes
movimentos: Expressionismo e Impressionismo Musical, Movimento Futurista, Música
Eletro-acústica, Modernismo, Pós-Modernismo, Dodecafonismo, Minimalismo,
Atonalismo, dentre outros.
3. Considerações finais
Referências
Scelsi (1905-1988), Iánnis Xenákis (1922-2001), György Ligeti (1923-2006), Karlheinz Stockhausen (1928-
2007).
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BRASIL. Leis, Decretos. Lei nº 11.684, de 2 de junho de 2008. Altera o art. 36 da Lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos
currículos do Ensino Médio. In: Diário Oficial da União - Seção 1 - 3/6/2008, p. 1
(Publicação Original). 2008d. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2008/lei-11684-2-junho-2008-575857-
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