Você está na página 1de 15

PÓS-GRADUAÇÃO

EDUCAÇÃO E ENSINO

Italan Carneiro
A gênese do ensino técnico-
italancarneiro@gmail.com
Instituto Federal de Educação, Ciência e
profissionalizante no Brasil a partir da
Tecnologia da Paraíba - Campus João Pessoa implantação das Escolas de Aprendizes
Artífices (EAAs)

Resumo

Neste texto, abordamos a origem do ensino técnico-profissionalizante


no Brasil, refletindo sobre o surgimento das Escolas de Aprendizes
Artífices (EAAs). A partir de pesquisa documental e bibliográfica, dis-
corremos acerca das características das escolas, seu contexto social
e econômico de implantação, assim como abordamos as transforma-
ções sofridas pelas instituições ao longo dos seus quase trinta anos
de existência até serem transformadas nos Lyceus (Industriais/Pro-
fissionais). Configurando um instrumento do governo no exercício de
uma política de caráter moral-assistencialista, com fins de controle
social, as EAAs instituíram formalmente a “dualidade estrutural” da
educação brasileira no início do século XX, dividindo nossa rede es-
colar em duas: uma rede profissionalizante voltada para ocupar as camadas populares, transformando-as em
mão de obra “útil à nação”; e outra rede de caráter propedêutico voltada àqueles ingressariam no mundo do
trabalho apenas após a conclusão dos seus estudos.

Palavras-chave: Ensino técnico-profissionalizante. Escolas de Aprendizes Artífices. EAAs. Dualidade estrutu-


ral. Tecnicismo.

Abstract

This work deals whit the origin of technical and vocational education in Brazil, which reflects on the emergence
of the Escolas de Aprendizes Artífices (Craft Apprenticeship Schools). Based on document and bibliographic
research, it was discussed the characteristics of schools, their social and economic context of implementation
and the many transformations by the institutions during their almost thirty years of existence until being trans-
formed into high schools (Industrial / Professional). As a government instrument in the exercise of a moral and
welfare policy for social control, the CAS formally instituted the “structural duality” of Brazilian education in
the early twentieth century. This means the division of our school network in two: a vocational network aimed
at occupying the grass roots, transforming them into labour “useful to the nation”; and another propaedeutic
network aimed at those who would enter the world of work only after the completion of their studies.

Keywords: Technical and vocational education. Craft Apprenticeship Schools. EAAs. Structural duality. Technicism.

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1471


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

1. Introdução pregadores do mercado de trabalho), em oposição a


uma formação intelectual, de caráter propedêutico,
Neste trabalho abordamos recorte da pesqui-
ofertada nas escolas não profissionais e destinada
sa de doutorado intitulada “Curso Técnico Integrado
aos que ingressariam no mercado de trabalho ape-
ao Ensino Médio em Instrumento Musical do IFPB:
nas após a conclusão dos seus estudos, normal-
reflexões a partir dos perfis discente e institucional”1
mente, do Ensino Superior. Desse modo, podemos
que apontou como um dos seus objetivos específi-
afirmar que a base que alicerçou o desenvolvimento
cos a compreensão do trajeto da educação profis-
do ensino técnico e profissionalizante no Brasil fun-
sional no Brasil.
damenta todo um processo pautado na divisão (dua-
A partir de pesquisa documental e pesquisa
lidade) estrutural da escola brasileira que resultou
bibliográfica, refletimos sobre o desenvolvimento
na exclusão e marginalização daqueles que necessi-
social, histórico e político da atual Rede de Educa-
tam conciliar estudo e trabalho. Nesse sentido, ainda
ção Profissional Brasileira, pontuando os principais
conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
avanços e retrocessos que caracterizaram a trajetó-
Educação Profissional de Nível Técnico,
ria dos quase trinta anos de existência das Escolas
de Aprendizes Artífices (EAAs). O não entendimento da abrangência
da educação profissional na ótica do
2. O desenvolvimento do ensino técnico-
direito à educação e ao trabalho, as-
profissionalizante no Brasil
sociando-a unicamente à “formação
Para compreendermos a gênese da educa- de mão–de-obra”, tem reproduzido o
ção técnico-profissionalizante no Brasil, partiremos dualismo existente na sociedade bra-
do contexto de implantação da atual Rede Federal sileira entre as “elites condutoras” e a
de Educação Profissional e Tecnológica – delimita- maioria da população, levando, inclu-
do pela criação das Escolas de Aprendizes Artífices sive, a se considerar o ensino normal e
(EAAs) no início do século XX. a educação superior como não tendo
Conforme ressaltam as Diretrizes Curricula- nenhuma relação com educação pro-
res Nacionais para a Educação Profissional de Nível fissional. (BRASIL, 1999, p. 566).
Técnico, naquele contexto, “o desenvolvimento inte-
Caracterizando a natureza das ações volta-
lectual, proporcionado pela educação escolar aca-
das para a esfera educacional, que legitimam ar-
dêmica, era visto como desnecessário para a maior
gumentos como o acima ressaltado, apontamos o
parcela da população e para a formação de ‘mão-de-
entendimento de Dourado (2010, p. 678) ao refletir
-obra’. Não se reconhecia vínculo entre educação es-
que a “relação entre Estado, educação e políticas
colar e trabalho” (BRASIL, 1999, p. 567). Criada sob
educacionais é marcada por processos e dinâmicas
esse estigma, a Rede instituiu formalmente a “dua-
complexas, que traduzem a historicidade das rela-
lidade estrutural” da educação brasileira, caracteri-
ções sociais mais amplas, suas prioridades e formas
zada pela oferta de uma “formação mínima” voltada
ideológicas”. Partindo desse entendimento, pode-
para a parcela da população que vive do trabalho
mos afirmar que “a dualidade estrutural que deter-
3º SIMPIF

(formação resumida apenas às instruções necessá-


minou duas redes diferenciadas ao longo da história
rias para a realização de um oficio exigido pelos em-
da educação brasileira tem suas raízes na forma de
1 Pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação
em Música, subárea Educação Musical, da Universidade Federal organização da sociedade, que expressa as relações
da Paraíba – UFPB, sob a orientação do prof. Dr. Luis Ricardo Silva entre capital e trabalho” (KUENZER, 2000, p. 21).
Queiroz. Disponível em: <https://www.academia.edu/35060454/ Nesse sentido, refletindo acerca do contexto educa-
Curso_T%C3%A9cnico_Integrado_ao_Ensino_M%C3%A9dio_e
cional da sociedade brasileira, Dourado (2010) in-
m_Instrumento_Musical_do_IFPB_reflex%C3%B5es_a_partir_dos_
perfis_discente_e_institucional>. Acesso em 14/09/2019. dica que:

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1472


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

[...] o processo educativo é mediado 2.1 Escolas de Aprendizes Artífices (EAAs)


pelo contexto sociopolítico e cultural
Criadas no governo de Nilo Peçanha em 1909,
mais amplo, pelas condições em  que
duas décadas após a Proclamação da República, por
se organiza a sociedade e pelos pro-
intermédio do extinto Ministério da Agricultura, In-
cessos de regulamentação e regula-
dustria e Commercio, a partir do Decreto nº 7.566,
ção em que se realizam a institucio-
de 23 de setembro de 1909, as Escolas de Apren-
nalização do direito social à educação,
dizes Artífices (EAAs) são instituídas sob a seguinte
as dinâmicas organizacionais e, con-
justificativa:
sequentemente, as políticas de aces-
so, permanência e gestão, que não se Considerando: Que o augmento cons-
dissociam dos marcos estruturais da tante da população das cidades exige
sociedade brasileira, fortemente mar- que se facilite ás classes proletarias os
cados por uma tradição histórica, cujo meios de vencer as difficuldades sem-
ethos patrimonial não foi totalmente pre crescentes da lucta pela existen-
superado, onde a desigualdade social cia; Que para isso se torna necessario,
se faz presente num modelo societá- não só habilitar os filhos dos desfa-
rio desigual e combinado. (DOURADO, vorecidos da fortuna com o indispen-
2010, p. 679-680). savel preparo techinico e intellectual,
como fazel-os adquirir habitos de
Desse modo, compreendemos que o ato de
trabalho proficuo, que os afastará da
educar configura essencialmente um ato político
ociosidade ignorante, escola do vicio e
carregado inevitavelmente das concepções de ho-
do crime; Que é um dos primeiros de-
mem e de sociedade de quem o realiza. Não por
veres do Governo da Republica formar
acaso as políticas educacionais, na qualidade de
cidadãos uteis á Nação […] (BRASIL,
políticas públicas, revelam embates entre os inte-
1909, p. 6975)
resses das distintas classes sociais (trabalhadores e
empregadores, por exemplo), conforme veremos ao Sob essa argumentação, em 1910 são insta-
longo deste trabalho. ladas escolas em 19 estados da Federação. Todas
A análise empreendida neste texto parte do encontravam-se situadas em capitais, com a exce-
pressuposto de que a avaliação das políticas públi- ção do estado do Rio de Janeiro que teve sua esco-
cas “é sempre resultante das condições objetivas em la localizada na cidade de Campos, cidade natal do
que ela é proposta e/ou efetivada e, neste sentido, então presidente da República. As instalações foram
deve ser resultante do exercício acadêmico pauta- realizadas em “edificios pertecentes à União, exis-
do pela razão crítica presente nos embates e nas tentes e disponiveis nos Estados, ou em outros que
opções teóricas perante o conhecimento hodierno” pelos governos locaes forem cedidos permanente-
(DOURADO, 2010, p. 678). Desse modo, fazendo uso mente para o mesmo fim” (BRASIL, 1909, p. 6975).
dos documentos oficiais e estabelecendo o diálogo A partir da análise socioeconômica do Brasil
3º SIMPIF

necessário com a literatura pertinente, refletiremos naquele momento histórico – onde percebemos um
acerca da gênese da Rede Federal de Educação contexto social em transição, construído pelo pro-
Profissional a partir da implantação das Escolas de cesso de urbanização, com forte mobilização popu-
Aprendizes Artífices. lar e classista em busca de melhores condições de
vida e de trabalho – podemos afirmar que as EAAs
tinham a finalidade de proporcionar “qualificação
de mão de obra” a fim de estabelecer a “ordem so-

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1473


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

cial”. Nesse sentido, podemos afirmar as instituições geiros, que constituíam boa parte do operariado”.
pretendiam ocupar as camadas populares com uma É importante ressaltar que naquele momento, “o
formação que atendia claramente aos interesses da proletário era concebido como marginal: bandido
elite, tornando-as então um instrumento do governo ou pobrezinho, era necessário reprimi-lo e controlá-
no exercício de uma política de caráter moral-assis- -lo dentro e fora da fábrica” (HARDMAN; LEONARDI,
tencialista, com fins de controle social. Concordando 1982, p. 193). Ainda, corroborando com este racio-
com Pereira (2003, p. 25), podemos afirmar que “é cínio, Pereira (2003, p. 25-26) afirma que a criação
fácil verificar a presença de um forte conteúdo ideo- das EAAs consistia em “um projeto de qualificação
lógico conservador no documento legal que estabe- de profissionais pautado contundentemente na dis-
lece as instituições destinadas à formação de artífi- ciplinarização dos filhos das classes proletárias,
ces”. E, dessa forma, menores percebidos como potenciais elementos da
desordem social”. Neste sentido, Candeia (2013, p.
[…] não há dúvida de que aos obje-
3) argumenta que “comportamentos considerados
tivos das Escolas de Aprendizes Artí-
inadequados e pouco racionais são apresentados
fices associavam-se à qualificação de
como valores que deveriam ser reavaliados e modifi-
mão de obra e o controle social de um
cados em função do projeto civilizatório em curso, ao
segmento em especial: os filhos das
passo em que outros comportamentos deveriam ser
classes proletárias, jovens e em situa-
construídos e afirmados”. Seguindo a mesma linha
ção de risco social, pessoas potencial-
de raciocínio, Kunze (2009) ressalta que:
mente mais sensíveis à aquisição de
vícios e hábitos “nocivos” à socieda- A necessidade de incentivar a nova
de e à construção da nação. (BRASIL, classe social que vinha se formando a
2010, p. 10) se profissionalizar e futuramente ven-
der sua força de trabalho foi um mo-
Para compreendermos esse contexto é fun-
tivo presente na constituição da rede
damental lembrar que, dentre outras questões, as
federal de educação profissional, mas,
EAAs foram fundadas apenas 20 anos após a aboli-
acima de tudo, a necessidade de pro-
ção da escravatura no Brasil e que o abandono das
teger a cidade contra esses ditos esté-
relações escravistas de produção, a partir de sua
reis foi marcante. (KUNZE, 2009, p. 23)
gradativa substituição pelo trabalho livre, realizou-
-se de forma particularmente excludente. Naquele Ainda sobre a natureza das EAAs, autores
momento, a ausência de oportunidades de trabalho, como Gomez (2003, p. 16) analisam “a criação des-
assim como a falta de acesso à terra para a popula- sas escolas como uma estratégia política, pois sua
ção recém-liberta, foi uma das características mar- localização não atendia às demandas de mão-de-o-
cantes do processo de urbanização do Brasil no iní- bra, mas sim aos redutos eleitorais”. Dessa forma,
cio do século XX. Segundo Theodoro (2008, p. 29), “as análises sobre o processo de criação de escolas
“pode-se observar, já no final do século XIX, o início profissionalizantes passam obrigatoriamente pelas
de um processo de aglomeração da pobreza e da ex- funções exercidas pelo Estado no que tange à he-
3º SIMPIF

clusão nas cidades, resultante da chegada em profu- gemonia e coerção, bem como sua relação com as
são de contingentes de ex-escravos”. classes dominantes” (FERREIRA, 1997, p. 69).
Sobre o papel das instituições naquele con- Podemos afirmar que, além de exercer con-
texto, Cunha (2000, p. 94) argumenta que, “o ensino trole social, as EAAs vão atender à demanda, ainda
profissional foi visto pelas classes dirigentes como que incipiente em alguns estados, das recentes
um antídoto contra a ‘inoculação de idéias exóticas’ indústrias brasileiras, pois é importante lembrar
no proletariado brasileiro pelos imigrantes estran- que o país entrava em uma fase de crescimento

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1474


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

econômico, havendo demanda concreta de Segundo Ferreira (1997, p. 75), a EAA da


profissionais mais especializados. Nesse contexto, Paraíba não obteve a aceitação esperada pela ca-
a educação escolar começa a progressivamente ser mada popular, pois as precárias condições de vida
vista como uma ferramenta de impacto significati- tornavam necessária a contribuição financeira das
vo na efetivação da transição da economia nacional crianças para o sustento do lar desde cedo, o que as
que pretende abandonar a condição de República impossibilitava de dedicar uma parte do seu dia para
dos Plantadores, pois a exigência de modernização os estudos, mesmo que estes fossem voltados para
nos métodos produtivos – a ser efetuada por meio da sua profissionalização. A escola do Paraná encon-
substituição do trabalho escravo pelo assalariado, trou dificuldades semelhantes, de modo que Pandini
da incorporação da maquinaria e do investimento de (2006) destaca que:
capitais europeus no Brasil – fundamenta a proble-
No ano inaugural de funcionamento da
mática da educação nacional que deveria se adequar
EAAPR, o Diretor manteve as matrícu-
à nova ordem mundial.
las abertas durante praticamente todo
As EAAs pretendiam formar operários e con-
o período letivo, pois os benefícios que
tramestres, ministrando o ensino prático e os conhe-
a instituição poderia oferecer “não po-
cimentos técnicos necessários aos menores, prefe-
deriam de pronto ser bem apreciados
rencialmente os desafortunados, com idade mínima
pela massa ignorante da população”.
para ingresso de 10 anos e máxima de 13. Carac-
(PANDINI, 2006, p. 40-41)
terizando a submissão da “educação” ofertada nas
instituições aos interesses dos empregadores, con- Podemos afirmar que este quadro esteve tam-
forme o Decreto de criação das escolas, a formação bém presente em outros estados, de modo que além
dos aprendizes seria realizada “havendo para isso das dificuldades financeiras acima mencionadas, as
até o numero de cinco officinas de trabalho manual condições estruturais iniciais da maioria das esco-
ou mecanico que forem mais convenientes e neces- las era inadequada e tornava-se motivo de desânimo
sarias no Estado em que funccionar a escola, consul- para os alunos, conforme destaca Gomes (2003):
tadas, quanto possivel, as especialidades das indus-
trias locaes” (BRASIL, 1909, p. 6975). Desse modo, A inadequação para o bom funciona-

o funcionamento das escolas, conforme previsto pelo mento das escolas ficou clara já no

Decreto nº 7.566, estaria sujeito às particularidades início de suas atividades. Em geral,

do mercado de trabalho local, de modo que, a escola as instalações das escolas se davam

de São Paulo, por exemplo, “desde os primeiros anos em prédios fornecidos pelos governos

de existência, era uma das poucas que ofereciam estaduais e prevalecia a improvisação

ensino de tornearia, de mecânica e de eletricidade” em espaços não projetados com a fi-

(CUNHA, 2000, p. 71). Já em Sergipe, segundo San- nalidade a que naquele momento se

tos Neto (2009, p. 28), os alunos possuíam inicial- propunham. As oficinas, de um modo

mente oficinas de ferraria, mecânica, alfaiataria e geral, se organizaram precariamente,

marcenaria; e posteriormente de sapataria e selaria. com professores e, sobretudo, mes-


3º SIMPIF

A EAA da Paraíba, por sua vez, ofertou inicialmen- tres pouco preparados para o ensino

te as oficinas de alfaiataria, marcenaria, sapataria, profissional, o que praticamente im-

serralharia e encadernação. O histórico da institui- pedia a formação de contramestres,

ção da Paraíba aponta que naquele contexto a es- como pretendia o decreto de criação.

cola “assemelhava-se a um centro correcional, pelo (GOMES, 2003, p. 59)

rigor de sua ordem e disciplina” (IFPB, 2010, p. 9). Ilustrando a afirmação de Gomes, destaca-
mos a EAA do Amazonas, tendo iniciado seu funcio-

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1475


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

namento em uma edificação residencial na cidade de de então se anteciparam ao surgimento das deman-
Manaus, no dia 1 de outubro de 1910, com apenas das de mão-de-obra qualificada” (OLIVEIRA JÚNIOR,
33 alunos. Caracterizando a inadequação presente 2008, p. 3); e a segunda que defende a escolha da
nos primeiros anos de funcionamento da escola, o localização como uma manobra política, como apon-
histórico da instituição indica que, tam Gomez (2003, p. 16) e Pandini (2006):

Devido à falta de instalação própria, a Embora a localização em razão da pro-


Escola de Artífices de Manaus mudou dução despontasse como critério mais
várias vezes de endereço, instalando- pertinente, parece não ter havido cla-
-se na Penitenciária Central do Esta- reza na escolha dos locais para o esta-
do, onde funcionou durante doze anos belecimento das EAAs. Critérios pouco
(1917-1929) e posteriormente, no explícitos, ligados ao caráter político-
Mercadinho da Cachoeirinha. (IFAM, -representativo em vigor no Senado
2013, p. 1) também participaram dessa escolha.
(PANDINI, 2006, p. 36)
Caracterizando o contexto de funcionamento
das instituições, Gomes (2003, p. 59) indica que “a Reforçando esta segunda perspectiva apon-
freqüência dos alunos era muito irregular e ao longo tada, Cunha (2000) acrescenta que:
do curso havia um grande índice de desistências”.
Essa preocupação política se mani-
Assim, o alto índice de evasão tornou-se regra na
festou, ainda, na localização de cada
grande maioria das unidades das EAAs. Além das
escola sempre na capital do estado,
questões estruturais acima mencionadas, diversos
sede do poder político, mesmo quando
outros fatores contribuíam para a alta taxa desistên-
as atividades manufatureiras concen-
cia dos alunos, como a reduzida perspectiva de in-
travam-se em outra cidade, como Juiz
gresso no mercado de trabalho dos egressos, como
de Fora (e não Belo Horizonte) em Mi-
aponta Ferreira (1997), referindo-se ao contexto da
nas Gerais; e Blumenau (e não Floria-
escola da Paraíba:
nópolis), em Santa Catarina. (CUNHA,
[...] os formandos da EAA tinham dian- 2000, p. 95)
te de si dois caminhos a seguir: a fá-
Concluindo seu raciocínio acerca do proces-
brica como mão-de-obra com certa
so de instalação das escolas, Cunha (2000, p. 95)
qualificação, ou a montagem de sua
afirma que as EAAs “constituíram uma presença do
própria oficina. No caso da Paraíba,
governo federal nos estados, oferecendo cargos aos
as perspectivas de trabalho, quer num
indicados pelos políticos locais”.
sentido ou noutro, eram precárias, que
dentre outros determinantes, explicam 2.1.1 Regulamento “Pedro Toledo”
a evasão e o baixo índice de concluin-
tes. (FERREIRA, 1997, p. 75) No ano de 1911, o regulamento das EAAs 
3º SIMPIF

sofre alterações significativas, quando o ministro


Sobre a instalação das EAAs em contextos Pedro Toledo, no governo de Hermes da Fonseca,
como o da cidade de João Pessoa, no qual não ha- a partir do Decreto nº 9.070, de 25 de outubro,
via uma demanda significativa para a formação de delimita a duração dos programas das oficinas em
“mão de obra especializada”, podemos realizar ba- quatro anos (Art. 4º), a faixa etária atendida pela es-
sicamente duas interpretações: a primeira, a partir cola que passa a ser dos 12 aos 16 anos de idade
de uma análise atrelada à antecipação do processo (Art. 7º), e um maior detalhamento das atribuições
de industrialização, entendendo que “as autoridades

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1476


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

destinadas a cada membro integrante da escola (Art. advindas dos setores produtivos. Então, a partir
12º). Este regulamento, conhecido como “Regula- deste quadro, no governo Wenceslau Braz Perei-
mento Pedro Toledo”, norteou a prática das EAAs até ra Gomes, o então ministro Antonio Carlos Ribeiro
o ano de 1918, intervalo de tempo em que o Bra- de Andrada assina a Lei nº 3.454, em 6 de Janeiro
sil acompanhou um grande crescimento no número de 1918, que, no art. 97 (parágrafo 3º, inciso III),
de indústrias instaladas. A Paraíba, por exemplo, determina o aumento da verba a ser investida para
conforme Ferreira (1997, p. 70), no ano de 1909, “rever os regulamentos das escolas de aprendizes
possuía apenas cerca de 88 estabelecimentos in- artifices para, sem exceder as verbas orçamenta-
dustriais e em 1920 este número chega a 251, com rias, melhorar-lhes o funccionamento e harmoniza-
uma média de 12 operários por estabelecimento. -lo com a creação dos cursos nocturnos” (BRASIL,
O vizinho Pernambuco também conta com valores 1918, p. 315).
proporcionalmente semelhantes, sendo estes 178 e
2.1.2 Decreto nº 13.064/1918
442, e uma média de 36 funcionários por indústria
(FERREIRA, 1997, p. 70). Esse crescimento também Sancionada a referida Lei (Lei nº 3.454/1918),
foi verificado em âmbito nacional, onde, em 1907, ainda no ano de 1918, o novo Ministro da Agricul-
os estabelecimentos industriais e oficinas saíram da tura, Indústria e Comércio, João Gonçalves Pereira
marca dos 3.258 estabelecimentos para, em 1920, Lima, por meio do Decreto nº 13.064, de 12 de junho
atingir o quantitativo de 13.336 (SOUZA, 2010, p. 4). daquele ano, propõe um novo regulamento com o
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em objetivo de alavancar o funcionamento das escolas:
1914, o fluxo internacional de comércio desacelera a matrícula passa a ser realizada em dois momentos,
sensivelmente, acarretando numa drástica redução modificação atribuída, segundo autores como Souza
da exportação do café brasileiro. Como consequên- (2010, p. 5), à baixa demanda de alunos ingressan-
cia, foi necessário “promover a produção nacional tes; o quadro de funcionários recebe o acréscimo de
de artigos industrializados. Estima-se que a produ- serventes; e a idade para ingresso, que havia sido
ção industrial brasileira cresceu a uma taxa anual de elevada em 1911 para 12 anos, volta para os 10,
8,5% durante os anos de conflito” (FUNDAÇÃO GE- estabelecidos em 1909, permanecendo o ingresso
TÚLIO VARGAS, 2012, p. 1). Realizando uma análise até os 16 anos. 
ampla do impacto do conflito nas sociedades, Fausto Naquele momento, a idade mínima para o
(1999) tece a seguinte reflexão: início da profissionalização, assim como a presença
de crianças nos ambientes de trabalho, já caracteri-
Do ponto de vista histórico, podemos
zavam motivos de divergência no interior da classe
dizer que o século XX não começa pro-
trabalhadora, pois se relacionavam diretamente com
priamente em 1900. Na realidade, ele
as questões materiais ligadas à subsistência familiar.
começa com a guerra, essa grande
Realizando análise daquele contexto, Pandini (2006)
conflagração que, em si mesma, in-
aponta que:
troduz rupturas e novidades, desde as
técnicas de confronto até a amplitude Se alguns jornais editados pelo movi-
3º SIMPIF

do envolvimento das Forças Armadas mento operário e os médicos higienis-


dos vários países envolvidos. (FAUS- tas não compactuavam com a presen-
TO, 1999, p. 17) ça e efeitos nefastos do emprego de
mão-de-obra infantil nas fábricas da
Desse modo, o desenvolvimento industrial vai
maneira preconizada pelos industriais,
alterando progressivamente a dinâmica e a rotina
para os quais a mesma representavam
das EAAs, de modo que, em 1918, o Regulamento
a certeza de obter lucros fáceis com
Pedro de Toledo já não atendia às novas demandas

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1477


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

pouco ônus, muitos operários envia- processo de industrialização brasileira


vam seus filhos ao trabalho, pois os como, por exemplo o alto índice de ocu-
baixos salários dos adultos não su- pação do trabalho feminino e infantil
priam as necessidades mínimas de - o movimento operário teve sua fase
sobrevivência das famílias. (PANDINI, de maior ascensão entre 1917 e 1920,
2006, p. 17) acompanhando a onda de  agitações
sociais do imediato pós-guerra, carac-
Retomando a compreensão do regulamento
terizando-se por elevado número de
que passou a vigorar nas EAAs a partir do ano de
greves, bem como pelo afluxo, em cer-
1918, encontramos uma preocupação característica
tos casos, às organizações sindicais. À
da época voltada à “disciplinarização” das classes
década de 1920 viria corresponder o
trabalhadoras que remete ao aspecto moral e disci-
refluxo do movimento [operário bra-
plinar da instituição, de modo que, conforme o art.
sileiro], seja pela predominância da
14 do regulamento, caberia aos professores e mes-
corrente que enfatizava os movimen-
tres de oficinas:
tos espontâneos de classe [...], seja
[...] 2º, manter a disciplina na classe e pelo papel desempenhado pelas for-
fazer observar os preceitos de moral; ças repressivas do Estado, bem como
[...] 6º, apresentar ao director, no fim pela disputa movida aos anarquistas
de cada trimestre, uma relação nomi- pelo recém-fundado Partido Comu-
nal dos alumnos, com apreciação do nista. (MENDONÇA, 1990, p. 321)
comportamento, applicação e aprovei-
A partir das análises realizadas, podemos
tamento de cada um. (BRASIL, 1918,
afirmar que as EAAs, em sua primeira década de fun-
p. 3)
cionamento, constituíram-se de fato em escolas de
Realizando análise do funcionamento das es- caráter moral-assistencialista, cujos interesses es-
colas, Gomes (2003, p. 57) sinaliza que “ficava cla- tavam atrelados às classes dominantes, através do
ra a preocupação com a transmissão da Educação controle social das camadas populares e sua “ade-
Cívica, demonstração da necessidade da filosofia quada inserção profissional”.
moral como definidora da educação técnica em seu
2.1.3 Comissão de Remodelação do Ensino Profis-
anseio de formar o trabalhador exemplar, consciente
sional Técnico
de sua nacionalidade”. Acerca da configuração da-
quele contexto social e econômico, que apresenta Em 1920, buscando promover mudanças no
as condições de vida dos trabalhadores da época, ensino técnico-profissional, o Ministro da Agricultu-
destaca-se a exploração absoluta da mão-de-obra, ra, Indústria e Comércio, Ildefonso Simões Lopes,
caracterizada por baixos salários, precárias condi- estabeleceu a Comissão de Remodelação do Ensino
ções de vida, grande frequência de doenças (fruto Profissional Técnico. Tal comissão foi transforma-
da desnutrição e da insalubridade), elevada taxa da, em 1921, no Serviço de Remodelação do Ensi-
3º SIMPIF

de mortalidade e péssimas condições de moradia no Profissional Técnico, cuja direção foi entregue ao
(MONTEIRO, 1990, p. 314). Ainda contribuindo com engenheiro João Luderitz, Diretor do Instituto Paro-
o entendimento acerca deste contexto, a partir da bé, ligada à Escola de Engenharia de Porto Alegre
ascensão do movimento operário brasileiro, Men- (SOUZA, 2003, p. 6). As atividades desenvolvidas
donça (1990) reflete: pelo Serviço de Remodelação do Ensino Profissional
Técnico desembocaram na portaria assinada em 13
Nas marchas e contramarchas con-
de novembro de 1926 pelo então Ministro da Agri-
dicionadas pela própria dinâmica do

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1478


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

cultura, Industria e Comércio, Miguel Calmon Du Pin verdade uma tentativa de adaptação
e Almeida, que instituiu a “Consolidação dos dispo- da produção a uma maior complexi-
sitivos concernentes às EAAs”. dade da produção industrial com uma
Seu texto ocasionou três grandes modifica- maior divisão de tarefas e especiali-
ções às escolas: a criação de um currículo único a zação, rompendo com a tradição da
ser seguido, a criação do Serviço de Inspeção do artesania onde em apenas uma ofici-
Ensino Profissional Técnico (órgão encarregado de na o aprendiz deveria aprender todas
fiscalizar e proporcionar uniformidade às EAAs) e a as etapas da manufatura do produto.
formalização legal do conceito de “industrialização Desse modo, onde havia uma oficina o
da escola”, a partir do qual o diretor foi autorizado lugar passou a ser organizado em uma
a aceitar encomendas de particulares e repartições seção, composta de várias oficinas.
públicas. A partir do processo de industrialização (GOMES, 2004, p. 46)
das escolas, “cada obra tinha estipulada preço de
A necessidade de uma maior divisão de ta-
material, valor das horas de trabalho de alunos e dia-
refas, assim como de uma maior especialização dos
ristas, cuja contratação poderia ser autorizada pelo
trabalhadores, advindas da produção industrial da-
diretor para empreitadas” (GOMES, 2003, p. 73). A
quele contexto relaciona-se diretamente ao momen-
proposta de industrialização das escolas tornou-se
to de expansão e diversificação do setor químico,
alvo de críticas em vista da “difícil conciliação entre
metalúrgico, cimento e de tabacaria, dentre outros,
a aprendizagem e a produção, pois esta caberia por
pelo qual passava o Brasil, ao longo da década de
se impor àquela, o que deturparia a finalidade das
1920. No entanto, apenas a partir da “Revolução de
escolas” (GOMES, 2004, p. 44). Ilustrando a corren-
1930”, o Brasil efetivamente deixa de ser um país
te que discordava do referido processo, destacamos
essencialmente agrícola e lança as bases para se
a análise de Candeia (2013, p. 116-117) ao apon-
constituir como nação industrial. Com a chegada de
tar que “vários anos depois [do início da industria-
Getúlio Vargas ao poder e seu projeto de industria-
lização das escolas], em 1940, o Diretor da EAA-PB
lização, haverá todo um esforço estatal no sentido
continuava reclamando e discordando da ‘industria-
de valorização do trabalho. Nesse sentido, Gomes
lização das oficinas’ como algo pernicioso ao ensino
(1999) sinaliza que:
profissional, que, além de transformar a Escola em
estabelecimento mercantil, obrigava o diretor a agir Os anos [19]30 e [19]40 são verda-
como agente de encomendas”. deiramente revolucionários no que
A partir do Serviço de Remodelação do En- diz respeito ao encaminhamento da
sino Profissional Técnico foram adotados os proce- questão do trabalho no Brasil. Nesse
dimentos racionalizadores do ensino e da produção período, elabora-se toda a legislação
dentro das EAAs, como próximos das aspirações tay- que regulamenta o mercado de traba-
loristas. Acerca da incorporação desses princípios, lho do país, bem como estrutura-se
Gomes (2004) reflete que: uma ideologia política de valorização
do trabalho e de ‘reabilitação’ do pa-
3º SIMPIF

[...] reconhecer o modelo taylorista


pel e do lugar do trabalhador nacional.
no processo de reorganização das es-
(GOMES, 1999, p. 53)
colas de aprendizes artífices ajuda a
compreender porque o primeiro passo Em 1930, as EAAs tornaram-se subordinadas
foi a aquisição de máquinas e a nova ao recém criado Ministério da Educação e da Saú-
organização das oficinas através de de Pública, criado pelo Decreto nº 19.402, de 14 de
seu reagrupamento em seções. Era na Novembro, passando a ser supervisionadas pela Ins-

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1479


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

petoria do Ensino Profissional Técnico, coordenada secundários oficiais foram equiparados ao Colégio
pelo engenheiro Francisco Montojos. Sobre aquele Pedro II, mediante a inspeção federal, dando a mes-
contexto, encontramos pertinente reflexão nas Dire- ma oportunidade às escolas particulares que se or-
trizes Curriculares Nacionais para a Educação Pro- ganizassem, segundo o decreto, e se submetessem
fissional de Nível Técnico (1999):  à mesma inspeção (BRASIL, 1931, p. 9142). Dessa
forma, conforme Pereira e Passos (2012, p. 79), po-
No início da República, o ensino se-
demos afirmar que o ensino secundário configurou-
cundário, o normal e o superior, eram
-se como “preparatório para a carreira universitária
competência do Ministério da Justiça
e como meio de ilustração dos membros da elite;
e dos Negócios Interiores e o ensino
consequentemente, constituía-se em símbolo de
profissional, por sua vez, era afeto ao
classe”. Refletindo acerca do Decreto nº 19.890, de
Ministério da Agricultura, Indústria e
18 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização
Comércio. A junção dos dois ramos de
do ensino secundário, Penna (2012) analisa que:
ensino, a partir da década de [19]30,
no âmbito do mesmo Ministério da Apesar de reestruturar o ensino se-
Educação e Saúde Pública foi apenas cundário com alto grau de detalha-
formal, não ensejando, ainda, a neces- mento, até mesmo modificando-o em
sária e desejável “circulação de estu- sua essência, o Decreto nº 19.890
dos” entre o acadêmico e o profissio- mantinha esse nível de ensino como
nal. O objetivo primordial daquele era “expressão de inegável elitismo”, já
propriamente educacional, e deste, expresso na extrema dificuldade de
primordialmente assistencial, embora seu acesso. Por um lado, a crescente
já se percebesse a importância da for- oferta de ensino primário não se fazia
mação profissional dos trabalhadores igualmente em termos regionais, con-
para ocupar os novos postos de tra- centrando-se nas áreas urbanas, em
balho que estavam sendo criados, com um país predominantemente agrário,
os crescentes processos de industria- marcado por elevados índices de anal-
lização e de urbanização. (BRASIL, fabetismo. (PENNA, 2012, p. 1441)
1999, p. 571)
O ensino técnico comercial, por sua vez, pas-
sou a ser composto do “curso propedêutico e dos
2.1.4 Reforma Francisco Campos
seguintes cursos técnicos: de secretário, guarda-
Naquele contexto, a legislação educacio- -livros, administrador-vendedor, atuário e de peri-
nal dos cursos superiores, do ensino secundário e to-contador e, ainda, de um curso superior de ad-
do ensino comercial (ensino médio profissionali- ministração e finanças e de um curso elementar de
zante) ganhava nova estruturação e passava a ser auxiliar do comércio” (BRASIL, 1931, p. 2625). Para
centralizada na esfera federal a partir da Reforma ingressar no curso propedêutico, o candidato preci-
Francisco Campos (então ministro da Educação e saria submeter-se a exames de admissão ou possuir
3º SIMPIF

Saúde Pública). A estrutura do ensino secundário, o certificado de aprovação na 1ª série do curso se-
por exemplo, incorporou o currículo seriado, a fre- cundário e possuir a idade mínima de 12 anos. O cur-
quência obrigatória, a divisão do ensino em dois ci- so tinha duração de 3 anos. Já o ingresso nos cursos
clos: o fundamental, com duração de cinco anos, e o técnicos exigia o certificado de conclusão do curso
complementar, com dois anos; e ainda a exigência de propedêutico, ou certificado de aprovação na 5ª sé-
sua conclusão para o ingresso em determinadas ins- rie do curso secundário. Os cursos duravam de 2 a 3
tituições do ensino superior. Além disso, os colégios anos, dependendo da habilitação.

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1480


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

Para a matrícula no 1º ano do curso superior educação geral, que ensinavam as artes, a literatura,
de administração e finanças era exigido o diploma a cultura universal; e para formar gerações de traba-
de perito-contador ou de atuário. “Essa era a única lhadores, as escolas profissionais”. Conforme a au-
possibilidade de ingresso em curso superior para os tora, esse modelo dualista que “determinou duas re-
concludentes dos cursos técnicos” (PEREIRA; PAS- des diferenciadas ao longo da história da educação
SOS, 2012,  p. 80). A duração do curso era de três brasileira tem suas raízes na forma de organização
anos. Acerca das proposições e do impacto causado da sociedade, que expressa as relações entre capital
pela Reforma Francisco Campos, Zotti (2006) faz a e trabalho” (KUENZER, 2000, p. 20). 
seguinte análise: Ainda refletindo sobre a Reforma Francisco
Campos, destacamos a análise das autoras Pereira e
[...] pela primeira vez, uma reforma
Passos (2012) que enfatiza o aspecto dicotômico da
atingiu os vários níveis de ensino (se-
reforma, reforçando o caráter dualista apresentado
cundário, comercial e superior) e foi
por Kuenzer:
imposta a todo território nacional.
Nesse sentido, foi instituído o siste- A lei, por conseguinte, revestia a edu-
ma universitário no Brasil, através cação profissional de terminalidade,
do Estatuto das Universidades e or- uma vez que o título alcançado, sal-
ganização da Universidade do Rio de vo para os concludentes dos cursos
Janeiro; o ensino secundário foi re- de atuário ou de perito-contador que
formado na lógica de uma formação desejassem ingressar no Curso de Ad-
propedêutica para o ensino superior; ministração e Finanças, não permitia
dos cursos técnico-profissionais foi o ingresso nos níveis mais elevados.
organizado o ensino comercial, que Desse modo, sacramentava a dicoto-
não permitia o acesso dos alunos ao mia entre educação propedêutica e
ensino superior, privilégio exclusivo educação para o trabalho. A primeira
dos que concluíam o ensino secun- dirigida aos membros das elites e a se-
dário propedêutico. Na prática, a re- gunda, para os trabalhadores e seus fi-
forma de Campos estabeleceu um lhos. (PEREIRA; PASSOS, 2012,  p. 80)
projeto de educação diferenciado:
uma educação “para pensar” e outra 2.1.5 Superintendência do Ensino Industrial
“para produzir”. (ZOTTI, 2006, p. 3)
Em 1934, a Inspetoria do Ensino Profissional
Desse modo, podemos afirmar que a reforma Técnico muda novamente de denominação a partir
contribuiu significativamente para a legitimação da do Decreto nº 24.558 de 3 de julho, e passa a ser de-
dualidade estrutural que caracteriza a história da signada Superintendência do Ensino Industrial. Po-
educação profissional no Brasil desde sua formali- de-se afirmar que tal decreto lançou as bases para
zação com a criação da EAAs, na qual as medidas unificação do ensino profissional no país (BRASIL,
voltadas para a “formação” dos trabalhadores são 2009, p. 14), sendo sancionado sob as  seguintes
3º SIMPIF

instituídas, via de regra, a partir dos interesses da justificativas:


classe economicamente dominante. Trata-se, por-
tanto, de uma concepção fragmentada e excluden- Considerando que a evolução das in-

te de educação, sobre a qual Kuenzer (1989, p. 23) dústrias nacionais impõe a adaptação

tece a seguinte reflexão: “para formar as gerações do ensino indispensável á formação

de dirigentes, que não exerceriam funções instru- dos operários ás exigências da técnica

mentais, mas sim funções intelectuais, as escolas de moderna:

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1481


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

Considerando que atualmente êste e também pela riqueza do conjunto da nação” (GO-
ramo educativo está restricto, nos es- MES, 1999, p. 55). Identificamos ainda naquele mo-
tabelecimentos oficiais, a uma organi- mento toda uma política de ordenação do trabalho,
zação que apenas atende á formação através da legislação trabalhista, previdenciária e
de artífices para as profissões elemen- sindical, assim como a implementação da Justiça do
tares; Trabalho. Destacaram-se a atuação da previdência
Considerando que a falta de operários social e da assistência social que convergiam para
graduados e de contramestres é, além o mesmo fim: “promover modificações substanciais
da manifesta, penosamente sentida na capacidade produtiva dos trabalhadores atuais e
nas fábricas e nas oficinas; futuros” (GOMES, 1999, p. 59). 
Considerando que as indústrias na-
3. Considerações finais
cionais já exigem um operariado com
conhecimentos especializados e de ní- A partir das análises realizadas, concluímos
vel superior ao do ensino primário [...] que as EAAs, iniciadas como escolas de caráter mo-
(BRASIL, 1934, p. 346) ral-assistencialista voltadas a garantir o controle so-
cial das camadas populares, progressivamente vão
As considerações iniciais do decreto apresen-
sendo associadas ao desenvolvimento industrial do
tam claramente a submissão do ensino profissional
país. Desse modo, a dinâmica e a rotina das EAAs vão
às exigências dos empregadores e nos dão ainda
sendo completamente modificadas buscando ade-
uma ideia do estado do processo de industrialização
quar-se às demandas econômicas do contexto so-
nacional nos anos 1930, apontando para o cresci-
cial. A partir das transformações abordadas ao longo
mento e a modernização dos estabelecimentos in-
do texto, reforçamos que o objetivo último das EAAs
dustriais. Naquele momento, segundo Cunha (2000,
sempre esteve associado aos interesses e demandas
p. 96), “poucas eram as escolas de aprendizes artífi-
da classes dominantes, não buscando portanto um
ces que tinham instalações para o ensino de ofícios
efetivo desenvolvimento (intelectual/humano) dos
propriamente industriais, de emprego generalizado”
sujeitos aprendizes, estando associadas durante seu
, visto que a maioria das EAAs ainda encontrava-se
período de existência ao que hoje classificaríamos
voltada aos “ofícios elementares”, tais quais alfaia-
como “educação tecnicista”.
taria, carpintaria, marcenaria, tipografia, sapataria,
Após décadas permeadas por avanços e re-
etc. Caracterizando o impacto da expansão indus-
trocessos, podemos afirmar que ainda nos dias
trial ocorrida ao longo da década de 1930, podemos
atuais a Rede de Educação Profissional segue em
afirmar que “as mudanças na estrutura de produção
meio a embates advindos de grupos econômico-po-
com uma maior evidência industrial provocam trans-
líticos antagônicos que buscam ora voltar as insti-
formações na formação técnico-profissional” (BRA-
tuições para a formação humana e profissional dos
SIL, 2009, p. 13).
sujeitos, ora ampliar o caráter tecnicista ainda pre-
No ano de 1937, a Lei n.º 378, de 13 de janei-
sente em nossas instituições, subjugando a Rede aos
ro, “dá nova organização ao Ministério da Educação
interesses do “mercado de trabalho”. Desse modo,
3º SIMPIF

e Saúde Pública” e promove a transformação das


podemos afirmar que apesar das grandes conquis-
EAAs em Lyceus (Industriais/Profissionais).
tas alcançadas pela educação profissional brasileira
Naquele contexto, o Estado enfatiza a formu-
durante os 110 anos de existência da Rede, o fan-
lação liberal clássica que associa o trabalho à obten-
tasma da dualidade estrutural ainda nos persegue,
ção de riqueza e cidadania, cujo objetivo pode ser
estando presente em ações recentes, dentre as
traduzido em “transformar o homem em cidadão/
quais podemos destacar a instituição do “Programa
trabalhador, responsável por sua riqueza individual
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego”

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1482


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

– Pronatec (2011); a Reforma do Ensino Médio (MP ma de Pós-Graduação em Educação, Universidade


746/2016 - Lei nº 13.415/2017); e a Estruturação Federal da Paraíba, João Pessoa/PB, 2013. Dispo-
nível em: <http://tede.biblioteca.ufpb.br/handle/te-
do MedioTec (2017).
de/4721?locale=pt_BR>. Acesso em: 12/06/2019.
Referências CUNHA, Luiz Antônio. O ensino de ofícios nos pri-
mórdios da industrialização. São Paulo: Editora
ANDREOTTI, Azilde Lina. A administração escolar na
Unesp, 2000.
era Vargas e no nacional desenvolvimentismo (1930
- 1964). HISTEDBR On-line, Campinas, n. especial, _______. O ensino industrial-manufatureiro no Bra-
p.102-123, ago. 2006. Disponível em: <http://www. sil. Revista Brasileira de Educação, n.14, p. 89-107,
histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/22e/ar- 2000. Disponível em: <http://www.anped.org.br/
t8_22e.pdf>. Acesso em: 20/05/2019.  rbe/rbedigital/rbde14/rbde14_07_luiz_antonio_
cunha.pdf>. Acesso em: 19/05/2019.
BRASIL. Leis, Decretos. Decreto nº 7.566, de 23 de
setembro de 1909. Crêa nas capitaes dos Estados DOURADO, Luiz Fernandes. Avaliação do plano nacio-
da Republica Escolas de Aprendizes Artifices, para nal de educação 2001-2009: questões estruturais e
o ensino profissional primario e gratuito. In: Diário conjunturais de uma política. Educação e Socieda-
Oficial da União - Seção 1 - 26/9/1909. p. 6975. de, Campinas, v. 31, n. 112, p. 677-705, jul./set.
(Publicação Original). 1909. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/
v31n112/03.pdf >. Acesso em: 19/03/2019.
_______. Leis, Decretos. Decreto nº 13.064, de 12 de
Junho de 1918. Dá novo regulamento ás Escolas de FAUSTO, Boris. O Estado Novo no contexto interna-
Aprendizes Artifices. Diário Oficial da União - Seção cional. In: PANDOLFI, Dulce Chaves (org.). Repen-
1 - 25/6/1918, p. 8380. (Publicação Original). 1918. sando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Editora FGV,
1999. p. 17-20.
_______. Leis, Decretos. Decreto nº 19.890, de 18 de
Abril de 1931. Dispõe sobre a organização do ensino FERREIRA, Lúcia de Fátima Guerra. Educação e
secundário. Diário Official - 1/5/1931, p. 6945 (Pu- Trabalho na Paraíba: a Escola de Aprendizes e Ar-
blicação Original). 1931. tífices. Saeculum, João Pessoa, n.3, p.69-79, jan./
dez. 1997. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.
_______. Leis, Decretos. Decreto nº 24.558, de 3 de
br/ojs/index.php/srh/article/view/11229/6344>.
julho de 1934. Transforma a Inspetoria do Ensino
Acesso em: 20/06/2019.
Profissional Técnico em Superintendência do Ensino
Industrial, e dá outras providências. In: Coleção de FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Centro de Pesquisa e
Leis do Brasil – 1934, p. 346. (Publicação Original). Documentação de História Contemporânea do Bra-
1934. sil. Anos 20: Café e Indústria. Rio de Janeiro, 2012.
Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dos-
_______. Ministério da Educação. Conselho Nacional
sies/AEraVargas1/anos20/CafeEIndustria>. Acesso
de Educação. Parecer CNE/CEB Nº 16/99. Diretrizes
em: 15/06/2019.
Curriculares Nacionais para a Educação Profissional
de Nível Técnico. Brasília: MEC/CNE, 1999. GOMES, Angela de Castro. Ideologia e trabalho no
Estado Novo. In: PANDOLFI, Dulce Chaves (org.).
_______. Ministério da Educação. Secretaria de Edu-
Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Editora
cação Profissional e Tecnológica. A institucionaliza-
FGV, 1999. p. 53-72.
ção da educação profissional no Brasil: as escolas
da rede federal - trajetória e perspectivas. Brasília: GOMES, Luiz Claudio Gonçalves. As escolas de
MEC/SETEC, 2009. aprendizes artífices e o ensino profissional na velha
3º SIMPIF

república. Vértices, Campos dos Goytacazes, ano 5,


_______. Ministério da Educação. Secretaria de Edu-
n. 3, p. 53-80, set./dez. 2003.
cação Profissional e Tecnológica. Um novo modelo
em educação profissional e tecnológica: concepção _______. Imagens não cotidianas: Escola de Apren-
e diretrizes. Brasília: MEC/SETEC, 2010. dizes Artífices de Campos (1910-1942). 2004. 181
f. Dissertação (Mestrado em Educação), Programa de
CANDEIA, Luciano. Mente amore pro patria doce-
Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal
re: a Escola de Aprendizes Artífices da Paraíba e a
Fluminense, Niterói, 2004. Disponível em: <http://
formação de cidadãos úteis à nação (1909 – 1942).
2013. 318 f. Tese (Doutorado em Educação), Progra-

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1483


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

www.bdtd.ndc.uff.br/tde_busca/arquivo.php?codAr- ção e Tecnologia do SENAI-SP, São Paulo,  v. 2, n.


quivo=225>. Acesso em: 07/07/2019. 3, 2008.

GOMEZ, Carlos Minayo. A preparação para o traba- PANDINI, Silvia. A Escola de Aprendizes Artífices do
lho no Brasil: dos engenhos à escola. In: COELHO, Paraná: “viveiro de homens aptos e úteis” (1910-
Carlos Alberto Gouvêa (org.). Curso de Formação 1928). 2006. 147 f. Dissertação (Mestrado em Edu-
Pedagógica em educação Profissional na Área da cação), Programa de Pós-Graduação em Educação,
Saúde: Enfermagem. Série F. Comunicação e Edu- Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006. Dis-
cação em Saúde.  Brasília: Fundação Oswaldo Cruz, ponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.
2003. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/ br/arquivos/File/2010/artigos_teses/2010/Histo-
bvs/publicacoes/form_ped_modulo_05.pdf>. Aces- ria/dissertacoes/3pandini_dissertacao.pdf>. Aces-
so em: 25/06/2019. so em: 27/06/2019.

HARDMAN, Francisco Foot; LEONARDI, Victor. Histó- PENNA, Maura. O Canto Orfeônico e os termos le-
ria da Indústria e do Trabalho no Brasil: das Origens gais de sua implantação: em busca de uma análise
aos Anos Vinte. São Paulo: Global Editora, 1982. contextualizada. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM
IFAM/INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA MÚSICA, 22., 2012, João Pessoa/PB. Anais... João
E TECNOLOGIA DO AMAZONAS. A Instituição. 2013. Pessoa/PB: UFPB, 2012. CD-ROM. p. 1439-1446.
Disponível em: <http://www.ifam.edu.br/portal/ifa-
m/a-instituicao>. Acesso em: 28/06/2019. PEREIRA, Luiz Augusto Caldas. A Rede Federal de
Educação Tecnológica e o desenvolvimento local.
IFPB/INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA 2003. 122f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvi-
E TECNOLOGIA DA PARAÍBA. Plano de Desenvol- mento Regional e Gestão de Cidades), Universidade
vimento Institucional 2010 – 2014. João Pessoa, Cândido Mendes, Campos dos Goytacazes, 2003.
2010. Disponível em: <http://cidades.ucam-campos.br/
images/arquivos/dissertacoes/2003/luiz_augusto_
KUENZER, Acácia Zeneida. O trabalho como princípio
caldas_pereira.pdf>. Acesso em: 18/07/2019.
educativo. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 68,
p. 21-28, fev. 1989. Disponível em: <http://www. PEREIRA, Samara Cristina Silva; PASSOS, Guiomar
fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/cp/arquivos/826. de Oliveira. Educação profissional técnica e suas in-
pdf>. Acesso em: 18/08/2013. terfaces com a educação propedêutica de nível mé-
dio. Educação Temática Digital, Campinas, v. 14, n.
KUNZE. Nádia Cuiabano. O Surgimento da Rede Fe-
1, p. 76 - 95, jan./jun. 2012.
deral de Educação Profissional nos Primórdios do
Regime Republicano Brasileiro. Revista Brasileira SANTOS NETO, Amâncio Cardoso. Da Escola de
da Educação Profissional e Tecnológica, Brasília: Aprendizes ao Instituto Federal de Sergipe: 1909 –
MEC/SETEC, v. 2, n. 2, p. 8-24, 2009. Disponível 2009. Revista brasileira da Educação profissional e
em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=- tecnológica, Brasília: MEC/SETEC, v. 2, n. 2, p. 25-
com_docman&task=doc_download&gid=4151&Ite- 39, 2009.
mid=>. Acesso em: 20/05/2019.
SOUZA, Ana Cláudia Ribeiro de. A legislação fede-
MENDONÇA, Sônia Regina de. Da República Velha ao ral para o ensino profissional no período de 1909-
Estado Novo: Estado e sociedade - A consolidação 1942. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 22.,
da República Oligárquica. In: LINHARES, Maria Yedda 2003, João Pessoa/PB. Anais... João Pessoa/PB,
(org.). História geral do Brasil. 9. ed. Rio de Janeiro: UFPB, 2003. Disponível em: <http://www.anpuh.
Elsevier, 1990. p. 316-326. org/arquivo/download?ID_ARQUIVO=6>. Acesso
em: 21/06/2019.
3º SIMPIF

MONTEIRO, Hamilton de Mattos. Da República Velha


ao Estado Novo: O aprofundamento do regionalismo _______. As escolas de aprendizes artífices e a le-
e a crise do modelo liberal. In: LINHARES, Maria Ye- gislação federal durante a república velha. In: CON-
dda (org.). História geral do Brasil. 9. ed. Rio de Ja- GRESSO DE PESQUISA E INOVAÇÃO DA REDE NOR-
neiro: Elsevier, 1990. p. 302-315. TE NORDESTE DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, 5.,
2010, Maceió. Anais... Maceió, 2010. Disponível em:
OLIVEIRA JÚNIOR, Waldemar de. A formação do pro-
<http://congressos.ifal.edu.br/index.php/connepi/
fessor para a educação profissional de nível médio:
CONNEPI2010/paper/viewFile/1769/1007>. Aces-
tensões e (in)tenções. Revista Eletrônica de Educa-
so em: 07/06/2019.

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1484


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019
PÓS-GRADUAÇÃO
EDUCAÇÃO E ENSINO

THEODORO, Mário. A formação do mercado de traba-


lho e a questão racial no Brasil. In: THEODORO, Mário
(org.); JACCOUD, Luciana; OSÓRIO, Rafael; SOARES,
Sergei. As políticas públicas e a desigualdade racial
no Brasil: 120 anos após a abolição. Brasília: Ipea,
2008. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/
portal/images/stories/Livro_desigualdadesraciais.
pdf>. Acesso em: 19/07/2019.

ZOTTI, Solange Aparecida. O ensino secundário nas


Reformas Francisco Campos e Gustavo Capanema:
um olhar sobre a organização do currículo esco-
lar. In:  CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO, 4., 2006, Goiânia. Anais… Goiânia:
UCG, 2006. Disponível em: <http://www.sbhe.org.
br/novo/congressos/cbhe4/individuais-coautorais/
eixo01/Solange%20Aparecida%20Zotti%20-%20
Texto.pdf>. Acesso em: 30/06/2019.

3º SIMPIF

III Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, 1485


Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB | João Pessoa - PB, 27 a 29 de novembro de 2019

Você também pode gostar