Você está na página 1de 50

Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Direito
Trabalho de Conclusão de Curso

A IMPUTABILIDADE DO SERIAL KILLER

Autores:

Juliana Braga Feliciano


Rafaela Martins Barbosa
Vailson Machado Silva
Vânder Ribeiro de Morais

Orientadora: Prof. Heloisa Maria de Vivo Marques

Brasília - DF
2015
JULIANA BRAGA FELICIANO
RAFAELA MARTINS BARBOSA
VAILSON MACHADO SILVA
VANDER RIBEIRO DE MORAIS

A IMPUTABILIDADE DO SERIAL KILLER

Documentário apresentado ao curso de


graduação em Direito da Universidade
Católica de Brasília, como requisito
parcial para obtenção do Título de
Bacharel em Direito.

Orientadora: HELOISA MARIA DE VIVO


MARQUES

Brasília
2015
Documentário de autoria de JULIANA BRAGA FELICIANO, RAFAELA MARTINS
BARBOSA, VAILSON MACHADO SILVA, VÂNDER RIBEIRO DE MORAIS intitulada
“A IMPUTABILIDADE DO SERIAL KILLER”, apresentado como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Direito da Universidade Católica de Brasília, em
_____ de _____________ de _______ defendido e aprovado pela banca
examinadora abaixo assinada:

_______________________________________________
Prof. Heloisa Maria de Vivo Marques
Orientadora
Direito – UCB

_______________________________________________
Prof.
Direito – UCB

_________________________________________________
Prof.
Direito – UCB

Brasília
2015
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradecemos a Deus, por ter nos dado saúde e força,
pela sabedoria para que pudéssemos superar as dificuldades durante esta longa
jornada.

A nossa orientadora, Professora Heloisa Maria de Vivo Marques, pelo


suporte, pelo tempo disponibilizado a nós, pela sua dedicação e empenho para o
desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso.

A nossa família, pelo amor, paciência, incentivo e apoio incondicional.

Ainda, aos entrevistados que voluntariamente se disponibilizaram e nos


forneceram uma contribuição significativa para a realização do presente
documentário.

A Universidade Católica de Brasília, seu corpo docente, direção e


administração.
Nada mais honroso do que mudar a
justiça de sentença, quando lhe mudou a
convicção.

(Ruy Barbosa)
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho, primeiramente a


Deus, que além de nos dar forças, nos
permitiu chegar até aqui de forma
vitoriosa, a nossa família por todo apoio e
incentivo durante todos esses anos, aos
amigos que estiveram presentes conosco,
e a professora Heloisa Maria de Vivo
Marques pela orientação essencial para o
desenvolvimento e conclusão deste
trabalho.
RESUMO

FELICIANO, Juliana Braga; BARBOSA, Rafaela Martins; SILVA, Vailson Machado;


MORAIS, Vander Ribeiro. IMPUTABILIDADDE DO SERIAL KILLER. 2015. 50 fls.
Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – Documentário. Universidade Católica
de Brasília, 2015.

O objetivo deste documentário é analisar, à luz da legislação brasileira, juntamente


com jurisprudência, doutrinas e entrevistas, a classificação que o assassino em série
deve ser enquadrado. Abordou-se especificamente a relação do Serial killer e a
psicopatia, bem como se crimes praticados por Serial killers devem ter um enfoque
diferenciado pela justiça. Ainda, se esses assassinos compreendem a gravidade das
suas atitudes, a capacidade de ser considerados culpados, e os tipos de
classificações penais: imputável, que é a pessoa capaz de responder pelos seus
crimes, semi-imputável, que é a pessoa prejudicada em alguma parte em seu
discernimento, e inimputável, que são os que não possuem capacidade de
responder pelos seus atos. Por fim, é feito um estudo acerca do Projeto de Lei do
Senado, nº 140/2010, que trata especificamente da questão da punibilidade do
assassino em série.

Palavras-chave: Assassino em série. Serial Killer. Imputabilidade. Psicopatia.


Doença mental. Crimes em série. Assassinatos.
ABSTRACT

FELICIANO, Juliana Braga; BARBOSA, Rafaela Martins; SILVA, Vailson Machado;


MORAIS, Vander Ribeiro. SERIAL KILLER CRIMINAL RESPONSIBILITY. 2015. 50
pages. Monography of law – documentary. Universidade Católica de Brasília, 2015.

This article aims to analyze, in the light of Brazilian Legislation, along with
jurisprudence, doctrine and interviews, the classification that the Serial Killer should
be framed. It was Approached the relationship between the Serial Killer and the
Psychopath as well as if Crimes committed by Serial Killers should have a different
Emphasis by the Justice. Moreover, if these killers comprehend the gravity of their
actions, the capacity of being considered guilty, and the Criminal Ratings: Imputable,
which is an able person to answer for his or her crimes, Semi-Imputable: which is a
person who has impaired judgments, and unimputable, the person who is not able to
answer for his acts. Lastly, it is made a study about the Senate’s Law Project nº
140/2010, that deals specifically with the punishment for Serial Killers.

Keywords:. Serial Killer. Imputabilidade. Psychopath. Doença mental. Serial Crimes.


Murder.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 111

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 122

2.1. Objetivo Geral ................................................................................................. 122

2.2. Objetivos Específicos ................................................................................... 122

3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 133

4. REFERENCIAL TEÓRICO I................................................................................ 144

AUTORA: JULIANA BRAGA FELICIANO ............................................................. 144

4.1 SERIAL KILLER: ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS ..................... 144

4.2 A IMPUTABILIDADE E SUA APLICABILIDADE EM RELAÇÃO AO SERIAL


KILLER ................................................................................................................... 144

4.3 A PERSONALIDADE PSICOPATA DO SERIAL KILLER................................ 155

4.4 O PROJETO DE LEI 140/2010 ......................................................................... 166

5. REFERENCIAL TEÓRICO II............................................................................... 188

AUTORA: RAFAELA MARTINS BARBOSA ......................................................... 188

5.1 O SERIAL KILLER: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL ................................ 188

5.2 A IMPUTABILIDADE DO SERIAL KILLER ........................................................ 19

5.3 A RELAÇÃO ENTRE O SERIAL KILLER E A PSICOPATIA ............................ 19

5.4 O SERIAL KILLER NO BRASIL: O PROJETO DE LEI 140/2010 ................... 200

6. REFERENCIAL TEÓRICO III.............................................................................. 222

AUTOR: VAILSON MACHADO SILVA .................................................................. 222

6.1 SERIAL KILLER E SUAS CARACTERÍSTICAS .............................................. 222

6.2 A IMPUTABILIDADE DO SERIAL KILLER ...................................................... 233

6.3. SERIAL KILLER E A PSICOPATIA ................................................................ 244

6.4. O PROJETO DE LEI 140/2010 ........................................................................ 255


7. REFERENCIAL TEÓRICO IV ............................................................................. 266

AUTOR: VÂNDER RIBEIRO DE MORAIS ............................................................. 266

7.1 CONCEITO DE SERIAL KILLER ..................................................................... 266

7.2 A IMPUTABILIDADE DO SERIAL KILLER ...................................................... 266

7.3. A PSICOPATIA E O SERIAL KILLER ............................................................. 277

7.4. O PROJETO DE LEI 140/2010 ........................................................................ 277

8. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 29

9. SUMÁRIO EXECUTIVO ...................................................................................... 290

9.1. Objetivo ...................................................................................................................................... 300

9.2. Formato ...................................................................................................................................... 300

9.3. Viabilidade ................................................................................................................................. 300

9.4. Estratégia ................................................................................................................................... 300

10. ESCALETA ......................................................................................................... 31

11. METODOLOGIA ................................................................................................. 45

11.1. Do tipo de pesquisa .......................................................................................... 45

11.1.1. Do ponto de vista de seus objetivos .............................................................. 45

11.1.2. Do ponto de vista de sua natureza ................................................................ 45

11.1.3. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema............................... 45

11.1.4. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos ............................................. 45

11.2. Método de abordagem ..................................................................................... 46

11.3. Método de procedimento .................................................................................. 46

11.4. Diário de bordo ................................................................................................. 46

12. CRONOGRAMA ................................................................................................. 49

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 500


11

1. INTRODUÇÃO

O presente documentário constitui-se de uma abordagem sobre a


imputabilidade do serial killer no contexto jurídico brasileiro, discorrendo-se sobre os
aspectos históricos e conceituais do serial killer e sobre as questões que
caracterizam a imputabilidade desses criminosos à luz da legislação criminal
brasileira.
O tema em questão tem relevância em decorrência dos recentes casos de
assassinatos em série ocorridos no território brasileiro e que repercutiram em toda a
sociedade, levantando questionamento sobre os aspectos que caracterizam esse
tipo de crime e, principalmente, se as leis brasileiras consideram o enquadramento
do serial killer no quadro de crimes imputáveis. Assim, discorrer sobre o que vem a
ser um serial killer e como ele se caracteriza se torna relevante para que os
profissionais da área de Direito possam desempenhar com mais segurança suas
atribuições profissionais no sentido de promover a justiça, já que o criminoso em
série apresenta uma série de características peculiares que o diferenciam dos
criminosos que cometem assassinatos em massa ou aleatórios.
Desta forma, o presente estudo tem por objetivo conceituar e caracterizar o
serial killer, ressaltando os principais aspectos que devem ser considerados para se
definir esse tipo de crime. Num segundo momento, objetiva-se apresentar os
conceitos da imputabilidade e descrever como ela é abordada na legislação
brasileira.
Para alcançar estes objetivos, foi realizada, primeiramente, uma pesquisa
bibliográfica com a finalidade de elaborar um referencial teórico por meio do qual são
apresentados conceitos, históricos e definições sobre o serial killer e a
imputabilidade sob o ponto de vista de alguns autores que discutem essa temática e
como ela é tratada no contexto jurídico brasileiro.
12

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é analisar qual punição seria adequada aos


criminosos em série, especificamente no que tange o Serial Killer Psicopata.

2.2. Objetivos Específicos

 Abordar os aspectos históricos, conceituais e características do Serial Killer;


 Definir o conceito de imputabilidade;
 Analisar a aplicabilidade da imputabilidade em relação ao Serial Killer;
 Analisar a relação entre o Serial Killer e a Psicopatia;
 Descrever a personalidade psicopata do Serial Killer;
 Abordar o Projeto de Lei 140/2010;
 Entrevistar profissionais que lidam diretamente com pessoas que sofrem de
psicopatia, bem como assassinos em série psicopatas ou não;
 Demonstrar o entendimento que a justiça brasileira vem tendo em relação aos
casos de assassinatos em série.
13

3. JUSTIFICATIVA

Um assunto que até então não tinha grande repercussão no Brasil, mas que o
número de casos vem aumentando consideravelmente são os assassinatos em
série.
Esses delitos chamam atenção e causam grande revolta popular, pois
normalmente são cometidos de forma fria, e com requintes de crueldade, chocando
a sociedade e incitando grande clamor por punição.
Tais crimes geram uma grande problemática em nosso ordenamento jurídico,
uma vez que, primeiramente são difíceis de serem investigados, e ainda, na
legislação brasileira não há o reconhecimento e a definição especifica da figura do
serial killer.
Diante desta realidade, consideramos extremamente importante a discussão
acerca da imputabilidade do serial killer, bem como do Projeto de Lei do Senado
140/2010, que vem como uma tentativa de definir o assassino em série e preencher
essa lacuna do Código Penal Brasileiro.
Devido à falta de legislação pertinente a este assunto, espera-se que com
este trabalho consigamos relatar como este tipo de criminoso vem sendo punido até
então, e quais ferramentas a justiça brasileira usa para basear suas condenações.
14

4. REFERENCIAL TEÓRICO I
Autora: Juliana Braga Feliciano

4.1 SERIAL KILLER: ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS

A prática de assassinatos em série (serial killer), no contexto social brasileiro,


tem registros recentes. Porém, sabe-se que ao longo da história da humanidade, os
assassinatos em série são registrados desde tempos remotos, sendo o primeiro
caso conhecido realizado em Roma e o mais conhecido de todos foi registrado em
meados de 1888, tendo sido cometido por Jack, O Estripador. Desde então, muitos
casos de assassinato em série têm sido registrados, inclusive no Brasil, tendo-se
recentemente sido divulgados os casos do Maníaco do Parque e o do Motoqueiro de
Goiânia.
Esses casos ocorridos no Brasil levaram a sociedade a questionar o que vem
a ser um serial killer, como ele age e o que o motiva a matar, quem são suas
vítimas, como elas são escolhidas e, principalmente, que tratamento jurídico deve
ser dado a esses assassinos.
Estudos têm sido realizados no sentido de buscar uma conceituação mais
adequada para os assassinatos em série, sendo a mais adequada, até o momento,
é apresentada pelo Instituto Nacional de Justiça dos Estados Unidades e elaborado
por Newton (2008, p. 50), segundo o qual consiste de “uma série de dois ou mais
assassinatos, cometidos como eventos separados, normalmente, mas nem sempre,
por um infrator atuando isolado. Os crimes podem ocorrer durante um período de
tempo que vaia desde horas até anos”.

4.2 A IMPUTABILIDADE E SUA APLICABILIDADE EM RELAÇÃO AO SERIAL


KILLER

A imputabilidade, conforme define Fragoso (2004, p. 197), consiste na


“condição pessoal de maturidade e sanidade mental que confere ao agente a
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar segundo esse
entendimento”.
No contexto jurídico brasileiro, a imputabilidade é atribuída, principalmente, a
todos os maiores de 18 anos de idade, pois a CF/88 afirma que os menores de 18
15

anos são considerados inimputáveis, ou seja, não possuem condições mentais e


cognitivas de responder por seus atos, sejam eles lícitos ou ilícitos, cabendo aos
seus responsáveis responder por eles. Em caso de envolvimento desses menores
com atos ilícitos, o Código Penal brasileiro determina que os menores de 18 anos
têm a imputabilidade sujeita às normas estabelecidas em legislação específica, a
exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Porém, há situações em que, independente da maior idade civil ou penal,
pode-se considerar o sujeito inimputável, como ocorre nos casos diagnósticos de
doenças mentais. Neste sentido, Alvarez (2004, p. 31), afirma que a imputabilidade
“é atribuição pericial, através de diagnóstico ou prognóstico de uma conclusão
médico legal”. Esse mesmo autor ressalta, ainda, que:

Só é reprovável a conduta do sujeito que tem certo grau de capacidade


psíquica que permita compreender a antijuricidade do fato e também a de
adequar essa conduta a sua consciência. Quem não tem essa capacidade
de entendimento e de determinação é inimputável, eliminando-se a
culpabilidade.

Entende-se que a imputabilidade, no campo do Direito Penal, envolve a


capacidade mental, física e cognitiva do indivíduo reconhecer, conscientemente, a
prática de um ato ilícito. Portanto, a imputabilidade reconhece que só há culpa por
determinado ato ilícito ou crime quando o indivíduo que o praticou for considerado
desenvolvido e mentalmente saudável.

4.3 A PERSONALIDADE PSICOPATA DO SERIAL KILLER

Para se definir a imputabilidade do serial killer é necessária uma análise


minuciosa de sua saúde mental, verificando a sua capacidade cognitiva de
responder ou não de responder legalmente por seus atos.
No contexto da saúde mental, fala-se muito sobre os Transtornos de
Personalidade (TP) que a Organização Mundial de Saúde (1993) classifica em
personalidades: esquizóides, zofrênicas, paranóides, instabilidade emocional,
histricônicas, anancásticas, ansiosas, dependentes e de comportamento anti-social.
Em geral, os Transtornos de Personalidade podem ser classificados em psicopatias
16

e sociopatias. Devido o enfoque deste estudo, serão abordados apenas alguns


aspectos da psicopatia.
Na concepção de Alvarez (2004, p. 46), tem-se que:

As personalidades psicopatas são grupos nosológicos que se distinguem


por um estado psíquico capaz de determinar profundas modificações do
caráter e do afeto, na sua maioria de etiologia congênita. Não são,
essencialmente, personalidades doentes ou patológicas, por isso seria
melhor denominá-las de personalidades anormais, pois seu traço mais
marcante é a perturbação da afetividade e do caráter, enquanto a
inteligência se mantém normal ou acima do normal.

Desta forma, a psicopatia só se revela ao longo da vida do sujeito, podendo


as personalidades psicopatas ser “irritáveis, instáveis, instintivas, tocadas,
mentirosas e fraudulosas, anti-sociais, disputadoras” (ALVAREZ, 2004, p. 46). É
possível, ainda, classificar os psicopatas em: “astêmicos, explosivos, irritáveis,
histéricos, cicloides, sensitivos-paranóides, perversos, esquizoides, hipocondríacos
e homossexuais” (ALVAREZ, 2004, p. 46).
Um serial killer com personalidade psicopata pode apresentar uma ou várias
das características citadas, porém, mesmo com a presença de várias dessas
características, pode não haver comprometimento do desenvolvimento cognitivo e
da consciência do ilícito de seus atos.

4.4 O PROJETO DE LEI 140/2010

O Código Penal brasileiro em vigor, até o momento, não trata os assassinatos


em série com uma abordagem própria e específica. Quando um serial killer é
julgado, seu caso é avaliado com base no artigo 121 do Código Penal,
considerando-se os assassinatos em série como uma forma de homicídio
qualificado.
No entanto, devido aos recentes casos de assassinatos em série ocorridos no
país, tem-se buscado modificações no vigente Código Penal para que haja uma
melhor regulamentação das penas passíveis de aplicação ao serial killer.
17

Assim, desde o ano de 210, encontra-se tramitando o Projeto de Lei


140/2010, da autoria do Senador Romeu Tuma. Esse Projeto de Lei ocupa-se em
definir o assassino em série como sendo

O criminoso que comete 3 homicídios dolosos (intencionais), no mínimo, em


determinado intervalo de tempo, sendo que a conduta social e a
personalidade do agente, o perfil idêntico das vítimas e as circunstâncias
dos homicídios indicam que o modo de operação do assassino implica em
uma maneira de agir, operar ou executar os assassinatos sempre
obedecendo a um padrão pré-estabelecido, a um procedimento criminoso
1
idêntico .

O referido Projeto de Lei considera, ainda, que além dessas características, a


definição de assassinatos em série deverá apresentar outros requisitos básicos, que
são: “a elaboração de laudo pericial, unânime, de uma junta profissional integrada
por 2 psicólogos; 2 psiquiatras; e 1 especialista, com comprovada experiência no
assunto”2.
O Projeto de Lei 140/2010 tem sido amplamente discutido, principalmente por
considerar-se que a imputabilidade do crime deve levar em consideração as
possibilidades cognitivas do assassino em assumir suas responsabilidades legais.
Com isso, as reflexões sobre as concepções defendidas por Romeu Tuma ainda
estão em discussão no meio jurídico e ainda não há um posicionamento definitivo
sobre a temática de sua proposta.

1
http://www.votenaweb.com.br/projetos/pls-140-2010
2
http://www.votenaweb.com.br/projetos/pls-140-2010
18

5. REFERENCIAL TEÓRICO II
Autora: Rafaela Martins Barbosa

5.1 O SERIAL KILLER: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL

É comum confundir-se ou mesmo tratar como sinônimos, o serial killer e o


assassino em massa. Porém, sabendo-se que o assassino serial tende a ser mais
minucioso no planejamento e pré-meditação dos crimes do que o assassino em
massa (que mata várias pessoas ao mesmo tempo, muitas vezes não havendo
prévia identificação das vítimas), tem-se quatro tipos de serial killer, conforme
classificação apresentada por Illana (2004, p. 14):

Visionário: é um indivíduo psicótico, seria aquilo que de forma ignorante


chamamos de “louco”. Ouve vozes dentro de sua cabeça e as obedece,
sofre alucinações e/ou visões.
Missionário: é o indivíduo que julga certas coisas como imorais ou indignas
e necessita de se livrar delas. Aparentemente não é psicótico e escolhe
certo grupo para matar, como por exemplo: prostitutas, homossexuais, etc.
Emotivos: é o tipo mais cruel de assassinato serial, visto que mata por
prazer e diversão, utilizando meios sádicos e cruéis.
Libertinos: são os assassinos sexuais, buscam o prazer sexual ao matar, e
esse prazer será diretamente proporcional ao sofrimento da vítima. Utilizam
a tortura e a mutilação como meio de cometer os crimes.

A partir dessa classificação, nota-se que, a maioria dos serial killers apresenta
traços de insanidade mental, apesar de, geralmente, não apresentarem qualquer
quadro específico de transtornos mentais que possam ser considerados como
justificativa para o cometimento de assassinatos em série, pois como explica Illana
(2004), o serial killer, em seu convívio social, normalmente comportam-se de forma a
não levantar qualquer suspeita sobre si, o que demonstra que ele tem consciência
da gravidade de seus atos, a exceção dos assassinatos em série cometidos por
psicopatas.
19

5.2 A IMPUTABILIDADE DO SERIAL KILLER

A imputabilidade, sendo concepções jurídicas, está diretamente associada a


consciência de estar se praticando um ato criminoso. De acordo com Morana, Stone
e Abdalla-Filho (2006), a capacidade de entender e reconhecer a ilicitude de um ato
está associada ao desenvolvimento cognitivo do sujeito. Esses autores argumentam
que
Na esfera penal, examina-se a capacidade de entendimento e de
determinação de acordo com o entendimento de um indivíduo que tenha
cometido um ilícito penal. A capacidade de entendimento depende
essencialmente da capacidade cognitiva, que se encontra, via de regra,
preservada no transtorno de personalidade antio-social, bem como no
psicopata. Já em relação à capacidade de determinação, ela é avaliada, no
Brasil e depende da capacidade volutiva do indivíduo. Pode estar
comprometida parcialmente no transtorno anti-social de personalidade ou
na psicopatia, o que pode gerar uma condição jurídica de semi-
imputabilidade. Por outro lado, a capacidade de determinação pode estar
preservada nos casos de transtornos de leve intensidade e que não
guardam nexo causal do ato cometido (MORANA, STONE e ABDALLA-
FILHO, 2006, p. 5).

O que se entende dessas colocações é que, em se tratando do serial killer,


mesmo que ele seja diagnosticado com um quadro de psicopatia ou com conduta
anti-social, não é um sujeito totalmente inimputável. Isso porque, geralmente há, por
parte desses sujeitos, condições de responder, parcial ou totalmente, por seus atos
ilícitos.

5.3 A RELAÇÃO ENTRE O SERIAL KILLER E A PSICOPATIA

A psicopatia geralmente é apontada como uma das mais relevantes


características do serial killer, pois a maioria dos casos de assassinatos em série foi
cometida por psicopatas. Isso porque, os psicopatas apresentam Transtornos de
Personalidade muito comuns entre os seriais killers.
De acordo Alvarez (2004, p. 46):
20

As características mais acentuadas nas personalidades psicopatas são:


distúrbios da afetividade, ausência de delírios, boa inteligência,
inconstância, insinceridade, falta de vergonha e de remorso, conduta social
inadequada, falta de ponderação, egocentrismo, falta de previsão,
inclinação à conduta chocante, raramente tendem ao suicídio, vida sexual
pobre e não persistem num plano de vida.

Porém, em se tratando de serial killer portador de psicose, a imputabilidade


pode deixa de ser aplicada, pois a psicose é considerada uma doença mental que
causa alucinações e delírios, podendo o psicótico não ter consciência dos seus atos
e, desta fora, tornar-se incapaz de responder legalmente por eles.
Em contrapartida, a psicopatia não é elencada como uma doença mental e os
psicopatas possuem plena consciência dos seus atos. De acordo com Ballone (apud
MARTA e MAZZONI, 2009, p. 26):

O assassino em série psicótico atuaria em consequência de seus delírios e


sem crítica do que está fazendo, quanto o tipo assassino em série psicopata
atuaria de acordo com sua crueldade e maldade. O psicopata tem juízo
crítico dos seus atos e é muito mais perigoso, devido à sua capacidade de
fingir emoções e se apresentar extremamente sedutor, consegue sempre
enganar suas vítimas.

É preciso muita seriedade e critérios bem definidos para diagnosticar a


psicopatia, principalmente em se tratando do serial killer, pois ser psicopata não
caracteriza o sujeito como um assassino em potencial.

5.4 O SERIAL KILLER NO BRASIL: O PROJETO DE LEI 140/2010

Avaliar o quadro de saúde mental do assassino em série é um dos primeiros


critérios apontados pelo Projeto de Lei 140/2010 que se encontra em tramitação no
território brasileiro.
Neste sentido, Freire (2015, p. 2) ressalta que o Projeto de Lei 140/2010 tem
como principal objetivo:
21

A inserção da figura do serial killer no direito penal brasileiro, a fim de dar a


este tipo de sujeito o tratamento que lhe é adequado, posto se tratar,
geralmente, de indivíduos com transtornos psiquiátricos, e que por sua
crueldade, são evidentes ameaças à segurança pública. Trata, portanto de
um assunto merecedor de uma atenção especial da sociedade, sendo
questão de segurança e de saúde pública.

A necessidade de se definir uma norma que regulamente o tratamento jurídico


do serial killer se deve ao fato de que esses assassinos precisarem ser julgados de
forma especial, pois os assassinatos cometidos por eles vão muito além das
tipificações previstas no atual Código Penal Brasileiro.
22

6. REFERENCIAL TEÓRICO III


Autor: Vailson Machado Silva

6.1 SERIAL KILLER E SUAS CARACTERÍSTICAS

Uma das principais características do serial killer é a escolha das vítimas que
ocorre de forma cuidadosa, geralmente sendo selecionadas pessoas do mesmo tipo
e com características semelhantes. De acordo com Marta e Mazzoni (2009, p. 23):

O ponto mais importante para o diagnóstico de um assassino em série é um


padrão semelhante bem definido do modo como ele lida com seu crime.
Com frequência, eles matam seguindo um determinado padrão, seja através
de uma determinada seleção da vítima, seja um grupo social com
características definidas, como prostitutas, homossexuais, policiais, etc., por
exemplo. As análises dos perfis de personalidade estabelecem, como
estereótipo dos assassinos em série (evidentemente aceitando-se muitas
exceções), homens jovens, de raça branca, que atacam preferencialmente
as mulheres, sendo que seu primeiro crime foi cometido antes dos 30 anos.
Alguns sofreram uma infância traumática, devido a maus-tratos físicos ou
psíquicos, motivo pelo qual têm tendência a isolar-se da sociedade e/ou
vingar-se dela.

Observa-se, nos escritos sobre o serial killer, que um ponto comum nas
abordagens defendidas pelos autores é o fato de que a maioria dos assassinos em
série age motivada pela busca de controle e domínio de suas vítimas como uma
forma de obtenção de satisfação pessoal. Outro aspecto que deve ser considerado
ao se diagnosticar o serial killer é seu contexto histórico e familiar, pois como foi
afirmado pelos autores pesquisados, esse indivíduo, em geral, passou por situações
traumáticas durante a infância e essas podem ter-lhe desencadeado uma série de
frustrações que o levam a viver em um mundo imaginário no qual sente a
necessidade de causar as suas vítimas os sofrimentos pelos quais passou (MARTA
e MAZZONI, 2009).
23

6.2 A IMPUTABILIDADE DO SERIAL KILLER

Pode-se compreender que o serial killer psicótico se enquadra nas


características do assassino em série desorganizado, enquanto serial killer
psicopata se enquadra no tipo organizado. O simples fato de planejar,
meticulosamente, seus crimes já coloca em voga a imputabilidade do serial killer
psicopata ou organizado. E, contrariamente, as características do psicótico torna, na
maioria dos casos, o serial killer inimputável.
Na concepção de Marta e Mazzoni (2009, p. 25), os assassinos em série
classificados como organizados caracterizam-se como

Pessoas solitárias por se sentirem superiores e julgarem que ninguém


pode ser suficientemente bom para eles. São muitas vezes casados e
socialmente competentes, conseguindo – em muitos casos – bons
empregos por parecerem confiáveis e aparentarem saber mais do que na
realidade sabem. Para eles, o crime é um jogo: acompanham a perícia e
os trabalhos da polícia; costumam observar de maneira atenta os
noticiários e retornar ao local onde mataram. Ademais, costumam planejar
o crime de maneira cuidadosa e carregar o material necessário para
cumprir suas fantasias e, ao interagirem com a vítima, gratificam-se com o
estupro e a tortura. Deixam poucas evidências no local do crime,
escondem ou queimam o corpo da vítima e levam um pertence da mesma
como lembrança.

O assassino em série desorganizado, por sua vez, é caracterizado como


sendo um ser solitário devido ao fato de apresentar-se socialmente como estanho ou
esquisito. E, ao contrário do serial killer organizado, “a característica da
desorganização é uma marca; são desorganizados com a casa, com o carro, com a
aparência, com o trabalho, com o estilo de vida etc. São introvertidos e não possuem
condição de planejar um crime de maneira eficiente” (MARTA e MAZZONI, 2009, p.
26). Além disso, geralmente, não costumam fazer contato com a vítima antes do
crime, mas também se gratificam em torturá-la ou estuprá-la, muitas vezes
cometendo canibalismo ou necrofilia.
Em síntese, o serial killer desorganizado geralmente age por impulso e
demonstra pouco controle emocional, o que é comum entre os psicóticos. Por sua
vez, o serial killer organizado apresenta um elevado nível de atividade mental e
24

autocontrole de suas emoções, características essas consideradas comuns entre os


sujeitos definidos como mentalmente saudável, o que o coloca em condições de
responder legalmente por seus atos.

6.3. SERIAL KILLER E A PSICOPATIA

O serial killer, quando diagnosticado com algum tipo de Transtorno de


Personalidade, deve receber tratamento jurídico-penal condizendo com sua
capacidade de entendimento e determinação, ressaltando-se porém, que esses
transtornos não se caracterizam como doenças mentais e que, portanto, seu
diagnóstico não exime o assassino em série da responsabilidade de seus atos.
Neste sentido, Morana, Stone e Abdalla-Filho (2006, p. 67) afirmam que:

Na esfera penal, examina-se a capacidade de entendimento e de


determinação de acordo com o entendimento de um indivíduo que tenha
cometido um ilícito penal. A capacidade de entendimento depende
essencialmente da capacidade cognitiva, que se encontra, via de regra,
preservada no transtorno de personalidade anti-social, bem como no
psicopata. Já em relação à capacidade de determinação, ela é avaliada no
Brasil e depende da capacidade volitiva do indivíduo. Pode estar
comprometida parcialmente no transtorno anti-social de personalidade ou
na psicopatia, o que pode gerar uma condição jurídica de semi-
imputabilidade. Por outro lado, a capacidade de determinação pode estar
preservada nos casos de transtorno de leve intensidade e que não guardam
nexo causal com o ato cometido.

Assim, é necessária uma análise criteriosa e sistemática da saúde mental e


da personalidade do serial killer para que este possa ser julgado e tratado
adequadamente. Mas, para isso, a legislação brasileira deve estar bem delineada no
sentido de pontuar tais aspectos como relevantes nos casos de assassinatos em
série.
25

6.4. O PROJETO DE LEI 140/2010

O cenário jurídico e penal brasileiro não apresenta uma normatização que


enquadre adequadamente o serial killer, nem mesmo quando este é diagnosticado
com Transtornos de Personalidade. Como argumenta Freire (2015, p. 3),

Não existe no Direito brasileiro, nem mesmo um conceito jurídico-penal para


o homicídio em série. Os tipos penais vigentes e aplicáveis a tais casos, no
ordenamento jurídico atual são, na verdade, insuficientes para a efetivação
de uma punição adequada, que responda verdadeiramente a esses atos
reprováveis.

O Projeto de Lei 140/2010 tem sido uma proposta de modificação do Código


Penal visando sanar essa lacuna. Freire (2015, p. 3) afirma que a proposta desse
Projeto de Lei é muito importante devido ao fato de que os assassinatos em série
não devem ser tratados como “um homicídio simplesmente qualificado, pois dele
derivam várias condutas de extrema violência por parte do agente”. Desse modo,
acredita-se que as novas mudanças no ordenamento jurídico são de extrema
relevância para o julgamento mais justo dos casos que envolvam serial killer.
26

7. REFERENCIAL TEÓRICO IV
Autor: Vânder Ribeiro de Morais

7.1 CONCEITO DE SERIAL KILLER

De acordo com Morana, Stone e Abdalla-Filho (2006), o serial killer pode


apresentar traços de psicopatia e sadismo. Porém, isso não significa que todo
sádico ou psicopata seja um serial killer. Mas, há uma maior probabilidade do serial
killer ser um psicopata ou sádico. Por isso, torna-se relevante um atendimento
criterioso do serial killer, pois os assassinatos cometidos por eles e seu
comportamento quando são presos demonstram traços de sua personalidade que
precisam ser devidamente considerados quando de seu diagnóstico e tratamento.
Marta e Mazzoni (2009) ressaltam que a maioria dos assassinatos em série é
cometida por pessoas que estão conscientes de que seus atos são contrários às
regras sociais e possui compreensão da gravidade e das consequências de seus
atos, o que tornaria inaplicável a imputabilidade para esses casos. Por isso, se faz
necessário uma abordagem sobre a imputabilidade e sua aplicabilidade, enfocando
como a questão tem sido tratada pelo jurídico brasileiro.

7.2 A IMPUTABILIDADE DO SERIAL KILLER

A imputabilidade do serial killer será determinada após as investigações sobre


a presença ou não de algum tipo de doença mental, pois como explicam Marta e
Mazzoni (2009, p. 27):

É evidente que o assassino em série não é uma pessoa normal. Mas não
significa que ele não tenha consciência do que faz. Os assassinos em série,
em sua maioria, são diagnosticados como portadores de transtorno de
personalidade antissocial e, muito embora possam não ter domínio para
controlar seus impulsos, sabem muito bem distinguir o que é certo e errado,
tanto que se preocupam em não ser apanhados.

E, principalmente nos casos do serial killer organizado, há uma preocupação


em manter uma imagem socialmente aceitável e em encobrir as pistas dos seus
crimes, eliminando ao máximo as suspeitas sobre si ou evidências que possibilitem
27

sua identificação ou o relacionem com o ato ilícito praticado. Consequentemente,


estando consciente de seus atos e da ilicitude dos mesmos, o serial killer se torna
legalmente imputável.

7.3. A PSICOPATIA E O SERIAL KILLER

A psicopatia, um Transtorno de Personalidade (TP), consiste de alterações


comportamentais, sociais, psicológicas e afetivas que o sujeito apresenta ao longo
de sua vida.
Na concepção de Filho, Teixeira e Dias (2009, p. 2)

A psicopatia é um conceito psicológico de significado controverso. No


entanto, a dificuldade em especificá-lo e delimitá-lo não impediu que a
psicopatia se estabelecesse como um rótulo útil para designar certos
quadros comportamentais e afetivos, tanto nas áreas médica e psicológica,
quanto no âmbito jurídico e até mesmo entre o público leigo.

Durante muito tempo, a psicopatia era estudada tendo como público-alvo os


reclusos em manicômios jurídicos devido ao fato de ser os psicopatas estarem
envolvidos com atos ilícitos, devido a sua pouca capacidade de envolvimento
emocional, de sentir culpa ou remorso por seus atos. Além disso, o psicopata tende
a ser um indivíduo com elevado desenvolvimento cognitivo e frieza ao planejar suas
ações.
Desta forma, a psicopatia é, geralmente, apontada como uma das
características do serial killer, demandando que seja feita uma avaliação psicológica
e psicanalítica do sujeito que comete assassinatos em série para determinar a
presença ou não de algum Transtorno de Personalidade e, a partir do diagnóstico
elaborado, se definir as melhores formas de tratamento e acompanhamento desses
sujeitos.

7.4. O PROJETO DE LEI 140/2010

O Projeto de Lei 140/2010, além de apresentar propostas de definição e


tratamento aos seriais killers, considera que deve haver uma maior rigorosidade
28

penal ao assassino em série, trazendo em seu art. 9º um texto de defende que seja
vedada “a concessão de anistia, graça, indulto, progressão de regime ou qualquer
tipo de benefício penal ao assassino em série”.
Este ponto do Projeto de Lei 140/2010 merece uma análise mais profunda e
criteriosa para que se evite ferir os direitos constitucionais do assassino em série,
inclusive no que diz respeito a princípio da igualdade (FREIRE, 2015) e levando-se
em consideração todos os pormenores que envolvem a personalidade do sujeito, os
fatores que motivaram seus atos ilícitos e demais aspectos legais do caso em
análise.
No entanto, não se pode negar a necessidade de uma reformulação do
Código Penal brasileiro para que o serial killer seja tratado de forma juridicamente
adequada.
29

8. CONCLUSÃO

A história jurídica brasileira tem registrado, recentemente, tipos de crimes


pouco comuns até então que são os assassinatos em série. Esse tipo de crime
diferencia-se dos assassinatos em massa que têm como principais características o
homicídio indiscriminado de várias pessoas ao mesmo tempo. Os assassinatos em
série, por sua vez, caracterizam-se pelo cometimento de três assassinatos ou mais,
seguindo padrões semelhantes de execução e em tempos intervalados nos quais o
assassino forma um perfil ou uma espécie de assinatura dos seus crimes.
De acordo com as fontes pesquisadas, verificou-se que o serial killer tende,
na maioria dos casos, a apresentar algum tipo de transtorno de personalidade,
destacando-se entre eles a psicopatia, o que justifica a frieza e crueldade com que o
serial killer executa suas vítimas.
Em se tratando da imputabilidade, verificou-se que para o sujeito ser
considerado inimputável, é necessário que ele não tenha consciência da ilicitude dos
seus atos ou condições cognitivas de responder por eles. Entende-se, então, que
mesmo o serial killer, diagnosticado como psicopata, tem plena capacidade
cognitiva, já que planeja minuciosamente seus crimes e preocupa-se em esconder
os indícios que o relacione aos assassinatos cometidos, pois teme ser preso.
No caso da sociedade brasileira, o Código Penal em vigor não trata sobre o
serial killer de uma forma específica, fazendo-se necessário renovar o referido
Código para que os casos de assassinatos em série possam ser julgados de forma
adequada e justa. E neste sentido, o Projeto de Lei 140/2010 visa fazer essas
adequações ao Código Penal, mas alguns de seus artigos ainda colidem com a
Constituição Federal e merecem uma análise mais crítica para que se possa
atualizar a legislação penal brasileira sem ferir direitos constitucionais fundamentais.
Contudo, acredita-se que este trabalho buscou conceituar o serial killer, sua
forma de agir, e a maneira como vem sendo julgados os referidos casos dessa
natureza pelo Judiciário Brasileiro. Identifica-se a necessidade de novas pesquisas
com o fim de trazer maiores conhecimentos jurídicos sobre as características desses
criminosos e sua maneira de abordar suas vítimas, representando grande relevância
para a comunidade acadêmica e jurídica novos trabalhos acerca deste tema.
30

9. SUMÁRIO EXECUTIVO

9.1. Objetivo

O presente documentário aborda a questão da imputabilidade do serial killer


no contexto jurídico brasileiro, abrangendo os aspectos conceituais e históricos do
assassino em série ou serial killer e sobre as questões que caracterizam a
imputabilidade desses criminosos à luz da legislação criminal brasileira.

9.2. Formato

Documentário com duração de aproximadamente 22 (vinte e dois) minutos e


27 (vinte e sete) segundos, gravado com câmera marca CANON, modelo 60D, com
formato tela standart de 16:9, suporte para DVD.

9.3. Viabilidade

Tendo em vista o crescente aumento de crimes cometidos por assassinos em


série no Brasil, bem como a lacuna existente na legislação brasileira acerca do
assunto, tal documentário será destinado ao âmbito acadêmico, especificamente,
docentes e discentes do curso de Direito, público em geral, e quaisquer interessados
em conhecer mais sobre o assunto.

9.4. Estratégia

Através de rede sociais (Facebook, Twitter, Instagram), telefone (SMS, WhatsApp,


Webchat), bem como pessoalmente, serão convidados discentes do curso de direito,
entrevistados, amigos e familiares para assistir a apresentação deste trabalho nas
dependências da Universidade Católica de Brasília.
31

10. ESCALETA

2015

Duração Tema Imagem / texto Trilha sonora Fala

Fala de
abertura –
00:00:00 Introdução “Eles praticam os crimes
Fala do geralmente com o mesmo
- Entrevista entrevistado Trilha sonora: modus operandi, é... contra
delegado Dr. instrumental um grupo determinado de
00:00:07 Bruno vítimas,
Gordilho

Fala de
abertura –
00:00:08 Introdução “Em casos mais moderados
Fala do e graves é.. no meu
- Entrevista entrevistado Trilha sonora: entendimento as pesquisas
psicologo Dr. instrumental indicam claramente que o
00:00:15 Luciano tratamento não funciona.”
Costa

Fala de
abertura –
00:00:16 Introdução Fala do “De tal forma que o
entrevistado assassino em série mata de
- Entrevista Trilha sonora: pouco a pouco, mas
procurador instrumental continuamente.”
00:00:22 Dr. Diaulas
Ribeiro

Fala de
abertura –
00:00:22 Introdução Fala do “Precisariam ficar num lugar
entrevistado longe da sociedade, por
- Entrevista Trilha sonora: quanto tempo eles
psiquiatra Dr. Imagem de instrumental vivessem, porque não
00:00:32 Guido Arturo internet diminui a periculosidade
Palomba social deles”

Fala de
abertura –
00:00:33 Introdução
Fala
- Entrevista do entrevistado Trilha sonora: “Então esse indivíduos,
defensor instrumental como regra, vão responder
00:00:36 público Dr. penalmente por esses
Carlos fatos.”
Praxedes

00:00:37 Título: Trilha sonora:


IMPUTABILIDAD Apologia
- Título E DO SERIAL Sonora - -
KILLER Mente
00:00:46 Psicopata
32

Animação
Vinheta de passando
00:00:47 abertura movimentos da Trilha sonora -
rua e filmagem do Apologia
- entrevistado Sonora - -
Tiago Henrique Mente
00:01:05 Gomes da Rocha. Psicopata

“Alguns Serial Killers são


Entrevista Fala do psicopatas, mas eu também
00:01:06 com entrevistado entendo esse mérito de
Psicólogo Dr. é..cha..chama..criminosos
- Luciano da - chamados serial killers que
Costa Fala sobre a não necessariamente tem
00:01:21 relação do serial um diagnóstico de
killer com a psicopatia, ou dos seus
psicopatia equivalentes atuais. “

“Psicopatia e assassinatos
em série caminham a par e
baixo. Você tem muitos
Entrevista Fala do assassinos em série que
00:01:22 com entrevistado são psicopatas. Agora, nem
Psiquiatra todos assassinos em série
- Dr. Guido Fala sobre a - são psicopatas, você pode
Arturo relação do serial ter também doentes
00:01:56
Palomba killer com a mentais, e até mesmo
psicopatia indivíduos portadores de,
vamos chamar assim...
normalidade mental nos
indivíduos chamados
criminosos comuns, que
não são nem doentes
mentais, nem psicopatas,

e são criminosos comuns.

00:01:57 Trilha sonora -


Transição de Animação Apologia
- uma passando Sonora - -
entrevista movimentos da Mente
00:02:01 para outra rua. Psicopata

“Na verdade o assassino


em massa é o indivíduo que
programa ações criminosas,
numa única ação, e muitas
00:02:02 Falas do vítimas de uma única vez,
Entrevista Entrevistado uma figura muito próxima
- com ao concurso formal do
Procurador Diferença entre nosso direito penal que com
00:02:30 -
Dr. Diaulas assassino em uma única ação criminosa
massa ele mata dezenas, centenas
e assassino em de pessoas. Já o serial
série killer, é o indivíduo que
pratica um crime de cada
vez, mas com uma forma
de agir semelhante.”
33

“É possível que em
Entrevista Falas do determinada situação esse
00:02:31 com entrevistado - um.. serial killer, um
Defensor assassino em série, possa
- Público Dr. Faz introdução haver uma...a..
Carlos sobre desconfiança em relação à
00:02:47 Praxedes Imputabilidade sua saúde psíquica.”

“Quanto ao grau de
imputabilidade penal, é a
Fala do assim: de uma maneira
entrevistado estática, você tem o
00:02:48 Entrevista assassino criminoso
com Fala sobre a comum, seja serial, seja é...
- psiquiatra Dr. Imputabilidade não serial, o assassino puro
Guido Arturo e simplesmente, ele vai
00:03:30
Palomba Imagens da para a imputabilidade. O
internet de - assassino serial doente
arquivo de mental ele vai para a
entrevista do Dr. inimputabilidade, e o
Guido. assassino serial fronteiriço,
ou seja, psicopata, ele vai
para semi-imputabilidade.”

“Nesses casos, onde


houver é... dúvidas
razoáveis a respeito da
saúde psíquica, é possível
haver uma verificação
através de um incidente no
processo penal, que é
Entrevista incidente de sanidade
com Falas do mental, e uma vez feito a
00:03:31 Defensor Entrevistado perícia médica por
Público Dr. especialistas, comprovado
- Carlos Trata sobre a - que à época do fato ele não
Praxedes Imputabilidade era capaz de entender o
00:04:19 caráter lícito do fato e nem
de determinar se de acordo
com esse entendimento, ai
esse indivíduo será
considerado pela justiça
penal como inimputável,
portanto não será tratado,
não receberá do... da..da
justiça penal, do direito
penal, a pena como
resposta ao seu fato
praticado, ele responderá
uma medida de segurança
que é uma medida
preventiva, e não é
punitiva.”

“O grau de imputabilidade,
ele não depende
especificamente e
exclusivamente do
diagnóstico do indivíduo,
claro que tem uma certa
34

correspondência, mas ele


depende
fundamentalmente, o grau
de imputabilidade, ele está
baseado em dois grandes
pilares: a capacidade do
Imagens da individuo de entender o
internet de caráter criminoso do fato e
00:04:20
Entrevista arquivo de a capacidade do indivíduo
- com entrevista do Dr. - de determinar-se de acordo
psiquiatra Dr. Guido. com esse entendimento. Ou
00:06:43 Guido Arturo Imagens da seja, se entende
Palomba internet – Seriado perfeitamente o que ele
Dupla Identidade está fazendo, e ele ah...
– Rede Globo tem a capacidade de frear
tudo isso, de não fazer se
quiser, ou seja, se ele tem
plenas as capacidades de
entender, entendimento e
determinação que
correspondem à razão e ao
livre arbítrio, se ele tem
essas duas capacidades
íntegras, então o crime é
imputável, o crime é
atribuído à ele. Ele se torna,
o crime é imputável à esse
indivíduo, e o juiz vai julgar
ele como uma pessoa
responsável. Agora, se
essa capacidade de
entendimento estava
prejudicada, a...o...o..
capacidade de
determinação, ela também
não era pré.. plena.. ele
estava tomado por um, por
um desejo é.. mórbido, por
uma impulsão, é.. não
conseguia frear, então ele
pode ir para a semi-
imputabilidade. O...a... isso
ai é possível ele sendo
psicopata, ou tendo
qualquer outro diagnóstico
psiquiátrico. Agora, ele
também pode ser um..um..
um assassino serial ah..
do..a.. doente metal que
não tinha capacidade de
entender o que ele estava
fazendo. Por exemplo: ele
tomado de um delírio, de
uma alucinação, ele fala ó:
vou exterminar todas essas
pessoas, tais e tais e tais
pessoas, mas tomado por
um delírio, por uma
alucinação. Que tipo de
entendimento é esse? È um
35

entendimento doentio,
mórbido e delirante,
portanto não é um
entendimento correto,
certo? Um.. um
entendimento ah..ah.. certo.
Então, é.. ele não tinha de
fato capacidade de
entender o que ele fazia.”

“Até pela dificuldade de se


identificar se ele é um serial
killer, ou se ele é um
criminoso comum, é.. o
00:06:44 Entrevista Falas do inquérito policial e o
com entrevistado processo, ele tem o rito
- delegado Dr. - normal, pra qualquer tipo de
Bruno crime que é praticado, não
00:07:11
Gordilho Trata sobre o tem um rito específico pra
inquérito policial serial killer, porque isso é
até uma construção que é...
que.. os psiquiatras,
psicólogos fazem. Mas para
o processo e o inquérito
policial seguem o rito
normal, de todo tipo de
crime de homicídio.”
36

“Lembrando que tem


doenças mentais que são
absolutamente incuráveis,
ele nasce assim e morre
assim. E quando ele
atravessa um certo sentido
criminal, uma certa barreira
criminal, não tem mais volta
e não tem mais
00:07:12 recuperação social, então
Imagens da seria como se fosse, entre
- Entrevista internet de aspas, um..um.. uma
com arquivo de segregação perpétua da
00:08:11 psiquiatra Dr. entrevista do Dr. - sociedade. E isso muitas
Guido Arturo Guido. vezes é necessário, e assim
Palomba também “pros” indivíduos
Animação retirada que tem, “pros” indivíduos
da internet com psicopatas que podem até
filmagens de sair judicialmente com a
ruas. semi-imputabilidade, mas
eles são pessoas
portadoras de
periculosidade permanente,
pro resto da vida. Se todo
mundo age direitinho, se os
peritos forem bons, se o juiz
é..a..a...a.. for também
diligente com o Ministério
Público eles ficariam pro
resto da vida longe da
sociedade. Mas não é bem
isso que acontece na
prática, muitas vezes os
erros eles são ai
abundantes nessa área.”

“De maneira estrutural, o


crime estruturado dentro de
uma organização que
começa com uma linha de
comando e vai até uma
linha, normalmente mais
inferior, que são os
executores e etc. Já o crime
desorganizado, também
00:08:12 Entrevista Fala do Trilha sonora: sempre existiu, que não há
com entrevistado Apologia conceito absoluto para isso,
- procurador Animação retirada Sonora - é um crime que não segue
Dr. Diaulas da internet com Mente uma ordem empresarial,
00:08:59 Costa Ribeito filmagens de rua Psicopata que são os crimes
praticados por pessoas
momentaneamente de
qualquer maneira, e que
normalmente deixam mais
é..é.. pistas e mais
fragilidades para a
investigação. Uma das
características que marca o
crime organizado é a..a
forma de agir impedindo a
37

atuação das autoridades.”

“Geralmente a gente toma


conhecimento de um crime,
e ai a gente vai apurando e
descobre que tem relação
com outro crime e assim
sucessivamente, até a
gente descobrir que foram
todos praticados pelo
00:09:00 -
Entrevista Falas do mesmo autor e assim
- com entrevistado entender que foi um
delegado Dr. assassinato em série,
00:09:31 Bruno praticado por um mesmo
Gordilho autor. Mas os crimes, as
provas que a gente coleta,
geralmente são no local do
crime: testemunhais,
pericia, laudo de perícia, se
tiver impressão digital em
algum objeto que ele deixou
la no local.”

00:09:32 Imagem da Trilha sonora:


Transição de internet – Apologia
- imagem Entrevista com Sonora - -
“Pedrinho Mente
00:09:44 matador” Psicopata

“Um número enorme de


parceiros, é.. conjugais,
simultaneamente,
comportamento recorrente,
uma atitude de
irresponsabilidade e
dificuldades de assumir
compromissos, uma
Entrevista impulsividade na realização
00:09:45 com Dr. Falas do - de atos, inclusive atos
Luciano – entrevistado violentos, é... uma
- Característic tendência a se entediar
as do serial facilmente, uma busca por
00:10:26 killer estimulações emocionais
fortes, paradoxalmente,
uma certa frieza emocional,
emoções e sentimentos
mais superficiais que
profundos. Uma certa
dificuldade de planejar o
futuro né... E muitas vezes
um comportamento
parasitário de é.. se ligar a
pessoas, utilizar as pessoas
para conseguir benefícios
próprios.”

Pedrinho: Gostar...Vício...
Próprio vício é um hábito..
Eu gosto mais de mata na
faca né, estilete, e quando
não tem vai na mão
38

“memo”, pontapé, no soco,


estrangulado, dependendo
do preparo físico da
pessoa. (...)

Marcelo Resende: Você,


como se sentia?

Pedrinho: eu sentia um
alívio né?

Marcelo Resende: Ah é?

Pedrinho: é, um alivio, já
- descarregou o que tinha
Entrevista de Imagem da
que descarregar, sem
00:10:27 Marcelo internet –
contar que matando ele ali
Resende Entrevista de
- “cê” descarrega.
com Marcelo Resende
“Pedrinho com “Pedrinho Marcelo Resende: Você
00:11:05 matador” matador” saia normal?

Pedrinho: Normal.

Marcelo Resende: você não


sentia nada?

Pedrinho: nada.

Marcelo Resende: de
diferente?

Pedrinho: nada, de
diferente não.

Marcelo Resende: era como


se você fosse tomar um
banho?

Pedrinho: é, um banho
gelado (risadas).

Marcelo Resende: é?

Pedrinho: é verdade!

“Geralmente esses
Entrevista Falas do criminosos são pessoas é..
00:11:06 com entrevistado muito inteligentes. Eles tem
delegado Dr. um desvio de
- Bruno Fala sobre o perfil personalidade, um
Gordilho do psicopata transtorno psicopático, é...
00:11:23 não tem remorso, e... são
pessoas até bem
sucedidas, na maioria das
vezes.”
39

“Na psiquiatria também tem


as suas patologias
incuráveis, e entre elas a
psicopatia. Você não
transforma um psicopata
nunca, o serial killer ele
nasce, se desenvolve e
Falas do morre serial killer. Você
Entrevistado jamais vai desencadear por
00:11:24 Entrevista vivências dolorosas, ou por
com Fala sobre é.. seriado de televisão, etc,
- Psiquatra Dr. psicopatia ah, esses, esses
Guido Arturo perturbados da saúde
00:12:24 Palomba Imagens da - mental. Melhor definição
internet que existe, definição boa e
- Seriado Dupla simples, é que eles são
Identidade – enfermos do caráter, o
Rede Globo caráter deles é doentio.
Entendeu? Então não tem
valores éticos e morais, o
querer dele é deformado,
eles não tem crítica, não
tem sentimentos superior
de piedade e compaixão, de
altruísmo, são altamente
egoístas, não tem remorso
nenhum com o crime que
eles praticam.”

“Muitos serial killers


também apresentam
a..a..apresentam.. podem
apresentar esse
Falas do discernimento, se houvesse
entrevistado policial próximo,
00:12:25 Entrevista testemunhas possíveis, eles
com não atacavam as suas
-
psicólogo Fala sobre a presas, as suas vítimas, tá?
00:12:54 Dr. Luciano capacidade de - Então há uma capacidade
Costa discernimento do de é.. entender, lidar e até
psicopata em alguns casos adiar, pelo
menos temporariamente, o
cometimento desses
crimes. Então não podemos
dizer que essa pessoa não
tem autonomia, não tem
razão ou não tem é..
capacidade de
discernimento.”

Imagens da “Não alucina, não delira,tem


internet um discurso coerente, mas
00:12:55 Entrevista a frieza afetiva, a absoluta
psiquiatra Dr. Entrevista de falta de remorso, sem
- Guido Arturo Marcelo Resende nenhum tipo de.. ele não
Palomba com “Pedrinho consegue entender a
00:13:15 matador” - gravidade de tudo aquilo
que ele fez, é que
“Entrevista com justamente diferencia ele
Dr. Guido Arturo
40

Palomba” das pessoas normais.”

00:13:16 Transição de Imagem da Trilha Sonora: -


entrevistas internet – cena de instrumental
- um presidio
00:13:20

“O projeto
acrescenta o parágrafo 6º
ao artigo 121, que trata do
crime de homicídio, e
considera assassino em
série o agente que comete
três homicídios dolosos, no
mínimo, em determinado
Falas do intervalo de tempo. Como
Entrevista entrevistado eu destaquei, não define
com qual é o intervalo, sendo
00:13:21 procurador Aborda as que a conduta social e a
Dr. Diaulas mudanças personalidade do agente,
- Costa previstas pelo - perfil idêntico das vítimas e
Projeto de Lei as circunstâncias dos
00:14:37 140/2010 homicídios indicam que o
modo de operação do
homicídio implica em uma
maneira de agir, operar ou
executar os assassinatos
sempre obedecendo a um
padrão pré-estabelecido, a
um procedimento criminoso
idêntico. O parágrafo oitavo,
também do artigo 121 do
Cógido, ou seja, mistura
processo com direito penal,
o agente considerado
assassino em série sujeitar-
se-á a uma expiação
mínima, mínima, de trinta
anos de reclusão, quando
nosso sistema clássico já
determina que a pena
máxima é de trinta nos,
portanto ele quer alterar
todo sistema jurídico,
resvalando, inclusive, pelo
texto constitucional. Em
regime integralmente
fechado. O Supremo já
definiu que é.. não pode
haver regime integralmente
fechado. Ou submetido à
medida de segurança, por
igual período. Ou, não
existe ou mais em direito
penal. Ou é pena, ou
medida de segurança. Se
41

cabe pena, não cabe


medida de segurança. Se
cabe medida de segurança,
não cabe a pena.”

00:14:38 Transição Imagens do Trilha sonora:


entre uma Fórum de Goiânia Apologia -
- entrevista e Sonora -
outra Mente
00:14:42 Psicopata

“Qualquer pessoa com


sofrimento psíquico ou
problemas psicológicos ou
psiquiátricos, que esteja
dentro do sistema
carcerário, tem pouco
atendimento psicológico e
médico. Isso em geral.
Aqueles considerados com
00:14:43 Falas do transtornos mais graves,
Entrevista entrevistado inclusive de personalidade,
- com tem menos ainda. Então
psicólogo Dr. Fala sobre acho que a própria estrutura
00:15:23 Luciano tratamento da do sistema carcerário, ela
Costa Psicopatia deveria ser modificada, de
algum jeito para dar conta
dessa necessidade de
- cuidar e tratar essas
pessoas. Não se trata
apenas de punir ou
recuperar, mas também um
compromisso, acho que do
Estado como um todo, e da
justiça de oferecer, né, um
tratamento adequado. Isso
não ocorre.”
“Eles, é.. eles precisariam
ficar num lugar longe da
sociedade, por quanto
tempo eles vivessem,
porque não diminui a
periculosidade social deles,
e...e.. esse lugar ah... você
Falas do teoricamente, teoricamente
00:15:24
Entrevista Entrevistado eu digo, porque isso na
- com - prática é muito difícil, eles
psiquiatra Dr. Imagens da ficariam nas casas de
00:16:54 Guido Arturo internet custódia e tratamento, que
Palomba - Seriado Dupla seria o lugar onde eles
Identidade – deveriam ficar o resto da
Rede Globo vida, e sempre para a
salvaguarda social. Mas o
problema é a aplicação da
lei. Porque a lei prevê o
seguinte: se eles, como
semi-imputabilidade, eles
42

podem pegar, medida.. em


vez de pena corporal que
só dura trinta anos, eles
podem pegar medida de
segurança preventiva, e
como medida de segurança
não é pena corporal,
teoricamente ela pode
demorar, trinta, quarenta ou
cinquenta anos, entendeu?
Como você aplica por um
exemplo no caso dos
doentes mentais, você não
aplica pena corporal,
cadeia, você aplica medida
de segurança, medida de
segurança preventiva. E
isso... que medida de
segurança não é pena,
porque a lei diz que a pena
não pode ser maior que
trinta anos, mas medida de
segurança, é.. é... ela tá
vinculada não à um
número, não à um número
de... de... anos, trinta,
quarenta, cinquenta ou dez,
sei lá, não é um número,
ela tá vinculada à
periculosidade do agente.”
“Pedrinho: O povo ai na
internet tá falando que eu
Falas do comi coração... tu..tu..tu..
entrevistado eu simplesmente cortei,
porque era vingança né?
Imagem da Cortei e joguei fora.
internet – Marcelo Resende: Você
entrevista de tirou o coração do teu pai e
Marcelo Resende jogou fora?
00:16:55 com “Pedrinho Pedrinho: um pedaço.
Entrevista Matador” Marcelo Resende: um
- “Pedrinho - pedaço você jogou fora?
matador” Pedrinho: mastiguei e cuspi
00:17:18 Fala, com frieza, fora.
sobre um crime Marcelo Resende: ah, não
cometido contra engoliu?
seu pai. Um Pedrinho: Não, isso num é
homicídio, em nada.
vingança à morte Marcelo Resende: Mas
de sua mãe. mastigou?
Pedrinho: Mastiguei pra...
porque foi vingança, eu
tinha que fazer aquilo né?
Era mãe né?
00:17:19 Imagem fórum - Narração: “Por trás da boa
Goiânia aparência, um homem frio e
- Reportagem dissimulado. Um assassino
sobre Tiago Imagem da em série, que confundiu a
00:18:02 Henrique internet – Jornal policia e deixou uma cidade
Gomes da Bom dia GO – em pânico. O que esse
43

Rocha Rede Globo homem, que confessou a


morte de trinta e nove
pessoas, tem a dizer? Tiago
Henrique Gomes da Rocha,
vinte e seis anos.”
Delegada: “Chegava, de
forma surpresa, descia da
moto, era um homem, alto,
pouca verbalizada.
Apontava a arma e já
atirava, com capacete.
Friamente, e calmamente
subia em sua moto e ia
embora.”
Imagens da
audiência Narração: “De fato
00:18:03 Audiência - conseguimos entrar onde
Tiago Depoimento eles “tava” é.. preso aqui,
- Henrique delegada no cárcere aqui, ficamos de
Gomes da frente com ele, só que
00:19:31 Rocha “tinha” muitos policiais ao
Narração do redor e ele ficou inibido e
encontro com não quis falar, ele
Tiago Henrique. começava a falar e travava,
e não conseguia
desenvolver a fala. É...
mas ele disse que por carta
ele conseguiria fornecer
mais informações “pra
nós”.”

Tiago: “Vou escrever ai tudo


e já passo pra ela.”
Narração: “Saudação à
todos. Me chamo Tiago e
atualmente estou em
Goiânia, sendo julgado pela
lei dos homens. Em minha
caminhada passei por
coisas boas e ruins, mas
isso não vem ao caso.
Penso também que o ódio
foi o combustível das
minhas ações, contudo a
00:19:32 Narração da Imagens da - peça chave da estória
carta do audiência pouca gente sabe. No inicio
- Serial Killer do processo judicial fui
Tiago caluniado; atribuíram a mim
00:20:46 Henrique Imagens da carta coisas que não fiz, etc. A
Gomes da escrita por Tiago. impressa também
Rocha atrapalhou um pouco, mas
o principal erro foi eu não
ter recebido tratamento
médico que deveria ser
dado. Houve ameaça e
coação em um momento.
Mas isso está sendo
resolvido. Tenho uma
excepcional defensora,
dona de notável
44

sensibilidade. Estou
disposto a colaborar com a
justiça e humildemente
peço perdão pelo que
aconteceu. E seja o que
Deus quiser... Um recado à
justiça: Podes tentar me
aborrecer mas tentem medir
forças com meu pai. Passar
bem. Tiago”
Repórter: o que que você
tem vontade hoje?
Tiago: receber ajuda né?
De alguma forma.
Repórter: Que tipo de ajuda
Tiago?
00:20:47 Entrevista Tiago: ajuda especializada,
com Tiago Imagens da que conheça esse caso. Eu
- -
Henrique internet - TV não conheço muita coisa.
00:21:21 Gomes da Goiânia Uma doença.. Queria sabe
Rocha qual é né, e se tiver cura
também saber né, se eu
posso ser curado ou não.
Repórter: você nunca
,nunca procurou ajuda?
Tiago: Não
00:21:22 Entrevista “Tem alguma defesa aí que
com posso adiantar ao menos
- advogada Falas da quanto falei com o laudo. O
criminal de entrevistada laudo deu instabilidade,
00:21:29 Tiago Dra. mas nada ainda está
Bruna colocado como certo.
Moreno
Pai da vítima Isadora: “E o
que ele for condenado, pra
“nóis da famia” é pouco né?
Porque o sofrimento, a dor
pra “nóis” é enorme. Mas
que ele fique muito tempo
00:21:32 Homenagem Imagens da Trilha sonora: preso lá, que ele pegue a
aos internet Renato Russo pena máxima.”
- – Os bons
familiares
das vítimas Familiares das morrem jovens Pai da vítima Bruna de
00:22:27
do serial vítimas Souza: “Choro a semana
killer inteira, o dia inteiro, ela não
sai do meu pensamento.”
Créditos
Mãe da vítima Bruna de
Souza: “Ela tinha tanto
“sonho”, queria fazer
faculdade, em agosto.”
45

11. METODOLOGIA

11.1. Do Tipo de Pesquisa

11.1.1. Do Ponto de Vista dos Seus Objetivos

Exploratória, descritiva e explicativa: Levantar dados à partir de bibliografias,


jurisprudências e doutrinas, pesquisa de campo e entrevistas com especialistas
acerca do conceito e características da figura do serial killer, ainda, abranger a
discussão em relação às punições para este tipo de criminoso.

11.1.2. Do Ponto de Vista da Sua Natureza

Pesquisa aplicada: apresentar a figura do serial killer, mais especificamente


do serial killer psicopata, demonstrando como a justiça brasileira vem tratando e
apenando tais criminosos, e a questão da imputabilidade penal.

11.1.3. Do Ponto de Vista da Forma de Abordagem do Problema

Pesquisa qualitativa: levantar conhecimentos doutrinários e jurisprudenciais


acerca da imputabilidade do serial killer.

11.1.4. Do ponto de Vista dos Procedimentos Técnicos

a) Pesquisa bibliográfica: livros, periódicos e produção da internet.


b) Pesquisa documental: Constituição Federal, Código Penal Brasileiro, Código de
Processo Penal Brasileiro, Jurisprudências, Projeto de Lei do Senado nº 140/2010.
c) Levantamento: entrevista com psiquiatra, psicólogo, delegado, docentes da
Universidade Católica de Brasília, defensor público, advogada atuante na área
criminal, preso acusado de assassinatos em série, familiares de vítimas.
46

11.2. Método de Abordagem

Método dedutivo: Será apresentado noções sobre assassinatos em série e


sua imputabilidade, onde será dado maior enfoque ao serial killer psicopata.

11.3. Método de Procedimento

Método comparativo e histórico: Ao analisar os dados colhidos através de leis,


jurisprudências, doutrinas e material publicado em artigos através da internet,
pudemos restringir aquilo que se aplica à conceituação e descrição das
características do serial killer psicopata. Além de levar em consideração a pesquisa
histórica buscando entender a maneira como é tratado o tema pelo ordenamento
jurídico brasileiro e a relevância da abordagem do presente trabalho.

11.4. Diário de Bordo

A construção deste trabalho iniciou-se com a reunião de quatro alunos do


curso de Direito, que pretendiam tratar de um tema que fosse relevante para a
sociedade e para a comunidade acadêmica. Após alguns levantamentos de temas
por cada integrante e pesquisa bibliográfica sobre cada assunto, ficou definido que o
estudo sobre a imputabilidade do serial killer haveria de ser o desafio para os
próximos meses de pesquisas e dedicação. Motivo pelo qual resolveram realizar o
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC retratando a referida temática.
A relevância da abordagem desse tema se dá pelo fato de ser crescente o
aumento de crimes cometidos por assassinos em série no Brasil, embora com uma
lacuna existente na legislação brasileira acerca do assunto. De tal forma, isso nos
instigou a produzir um documentário destinado ao âmbito acadêmico,
especificamente, docentes e discentes do curso de Direito, público em geral, e
quaisquer interessados em conhecer mais sobre a referida problemática.
A maneira que pensamos em construir este trabalho foi à partir de gravações
de entrevistas com profissionais que lidam diretamente com serial killer psicopata ou
não. Ainda, conhecer o drama das famílias das vítimas. Por fim, identificar algum
crime dessa natureza em Brasília ou região, com o fim de conseguir entrevistar
47

algum criminoso que esteja respondendo por processo, classificado como serial
killer psicopata.
Desde o início nos reunimos com a professora Heloísa Maria de Vivo
Marques, que tem formação em Psicologia Jurídica, que nos orientou a respeito do
tema e o que seria importante relatar em nosso trabalho. A princípio nos indicou
alguns livros e algumas pessoas que deveríamos entrevistar. Desse modo,
continuamente foi nos assessorando na delimitação do tema, sobre como pesquisar
e realizar as entrevistas e no direcionamento das perguntas.
Diante disso, dividimos as tarefas entre os integrantes do grupo e fomos
fazendo os agendamentos de entrevistas, levantamento de referencial teórico,
contatos por telefonemas e e-mails com profissionais que seriam entrevistados e em
outros momentos com as autorizações de uso de imagem para o documentário.
Realizamos as entrevistas na seguinte ordem: Dr. Guido Arturo Palomba
(psiquiatra forense); Dr. Luciano da Costa (psicólogo forense); Dr. Carlos André
Praxedes (defensor público); Dr. Diaulas Costa Ribeiro (procurador de justiça);
Bruno Gordilho (delegado de polícia); Bruna Moreno (advogada criminal); Tiago
Henrique Gomes (autor de crimes, considerado serial killer); Gilmar Cândido dos
Reis (pai de Isadora, uma das vítimas de Tiago).
Algumas entrevistas foram realizadas em Goiânia, em virtude do caso que
envolve o Tiago Henrique Gomes, o qual responde por crimes considerados em
série. Outras foram feitas em Brasília e uma por telefone, por se tratar do Dr. Guido
Palomba que reside em São Paulo e nos concedeu entrevista por telefonema.
Assim, todos os entrevistados estão de alguma maneira envolvidos com o tema
tratado no presente trabalho.
Durante a produção deste trabalho encontramos algumas dificuldades quanto
à existência de material acerca do referido tema. Embora recorremos à orientação
da Dr. Heloísa que mais uma vez nos direcionou. Ainda, a seleção do material das
entrevistas para compor o documentário não foi fácil, pois coletamos muita coisa
importante que ao final tivemos que restringir por conta do tempo permitido para o
documentário. Por sorte, um dos integrantes do grupo tem os conhecimentos
técnicos necessários para a edição e produção do referido documentário. Mas não
deixamos de experienciar muita ansiedade e nervosismo para ver tudo pronto e
acabado.
48

Ao final, nosso sentimento é de que conseguimos trazer o melhor de nós


mesmos na elaboração deste trabalho, com o trabalho em equipe e com o
comprometimento de todos, pudemos aprender muito juntos e que de alguma forma
conseguiremos contribuir com a comunidade acadêmica com o nosso trabalho.
49

12. CRONOGRAMA

2015

Etapa
JAN FEV MAR ABR MAI JUN

Pesquisa e Produção X X X

Levantamento X X X
Bibliográfico

Análise Crítica do X X X
Material

Elaboração do Roteiro X X X

Filmagem X X X

Decupagem X X X

Edição do Documentário X

Revisão e Redação final X X


do Memorial Descritivo

Depósito do Trabalho X

Defesa / Exibição do X
Documentário
50

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVAREZ, Fernando Valentim. A imputabilidade do serial killer. Presidente


Prudente-SP: Faculdades Integradas “Antônio Eufrásio de Toledo”, 2004
[Monografia].

CASOY, Illana. Serial killer: louco ou cruel. São Paulo: Editora Madras, 2004.

FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: parte geral. 16. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2004.

FREIRE, Renan Arnaldo. PLS nº 140/2010: o tratamento penal ao serial killer.


Disponível em: http://jus.com.br/imprimir/22638/pls-n-140-2010-o-tratamento-penal-
serial-killer. Acesso em 28 abr. 2015.

MARTA, Taís Nader; MAZZONI, Henata Mariana de Oliveira. Assassinos em série:


uma questão legal ou psicológica? Revista USCS – Direito, ano X, n. 17, jul/dez.
2009.

MORANA, Hilda C. P.; STONE, Michael H.; ABDALLA-FILHO, Elias. Transtornos


de personalidade, psicopatia e serial killers. Revista Brasileira de Psiquiatria, v.
28. São Paulo, out./2006.

NEWTON, Michael. A Enciclopédia do Serial Killers. São Paulo: Editora Madras,


2008.

Você também pode gostar