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REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS
DE POTÊNCIA

revisão mar08

1 - Introdução
A maioria dos sistemas elétricos de potência é em corrente alternada. As instalações
em corrente contínua são raras e tem aplicações específicas tais como transmitir grandes
blocos de energia a longa distancia. As informações sobre de sistemas de corrente contínua
normalmente são objeto de literatura bastante especializada.

As aplicações com corrente alternada, de grande potência, são principalmente


trifásicas. Apenas algumas aplicações específicas utilizam mais de três fases. A utilização de
redes com uma ou duas fases são destinados a suprimentos de instalações de pequenas
potências e baixas tensões, tais como instalações residenciais ou industriais. A distribuição de
energia elétrica rural é também um exemplo de instalações com uma ou duas fases.

As instalações trifásicas são construídas de tal forma que cada uma das três fases
tenham comportamentos idênticos. Assim as instalações trifásicas podem ser representadas no
formato monofásico, apenas raramente se torna necessário a representação completa de um
diagrama de circuitos com três fases.

Em sistemas de potência utiliza-se largamente a representação das grandezas elétricas


em pu (por unidade). A sua utilização atual se deve mais a razões históricas e tradição do que
propriamente a sua utilidade. A origem de sua aplicação se deveu a necessidade de simular
sistemas elétricos em laboratórios, objetivando adequar as grandezas do sistema aos
componentes existentes nos laboratórios. Como por exemplo, a representação de uma fonte de
tensão de 13,8 kV de um sistema elétrico por uma fonte de 100 V existente no laboratório.

2 - Equivalentes monofásicos
A figura 2.0 mostra o diagrama monofilar de um sistema isolado, de pequeno porte,
contendo uma usina geradora e a correspondente transmissão e carga.

Fig. 2.0
2

A figura 2.1 mostra o circuito das três fases correspondente ao diagrama monofilar da
figura 2.0.

Fig. 2.1

Normalmente não existe necessidade de representar as três fases do circuito, mesmo


existindo anomalias que impliquem em desigualdade entre as fases. A representação dos
sistemas elétricos é feita preferencialmente através de diagramas monofilares.

Os sistemas trifásicos equilibrados podem ser representados por equivalentes


monofásicos. A formulação matemática de equivalentes monofásicos é muito mais simples
que a trifásica. A figura 2.2 mostra o diagrama de circuito monofásico equivalente ao sistema
da figura 2.1.

zg zt zl zt carga

vg zc zc

Figura 2.2

A representação matemática de equivalentes monofásicos pode ser demonstrada a


partir da queda de tensão em um trecho qualquer do sistema. No caso de linhas de
transmissão, a queda de tensão em um trecho é dada por:

v  = z i  2.0

Supondo que a linha de transmissão seja equilibrada, então:

va   z f zm z m  ia 
 v  =  z 
z m  ib 
 b  m zf 2.1
 vc   z m zm z f  ic 

No caso de sistemas equilibrados, as correntes são iguais em módulo e defasadas de


120, assim a primeira linha da equação matricial pode formulada como:

va = z f ia + z mia 240 + z mia 120 2.2


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A equação 2.2 pode ser simplificada como:

va = ( z f + z m 240 + z m 120 )i a = ( z f − z m )ia 2.3

z f − zm
Denominando como z a , obtém-se:

va = zaia 2.4

A equação 2.4 mostra que um trecho de linha de transmissão trifásica equilibrada pode
ser calculado por equivalentes monofásicos. O mesmo caminho pode ser empregado para
outros componentes do sistema, de onde se conclui que sistemas trifásicos equilibrados
podem ser representados pelos correspondentes equivalentes monofásicos.

3 - Representação em pu
A representação em pu pode ser entendida como uma mudança na dimensão dos
sistemas. Definida uma tensão de base V B , a tensões em pu são V ( pu) = V / VB . As outras
grandezas elétricas em pu são definidas de maneira similar.

A mudança de dimensão de sistemas elétricos requer a definição de duas grandezas


como bases. Uma vez definidas duas bases, as bases das outras grandezas podem ser
derivadas pelas fórmulas que se aplicam ao sistema.

A potência de base é única para um determinado sistema. Por outro lado as base de
tensão, corrente e impedância, acompanham a relação de transformação dos transformadores
do sistema.

O mais usual é definir uma base de tensão VB e uma base de potência SB. Supondo
sistemas monofásicos e que VB e SB sejam grandezas correspondentes, respectivamente tensão
fase - neutro e potência monofásica, então:

I B = S B / VB e Z B = V B2 / S B 3.0

Por outro lado, se forem definidas grandezas de base em termos trifásicos, tensão fase
- fase e potência trifásica, as correspondentes correntes e impedância de base são:

I B = S B /(VB 3 ) e Z B = V B2 / S B 3.1

Verifica-se que os valores de corrente e tensão de base fornecidos pelas equações 3.0 e
3.1 são idênticos.

Exemplo 3.0 - Determinar o diagrama de impedâncias do equivalente monofásico em ohms e


em pu do sistema da figura, adotando como base 69 kV e 100 MVA na linha de transmissão.
O gerador de 13,8 kV tem uma potência de 12 MVA e reatância transitória de 30%. Os dois
transformadores são idênticos com uma relação de 13,8 kV / 69 kV, potência de 15 MVA e
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reatância de dispersão de 7%. A linha de transmissão tem 90 km de extensão, resistência


ôhmica de 0,24 ohms/km, reatância indutiva de 0,50 ohms/km e reatância capacitiva de 300
kohmskm. A carga do sistema é de 8,0 MW com um fator de potência de 0,92 em atraso
com uma tensão de operação de 13,2 kV.

Fig. 3.0.0

Solução (A) (Diagrama de impedâncias em ohms) - A resistência ôhmica e a reatância


indutiva da linha de transmissão são:

R= (0,24 Ω/km)× (90 km)= 21,6 Ω X L= (0,50 Ω /km)× (90 km)= 45,0 Ω
e

A reatância capacitiva da linha de transmissão, considerando o circuito  equivalente é:

XC= (300 k Ω× km)/( 45 km)= 6670 Ω

A reatância sub - transitória do gerador de 30% eqüivale a 0,30 pu na base de 13,8 kV e 12


MVA. Portanto a impedância de base do gerador é conhecida, o que permite o cálculo da
reatância sub - transitória em ohms, assim:

X'G(ohms)= [ X( pu)]× [ ZB ]= [0,30]× [ 13,82/12]= 4,76 Ω

A reatância de dispersão do transformador é de 7 % o que eqüivale a 0,07 pu, na base de 15


MVA e 69 kV ou 13,8 kV. No caso de transformadores a base de tensão corresponde ao lado
em que a reatância em ohms é representada. Se a reatância for representada no lado de 13,8
kV, o valor em ohms é:

X T (ohms) = [ X ( pu)]  [ Z B ] = [0,07]  [13,8 2 / 15] = 0,889 

Se a reatância do transformador for localizada no lado de 69 kV, o valor em ohms é:

X T (ohms) = [ X ( pu)]  [ Z B ] = [0,07]  [69 2 / 15] = 22,2 

A carga do sistema de 8 MW e fator de potência de 0,92 corresponde a uma potência aparente


de S = 8 / 0,92 = 8,70 MVA.

Se o fator de potência da carga está em atraso significa que a potência ativa e reativa tem o
mesmo sinal, portanto a parte reativa da carga é:

Q = 8,70  sen[arc cos (0,92)] = 3,41 MVAr

A tensão de operação na carga é de 13,2 kV o que eqüivale em termos monofásicos a


V = 13,2 / 3 = 7,62 kV . A figura 3.0.1 mostra o diagrama de impedâncias do eqüivalente
monofásico.
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j4,76 j0,889 (21,6+j45) j22,2 (2,67+j1,14)MVA

V=7,62kV
-j6670 -j6670

7,97kV/39,8kV 39,8kV/7,97kV
0,889 0,889
Fig. 3.0.1

Solução (B) Diagrama de impedâncias em pu - Sendo a base de tensão 69 kV na linha de


transmissão, tem-se como base de tensão 13,8 kV no gerador e também na carga. Assim a
impedância da linha em pu é:

z ( pu) = [ z (ohms)] / Z B = [ z (ohms)] /[69 2 / 100 ] = (21,6 + j 45) / 47,61 = (0,454 + j 0,945) pu

Da mesma forma obtém-se que a reatância capacitiva da linha é 140 pu.

Sabendo que as bases do sistema no gerador são 13,8 kV e 100 MVA, a reatância do gerador
em pu é:

X ( pu) = [ X (ohms)] / Z B = [ X (ohms)] /[13,82 / 100] = 4,76 / 1,9044 = 2,50 pu

A reatância em pu do gerador pode também ser obtida diretamente a partir do valor em de


0,30 pu na base dos valores nominais do gerador. Neste caso:

X G ( pu) = 0,30  Z Bger / Z B


sist
= 0,30[(VBger ) 2 / S Bger ] /[(VBsist ) 2 / S B
sist sist
] = 0,30  S B / S Bger

A equação acima resulta no mesmo valor que é 2,5 pu para a reatância do gerador. A reatância
do transformador pode ser encontrada com uma equação semelhante, ou seja:

transf sist
X T ( pu ) = 0,07  Z B / ZB = 0,07  100 / 15 = 0,467 pu

A carga em pu pode ser obtida simplesmente como:

S ( pu) = (8 + j 3,41) / 100 = (0,08 + j 0,0341) pu

A correspondente tensão de operação na barra de carga é então:

V ( pu ) = (13,2 kV ) /(13,8 kV ) = 0,957 pu

As relações de transformação dos transformadores (13,8 kV)/(69 kV) se tornam em relações


unitárias. A figura 3.0.2 mostra o diagrama de impedâncias em pu.

j2,50 j0,467 0,454+j0,945 j0,467 s = 0,08+j0,0341

-j140 V = 0,957
-j140

1,0 / 1,0 1,0 / 1,0


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Fig. 3.0.2

Desde que as relações de transformação são unitárias, elas podem ser removidas do circuito.
Assim o diagrama de impedâncias em pu se comporta como se não existissem
transformadores no sistema, conforme mostra afigura 3.0.3.

j2,50 j0,467 0,454+j0,945 j0,467 s = 0,08+j0,0341

-j140 V = 0,957
-j140

Fig. 3.0.3

4 - Principais componentes dos sistemas elétricos


Os principais componentes dos sistemas são máquinas, linhas de transmissão,
transformadores e cargas. A geração de energia elétrica, na maioria das vezes é feita através
de geradores síncronos. A transmissão, em sua maior parte, é feita através de linhas trifásicas
de corrente alternada. Os transformadores são utilizados para reduzir ou aumentar os níveis de
tensão. A carga é o conjunto de consumidores constituído dos mais diversos tipos.

Máquinas síncronas.
A máquina síncrona, tanto motores quanto geradores, tem a capacidade de controlar a
tensão em seus terminais. O controle da tensão objetivando manter níveis adequados de
tensão pode ser automático ou manual. O modelo mais simplificado de máquinas síncronas é
o mostrado na figura 4.0, um gerador em série com uma impedância.

vg
zg
vi (A) vg (B)

Fig. 4.0

Na figura 4.0, vg é a tensão nos terminais, vi a tensão interna e zg a impedância do


gerador. O valor de zg normalmente é determinado através de testes aplicado nas máquinas.
Os valores avaliados em projetos não são suficientemente precisos.

O controle da tensão nas máquinas síncronas atua na tensão dos terminais. A


velocidade de resposta do controle é ajustada de tal forma para que ele não atue em situações
de perturbações de curta duração, tais como curtos circuitos e estabilidade transitória. Assim
durante eventos de curto circuito e estabilidade transitória o valor da tensão interna vi
permanece constante, portanto o modelo de máquina síncrona nestas situações se comporta
como mostra a figura 4.0 (A). Por outro lado em situações normais de operação, a atuação do
controle é precisa, fazendo com que a tensão vg permaneça praticamente constante, portanto
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em situações normais de fluxo de potência o modelo das máquinas síncronas se comporta


como mostra afigura 4.0 (B), ou seja, simplesmente uma fonte de tensão.

Linhas de transmissão.
O modelo mais adequado para linhas de transmissão é o circuito  conforme mostra a
figura 4.1. A impedância série zp é composta pela resistência ôhmica e pela reatância indutiva
dos condutores. A impedância em paralelo zp é composta pela resistência ôhmica do
isolamento dos condutores e pela reatância capacitiva dos condutores. Ao contrário do que
ocorrem com máquinas síncronas, os valores estimados em projetos de linhas de transmissão
são bastante precisos, mesmo assim é um procedimento normal a medição prática dos
parâmetros das linhas de transmissão.

zs
zp zp

Fig. 4.1

Quando estimado em projeto, o modelo de linhas de transmissão mostrado na figura


4.1, no caso de linhas aéreas ele é preciso para distâncias da ordem de 200 km. Se a linha tem
extensões superiores a 200 km, ou se deseja uma grande precisão nos resultados, utiliza-se
diversos módulos  em série, ou então se utiliza equivalentes determinados através de
equações diferenciais.

Transformadores.
Os parâmetros de transformadores são determinados através de ensaios pois os valores
calculados em projetos não são suficientemente precisos. Os ensaios são feitos a vazio e sob
curto circuito.
As impedâncias de transformadores de dois enrolamentos ocorrem em ambos lados,
entretanto normalmente as impedâncias são referidas em um dos lados onde são
representadas. A figura 4.2 mostra o modelo de um circuito equivalente de um transformador
de dois enrolamentos.
zs R1/R2

zp zp

Fig. 4.2

O modelo de circuito equivalente de transformadores mostrado na figura 4.2 pode ser


simplificado conforme mostra a figura 4.3. O modelo mostrado na figura 4.3, embora mais
simples, satisfaz as avaliações de perdas e quedas de tensões na maioria das aplicações.

R1/R2 zs

zp
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Fig. 4.3

A impedância série do eqüivalente de transformadores normalmente são valores muito


menores que a impedância paralela. As resistências ôhmicas, tanto da impedância série quanto
da paralela são muito menores que a reatância indutiva.

O efeito indutivo da impedância série de transformadores é denominado de reatância


de dispersão e o efeito resistivo é provocado pela denominada "perdas no cobre". O efeito
resistivo da impedância paralela é provocado pela denominada "perdas no ferro".

Em diversas aplicações despreza-se a representação da impedância paralela, o que


eqüivale a desprezar os efeitos da corrente de excitação. Neste caso o modelo é ainda mais
simples, conforme mostra a figura 4.3.

T1/T2
zt

Fig. 4.4

O ensaio de transformadores em vazio determina a corrente de excitação e


consequentemente permite a avaliação aproximada da impedância paralela, enquanto que o
ensaio sob curto circuito permite a avaliação aproximada da impedância série. Entretanto os
resultados conjunto dos dois ensaios permitem a avaliação precisa das duas impedâncias.

A figura 4.5 mostra a configuração dos ensaios a vazio e em curto circuito. Os


resultados dos ensaios, valores de tensão e correntes com o transformador a vazio e em curto
circuito, permitem a avaliação dos parâmetros dos transformadores. Tendo em vista os
ensaios, as impedâncias série e paralela recebem também os nomes de impedância de curto
circuito e impedância a vazio.
iv R1/R2 zs icc R1/R2 zs

vcc zp vv zp

Fig. 4.5

Normalmente a corrente de excitação de transformadores é divulgada em termos


percentuais do valor da corrente nominal. Tanto a “perda no cobre” quanto a “perda no ferro”
são divulgadas em termos percentuais do valor da potência nominal do transformador.

Carga.
O valor da potência dos consumidores é denominado como carga. A carga pode ser de
um único consumidor ou de uma região. A maneira mais comum de representar cargas, tanto
ativa quanto reativa, é através do modelo de potência constante ou em outras palavras
9

S = f (v 0 ) . 1
Outros modelos de cargas são corrente constante ou S = f (v ) e impedância
2
constante ou S = f (v ) . Existem ainda outros modelos mais complexos tais como cargas
modeladas por polinômios.

O modelo da carga pode ser obtido através de medições em regime normal ou durante
distúrbios. Os distúrbios de tensão são aproveitados para obter dados sobre o comportamento
dinâmico da carga em função da tensão. O comportamento estático pode ser determinado em
casos de racionamento.

A carga normalmente tem comportamentos cíclicos. Como por exemplo, o ciclo


diário, o ciclo semanal e o sazonal. A figura 4.6 mostra o ciclo diário típico da carga ativa de
uma região predominantemente residencial.

MW

0h 24h

Fig. 4.6

A carga reativa pode ter um comportamento um pouco diferente da carga ativa. O


fator de potência das cargas é na maioria atrasado e varia de 0,80 a 0,95. As cargas industriais
têm normalmente fator de potência mais baixo do que as cargas residenciais.

5 - Eqüivalente  de transformadores
A representação de transformadores através de impedâncias e relações de
transformação pode ser substituída por circuitos eqüivalentes. A remoção da relação de
transformação pode ser também obtida pela representação em pu quando as tensões dos
transformadores coincidem com as tensões de base. Entretanto esta coincidência pode não
existir e nestes casos a única solução é através do circuito  eqüivalente.

A figura 5.0 mostra uma representação típica de transformadores e também o


correspondente circuito  eqüivalente.
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i1 T1/T2 i2 i1 a i2
v1 v3 z v2 v1 v2
b c

Fig. 5.0

Do circuito representando o transformador, denominando T = T1 / T2 , obtém-se as


seguintes relações:

i1 = i2 / T 5.0

v1 = v3  T 5.1

v 2 = v3 − z  i 2 = v1 / T − z  i 2 5.2

Do circuito  eqüivalente pode-se obter as seguintes relações:

v1 = v2 + a(i2 + v2 / c) = v2 (1 + a / c) + i2 a 5.3

v2= v1− a(i1− v1/b)= v1(1+a/b)− i 1 a 5.4

Comparando as equações 5.2 e 5.4 obtém-se:

a = z T 5.5

e também que:

b = z  T 2 /(1 − T ) 5.6

A equação 5.2 pode ser reformulada como:

v1 = v2T + z  i2T 5.7

Comparando-se as equações 5.7 e 5.3 pode-se concluir que:

c = z  T /(T − 1) 5.8

Exemplo 5.0 - Determinar o diagrama de impedâncias do exemplo 3.0 utilizando equivalentes


 para os transformadores.

Solução - A figura 5.0.0 mostra o diagrama de impedâncias do transformador elevador.

M j0,889 N

7,97kV / 39,8kV
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Fig. 5.0.0

Comparando-se as figuras 5.0.0 com a figura 5.0 utilizada para deduzir as equações do
circuito  eqüivalente, percebe-se que a barra M eqüivale a barra 2 e a barra N eqüivale a
barra 1. Portanto T1 = 39,8 kV e T2 = 7,97 kV , o que significa que

T = T1 / T2 = 4,99

a = z  T = j 4,44

b = z  T 2 /(1 − T ) = − j 5,55

c = z  T /(T − 1) = j1,11

No caso do transformador abaixador, tem-se que T = 0,200 , e conseqüentemente:


a = j 4,44 , b = j1,11 e c = − j 5,55 . A figura 5.0.1 mostra o diagrama de impedâncias em
ohms utilizando o eqüivalente  de transformadores.
j4,76 j4,44 21,6+j45 j4,44 s = 2,67+j1,14

j1,11 -j6670 -j5,55 V = 7,62 kV


-j5,55 -j6670 j1,11

Fig. 5.0.1

Exemplo 5.1 - Determinar o diagrama de impedâncias do sistema em pu da figura,


empregando uma base de potência de 100 MVA e 13,2 kV no lado de baixa tensão dos
transformadores. Considere que um dos transformadores esteja conectado no tap de 135 kV e
o outro no tap nominal. Os transformadores são de 25 MVA, 138 kV/ 13,8 kV, e cada um tem
reatância de dispersão de 6,5 %. A fonte supridora tem uma reatância eqüivalente de 17%, na
tensão de 132 kV e 200 MVA. A carga é de 30 MVA com fator de potência de 0,98 em
atraso.

Fig. 5.1.0

Solução - A tensão de base no lado de baixa dos transformadores é de 13,2 kV, portanto a
tensão de base no lado de alta é de 132 kV. As reatâncias em pu dos transformadores são:

transf sist
X T ( pu) = 0,065  Z B / ZB = 0,065(13,82 / 25) /(13,2 2 / 100) = 0,284
12

A reatância da fonte supridora é:

X F ( pu ) = 0,17  Z Bfonte / Z B
sist
= 0,17(132 2 / 200) /(132 2 / 100) = 0,085

As relações de transformação em pu dos transformadores são respectivamente:

T1 ( pu) = (132 / VBalta ) /(13,8 / VBbaixa ) = (135 / 132) /(13,8 / 13,2) = 1,023 / 1,045

T2 ( pu) = (138 / VBalta ) /(13,8 / VBbaixa ) = (138 / 132) /(13,8 / 13,2) = 1,045 / 1,045

A carga ativa em pu do sistema é:

sist
P( pu ) = 30  0,98 / S B = 0,294

O fator de potência em atraso implica que as potências ativa e reativa têm o mesmo sinal,
então:

Q( pu ) = 30  sen(arccos(0,98)) / 100 = 0,060

A figura 5.1.1 mostra o diagrama de impedâncias em pu. No circuito da figura, somente


podem ser removidas as relações de transformação unitárias.

1,023/1,045 j0,284

j0,085

1,045/1,045 j0,284 s = 0,294 + j0,060

Fig. 5.1.1

A relação de transformação do transformador T2 é unitária e, portanto, pode ser removida sem


alterar o comportamento do circuito, enquanto que a do T1 só pode ser removida ao
representá-la como um circuito  eqüivalente.

Comparando-se as figuras 5.1.1 com a figura 5.0 conclui-se que o lado de alta do
transformador T1 corresponde com a barra 1 da figura 5.0 e que T = 1,023 / 1,045 = 0,979 ,
assim de acordo com as equações 5.6, 5.9 e 5.7 tem-se que:

a = z  T = j 0,284  0,979 = j 0,278

b = j 0,284  0,979 2 /(1 − 0,979 ) = j13,0


13

c = j 0,284  0,979 /(0,979 − 1) = − j13,2

A figura 5.1.2 mostra o diagrama de impedâncias em pu na sua forma clássica.

j0,284
j0,085
j0,278
s = 0,294 + j0,060

j13,0
-j13,2

Fig. 5.1.2

6 - Bancos de transformadores
Denomina-se como banco de transformadores um conjunto de três unidades
monofásicas constituindo um transformador trifásico. A utilização de banco de
transformadores é viável em casos especiais ou nos casos de transformadores com potências
muito elevadas.

As características dos bancos, tais como tensão, potência e impedâncias, são referidas
às unidades monofásicas. Desta forma ao se avaliar os diagramas de impedância de sistemas
com bancos de transformadores, o primeiro passo é a determinação das caraterísticas do
transformador trifásico eqüivalente, conforme mostrado no exemplo a seguir.

Exemplo 6.0 - Determinar o diagrama de impedâncias em pu de um banco de


transformadores constituído de unidades monofásicas. O lado de alta do transformador é
ligado em delta e o lado de baixa em Y aterrado. Cada unidade monofásica é de 50 MVA,
230kV/79,7kV e reatância de dispersão de 5,1%. Adotar uma base de 100 MVA e 138 kV no
lado de baixa do transformador trifásico eqüivalente.

Solução - A potência do transformador trifásico eqüivalente é a soma das três unidades


monofásicas, ou seja, 150 MVA.

O lado de alta do transformador trifásico está conectado em delta, portanto a tensão entre as
fases neste mesmo lado corresponde a tensão da unidade monofásica que é de 230 kV,
conforme mostra a figura 6.0.1.

O lado de baixa do transformador está conectado em Y, portanto a tensão entre as fases é de


3  79,7 = 138 kV. Portanto a relação de transformação do transformador equivalente é de
230 kV / 138 kV.
14

230 kV 138 kV

Fig. 6.0.1

Portanto a reatância em pu do transformador trifásico é:

transf sist
X = 0,051  Z B / ZB = 0,051  (138 2 / 150) /(138 2 / 100) = 0,0340

7 - Transformadores de três enrolamentos


Os transformadores de dois enrolamentos têm potências idênticas em ambos terminais.
Enquanto que os transformadores de três enrolamentos podem ter potências distintas em cada
um dos terminais. Os transformadores de três enrolamentos em subestações com mais de dois
níveis de tensão.

Da mesma forma que nos transformadores de dois enrolamentos, a determinação das


impedâncias de dispersão se faz através de ensaios com um dos terminais em curto circuito.
Os terminais dos transformadores de três enrolamentos são denominados de primário,
secundário e terciário e os respectivos ensaios permitem a determinação das seguintes
impedâncias de dispersão:

zps = impedância medida no primário com o secundário em curto circuito e o


terciário em aberto

zpt = impedância medida no primário com o terciário em curto circuito e o


secundário em aberto

zst = impedância medida no secundário com o terciário em curto circuito e o


primário em aberto

p zs
s
zp
zt

Fig. 7.1.1
15

O modelo do circuito monofásico eqüivalente em pu de transformadores de três


enrolamentos deve conter pelo menos três nós correspondentes a cada um dos terminais.
Assim, o modelo eqüivalente pode ser um circuito Y ou . A figura 7.1.1 mostra o circuito Y
eqüivalente, que é o que permite uma formulação mais simples.

z ps
Ao simular o ensaio da medição da impedância no circuito Y eqüivalente da
figura 7.1.1 obtém-se que:

z ps = z p + z s 7.0

De maneira similar obtêm-se as duas seguintes equações:

z pt = z p + z t 7.1

z st = z s + zt 7.2

Das equações 7.0, 7.1 e 7.2 pode-se determinar as impedâncias do circuito Y


eqüivalente do transformador de três enrolamentos, portanto:

z p = ( z ps + z pt − z st ) / 2 7.3

z s = ( z ps + z st − z pt ) / 2 7.4

zt = ( z pt + z st − z ps ) / 2 7.5

Exemplo 7.0 - Determinar as impedâncias de um transformador de 3 enrolamentos cujos


dados são X pt = 8,94% , com primário em 69 KV, terciário em 13,8 kV e potência de 10,0
MVA; X ps = 5,53% , com primário em 69 kV, secundário em 34,5 kV e potência de 10,0
MVA; X st = 3,43% , com secundário em 34,5 kV, terciário em 13,8 kV e potência de 10,0
MVA.

Solução - Os dados de impedâncias se referem a uma mesma potência de base igual a 10,0
MVA. Adotando uma potência de base, para o diagrama em pu, de 100 MVA e uma tensão de
base de 69 kV no primário tem-se que:

X p = 0,5  (0,0894 + 0,0553 − 0,0343 )  100 / 10 = 0,552 pu

X s = 0,5  (0,0553 + 0,0343 − 0,0894 )  100 / 10 = 0,001 pu

X t = 0,5  (0,0894 + 0,0343 − 0,0553)  100 / 10 = 0,342 pu


16

8 - Exercícios
Exercício 8.1 - Determinar o eqüivalente , conforme mostra a figura, de um transformador
cuja relação de transformação t1 / t 2 = t é um valor complexo. Sabe-se que nestes casos
v1 = t  v3 e que i2 = t *  i1 .

i1 i2 i1 a i2
t1/t2
v1 v3 z v2 v1 v2
b c

Exercício 8.2 - (Prova ASP 31mar00) Determinar os valores de a, b e c do circuito da figura


abaixo. As grandezas a, b e c se referem ao circuito  eqüivalente de um transformador com
tap fora do nominal.

z A : 1.0 a

b c

Exercício 8.3 - (Prova ASP 31mar00) Um transformador de 3 enrolamentos tem os seguintes


dados: primário em Y, 6,6 kV e 15 MVA; secundário em Y, 33 kV e 10 MVA; terciário em ,
2,2 kV e 5 MVA. As impedâncias são calculadas através de testes em curto circuito. Os
valores medidos no lado primário foram z ps = j 0,232  e z pt = 0,290 . O valor medido no
secundário foi z st = j8,70 . Calcule as impedâncias do circuito estrela eqüivalente na base
de 15 MVA, e 6,6 KV no primário.

Exercício 8.4 - (Prova ASP 27abr01). - Desenhar o diagrama trifásico representando as


respectivas impedâncias ôhmicas do sistema da figura. A fonte geradora equivalente está
conectada em estrela aterrada e não contem reatâncias mútuas. A impedância da linha de
transmissão é dada pela matriz [zS].

 j1,00 j 0,50 j 0,50 


z s  =  j 0,50 j1,00 j 0,50 
 /km

 j 0,50 j 0,50 j1,00 

 
138kV 100km
~
100MVA
X = 20% 138kV/230kV
100MVA
17

Exercício - 8.5 - (Prova 21mai1996) - Determinar o diagrama de impedâncias e a


correspondente matriz de admitancia. Use base de 13.8kV e 100MVA na barra de geração.

135kV/13,2kV
13,2kV/132kV
50MVA
50 MVA
X = 6,0%
X = 5%
13,2kV 97,0km
60MVA ~ XL = 0,4/km
35 MVA
X = 30% fp=0,98
XC = 280k*km adiantado
5,0 km
R = 1,05/km
XL = 0,4/km 2 MW
XC = 280k*km fp=0,85
atrasado

Exercício 8.6 - (prova de 21mai1996) - Determinar as impedâncias de cada um dos elementos


do circuito da figura. A matriz [z] corresponde a matriz de impedâncias de barras obtida
através da inversão da matriz de admitancia.

 j 0,6898 j 0,6591 j 0,6290 


1 2 3
z  =  j 0,6591 j 0,7548 j 0,6774 


 j 0,6290 j 0,6774 j 0,7137 

Exercício 8.7 - (Prova de 21mai1996) - Determinar o equivalente  do circuito da figura,


sabendo que i s = ir cosh( l ) + (vr / z c )senh( l ) e vs = vr cosh( l ) + (ir z c )senh( l ) , onde z c é
a impedância característica da linha,  a constante de propagação e l o comprimento da
linha de transmissão. Determinar também a correspondente matriz de admitancia do circuito
.
18

is ir
is ir

vs vr vs vr

Exercício 8.8 - (prova 23abr2004) - Conhecendo a equação matricial, na forma [y][v] =


[(s/v)*], reconstitua o sistema da figura. A tensão de base é 13,8 kV no gerador e a potência
de base do sistema é ??.

− j 9,479 j 7,813 0   v1   i1 
 j 7,813 1,312 − j10,764 − 1,312 + j 2,983     
  v2 = 0 
 0 − 1,312 + j 2,983 1,312 − j 2,951  1,025  − 28,0  0,482  − 8,05 

1 2 3
Carga
13,8 kV ~ ?? km ?? MW
50 MVA R = ?? /km fp = ??
X = 30 % XL = 0,5 /km
13,8 kV / 138 kV XC = ?? kxkm
50 MVA
X = ?? %

Exercício 8.9 - (prova 23abr2004) - Determinar a equação matricial na forma


 y v = (s / v)*  do circuito da figura abaixo. Utilize como base, na barra 2, tensão de 220 kV
potência de 100 MVA. As linhas de transmissão tem R = 0,1 / km ,
X L = 0,5 / km e X C = 250k / km . Comentar também como seria
resolvido o problema no caso em que o transformador entre as barras 4 e 3 tivesse relação de
345kV/220kV.

220 kV
200km 600MW
fp=0,96 (atrasado)
200km
~
230kV/345kV 220kV/330kV
2 X=5% 3 X=6%
400MVA 450MVA
200km
~
200km
345kV 0,6GVA
1 4 fp=0,95 (adiantado)
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Exercício 8.10 - (prova23abr2004) - Determinar a matriz de admitâncias do circuito da figura


abaixo. Utilizar como base para pu 100MVA e 13,8kV na barra A.

13,8kV/230kV
120 MVA
X = 8%
R = 1%
13,8kV 140km
120MVA R = 0,081/km 220 kV
X´=27,0%
~ XL =0,50/km ~ 500MVA
XC =280k*km X=10%
A B C

Exercício 8.11 – (prova27abr2006) - Determinar o diagrama de admitâncias em pu do


circuito da figura. As três linhas de transmissão têm os mesmos parâmetros por kilômetro.
Adotar uma base de 100MVA e 13,8kV no gerador de 30MVA.

X = 8 X = 7
2 6,9kV/138kV 200 km 3 132kV/13,8 kV
20MVA R = 0,24 /km 20MVA
XL = 0,5 /km 4
X = 20 X = 20
6,6kV
20MVA
~ ~ 13,2kV
30MVA
150km 130km
X = 7
X = 8 132kV/13,8 kV
6,9kV/138kV
S = 30MVA
1 20MVA
20MVA
fp = 0,85 (atras.)

Exercício 8.12 – (prova 13jun2006) A concessionária local tem um transformador com as


seguintes especificações: tensões nominais 230 kV e 138 kV, impedância 6,99%, potencia
150 MVA, perda nos enrolamentos 0,30%, corrente de excitação 0,7% e perda no núcleo
0,1%. Determine o diagrama de impedâncias em pu do equivalente monofásico.

fim

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