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ROTEIRO PARA OBTENÇÃO DE DADOS A PARTIR CHAPAS

SOLDADAS PELO PROCESSO GMAW

Matheus Gama Fonseca – matheumgf@gmail.com


Universidade Federal do Pará
Rua Augusto Correa, 1
66075110 – Belém – Pará

Nádia Silva Cosmo – nadia12188@gmail.com


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Matheus Araújo Maciel – matheus1914maciel@gmail.com


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Iury Klay Peres Barile – iury_klay@hotmail.com


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Matheus dos Santos Barbosa – eng.santos.matheus@gmail.com


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RESUMO: A educação em engenharia no Brasil constitui um desafio diante de um cenário


mundial que demanda uso intensivo de tecnologias e que exige, cada vez mais, um maior
número de profissionais altamente qualificados. Dentro do ensino de engenharia faz-se
importante minucioso cuidado na obtenção geral de dados medidos no processo GMAW, o qual
é usado amplamente pela indústria. O objetivo desse trabalho é de forma simples e didática,
descrever e demonstrar cada passo na aquisição de dados para melhor inserção de alunos de
engenharia na prática laboratorial de soldagem.

Palavras-chave: GMAW. Formação de engenheiros. Obtenção de Dados.

1 INTRODUÇÃO
Atualmente vem ocorrendo muitas mudanças tecnológicas e organizacionais na engenharia
como um todo, impactando em todos os setores da sociedade. Estas mudanças vêm afetando a
qualificação profissional, bem como determinando o surgimento de novos perfis profissionais
e novos requisitos para o trabalho de uma maneira geral. As atividades dos profissionais de
engenharia, devem ir além da simples aplicação ou reprodução de conhecimentos científicos e
tecnológicos relacionados à performance, à utilização e ao funcionamento destes novos
artefatos. Estas mudanças, certamente, têm repercussão na formação e qualificação profissional
em engenharia, especialmente no que se refere aos cursos de graduação (Oliveira e Pinto, 2006).
As operações de transformação e agregação de valor de bens produzidos envolvem
processos de fabricação que podem ser caracterizados como elementos importantes de um
sistema produtivo. Processos como usinagem, soldagem, forjamento, fundição, laminação e
trefilação são uns dos processos de fabricação mais empregados em diversos ambientes
industriais e permite a união de materiais para a fabricação de estruturas (GOMES, 2010).
Faz-se grande uso do processo GMAW (Gas Metal Arc Welding) na indústria por suas
vantagens como flexibilidade na produção, alto nível de produtividade e a facilidade de
utilização. Por isso ensinar a analisar o processo GMAW nas universidades se faz tão
importante para a formação de engenheiros e pesquisadores através da prática laboratorial, com
isso esse trabalho tem como objetivo guiar os alunos de engenharia durante prática da soldagem
de forma que os mesmos conheçam os passos a seguir para obter dados importantes para a
analise e estudo do processo.

2 PREPARO PRÉ-SOLDAGEM

Antes do processo de soldagem as chapas cortadas são esmerilhadas para retirar a


superfície oxidada, e logo em seguida pesadas usando uma balança de precisão para calcular
posteriormente a deposição de solda, pela diferença do peso antes e depois da soldagem.
Para a coleta de dados durante o processo de soldagem é usado um sistema de aquisição,
posicionado como mostrado na Figura 1, ligado a um computador o arquivamento dos dados,
para medir corrente, tenção, alimentação de arame e vazão de gás. Alguns dados terão que ser
medidos logo antes de iniciar cada solda como DBCP, ângulo da tocha em relação a chapa e
tempo de soldagem que pode ser medido manualmente por um cronometro ou pode ser
verificado onde começa a soldagem e onde termina nos danos fornecidos pelo sistema de
aquisição. A tabela 1 mostra cada parâmetro e o sistema de coleta referente a cada um deles.

Figura 1 - Esquema de aquisição de dados

Fonte: autoria própria.


Tabela 1 - Instrumentos e unidades para coleta de dados.

PROCESSO GMAW
Parâmetro Método de Coleta Unidade
Sistema de
Velocidade de Alimentação de Arame m/min
Aquisição
Velocidade de soldagem Tartilope m/min
Sistema de
Vazão de gás l/min
Aquisição
Sistema de
Corrente de soldagem A
Aquisição
Sistema de
Tensão de soldagem V
Aquisição

DBCP Manual cm

Angulação da Tocha Manual Graus

Manual/sistema de
Tempo de soldagem s
aquisição

3 PREPARO PÓS-SOLDAGEM
3.1 Preparo do corpo de prova
Após o processo, a chapa soldada é pesada para obter dados de deposição de material de solda,
e cortado de forma transversal ao cordão um corpo de prova com auxílio de uma Serra Circular
ou Serra fita horizontal ou um Cut-Off, para análise da macroestrutura e da microestrutura,
como ilustrado na Figura 2. Assim então embutido a quente (Baquelite) ou a frio (acrílico,
poliéster e Epóxi), afim de facilitar o manejo do corpo de prova na etapa de metalografia a
seguir.
Figura 2 - Corte do Corpo de Prova

Fonte: Autoria própria.

3.2 Metalografia
3.2.1 Lixamento
O lixamento é feito para que riscos e outras marcas sejam eliminadas da superfície da peça.
Tal procedimento consiste em lixar as peças em diferentes posições, utilizando diferentes lixas
com granulometrias diferentes (ROHDE, 2010).
As lixas utilizadas possuem granulometrias graduadas, ou seja, a primeira utilizada
sempre é a mais grossa dentre todas e a última sempre é a mais finas dentre todas. A sequência
utilizada dessas lixas é: 120, 240, 320, 400, 600 e em alguns casos utilizam-se lixas mais finas,
tais como 800, 1200 e 2000 (VOORT, 2007).
O procedimento consiste em pressionar a peça contra a lixa até que as únicas marcas
aparentes sejam as produzidas por esta. Após isso, a face da peça é rotacionada em 90° e utiliza-
se a lixa subsequente, como exemplificado na Figura 4. Este procedimento é feito até que o
corpo de prova passe por todas as lixas (ROHDE, 2010).
Figura 4 - Lixamento do corpo de prova.

Fonte: Autoria própria.

3.2.2 Polimento

O polimento objetiva produzir uma superfície plana e livre de riscos com alta
refletividade. Além disso, ele é classificado em grosso e fino. O polimento grosso utiliza
abrasivos em torno de 30 a 3 μm, enquanto o polimento fino utiliza abrasivos em torno de 1 μm
ou até menores (VOORT, 2007).
Segundo ROHDE (2010), alguns cuidados devem ser tomados para que o polimento
seja efetivo, estes são:
● Superfície bem limpa;
● Escolha adequada do agente polidor;
● Não demorar nos processos de polimento;
● Amostras diferentes não devem ser polidas no mesmo pano de polimento;
● Não aplicar pressão excessiva;
O procedimento começa na fase de limpeza das amostras, nesta etapa as peças são
limpas com água ou álcool etílico para remover qualquer tipo de abrasivo, poeira, etc. Após
isso, aplica-se um agente polidor, geralmente diamante ou alumina, no pano de polimento. Por
fim, o operador pressiona a amostra sobre a face do pano, enquanto este gira, até que a superfície
da peça apresente as características desejadas (ROHDE, 2010).

3.2.3 Ataque Químico


O ataque químico é feito para que seja possível a distinção entre diversos tipos de
estruturas cristalinas com diferentes composições químicas. Como diversas microestruturas são
atacadas em níveis diferentes, há uma variação no modo como a luz é refletida, permitindo
assim a distinção entre as diferentes formas cristalinas. (COLPAERT, 2008).
O processo consiste em promover o contato entre um reagente ácido e a superfície da
peça, durante certo tempo. Isto pode ser feito de três formas principais: ataque por imersão,
ataque por aplicação ou impressão direta de Baumann. Os reagentes podem ser: reativo de iodo,
de ácido sulfúrico, de Heyn, de ácido clorídrico, de Oberhoffer, de Fry, de persulfato de amônia,
de Humfrey e de Humfrey em dois estágios. O persulfato de amônia, em especial, é indicado
para soldas (COLPAERT, 2008; ROHDE, 2010).

3.3 Dados Macrograficos e Micrograficos


Logo após lixados, polidos e atacados os corpos de prova passarão para a fase de obtenção
de dados. Serão submetidos a análise geométrica do cordão de solda, analise de contorno de
grão e por último o ensaio microdureza.

3.3.1 Dados Geométricos do cordão

As medidas geométricas dos corpos de prova podem ser realizadas conforme


esquematizado na Figura 5 utilizando algum software de desenho técnico. Sendo A a área de
reforço, B a área de penetração, C é a área de ZTA (Zona Termicamente Afetada), L a largura
do cordão, R altura de reforço e P a profundidade da penetração.

Figura 5. Regiões para as medições geométricas do cordão

Fonte: autoria própria.


3.3.2 Dureza
A dureza por penetração foi o primeiro tipo de ensaio de penetração a ser padronizado, e
consiste em uma peça pressionada contra outra com uma carga normal, segundo a norma ASTM
E92 quando a carga excede 1 KN a endentação é categorizada como macrodureza, caso seja
abaixo desse valor é considerado microdureza.
Dureza Vickers (HV) ou microdureza é um método de ensaio que a avalia a marca deixada
em um material por um indentador piramidal como mostrado na figura 6, esse tipo de ensaio é
padronizado pela norma ASTM E92, os valores de dureza são obtidos pelo microdurometro
automaticamente ao medir a área da pirâmide por ele.

Figura 6 - Forma piramidal do indentador.

Fonte: Callister (2012).

O método utilizado para medir as durezas das regiões que compõe a junta soldada (Metal
de Base, Zona Termicamente Afetada, Zona Fundida) a dureza do material é medida a partir
dos indentamentos simbolizados pelos pontos conforme a Figura 7. A carga inicial aplicada é
de 0,98 N durante 20s. Os valores de dureza fornecidos são do tipo Vickers assim como o
método Knoop, onde a norma da AWS (2007) afirma que este tipo de dureza é indicado para
amostras de soldas passe simples ou multipasses, devido às dimensões das regiões analisadas e
o tamanho do indentador. (Assunção, 2013)
Figura 7 - Representação esquemática da distribuição de indentamentos.

Fonte: Assunção (2013)

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para aumentar a qualidade do processo educativo laboratorial, surgiu a ideia desse trabalho,
pois o método de ensino prático serve tanto como mecanismo para atrair a atenção dos alunos
como para o treino no manuseio de equipamentos e ferramentas essenciais para um engenheiro
em sua profissão. Para facilitar a compreensão e diminuir as barreiras de conhecimento, que
afastam os estudantes do ambiente de pesquisa laboratorial, fora redigido esse trabalho, de
forma a os guiar pelas etapas da obtenção de dados.

Agradecimentos
Agradeço ao Laboratório de Caracterização de Materiais Metálicos (LCAM) e seus
colaboradores, por me proporcionar todo o conhecimento e capacidade técnica responsável pelo
meu desenvolvimento de um simples aluno de graduação para um pesquisador.

REFERÊNCIAS

ASSUNÇÃO, P. D. C. ESTUDO DA VIABILIDADE DO PROCESSO DE SOLDAGEM


GMAW-DCW (DOUBLE COLD WIRE). Dissertação (Mestrado em engenharia Mecânica)
– Pós-graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Pará, Belém. 2013.

BATISTA, R.; Silva, M. Efeito dos parâmetros de soldagem sobre a geometria e diluição
de revestimentos de liga de níquel aplicados em aço API 5L Gr B. 2011. 132 f. TCC
(Graduação) - Curso de Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Campina Grande,
Campina Grande, 2011.

BORGES. M. N; ALMEIDA N. N. PERSPECTIVAS PARA ENGENHARIA NACIONAL


DESAFIOS E OPORTUNIDADES. Revista de ensino de engenharia Abenge 2013.

CALLISTER JR, William D.; RETHWISCH, David G. Fundamentals of materials science


and engineering: an integrated approach. John Wiley & Sons, 2012.

COLPAERT, Hubertus. Metalografia dos produtos siderúrgicos. 4ª edição, São Paulo:


Edgard Blucher, 2008.
GOMES, J. H.F. Análise e otimização da soldagem de revestimento de chapas de aço abnt
1020 com utilização de arame tubular inoxidável austenítico. 2010. 136 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá,
2010.

OLIVEIRA, F. V.; PINTO, P. D. EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA COMO ÁREA DO


CONHECIMENTO. XXXIV Congresso Brasileiro de educação em engenharia. Passo Fundo.
2006.

PENTEADO, K. M. Otimização da solda de pontos por resistência elétrica na liga de


aluminío 5052-H32 através do projeto e análise de experimentos (DOE). 2011. 107 f.
Dissertação (Mestrado em engenharia de Produção) – Universidade Federal de Itajubá, Itajubá.

ROHDE, R. A. Metalografia: preparação de amostras. Apostila (Laboratório de Ensaios


Mecânicos e Materiais - Campus de Santo Ângelo). 2010. - Disponível em:
http://www.urisan.tche.br/~lemm/metalografia.pdf Acesso em: 09 maio 2019.

VOORT, George F. Vander. Metallography: principles and practice. 4ª impressão, ASM


International, 2007. 752 p.
SCRIPT FOR DATA ACQUISITION THE WELDED PLATES FROM
THE GMAW PROCESS
Abstract: Engineering education in Brazil constitutes a challenge in the face of a world
scenario that demands intensive use of technologies and which increasingly requires a greater
number of highly qualified professionals. Within engineering education, becomes important
thorough care in general data attainment measured in the GMAW process, which is widely used
by industry. The objective of this paper is in a simple and didactic way, describing and
demonstrating each step in the acquisition of data for better insertion of engineering students
in laboratory practice of welding.

Key-words: GMAW, Engineering training, Get data.

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