retornando, uma imagem em espelho de sua fonte. Com frequência, Kether era identificado com o Ain Soph nos textos da Cabala, tão ligados são os dois. Ele é o aspecto externo do Ain Soph, tão elevado que mal pode ser descrito como um dos Sephiroth; e, de fato, a lista dos Sephiroth às vezes começa com o segundo, Chokmah. Na antiga Cabala, Kether era o mais alto objeto de oração, a fonte suprema de vida e das demais nove emanações, portanto, Deus. Na Cabala mais recente, há uma distinção entre a vontade primordial de se manifestar e Kether, permanece sempre a qualidade mais exaltada, além da concepção humana. De Kether emanam, sucessivamente, os outros nove vasos, cada um saindo do precedente, formando uma escada entre o universo infinito e o material. Esse processo ocorre fora do tempo e do espaço, com a separação entre cada emanação e a seguinte se passando no ―cintilar de um olho‖, um momento imensuravelmente breve, que é, na verdade, mais uma abstração que uma divisão de tempo. Os Sephiroth são chamados de vasos porque eles contêm a radiância uniforme de Deus, que é obscurecida e colorida por suas peles mais ásperas. Os diferentes graus de ocultação fazem com que cada vaso pareça diferente dos outros, mas isso é uma ilusão causada pelas limitações da mente humana, que explodiria se visse a plena glória dessa radiância, desprotegida ainda que por um breve instante. Ligando um Sephiroth ao seguinte, há um caminho, ou canal, por meio do qual a luz do Sephiroth flui em estado contínuo em ambas as direções, de Deus para o mundo e do mundo para Deus. Uma interrupção do fluxo de retorno para cima é chamada de ―quebra dos canais‖ (shevirat hazinnorot), e é causada pelo pecado. Esses canais podem ser comparados a tubos ocos que conectam esferas radiantes transparentes, que brilham em diversas cores. Por meio desses canais é possível para a mente engajada em meditação subir de um vaso para o seguinte, experimentando a luz de Deus com uma pureza cada vez maior. A chegada a um Sephiroth possibilita a subida para o mais próximo, uma vez que a mente é condicionada para suportar a terrível glória da luz em estágios insuportáveis. O símbolo bidimensional dos dez Sephiroth ligados por canais é chamado de a Árvore dos Sephiroth. A primeira das duas ilustrações é tirada do frontispício do livro Porate Lucis, do judeu convertido ao Cristianismo Paulus Ricius, publicado em Augsburg, Alemanha, em 1516. Ela mostra 16 caminhos, ou canais, um dos quais bifurcado. A Árvore continuou evoluindo e ficando cada vez mais complexa à medida que mais associações lhe eram acrescidas, sendo a principal a aplicação do alfabeto hebraico a um sistema de 22 canais, com o intuito de equilibrar os dez números do Sephiroth. Essa versão, dada por Athanasius Kircher em seu Oedipus Aegyptiacus, publicada em Roma em 1652, é, em essência, a mesma usada pelos cabalistas nos tempos modernos, com exceção de alguns detalhes. Sem dúvida, a associação mais importante com os Sephiroth é a série de dez nomes divinos, pois nos lem