Você está na página 1de 9

10/09/2019 Pode chegar a hora em que Bolsonaro não aceite largar o poder, diz filósofo - UOL Notícias

NOTÍCIAS

Blog do Sakamoto
Seguir

Pode chegar a hora em que Bolsonaro não aceite largar o poder, diz filósofo
Leonardo Sakamoto
10/09/2019 05h33

Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

"Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos…
e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos
dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!" A declaração do vereador Carlos Bolsonaro,
filho do presidente da República, postada em seu Twitter, na noite desta segunda (9), foi prontamente
rechaçada por políticos de vários matizes ideológicos e pela Ordem dos Advogados do Brasil. Não
causaria tanto arrepio se o governo de seu pai não tivesse comportamentos autoritários e manifestasse
desprezo por instituições democráticas.

Antes da polêmica postagem, Paulo Arantes, um dos mais importantes pensadores brasileiros, que formou
décadas de filósofos na Universidade de São Paulo, conversou com este blog sobre o governo Bolsonaro.
Coincidentemente, entre os assuntos abordados com o professor aposentado do Departamento de
Filosofia, a presença de um componente revolucionário no bolsonarismo e como o presidente está

https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/10/pode-chegar-a-hora-em-que-bolsonaro-nao-aceite-largar-o-poder-diz-filosofo/?fbclid=I… 1/9
10/09/2019 Pode chegar a hora em que Bolsonaro não aceite largar o poder, diz filósofo - UOL Notícias

comendo instituições – Ministério Público, Receita Federal, Coaf, Polícia Federal – em nome de seu projeto
de poder.

"Pode chegar o momento, daqui a três anos, em que Bolsonaro vai dizer 'não admito nenhuma alternativa
que não seja minha reeleição'. Como já disse 'não admito qualquer coisa que não seja minha vitória', na
eleição do ano passado", analisa Arantes.

Ele faz uma comparação com o bolivarianismo do nosso vizinho ao Norte. "No sentido mais exagerado, o
espelho simétrico de um bolsonarismo consolidado e triunfante, com uma reeleição em 2022 e uma outra
eleição, possivelmente com o filho, em 2026, é a Venezuela", afirma.

Para Paulo Arantes, a direita liberal não sabe o que fazer. Pois, se há desgosto diante de temas de
costumes e comportamentos, para os quais ela torce o nariz, por outro lado, Bolsonaro está realizando o
programa econômico dela junto com o Congresso. "E ele sabe que o cacife dele é o único capaz de conter
uma volta daqueles que eles consideram a esquerda, a oposição – que, também na visão deles, voltará
com sangue nos olhos. Então, ele vai ser assim todo o dia, um ultraje por semana."

Questionado se o presidente odeia a democracia, afirmou: "Odiar a democracia pressupõe que ele tem um
conhecimento a respeito da natureza intrínseca daquilo que está enfrentando. Ele não está nem aí, isso não
existe para ele. Para ele, isso é alguma idiossincrasia vocabular de jornalista, mais nada".

Leia trechos da conversa com o professor Paulo Arantes:

Desde que assumiu o governo, Bolsonaro tem atacado não apenas adversários, mas também aliados, como
o próprio ministro Sérgio Moro, como se quisesse evitar concorrência ou que outras pessoas façam sombra
a ele e a seu poder. É possível traçar uma comparação em nossa história?

É uma coisa inédita na tradição brasileira. É um experimento que nós não conhecemos até agora, que é um
governo de extrema-direita. Governos conservadores são sempre corriqueiros, governos de direita
também. Governo de extrema-direita é uma coisa nova.

A única coisa que estranho nisso que ele está fazendo é a velocidade e a precocidade do processo. Isto
sim é novo e tenho impressão que a direita clássica, que fechou acordo com ele, também está
surpreendida. Acho que tem uma estratégia aí, que nós não estamos conseguindo decifrar. No limite, ele já
está em campanha, limpando o terreno e sacrificando aliados. Por exemplo, sacrificar o lavajatismo, o Moro,
pode ser uma estratégia suicida ou pode ser um lance de audácia. Ele é boçal, primitivo, tudo o que nos
choca. Mas de idiota ele não tem absolutamente nada. Isso é o espantoso.

O que parece idiotice, na verdade, é tática?

O fato dele estar ultrajando a política estabelecida na América Latina, insultando o candidato que deve
ganhar as eleições da Argentina, à primeira vista pode ser chocante, à segunda vista, suicida, e à terceira
vista, acho que é uma grande manobra. Ele tem o apoio total de militares, que estão quietos e alinhados
com ele. O generalato, que era a esperança da direita clássica brasileira, que aprontou tudo isso desde
2015, está enquadrado. Ele está comendo bem as instituições internas – Ministério Público, Receita Federal,
Coaf, Polícia Federal. É arriscado, ele pode cair do cavalo a qualquer momento. Mas, enquanto não cair,
está se fortalecendo.
https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/10/pode-chegar-a-hora-em-que-bolsonaro-nao-aceite-largar-o-poder-diz-filosofo/?fbclid=I… 2/9
10/09/2019 Pode chegar a hora em que Bolsonaro não aceite largar o poder, diz filósofo - UOL Notícias

É um movimento global, há um eixo – não sei se dá para chamar de "Eixo do Mal" porque o termo foi
desgastado pelo Bush – mas há um eixo Trump [presidente dos Estados Unidos], Netanyahu [primeiro-
ministro de Israel], Bolsonaro que é exemplar. E o modelito dele é Órban, primeiro-ministro da Hungria. Uma
das coisas prioritárias que deveríamos estudar é o Órban. Que é um modelo de montagem de um Estado
mafioso, que é para onde nós vamos, uma tirania miliciana.

Na Hungria, o Viktor Órban teve um trabalho forte no desmonte de estruturas culturais e educacionais.

A gente está indo aqui do mesmo jeito. E veja que ele também está desmontando um por um os
organismos de controle e fiscalização. Se ele ganha a parada com Ministério Público, ganha com a Polícia
Federal, vai avançar bastante. Pode chegar o momento, daqui a três anos, em que ele vai dizer "não admito
nenhuma alternativa que não seja minha reeleição". Como já disse "não admito qualquer coisa que não seja
minha vitória", na eleição do ano passado.

A direita está perplexa, não sabe o que fazer. Porque, por outro lado, junto com o Congresso, ele está
realizando o programa dela. E ele sabe que o cacife dele é o único capaz de conter uma volta
daqueles que eles consideram a esquerda, a oposição – que, também na visão deles, voltará com sangue
nos olhos. Então, ele vai ser assim todo o dia, um ultraje por semana. E a tropa dele é irredutível. Ele está
fazendo coisas que nem nos sonhos de apoteose mental de Brasil Potência do lulismo jamais se pensou:
está mexendo no Itamaraty. Jamais passou pela cabeça do PT colocar um sindicalista como embaixador na
França, por exemplo. Um pessoal que estava fora, absolutamente fora, agora está entrando e não vai largar
o osso.

Existe um componente revolucionário no bolsonarismo?

Exatamente. A comparação é esdrúxula – eu não gosto desse tipo de comparação. Mas para você ter uma
ideia: todo mundo sabia que o aparato do movimento do nacional-socialismo de Hitler era composto por
gângsters e um proletariado desmoralizado. Juntar as pontas é inspirador, apesar de eu ser contra esse
tipo de analogia.

Para nós, parece apenas burlesca ou grotesca a nomeação do novo presidente do BNDES. Ele dá um pé
na bunda do representante do assim chamado mercado, tira o cara pela mídia, humilhando, xingando. E
nomeia um dos garotos do condomínio, que era amigo da juventude dos filhos. Ninguém chia, apenas tenta
se acomodar. Ele faz isso não porque é tresloucado, mas porque tem um grande projeto que não sofre
resistência e vai avançando aos poucos. Quando a direita tradicional perceber, vai ser muito tarde para um
impeachment – que é o único recurso que eles têm.

Podem esperar para ganhar as eleições daqui a três anos, que é o que estão fazendo. Atraindo Sérgio Moro
para ser o vice do Luciano Huck. Mas pode ser que os jogos já estejam feitos e vão ter que se adaptar.
Porque ele vai dizer "ou sou eu, do jeito que estou fazendo, e defendendo estrategicamente o interesse de
vocês ou volta aqueles que vocês tentaram defenestrar por 15 anos e não conseguiram porque o homem
de vocês teve 4%".

Movimentos revolucionários contam com conexão direta com as massas, excluem mediadores, inclusive os
institucionais, excluem a mídia – que, historicamente, organiza a agenda pública em estados democráticos.
Se assim for, Bolsonaro vai tentar tornar irrelevante as instituições?

https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/10/pode-chegar-a-hora-em-que-bolsonaro-nao-aceite-largar-o-poder-diz-filosofo/?fbclid=I… 3/9
10/09/2019 Pode chegar a hora em que Bolsonaro não aceite largar o poder, diz filósofo - UOL Notícias

No limite, ele não vai tornar irrelevante, vai tornar as instituições flexíveis às necessidades de acúmulo de
poder dele em circunstâncias precisas. Enquanto elas servirem, ele vai usando. Não é um processo
violento, de imediato. Mas está indo rápido, para ganhar logo à reeleição. Como o Órban, na Hungria. A
direita clássica quer fazer o programa tresloucado deles, com as privatizações. Ele diz: "eu vou privatizar
como vocês querem, vende-se tudo". Imagina como vão ser as privatizações à la Bolsonaro… A privataria
dos tucanos vai parecer coisa do colégio Sion [o Nossa Senhora de Sion é um dos colégios mais
tradicionais da elite paulistana].

A direita está assistindo isso e aplaudindo. Você vê pela esquizofrenia da mídia. Quando abre os jornais e
acessa as grandes mídias convencionais, sempre começa por aquele grito de horror diante do ultraje
moral, do que ele está inflingindo à nação. Você vira a página, começa a normalização e positivação das
reformas, da tributação, da Previdência, disso, daquilo. E todo mundo acrescentando seu pontinho positivo
para melhorar, para aperfeiçoar. E ele vai indo. Ele vai se tornando imprescindível.

A história é banal, mas também inovadora em um certo sentido. Por exemplo, a ousadia de rifar o Moro.
Você pode pegar os 13 anos de lulopetismo, não há um momento de audácia comparável. As pautas
clássicas, de reforma urbana, de reforma agrária, nada, nada, nada. Tudo alinhado dentro dos programas
compensatórios recomendados pelo Banco Mundial. Por isso, Lula era o cara, a menina dos olhos do
establishment mundial. Agora, esse cara, não. Ele enquadrou generais de quatro estrelas veteranos do
Minustah [a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti].

O filósofo Paulo Arantes. Foto: Brasil de Fato

Diante disso, é possível dizer que o presidente odeia a democracia?

Odiar a democracia pressupõe que ele tem um conhecimento a respeito da natureza intrínseca daquilo que
está enfrentando. Ele não está nem aí, isso não existe para ele. Para ele, isso é alguma idiossincrasia
vocabular de jornalista,  mais nada.

https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/10/pode-chegar-a-hora-em-que-bolsonaro-nao-aceite-largar-o-poder-diz-filosofo/?fbclid=I… 4/9
10/09/2019 Pode chegar a hora em que Bolsonaro não aceite largar o poder, diz filósofo - UOL Notícias

Ele tem uma coisa vulnerável, que os generais detectaram.  Ele alardeia intimidade com os "serviços" da
ditadura, como se diz no jargão militar, com o porão da ditadura, com a repressão. Intimidade que ele não
tem. Nesse sentido, pode aparecer como charlatão, usurpador, e pode ser desmentido. Ele inventou um
passado de que colaborou com a repressão e a luta armada desde sua juventude. Todo mundo sabe que
isso é um mito.

Ele nutriu uma grande empatia pelo chavismo. Foi o primeiro a compreender a natureza do Chávez. Se você
pensar bem, no sentido mais exagerado, o espelho simétrico de um bolsonarismo consolidado e triunfante,
daqui a três anos, com uma reeleição em 2022 e uma outra eleição, possivelmente com o filho, em 2026, é
a Venezuela. Ao invés de quadros militares clássicos, como no caso de Chávez, quadros militares
recrutados de uma outra maneira.

O bolsonarismo como pacote segue passos do bolivarianismo da Venezuela?

Mas com sinal trocado. Esse sinal trocado é que o negócio do Chávez era mobilização popular no sentido
de atender demandas reais, moradia, alimentação, aquelas missões. No caso do Bolsonaro, não tem
"mobilização social", mas uma mobilização permanente de combate a um adversário. E esse adversário tem
todas as configurações que imaginamos – do meio ambiente aos direitos humanos para "vagabundos" e
"comunistas". Ele está mobilizando uma espécie de crueldade social que emana diretamente da guerra
social que é o mundo do trabalho atualmente.

Nesse cenário, de um bolsonarismo revolucionário, que vai avançando, qual a alternativa da democracia?

[Risos] Eu sou encurralado por essa pergunta em todos os lugares em que vou falar. Vou te dar uma
resposta abstrata. Quando começarem a emergir iniciativas que não estejam enquadradas às redes de
controle de programas partidários. De gente que está fora do sistema. Não sei dizer que tipo de iniciativa.
Quando começou essa avalanche em 2015, 2016, todo mundo falava imediatamente de resistência.
Resistência ao que exatamente? Você tem um campo democrático progressista que é puramente
restaurativo, que quer restaurar. Mas há uma ruptura importante, decisiva, histórica, inédita na história do
Brasil. Mesmo o governo dos militares, foi violento, mas não dá pra dizer que foi um governo de extrema-
direita. E a única resposta é restaurar o que havia antes deste governo? O que havia antes é que
engendrou essa ruptura.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

COMUNICAR ERRO

Para começar e terminar o dia bem informado.

Preencha seu email

CADASTRAR

UOL RECOMENDA

https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/10/pode-chegar-a-hora-em-que-bolsonaro-nao-aceite-largar-o-poder-diz-filosofo/?fbclid=I… 5/9
10/09/2019 Pode chegar a hora em que Bolsonaro não aceite largar o poder, diz filósofo - UOL Notícias
Garoto que sofreu bullying inspira universidade a criar camisa nos EUA

Procurador chama salário de R$ 24 mil de "miserê": "vamos virar pedintes?"

Casal recebe US$ 120 mil por engano e gasta tudo, mas acaba preso

Conteúdo De Marca

Cheio de bom humor, Gloria Groove e MC Dora lançam clipe sobre dores de cabeça dos jovens

S O B R E O AU TO R

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e
violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador
visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP
(2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de
Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o
Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na
Internet" (2016), entre outros.

Leonardo Sakamoto
Curtiu 521 mil curtidas

https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/10/pode-chegar-a-hora-em-que-bolsonaro-nao-aceite-largar-o-poder-diz-filosofo/?fbclid=I… 6/9
10/09/2019 Pode chegar a hora em que Bolsonaro não aceite largar o poder, diz filósofo - UOL Notícias

Doria é processado por professores por censura de material didático


Leonardo Sakamoto
10/09/2019 14h00

O governador João Doria Jr. e o prefeito Marcelo Crivella. Foto: Gabriel Paiva/Agência O Globo

Professores e pesquisadores vinculados a universidades públicas do Estado de São Paulo e ao Instituto


Federal de Educação, Ciência e Tecnologia deSão Paulo ingressaram na Justiça com uma ação para anular
o ato do governador paulista João Doria Jr, que mandou recolher cartilhas voltadas ao estudantes do 8º ano
do ensino fundamental da rede estadual. Segundo a ação, houve censura do material didático pelo fato de
Doria discordar da visão sobre identidade de gênero e diversidade sexual nele contido. Os proponentes
pedem que o material seja devolvido aos alunos.

As cartilhas já haviam sido entregues e seriam utilizadas durante o 3º bimestre de 2019. Com isso, por
conta de três páginas, estudantes ficaram sem as outras 141 com conteúdos de arte, ciências, educação
física, geografia, história, inglês, matemática e português.

Os docentes e pesquisadores da Universidade Federal do ABC, Universidade Federal de São Paulo,


Universidade Federal de São Carlos, Universidade de São Paulo e Universidade Estadual de Campinas que
ajuizaram a ação contaram com o apoio do Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (CADHu).

"O recolhimento das apostilas é ilegal, inconstitucional e um absurdo. Impõe censura ideológica e deixa
mais de 330 mil estudantes sem material de oito disciplinas para o terceiro bimestre", afirma Eloisa
Machado de Almeida, professora da FGV Direito SP, coordenadora do núcleo de pesquisa Supremo em
Pauta e membro do CADHu.

Pelas redes sociais, Doria reclamou do que ele chamou de "apologia à ideologia de gênero", categoria
rejeitada pela academia, mas muito utilizada por grupos conservadores que defendem uma visão
excludente de identidade e sexualidade.
https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/10/pode-chegar-a-hora-em-que-bolsonaro-nao-aceite-largar-o-poder-diz-filosofo/?fbclid=I… 7/9
10/09/2019 Pode chegar a hora em que Bolsonaro não aceite largar o poder, diz filósofo - UOL Notícias

A ação requer a concessão de uma liminar para:

a) a suspensão do recolhimento das apostilas do programa "SP Faz Escola" destinadas aos alunos do 8º
ano do ensino fundamental para todas as disciplinas do 3º bimestre do ano letivo corrente;

b) que as apostilas recolhidas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo não sejam
descartadas, destruídas, avariadas ou, de qualquer modo, submetidas a condições que impossibilitem seu
uso futuro pelos alunos da rede pública, pelo motivo de tratar de temas relacionados a diversidade sexual e
identidade de gênero;

c) a devolução das apostilas a todas as escolas e estudantes que tiveram tais materiais recolhidos, de
modo que possam ser utilizadas caso os professores considerem pertinente.

De acordo com os proponentes, o governador violou a Constituição Federal, a Base Nacional Comum
Curricular e o próprio currículo educacional do Estado de São Paulo – que defende a pluralidade da
identidade de gênero e da sexualidade humana e combate o preconceito e a discriminação.

Enquanto isso, no Rio

Na última semana, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, transformou um quadrinho com um beijo
entre dois rapazes, parte da graphic novel "Vingadores – A Cruzada das Crianças", em uma cruzada contra
a Bienal do Livro.

Chegou a conseguir uma decisão favorável, com o presidente do Tribunal de Justiça autorizando a
administração municipal a recolher material de temática LGBTQ+ na Bienal. Contudo, o presidente do
Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, atendeu a um pedido dos organizadores da feira e cancelou a
autorização. Eloísa Machado de Almeida também chamou a decisão da Prefeitura do Rio de censura e diz
que o prefeito extrapolou suas funções: "Censura. Não há mais nada o que dizer, ele simplesmente não
pode fazer isso".

Tanto Crivella quando Doria, dessa forma, reforçaram conexão com a parte mais conservadora de seu
eleitorado. Crivella disputará uma reeleição difícil no ano que vem e precisa fortalecer sua base. Já o
presidenciável Doria aproveita o momento em que Bolsonaro perde aprovação (o último Datafolha apontou
para 29% de ótimo e bom) e é questionado por seus seguidores fiéis para tentar acolher os desiludidos
com o capitão.

Vale lembrar que o primeiro a usar, neste ano, a censura a publicações foi o próprio Jair Bolsonaro. Em
março, ele criticou um material do Ministério da Saúde com imagens que mostravam como prevenir
gravidez e doenças sexualmente transmissíveis, que tinha como público-alvo jovens de dez a 19 anos.
Sugeriu que os pais rasgassem as páginas onde estavam ilustrações que ensinam a colocação correta de
camisinhas masculina e feminina e como fazer a limpeza dos genitais. E prometeu que a caderneta seria
recolhida e uma nova produzida, sem as imagens.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

COMUNICAR ERRO

https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/10/pode-chegar-a-hora-em-que-bolsonaro-nao-aceite-largar-o-poder-diz-filosofo/?fbclid=I… 8/9
10/09/2019 Pode chegar a hora em que Bolsonaro não aceite largar o poder, diz filósofo - UOL Notícias

UOL RECOMENDA

Norris terá capacete em homenagem a "herói" Valentino Rossi em Monza

Programação US Open: Nadal e Monfils tentam a vaga nas semis nesta quinta

Jovem canadense ajuda a desvendar caso de 27 anos atrás com câmera GoPro

Siga UOL Notícias

COMUNICAR ERRO

© 1996 - 2019 UOL - Todos os direitos reservados

https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2019/09/10/pode-chegar-a-hora-em-que-bolsonaro-nao-aceite-largar-o-poder-diz-filosofo/?fbclid=I… 9/9

Você também pode gostar