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Direito Tributário

Prof. Leonardo Godoi

NOÇÕES GERAIS

1. Poder de Tributar

• É um poder que o Estado de Direito busca para


captar recursos financeiros no intuito de custear
sua atividade fim por meio de receitas originárias
ou derivadas.

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• As receitas originárias se originam do patrimônio do
Estado, como por exemplo, os aluguéis de imóveis
públicos.
• As receitas derivadas têm como origem o
patrimônio do particular, como por exemplo, os
tributos. Por meio da Assembleia Nacional
Constituinte, o povo brasileiro transfere para a
sociedade a jurisdição e a administração dos
tributos.

• Esse poder de tributar está autorizado nos artigos


13 e 14 da Declaração francesa dos Direitos do
Homem e do Cidadão, de 1789, que preconiza que
para a manutenção da força pública e custos
administrativos, os tributos devem ser
distribuídos igualmente entre os cidadãos e
dimensionados conforme as suas possibilidades e
capacidade.

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1.1 Princípios Constitucionais Tributários
Os princípios têm por finalidade a proteção de três
valores:
• Liberdade jurídica;
• Segurança jurídica;
• Justiça da tributação.

1.1 Princípios Constitucionais Tributários


A. Princípios que protegem o valor Segurança
Jurídica
A.1 – Princípio da Transparência Fiscal (art. 150, §5,
CRFB/88)
A.2 - Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, “a”,
CRFB/88)

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As situações que compreendem exceções ao
Princípio da Irretroatividade são:
• Leis interpretativas (art. 106, I, Código Tributário
Nacional, CTN);
• Leis que alteram os aspectos formais do
lançamento (art. 144, §1º, CTN);
• Leis benéficas em penalidades (art. 106, II, CTN).

A.3 - Princípio da Legalidade (art. 150, I, CRFB/88)


• Tipicidade fechada ocorre quando o tipo
tributário necessita prever detalhes de cada um
dos elementos da obrigação tributária de forma a
não caber qualquer espaço de decisão para o
intérprete, de modo que à lei tributária não deve
caber interpretação.

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• Tipicidade aberta acontece quando o dispositivo
tributário cabe em uma maior interpretação, para
que o intérprete possa integrar os conceitos
previstos pelo legislador.

O Direito Tributário aplica a tipicidade aberta


ou fechada?

• STF e por a maioria da Doutrina - adota a


tipicidade fechada.

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• RLT e que pode ser defendido pelo Fisco - Para ter
uma gestão tributária mais eficiente é que a
tipicidade tributária aberta, ou seja, o artigo que
trata do fato gerador do tributo pode ser
genérico, pois caberá ao administrador
concretizar a lei tributária no exame do caso
concreto – Ponderação de interesses e art. 116,
parágrafo único, CTN.

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A.4 – Princípio da Anterioridade (art. 150, III, “b” e


“c”, CRFB/88)
Lei municipal majorou a alíquota do IPTU em
03.07.12. Então, a partir de que dia a nova alíquota
poderá ser aplicada pelo município?
• A partir de 01 de janeiro de 2013, pois respeitou
as duas hipóteses em questão.

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Se esta lei ao invés de majorar a alíquota do IPTU, ela alterou
a base de cálculo, como fica a questão?
A base de cálculo é um composto de vários critérios
facilmente manipuláveis. Por isso, se o legislativo não aprovar
lei majorando alíquota até 04.10, para afastar a noventena,
ele pode majorar o imposto alterando a base de cálculo até
31.12, para aplicação já a contar de 01.01 do ano seguinte,
pois essa majoração só se submeteria à regra do exercício
financeiro seguinte, pois excluída da regra da noventena.

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A data de 01 de janeiro foi fixada como de apuração


do IPTU por mera conveniência, pois não há norma
na CRFB/88, no CTN ou em lei complementar
específica do IPTU, que imponha essa data. Sendo
assim, a data do fato gerador poderia ser alterada
por lei municipal de forma a se adequar ao prazo da
anterioridade.

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B. Princípios que protegem o valor Justiça da
Tributação
B.1 - Princípio da Capacidade Contributiva (art. 145,
§1, CRFB/88)
A administração pública municipal pode realizar a
progressividade de seus tributos de acordo com a
capacidade econômica do contribuinte.

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Progressividade é um dos métodos de arrecadação


de alíquotas em razão da riqueza revelada do
contribuinte.

• Súmula 668, STF;

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• Ineficácia da gestão tributária de diversos municípios
do Brasil, pois no IPTU a progressividade fiscal não
pode ocorrer com base exclusivamente no art. 145,
§1 da CRFB/88, (Princípio da Capacidade
Contributiva) em função deste imposto ser
classificado como imposto real (lançados em função
do valor da matéria tributável, mas sem atender às
condições pessoais do contribuinte, ou seja, o que
leva em consideração é o valor venal do imóvel).

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• Fundamento da progressividade - art. 156, §1 da


CRFB/88 com limitação nos art. 182, §§2º e 4º da
CRFB/88 e art. 7º da lei 10.257/2001, ou seja, as
alíquotas são diferenciadas pelo uso/destinação e
pela área/localização, e ainda pela
progressividade sanção, em função do desrespeito
a função social da propriedade.

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• Se o município de sua cidade está tributando
dessa forma, com a lei antiga, esta tributação é
inconstitucional, levando a crer que a projeção de
arrecadação será ineficiente.

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B.2 - Princípio da não discriminação pela procedência


ou destino (art. 152, CRFB/88)
B.3 - Princípio da Uniformidade Geográfica (art. 151,
CRFB/88)
B.4 - Princípio do Não Confisco (art. 150, IV, CRFB/88)

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C. Princípio que protege o valor da liberdade jurídica

C.1 - Princípio da não limitação ao trânsito (art. 150,


V, CRFB/88)

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3. Espécies Tributárias

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3.1 Impostos
Os impostos são, assim, estruturados:
• Quanto à competência;
• Quanto à finalidade;
• Quanto à incidência;
• Quanto à possibilidade de repercussão do encargo
econômico.

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3.1 Impostos Municipais
Quanto à finalidade: Fiscais e Extrafiscais
• Impostos fiscais são aqueles cuja finalidade está
na arrecadação, ou seja, a captação é de receita
derivada, que são receitas oriundas do poder de
tributar. Exemplos em âmbito municipal: IPTU, ISS
e ITBI.

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• Impostos extrafiscais têm como finalidade a


intervenção do Estado no domínio econômico, ou
seja, é uma função regulatória.
Exemplo: O IPTU que em regra é fiscal, possui esta
exceção que é relacionada à sua progressividade no
tempo.

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• O município com o intuito de realizar uma gestão
tributária eficiente pode aumentar a carga
tributária referente ao imóvel. Contudo, essa
progressividade tem um limite: não deve exceder
duas vezes o valor referente ao ano anterior,
respeitando a alíquota máxima de 15%, conforme
art. 7, §1º do Estatuto da Cidade, para não gerar
efeito confiscatório previsto no art. 150, IV,
CRFB/88.

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A) IPTU
• A estrutura do IPTU está nos artigos 32 a 34 do
CTN e ainda nos artigos 14 e 15 do Decreto-Lei
57/1966.
• Quanto ao fato gerador: Art. 32, CTN

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Ex.: Uma pessoa que tem a posse de um imóvel quer
colocar o IPTU no seu nome, achando que com isso
se tornará dono do imóvel e está cumprindo com a
sua obrigação. O proprietário desse imóvel não quer
deixar de pagar o IPTU, pois deseja que seu nome
continue cadastrado lá.

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• Assim, enquanto durar o estado de posse, o


contribuinte é o posseiro, e esse pensamento já está
bem resolvido nos tribunais superiores conforme a
leitura do Recurso Especial - Resp 325.489.
• Para o STJ, o dispositivo que estamos comentando
oferece possibilidades ao legislador municipal
definir qualquer das pessoas como sujeito passivo
do IPTU, isto é aquele que pagará o IPTU.

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• É o caso da promessa de compra e venda em que o
promitente vendedor tem a propriedade registrada
no RGI e promitente comprador tem a posse do
imóvel com a intenção de propriedade.
• Neste sentido o referido tribunal criou a súmula 399
que afirma que “cabe à legislação municipal
estabelecer o sujeito passivo do IPTU”. E assim, no
caso do IPTU, o contribuinte foi definido como forma
alternativa pelo CTN.

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B) ITBI
• Sua estrutura no art. 156, CRFB/88 e nos arts. 35 ao 42
do CTN.
• Em relação ao Município competente para a cobrança do
ITBI, será o da situação do bem. Então, se eu tiver um
bem localizado no Município do Rio de Janeiro (RJ) que
pertence a um proprietário domiciliado em Cabo Frio
(RJ) e o vendedor com domicílio em São Paulo (SP), o
imposto será devido ao Município do Rio de Janeiro (RJ).

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C) ISSQN
• A estrutura do ISS está no art. 156 da CRFB/88 e na LC
116/03.
• Critério Espacial:
Art. 12 Decreto-lei 406/68: “Considera-se local da
prestação do serviço: a) o do estabelecimento prestador
ou, na falta de estabelecimento, o do domicílio do
prestador”. Exceções: construção civil e exploração de
rodovias. REVOGADO

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• Art. 3º LC 116/03: “O serviço considera-se


prestado e o imposto devido no local do
estabelecimento prestador ou, na falta do
estabelecimento, no local do domicílio do
prestador (...)”.
• Exceções: incisos I a XXII

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O que é “estabelecimento do prestador”?


• Art. 4º LC 116/03: “Considera-se estabelecimento
prestador o local onde o contribuinte desenvolva a
atividade de prestar serviços, de modo permanente ou
temporário, e que configure unidade econômica ou
profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as
denominações de sede, filial, agência, posto de
atendimento, sucursal, escritório de representação ou
contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas”.

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• “(...) configura estabelecimento prestador o lugar
no qual, de modo concreto, se exercitem as
funções de prestar serviços, independentemente
do seu tamanho, do seu grau de autonomia, ou
qualificação específica (não importa se se trata de
matriz, ou sede, filial, sucursal, agência, loja,
escritório ou qualquer outra denominação da
espécie)”.

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• E continua o autor: “(...) estabelecimento


prestador é, pois, o local em que a atividade
(facere) é efetivamente exercida, executada,
culminando com a consumação dos serviços.”
(Aires Barreto)

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