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Memorial aula 9

A aula de número 9 tratou sobre constitucionalismo e declarações de direitos no


contexto do iluminismo jurídico. Pode-se dizer que o surgimento das constituições foi a
materialização de uma cultura iluminista que queria garantir direitos aos homens, direitos esses
enumerados pelas declarações de direito, muitas vezes contidos dentro de constituições. A
origem e o resultado desses desejos iluministas burgueses, em face de uma resistência à
mudanças e extinções de antigas instituições incompatíveis com o novo modelo pretendido pela
burguesia reveolucionária.

O momento de aula enfatizou a diferença entre os rights da commom law e os iura


propria do ius commune. Pode-se comentar que os rights, diferentemente dos iura propria, não
são fruto de um “debate teórico”, visto que são aceitos e surgem da prática jurídica da sociedade.
Os iura propria, por outro lado, são direitos que intelectuais e estudiosos do direito julgam
necessários para a existência de uma ordem social.

Se tratando de cultura constitucional, essa surge na Inglaterra, sem a vinculação a um


texto. As constituições têm como objetivo garantir o rule of law (estado de direito), que é a
noção de que o direito deve prevalecer sobre o arbítrio político, sendo os itens fundamentais à
verificação de uma cultura constitucional a 1) existência de um parlamento que criará leis para
seus semelhantes; 2) a figura de jurados que julgarão seus semelhantes por cumprir ou não as
leis estabelecidas por semelhantes (parlamento). Assim, conclui-se que um rei não tem
autoridade para interferir no estado de direito, somente competindo ao parlamento uma
intromissão nas questões relativas ao estado de direito, tendo em vista que o parlamento é a
representação dos comuns. O rei, portanto, não pode nem interferir na lei criada pelo
parlamento, nem não cumprir com a lei – o rei está sujeito à lei. No caso da Inglaterra, sua
grande contribuição à cultura de constituições é ter sido a primeira com a ideia de uma
constituição – imaterial. Composta por documentos como o Bill of Rights e a Magna Carta, foi
a “nação” pioneira a implementar o funcionamento e a ideia de uma constituição.

A contribuição americana foi a transformação de uma ideia de constituição em texto –


para os estadunidenses, a constituição é material e formal e deveria nascer de um texto solene.
Cada estado da Federação teria uma constituição própria e a união teria uma constituição que
regula a relação entre os estados e contém alguns direitos que devem ser cumpridos por todos
os estados. No caso americano, o país não aceitava mais o domínio da coroa inglesa, pois ele
não produzia o que deveria produzir – a garantia de direitos entre os iguais.
É interessante perceber como seu deu a aceitação da ideia de constituição nos países da
Europa continental, como a França, Portugal e Espanha – neles todos, foi preciso uma revolução
popular para que pudessem ser implementadas Constituições: Revolução francesa, no caso da
França, Revolta Liberal do Porto de 1822, no caso de Portugal, por exemplo. Especificamente
na França, o estabelecimento dos direitos constitucionais se deu de uma maneira bastante
radical, pois precisava depor o poder e os privilégios do Primeiro e Segundo Estado (clero e
nobreza, respectivamente). Ainda no caso francês, a lei era entendida como o momento de
manifestação da soberania do povo e, por isso, durante a revolução francesa, o poder legislativo
era superior aos poderes executivo e judiciário.

Acerca da atividade de sala, que consistiu num debate entre a ideologia de Dom Pedro
I e de Frei Caneca acerca do poder moderador, da separação dos poderes e da autonomia dos
territórios, pode-se dizer que a ideia central da atividade foi compreendida. Essa ideia consistia
em que entendêssemos como pensava tanto Dom Pedro quanto os liberais, representados na
atividade pelo Frei Caneca. Na atividade, participei do grupo que defendeu a ideia de Dom
Pedro e posso dizer que foi extremamente difícil defender um posicionamento que, aos olhos
do tempo presente, são claramente absolutistas e autoritários, como defendia justamente o grupo
dos liberais. Além disso, a Constituição outorgada por Dom Pedro era cheia de inconsistências
e incoerências que a faziam objeto de difícil defesa, principalmente se tratando do assunto
territorial.

Sobre as leituras obrigatórias e complementar, pode-se dizer que foram deveras


dispensáveis ao entendimento das aulas da semana, sendo distantemente relacionadas ao
assunto frisado em sala.

Na leitura obrigatória, comenta-se a importância da França no cenário europeu por ser


a primeira a pôr em pauta o tema constitucional devido à revolução. Nesse sentido, foi também
a primeira nação europeia a fazer uma Declaração dos Direitos, separar eficientemente os
poderes e instaurar assembleias constituintes. A leitura comenta também sobre o desenrolar da
cultura constitucional na Espanha, da constituição portuguesa e das diferenças entre os rights e
os iura propria, previamente abordados.

Da leitura complementar, que abordou as rupturas e continuidades da antiga ordem no


Estado brasileiro, é interessante comentar como as ideias usadas na emancipação política do
Brasil eram todas “importadas” da Europa, numa prova cabal de como o país somente seguiu a
onda constitucionalista por que viviam os países europeus na época, procurando alternativas ao
ordenamento estamental e ao estado Absolutista.

Por fim, restou a dúvida – por que, diferentemente de todas as outras culturas jurídicas
ocidentais, a Constituição do Reino Unido é imaterial? Que características próprias permitiram
ou estabeleceram a falta de necessidade de um texto compilado positivado?

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