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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL

Mantedora

FACULDADE SENAI DA PARAÍBA


Mantida

ESTUDO DE CASO DA COMPATIBILIZAÇÃO DOS PROJETOS


ARQUITETÔNICO E ESTRUTURAL DE UMA RESIDÊNCIA MULTIFAMILIAR
COM A TECNOLOGIA BIM

FELIPE LUCENA VIDAL DE NEGREIROS

JOÃO PESSOA – PB, 05 de Julho de 2019


FELIPE LUCENA VIDAL DE NEGREIROS

ESTUDO DE CASO DA COMPATIBILIZAÇÃO DOS PROJETOS


ARQUITETÔNICO E ESTRUTURAL DE UMA RESIDÊNCIA MULTIFAMILIAR
COM A TECNOLOGIA BIM

Projeto de pesquisa apresentado à coordenação de


Trabalho de Conclusão de Curso em Pós-Graduação
Lato Sensu em Planejamento, Controle e Execução de
obras civis da Faculdade SENAI da Paraíba, como
requisito parcial para conclusão em 2019 pela referida
instituição.

Orientador(a): Prof. Msc. Prof. Luciano Jordan Castor de Lima

JOÃO PESSOA – PB, 05 de Julho de 2019


FICHA CATALOGRÁFICA
NEGREIROS, Felipe Lucena Vidal de Negreiros. Estudo de caso da compatibilização dos
projetos arquitetônico e estrutural de uma residência multifamiliar com a tecnologia
BIM. João Pessoa, 2019. 20 fls. Trabalho de Conclusão de Curso – Pós Graduação Lato Sensu
em Planejamento, Controle e Execução de Obras Civis da Faculdade SENAI da Paraíba, João
Pessoa, 2019.
RESUMO

Com a crise econômica brasileira dos últimos anos, o setor da construção civil sofreu
grandes quedas no seu volume de vendas, com isso pequenas, médias e grandes construtoras
viram seus lucros despencarem. Diante desse problema é necessário que as empresas adotem
novas técnicas e ferramentas para diminuir os custos e aumentarem a qualidade dos seus
empreendimentos, com isso se destacando no setor. O presente estudo se propõe demonstrar a
implementação da tecnologia BIM na compatibilização dos projetos arquitetônico e estrutural
de uma residência multifamiliar, evidenciando de forma sucinta as etapas do processo, sempre
procurando reduzir o número de incompatibilidades entre os sistemas. A partir disso, foi
possível visualizar a eficácia da utilização dessa nova metodologia, em relação aos métodos
tradicionais, para o aumento da eficiência das construções através da: diminuição dos
retrabalhos durante a etapa de execução da obra; aumento da qualidade; e por final na redução
dos custos totais da obra.

Palavras-chave: BIM. Compatibilização. Interoperabilidade.

NEGREIROS, Felipe Lucena Vidal de Negreiros. Case study of the compatibilization of the
architectural and structural projects of a multifamily residence with BIM technology.
João Pessoa, 2019. 20 pgs. Course Conclusion Work – Posgraduate Sensu in Planning, Control
and Execution of Civil Works, SENAI College of Paraíba, João Pessoa, 2019.

ABSTRACT

With a Brazilian economic crisis of the last few years, the construction sector suffered
a sharp drop in its sales volume, thereby small, medium and large construction companies saw
their profit margins plummet. With this problem is necessary that the companies adopt new
techniques and tools to reduce costs and increase the quality of their enterprises, making it stand
out in the sector. The present study propose to the implementation of the BIM technology in
the compatibilization of the architectural and structural projects of a multifamily residence,
evidencing the way in which the modeling steps were done, and always aiming to reduce the
numeber of incompatibilities between the projects. From this, it was possible to visualize the
conditions of this new methodology, in relation to the commonly used ones, to increase the
efficiency of the projects by: reduce the rework during the execution; increase of quality and
final in the reduction of the costs in the works.

Key words: BIM. Compatibilization. Interoperability.


LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Ciclo de vida bim .................................................................................................. 9
FIGURA 2 – Curva de macleamy ............................................................................................ 11
FIGURA 3 - Modelo geral compatibilizado ............................................................................. 13
FIGURA 4 - Ferramenta clash detective .................................................................................. 14
FIGURA 5 - Erros de alinhamento dos pilares ........................................................................ 15
FIGURA 6 - Vista 3d deslocamento do pilar ........................................................................... 15
FIGURA 7 - Deslocamento de vigas em relação a alvenaria ................................................... 16
FIGURA 8 - Vista 3d deslocamento de viga ............................................................................ 16
FIGURA 9 - Vista deslocamento vigas do semissubsolo ......................................................... 17
FIGURA 10 - Detalhe deslocamento vigas do semissubsolo ................................................... 17
FIGURA 11 - Vista 01 do desalinhamento das vigas da escada .............................................. 18
FIGURA 12 - Vista 02 do desalinhamento das vigas da escada .............................................. 18
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 7
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 8
2.1. COMPATIBILIZAÇÃO .............................................................................................. 8
2.2. BIM ................................................................................................................................. 9
2.2.1. Coordenação de projetos ............................................................................................... 10
2.2.2. Interoperabilidade ......................................................................................................... 10
2.2.3. IFC ................................................................................................................................ 12
3. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 12
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................... 12
3.2. CAMPO DE PESQUISA .............................................................................................. 12
3.3. INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS ........................................................ 12
3.4. PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ................................................... 13
3.5. ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................ 13
4. ESTUDO DE CASO .................................................................................................... 13
5 CONCLUSÃO.............................................................................................................. 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 20
7

1. INTRODUÇÃO

Para a construção de qualquer empreendimento é necessário o desenvolvimento no


mínimo dos projetos arquitetônico, estrutural, elétrico, hidráulico e sanitário, onde no setor da
construção civil geralmente eles são realizados por diferentes projetistas isoladamente, fazendo
com que a ocorram interferências durante a fase executiva da construção. Para mitigar esses
problemas é realizada a etapa de compatibilização desses projetos.
Essa compatibilização é uma análise das interferências físicas nas edificações entre
todas as disciplinas envolvidas, onde a não realização dessa etapa certamente ocasiona sérios
problemas no desenvolvimento das obras tais como o desperdício de material, atraso da obra e
diminuição da qualidade do empreendimento.
Um grande avanço para a área de compatibilização de projetos é a utilização da
Modelagem da Informação da Construção (BIM-Building Information Modeling). O BIM
funciona com a criação de maquetes em 3D, nas quais todas as peças possuem suas
características próprias e definições, ou seja, os modelos criados possuem todas as informações
relacionadas a construção. Isso é possível porque o programa é capaz de identificar os objetos
através de seus atributos, como tipo de material, espessura, largura, altura e miscelâneas,
diferente da pranchetas eletrônicas (Computer Aided Design – CAD) que tem recursos
limitados e enxergava através de linhas.
O BIM, para a construção civil, favorece a interoperabilidade entre os projetos, ou seja,
possibilita a integração entre os modelos arquitetônicos, estruturais, elétricos, hidráulicos,
sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), combate a incêndio, ou seja, a
compatibilização de todos os sistemas. Promovendo assim a possibilidade de verificação de
conflitos entre cada sistema, antes que a edificação seja construída, poupando uma grande
quantidade de retrabalhos. Ele irá criar um modelo virtual e tridimensional da construção antes
que os trabalhos sejam iniciados no canteiro de obras.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2014 até 2018 o
Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil vem sofrendo sucessivas quedas. Em 2018 o
acumulado do ano ficou em 2,5% negativo e total para o período de quatro anos houve uma
redução de 31.2%. Conforme o IBGE, no primeiro trimestre de 2019 a queda no setor já está
em 2,0%. Diante desse mau desempenho da economia e do setor da construção, é cada vez mais
comprovada a necessidade da utilização de novas ferramentas, como o BIM, para que haja o
aumento da eficiência no desenvolvimento e execução dos projetos. De forma geral, as
atividades na construção civil são pouco industriais e mecanizadas, com isso existe uma grande
8

heterogeneidade no processo em que os serviços são realizados entre diferentes obras e até
mesmo dentro do mesmo empreendimento
Através dessa metodologia é possível o aumento da eficiência dos projetos, trazendo
benefícios tanto para o construtor, quanto para os clientes finais. Mas sempre temos que lembrar
que o BIM, segundo EASTMAN (2014, [s. p.]) “não é uma coisa ou um tipo de software, mas
uma atividade humana que envolve mudanças amplas no processo de construção”.
Conforme projeção Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), se
metade das empresas brasileiras utilizarem o modelo BIM em seus escritórios, a economia
crescerá 7%, ou seja, um acréscimo de R$ 21,9 bilhões no PIB. Essa estimativa de crescimento
mostra que a implementação do BIM se torna a alternativa que a indústria da construção civil
necessita para que haja uma reversão no cenário econômico, fazendo que após cinco anos
quedas o setor volte a crescer.
Nesse contexto, o principal objetivo deste trabalho é realizar a compatibilização dos
projetos arquitetônicos e estrutural de um edifício residencial de 24 pavimentos utilizando a
metodologia BIM e verificar os benefícios desse método. Também está entre os objetivos
mostrar a interoperabilidade entre os softwares através da utilização do protocolo IFC (Industry
Foundation Classes), relatar todo o processo e registrar as vantagens em relação ao sistema
tradicional.

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1. COMPATIBILIZAÇÃO

A compatibilização é um processo baseado na observação de interferências através das


sobreposição dos projetos, com o objetivo de integrar projetos afins, onde os conflitos podem
gerar retrabalhos, tempo desperdiçado e gasto desnecessário de material. Para a solução desses
problemas são realizadas reuniões com os todos os envolvidos nos projetos, com a finalidade
de aumentar o nível de qualidade da obra.
Para Callegari (2007, p. 34) a compatibilização consiste no gerenciamento e integração
dos projetos com objetivo de sincroniza-los, eliminando os conflitos e consequentemente
simplificando e otimizando a construção. A compatibilização é imprescindível para o controle,
ela é uma atividade viva e de constante mudanças.
A não realização da compatibilização dos projetos podem induzir erros e custos
adicionais as obras, fazendo com que decisões sejam tomadas durante a obra de forma
equivocada, podendo inclusive, comprometer a qualidade do empreendimento.
9

Essa etapa do projeto pode ser realizada de diversas formas, a mais simples e mais
utilizada é apenas uma sobreposição de desenhos em 2D de forma manual. Apesar de ser
bastante utilizada não é a mais precisa, pois elas são feitas em apenas em 2D e os
empreendimentos são construídos de forma 3D. Isso gera um grande défice na eficiência da
realização da compatibilização, fazendo com que ainda ocorram problemas durante a fase de
execução. Para aumentar a eficácia dessa etapa é utilizada a plataforma BIM, que permitem a
visualização dos projetos em 3D, ou seja, é possível identificar se diferentes elementos estão
em um mesmo espaço, essa metodologia possibilita uma melhor visualização das interferências.

2.2. BIM

O BIM é um meio de realização de atividades, ou seja, um processo que permite


desenvolver as tarefas de uma forma mais integrada e mais eficiente. Ele funciona através da
criação de modelos tridimensionais virtuais parametrizados que contém as informações de
todos os elementos do projeto, e como esses objetos interagem entre si.
Martini (2018), define como BIM “[...] um modelo de gestão de informações
relacionadas à geometrias dos elementos, informações geográficas, quantidades e propriedades
construtivas dos componentes.” O BIM se propõe a criar uma interação de toda a vida útil de
um projeto, ou seja, seu ciclo de vida. Passando pelo planejamento, execução e operação do
empreendimento, onde essa interação se dá de forma contínua, conforme Figura 1.
Figura 1 - Ciclo de vida BIM

Fonte: Martini (2014)


10

A utilização dessa tecnologia vem crescendo de forma significante ao redor do mundo


na área de engenharia civil, devido, segundo Eastman (2014) a sua capacidade de integrar os
processos de projeto e construção, melhorando a qualidade das construções e reduzindo o tempo
e custos para a execução das obras. Com a redução dos custos e tempo de obra a empresa que
utiliza a tecnologia BIM possui uma maior competitividade no mercado, possibilitando que
seus produtos tenham preços mais baixos em relação a concorrência e tenham seu tempo de
execução menor, beneficiando os clientes que precisarão esperar menos tempo para utilizar a
edificação.

2.2.1. Coordenação de projetos

Uma das grandes vantagens de se realizar os projetos em BIM é a coordenação entre


os diferentes projetos e como comumente eles são desenvolvidos por diferentes profissionais e
escritórios a interação entre essas partes.
Nível 1 – todos os projetos são desenvolvidos na plataforma BIM, mas não existe uma
colaboração entre os diferentes projetistas, podendo acumular diversos problemas de
incompatibilidade entre os projetos.
Nível 2 – todos os projetos são feitos na plataforma BIM e há uma colaboração entre
os projetistas com troca de informações, entretanto os projetos podem não ser desenvolvidos
no mesmo modelo.
Nível 3 – Todos os projetistas trabalham no mesmo arquivo, possibilitando o trabalho
simultâneo de todos os envolvidos, com isso há uma menor probabilidade de incompatibilidade
entre os projetos.

2.2.2. Interoperabilidade

Na indústria da construção a pouca comunicação entre os projetos arquitetônicos,


estruturais e os complementares ocasiona diversos problemas, isso é provocado pela baixa
possibilidade de interação entre eles, pois são apenas linhas nos programas do tipo CAD, ou
seja, o programa não consegue verificar com eles interagem em quais cotas de nível eles se
encontram. Nos softwares tipo CAD, existe um certo nível de interoperabilidade, mas se limita
a possibilidade de salvar os arquivos em diferentes programas em um formato que possibilite a
leitura em diferentes plataformas, umas das extensões de arquivos mais utilizadas é o formato
DXF.
Essa baixa conversação entre os projetos do sistema ocasiona diversos problemas que
provocam retrabalhos, onde eles aumentam os custos e o prazo do empreendimento. Conforme
11

MATTOS (2010, p. 22) o melhor momento de se intervir seria o mais cedo possível, devido a
oportunidade construtiva, que é o melhor momento para modificar o rumo de um serviço ou do
planejamento a um custo baixo, pois quanto mais perto do final do obra maior serão os custos
e menor será a eficácia da mudança.
A curva de MacLeamy mostrada da Figura 2 faz um comparativo entre o pico do fluxo
de trabalho do processo tradicional (CAD) e a metodologia BIM, relacionando o ciclo de vida
do projeto (tempo) a capacidade que cada tipo tem de influenciar os custos e o potencial para
agregar valor da mudança ao projeto. Onde quanto mais adiantada a etapa no ciclo, maior será
o custo e menor a qualidade dessa mudança.
Figura 2 – Curva de MacLeamy

Fonte: Catelani (2016, p. 55)


É possível perceber no gráfico que o pico de esforço do processo tradicional está em
uma fase posterior ao do processo integrado, com isso suas alterações dos projetos
desenvolvidos em CAD possuirão um impacto maior no custo e uma menor qualidade. Devido
à alta possibilidade de conversação entre os projeto na metodologia BIM, ou seja, sua
interoperabilidade, o seu gráfico é mais deslocado para as etapas inicias do projeto, acarretando
em um valor das mudanças e uma maior qualidade dessas alterações.
12

2.2.3. IFC

Jacoski (2003) define o IFC (Industry Foundation Classes) como um modelo central
único, orientado a objeto e compatível entre aplicativos. Ele é um formato de arquivo que não
pertence à uma empresa especifica, ou seja, é um formato público e aberto para a utilização em
ferramentas BIM. O fluxo contínuo de trabalho da metodologia BIM necessita desse tipo de
arquivo devido a facilidade de não realimentação de informações nos projetos e a não
necessidade de utilização de um software especifico para o desenvolvimento das atividades.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa será do tipo exploratória, mostrando a compatibilização de um residencial


multifamiliar dentro do processo BIM, apontando as vantagens em relação ao método
tradicional de quantificação insumos de uma obra. Caracterizando o trabalho como um estudo
de caso e de abordagem quantitativa, proporcionando um profundo e exaustivo estudo do tema
proposto e ampliando o conhecimento do autor e dos leitores.

3.2. CAMPO DE PESQUISA

Foi realizado um estudo de caso da compatibilização dos projetos arquitetônico,


estrutural. O empreendimento é um edifício composto por um subsolo, um pilotis, um
mezanino, vinte pavimentos tipo e uma cobertura, localizado em um terreno com 1350m². Sua
estrutura é composta de alvenaria de vedação e concreto armado. O prédio contem vinte e dois
apartamentos, onde cada apartamento é divido em dois quartos, dois banheiros, uma sala, uma
cozinha e área de serviço.

3.3. INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

A coleta dos dados foi feita através de observações das interferências identificadas
pelo programa Autodesk Naviswork Manage.
13

3.4. PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Durante a compatibilização dos projetos do residencial, os dados foram coletados por


meio de imagens e informações geradas automaticamente pelo programa Navisworks onde ele
forneceu visualização das interferências entre os projetos estrutural e arquitetônico.

3.5. ANÁLISE DE DADOS

A análise dos dados se deu de forma quantitativa, onde foi levantando os pontos de
incoerência entre os projetos e a necessidade de correção dessas interferências entre das
disciplinas, mostrando as vantagens da metodologia BIM em relação ao método tradicional.

4. ESTUDO DE CASO

O estudo de caso se iniciou com a coleta dos projetos arquitetônico e estrutural da


residência multifamiliar, onde os projetos foram elaborados por diferentes escritórios. Os
projetos foram apresentados no formato IFC.
Para a compatibilização dos projetos foi utilizado o software Autodesk® Navisworks
Manage, a realizar as atividades iniciou-se com a importação dos arquivos no formato IFC para
o programa e a verificação se os pontos base estavam alinhados. Com a junção dos dois projetos
o modelo ficou conforme a Figura 3, onde foi possível analisar a integração entre os sistemas.
Figura 3 - Modelo geral compatibilizado

Fonte: O autor
14

O primeiro pavimento analisado foi o tipo, onde a análise procurou problemas de


alinhamento entre os pilares do projeto estrutural e a posição que eles foram apontados no
projeto arquitetônico. Para a identificação dos problemas foi utilizado a ferramenta clash
detective para identificar as interferências, mostrando todos os pontos que apresentam
sobreposição volumétrica com outros elementos, conforme Figura 4, onde é visto um
desalinhamento entre o pilar do projeto estrutural e do arquitetônico.
Figura 4 - Ferramenta Clash Detective

Fonte: O autor
Para melhorar a visualização das inconformidades a estrutura foi destacada na cor
vermelha para se diferenciar da arquitetura. Durante o processo de compatibilização foram
encontrados erros do tipo mostrado na Figura 4, onde o deslocamento dos elementos fica
evidente, com isso foi necessário o reajuste das posições dos pilares.
15

Figura 5 - Erros de alinhamento dos pilares

Fonte: O autor
Com o auxílio da visualização em 3D, foi possível perceber que esse mesmo
desalinhamento do pilar provocou outro problema, onde um dos pilares ficou desalinhado com
a fachada do edifício, conforme mostrado na Figura 5. Foi sugerido ao projetista estrutural o
deslocamento do pilar para que ficasse alinhado com a arquitetura.
Figura 6 - Vista 3D deslocamento do pilar

Fonte: O autor
Outro ponto de análise foi a verificação dos alinhamentos das vigas com as alvenarias,
onde foram encontrados incoerências nesses alinhamento, como mostrado nas figura 6 e 7. Na
imagem é possível perceber o surgimento de um “dente” na fachada do edifício, isso acarretaria
em um erro estético do edifício, o problema foi identificado e repassado para os projetista
estrutural para que ocorra a correção da posição da viga e consequentemente o projeto de forma
do pavimento tipo.
16

Figura 7 - Deslocamento de vigas em relação a alvenaria

Fonte: O autor
Figura 8 - Vista 3D deslocamento de viga

Fonte: O autor
O próximo pavimento a ser analisado foi o semissubsolo, onde foi encontrado uma
problema grave nas alturas das vigas do andar. Como mostrado nas figuras 8 e 9, as vigas foram
posicionadas em alturas erradas, podendo gerar problemas graves de intepretação durante a
execução da obra. Com a identificação do problema foi solicitado a alteração dos elementos
para que ficassem na posição correta, gerando alterações nas pranchas de vigas, pilares e cortes
verticais.
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Figura 9 - Vista deslocamento vigas do semissubsolo

Fonte: O autor
Figura 10 - Detalhe deslocamento vigas do semissubsolo

Fonte: O autor
Após o pavimento do semissubsolo, foram analisados as escadas, poço do elevador,
casa de maquinas, reservatórios inferior e superior. Durante a avaliação foram encontrados erros
nas escadas, onde as vigas não estavam alinhadas com a alvenaria da arquitetura, como
mostrados nas figuras 10 e 11. Esse detalhe pode ocasionar problemas futuros com a dimensão
mínima de largura das escadas definidas na NBR 9050 e consequentemente a aprovação dos
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projetos pelo corpo de bombeiros. Com isso foi solicitado os projetista estrutural a modificação
da posição dessas vigas.
Figura 11 - Vista 01 do desalinhamento das vigas da escada

Fonte: O autor
Figura 12 - Vista 02 do desalinhamento das vigas da escada

Fonte: O autor
19

5 CONCLUSÃO

Diante da crise econômica que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos, o
desenvolvimento do presente estudo possibilitou a análise de como a utilização da tecnologia
BIM na compatibilização de projetos pode ajudar para aumentar a eficiência das empresas no
setor da construção civil, que trabalham com margens muito grandes de desperdício, fazendo
com que elas se mantenham no mercado atual. Onde essa prática é de extrema importância para
alcançar um processo construtivo eficaz, através da redução dos custos gerais das obras devido
ao fatos dos projetos serem mais precisos.
Como a metodologia BIM se baseia na criação de modelos em 3D com informações
fica bem mais fácil a identificação de conflitos entre os sistemas, em comparação com o método
2D de sobreposição de projetos. Outro ponto positivo observado é a capacidade de se trabalhar
no modelo da obra como completo, diferentemente do método tradicional que a verificação é
feita em apenas um pavimento por vez.
O BIM também traz a possibilidade de simplificar a padronização de informações e
processos e ele também contribui para aumentar a capacidade de comunicação entre os
softwares dos projetistas.
Durante a realização da compatibilização dos projetos foi possível identificar as
interferências entre os sistemas, tais como conflitos entre o posicionamento dos pilares do
projeto estrutural e a locação deles no arquitetônico; também foram identificados vigas em cotas
erradas que poderiam ocasionar graves problemas na execução;
Na realização deste trabalho acadêmico foi notado que várias decisões que
normalmente no processo são tomadas na obra passam a ser feitas ainda nos escritórios de
projetos, isso cria um significante aumento de escopo, responsabilidades e consequentemente
quantidade de tempo gasto pelos projetistas. Esse aumento de atividades muitas vezes pode não
ser acompanhado de maneira direta pela remuneração. Também foi observado que o BIM não
é um substituto do CAD, mas sim uma inovação tecnológica mais profunda, pois modifica
radicalmente todo o processo de desenvolvimento dos projetos.
20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLEGARI, S. Análise da Compatibilização de Projetos em Três Edifícios Residenciais


Multifamiliares. Dissertação – Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis, 2007.

CATELANI, Wilton Silva. Fundamentos BIM. Brasília: CBIC, 2016. 124 p.

EASTMAN, Chuck et al (Ed.). Manual de BIM: Um guia de modelagem da informação da


construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Porto
Alegre: BOOKMAN, 2014. 503 p.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Taxa de variação


– setores e construção civil. Brasília, 2019.

JACOSKI, Cláudio Alcides. Integração e Interoperabilidade em Projetos de Edificações:


Uma Implementação com IFC/XML. 2003. 219f. Tese (Doutorado em Engenharia de
Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

MARTINI, Gustavo. Bim e as políticas públicas do brasil. 2018. Disponível em:


<https://www.gmarquiteturaengenharia.com/single-post/2018/03/10/BIM-E-AS-POLITICAS-
PÚBLICAS-DO-BRASIL>. Acesso em: 30 ago. 2018.

MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras. São Paulo: PINI, 2010. 496 p.

MATTOS, A. D. Como preparar orçamento de obras. São Paulo: PINI, 2014. 290 p.

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