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ANTIGOS EM DEMOLIÇÃO
Júri
Presidente: Prof. Francisco José Loforte Teixeira Ribeiro
Orientador: Prof. Jorge Manuel Calico Lopes de Brito
Vogal: Prof. António Manuel Candeias de Sousa Gago
Setembro de 2008
Sistemas de suporte de paredes de edifícios antigos em demolição
RESUMO
ABSTRACT
AGRADECIMENTOS
ÍNDICE GERAL
RESUMO .......................................................................................................................... i
ABSTRACT ..................................................................................................................... ii
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 1
1.1. Enquadramento do tema ................................................................................... 1
1.1.1. A reabilitação de edifícios ........................................................................ 1
1.1.2. A retenção de fachadas ............................................................................. 2
1.2. Motivação e objectivos..................................................................................... 4
1.3. Organização da dissertação .............................................................................. 6
2. PROCESSO CONSTRUTIVO................................................................................. 7
2.1. Estudos preliminares ........................................................................................ 7
2.1.1. A importância de um estudo antecipado................................................... 7
2.1.2. Inspecção inicial ....................................................................................... 8
2.1.3. Planeamento ............................................................................................. 9
2.2. Intervenções preliminares............................................................................... 10
2.2.1. Consolidação da alvenaria ...................................................................... 11
2.2.1.1. Revestimento de superfícies ........................................................... 12
2.2.1.2. Preenchimento de vazios ................................................................ 13
2.2.1.3. Pregagens........................................................................................ 14
2.2.2. Reforço de vãos ...................................................................................... 15
2.3. Sistemas de monitorização ............................................................................. 16
2.4. Montagem dos sistemas de suporte ................................................................ 18
2.5. Ligação do sistema de suporte às paredes ...................................................... 19
2.5.1. Ligação directa ....................................................................................... 19
2.5.2. Ligação indirecta .................................................................................... 20
2.6. Demolição....................................................................................................... 21
2.7. Fundações ....................................................................................................... 23
2.7.1. Recalce de fundações.............................................................................. 24
2.7.2. Contenção periférica............................................................................... 28
2.7.3. Fundações dos sistemas de suporte de paredes ...................................... 30
2.8. Execução da nova estrutura ............................................................................ 31
2.9. Ligação à nova estrutura................................................................................. 34
2.10. Desmonte dos sistemas de suporte ............................................................. 36
3. TIPOLOGIA........................................................................................................... 37
3.1. Considerações gerais ...................................................................................... 37
3.2. Métodos de contenção de fachadas ................................................................ 38
3.2.1. Exterior ................................................................................................... 38
3.2.2. Interior .................................................................................................... 39
3.2.3. Misto....................................................................................................... 39
3.3. Tipos de soluções ........................................................................................... 40
3.3.1. Suporte aéreo (flying shores).................................................................. 40
3.3.1.1. Ligação a edifícios adjacentes ........................................................ 42
3.3.1.2. Edifícios isolados............................................................................ 43
3.3.1.3. Edifícios de gaveto ......................................................................... 45
3.3.1.4. Edifícios com elementos interiores ................................................ 45
3.3.2. Bielas (ranking shores)........................................................................... 46
3.3.3. Sistemas em consola (vertical shores).................................................... 47
3.3.4. Sistemas em pórtico (dead shores)......................................................... 49
3.3.5. Sistemas mistos ...................................................................................... 51
3.3.6. Coberturas provisórias............................................................................ 52
4. DIMENSIONAMENTO......................................................................................... 53
4.1. Segurança aos Estados Limite Últimos .......................................................... 53
4.2. Segurança aos Estados Limite de Utilização.................................................. 54
4.2.1. Encurvadura............................................................................................ 55
4.2.2. Vibrações ................................................................................................ 57
4.3. Principais acções actuantes............................................................................. 57
4.4. Dimensionamento dos ligadores..................................................................... 58
4.4.1. Comportamento axial ............................................................................. 60
ÍNDICE DE FIGURAS
Fig. 2.1 - Revestimento de superfícies: a) aplicação da argamassa por projecção; b) reboco armado 12
Fig. 2.2 - Injecção de alvenarias: a) selagem de fendas; b) consolidação do material......................... 13
Fig. 2.3 - Pregagens: a) generalizadas; b) transversais; c) de costura em paredes ortogonais; d) de
costura em paredes de canto ................................................................................................................ 14
Fig. 2.4 - Pregagens longas ou tirantes................................................................................................ 15
Fig. 2.5 - Cintagem de edifício............................................................................................................ 15
Fig. 2.6 - Reforço de vãos: a) com perfis metálicos; b) com alvenaria; c) usando parte da estrutura de
suporte da fachada............................................................................................................................... 16
Fig. 2.7 - Instrumentos de monitorização: a) fissurómetro de corda-vibrante; b) fissurómetro Tell-
Tale; c) comparador de fissuras; d) alongâmetro mecânico ................................................................ 17
Fig. 2.8 - Ligações da estrutura: a) soldadas; b) aparafusadas ............................................................ 18
Fig. 2.9 - Ligação directa: a) ligação parcial; b) ligação total ............................................................. 20
Fig. 2.10 - Ligação indirecta ............................................................................................................... 21
Fig. 2.11 - Fases da demolição ............................................................................................................ 23
Fig. 2.12 - Recalce de fundações com pegões..................................................................................... 25
Fig. 2.13 - Recalce través de pegões com ancoragens pré-esforçadas................................................. 25
Fig. 2.14 - Reforço e recalce de fundações com micro-estacas: a) sapata isolada; b) sapata precária ou
em mau estado; c) reforço a acções horizontais .................................................................................. 26
Fig. 2.15 - Contenção periférica com paredes moldadas..................................................................... 28
Fig. 2.16 - Contenção periférica com muros de Munique ................................................................... 28
Fig. 2.17 - Fundação de estrutura de suporte em pórtico com micro-estacas solidarizadas com
maciços de encabeçamento e vigas de fundação, formando um vão que possibilita a passagem de
pessoas e/ou veículos .......................................................................................................................... 31
Fig. 2.18 - Pormenor de projecto (tipo) contemplando as excentricidades na estrutura de betão
armado, de forma a ajustar-se à parede de alvenaria da fachada......................................................... 33
Fig. 2.19 - Técnicas de selagem de ferrolhos para ligação à nova estrutura: a) com cartucho de resina
não misturada; b) e c) com ingredientes pré-misturados ..................................................................... 34
Fig. 2.20 - Métodos de ligação da estrutura antiga à nova estrutura ................................................... 35
Fig. 3.4 - Sistemas estruturais em quadro rígido com apoios intermédios: Rua do Carmo, Lisboa; b)
Armazéns do Chiado, Lisboa .............................................................................................................. 44
Fig. 3.5 - Escoramentos de canto num Edifício no Largo Luís de Camões, Lisboa. As escoras
reduzem os vãos da malha estrutural de suporte e estabilizam os cantos, estando estas também
contraventadas..................................................................................................................................... 44
Fig. 3.6 - Preservação de elementos interiores nos armazéns do Chiado, Lisboa: a) pormenor de
preservação do núcleo interior; b) vista aérea do edifício, sendo visíveis vários tipos de contenção
aérea: ligação e suporte de núcleo (1) e paredes (2) ; escoramentos de canto (3); sistema estrutural
com apoio intermédio (4); ligação a edifícios adjacentes (5) .............................................................. 45
Fig. 3.7 - Esquema tipo da contenção por bielas ................................................................................. 46
Fig. 3.8 - Contenção por bielas: a) metálicas em parede de fachada; b) de madeira em parede de
empena ................................................................................................................................................ 47
Fig. 3.9 - Esquema tipo da contenção em consola............................................................................... 48
Fig. 3.10 - Estrutura de contenção em consola aplicada em ambos os lados da estrutura................... 49
Fig. 3.11 - Esquema tipo da contenção em pórtico ............................................................................. 50
Fig. 3.12 - Sistema de suporte em pórtico complementado com escoramentos de canto (suporte aéreo)
de um edifício na Rua da Madalena (Lisboa)...................................................................................... 51
Fig. 3.13 - Edifício com estrutura de contenção da fachada em pórtico e com cobertura provisória na
Rua da Madalena e Rua de São Julião (Lisboa) .................................................................................. 52
Fig. 4.13 - Diagrama de esforço axial do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo
bielas (vista a 3 dimensões e yz) ......................................................................................................... 78
Fig. 4.14 - Sapatas de fundação do sistema de suporte de paredes tipo bielas .................................... 78
Fig. 4.15 - Modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo consola (vista a 3 dimensões).. 79
Fig. 4.16 - Diagramas de esforço transverso (à esquerda) e de momento flector (à direita) do modelo
de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo consola ................................................................... 80
Fig. 4.17 - Modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo pórtico (vista a 3 dimensões)... 81
Fig. 4.18 - Diagrama de esforço axial do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo
pórtico (vista a 3 dimensões)............................................................................................................... 82
Fig. 4.19 - Diagrama de esforço transverso do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes
tipo pórtico (vista a 3 dimensões)........................................................................................................ 82
Fig. 4.20 - Diagrama de momento flector do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo
pórtico (vista a 3 dimensões)............................................................................................................... 83
Fig. 4.21 - Diagramas de esforços do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo pórtico:
esforço axial, esforço transverso e momento flector, da esquerda para a direita................................. 83
Fig. 4.22 - Planta das fundações adoptadas para o sistema de suporte de paredes tipo pórtico........... 84
Fig. 4.23 - Esquema das fundações adoptadas para o sistema de suporte de paredes tipo pórtico ...... 85
Fig. 5.1 - Montagem de estrutura tipo pórtico, acoplando blocos previamente montados .................. 89
Fig. 5.2 - Gama alargada de componentes que permitem combinar simples vigas em sistemas de
escoramento excepcionalmente versáteis, adaptáveis a quase todas as situações ............................... 89
Fig. 5.3 - Sistema de suporte aéreo: ligação das fachadas a um edifício adjacente; distribuição de
perfis no interior do edifício condicionando a movimentação de equipamentos e materiais.. ............ 90
Fig. 5.4 - Estrutura de suporte de fachada tipo pórtico, criando um vão de entrada na obra, com o
respectivo reforço da mesma zona ...................................................................................................... 91
Fig. 5.5 - Contenção exterior tipo pórtico, envolvida por rede exterior .............................................. 92
Fig. 5.6 - Contenção aérea poligonal, em treliça ................................................................................. 93
Fig. 5.7 - Edifício com contenção aérea em treliça na Av. Duque de Ávila........................................ 93
Fig. 5.8 - Passadiço para os transeuntes, aproveitando o espaço entre os montantes da estrutura e rede
que impede o lançamento de detritos para a rua.................................................................................. 94
Fig. 5.9 - Passagem de viaturas no interior de estruturas de contenção tipo pórtico ........................... 94
Fig. 5.10 - Acidentes mortais nos diferentes sectores da construção civil .......................................... 96
Fig. 5.11 - Passadiço não aproveitado pelos cidadãos, Avenida da Liberdade, Lisboa....................... 97
Fig. 5.12 - Passadiço aproveitado pelos cidadãos, Rua de Santa Marta, Lisboa ................................. 97
Fig. 6.1 - Estrutura de contenção das fachadas do edifício (Rua de Santa Marta, Lisboa)................ 100
Fig. 6.2 - Estrutura de contenção em pórtico no interior do edifício ................................................. 101
Fig. 6.3 - Ligação entre a estrutura de contenção e a fachada: a) aperto entre as malhas exterior e
interior; b) calço de madeira.............................................................................................................. 102
Fig. 6.4 - Esquema da ligação entre a nova estrutura e a fachada .................................................... 103
Fig. 6.5 - Modelo de cálculo da estrutura de contenção da fachada frontal ...................................... 104
Fig. 6.6 - Futuro edifício do BIG....................................................................................................... 105
Fig. 6.7 - Ligações da estrutura de contenção à fachada ................................................................... 106
Fig. 6.8 - Alvo topográfico ................................................................................................................ 106
Fig. 6.9 - Estrutura de contenção tipo pórtico, utililizada na contrução da sede do BIG................... 107
Fig. 6.10 - Fundação da fachada de tardoz e da respectiva estrutura de contenção........................... 108
Fig. 6.11 - Pilar betonado num roço aberto na fachada ..................................................................... 109
Fig. 6.12 - Passagem para peões, devidamente protegida e sinalizada.............................................. 110
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 5.1 - Síntese comparativa dos diversos tipos de sistemas de contenção ................................. 98
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
1.1. Enquadramento do tema
1
Eng.º João Appleton, in Ingenium, nº 88, Julho de 2005
Para além destas, outras razões para manter as fachadas podem ser enumeradas e,
embora não possam ser consideradas vantagens, são igualmente válidas:
o os avanços tecnológicos, industriais e comerciais e a busca por melhor
conforto, quer se trate de trabalho ou de lazer, tornam alguns edifícios
ultrapassados ou até mesmo obsoletos;
o assim, torna-se necessário reabilitar esses edifícios e, caso possuam fachadas
com uma arquitectura atractiva, pode ser uma boa ideia mantê-las;
o algumas fachadas de edifícios constituem óptimos exemplos de um
determinado período ou estilo arquitectónico pelo que se deverão preservar
essas mesmas fachadas;
o por vezes, a fachada faz parte, não só de um edifício, mas sim de uma rua ou
de uma determinada zona, pelo que alterá-la ou removê-la irá
descontextualizar o edifício ou mesmo eliminar a identidade histórica e/ou
arquitectónica desse mesmo local;
o de acordo com regulamentação municipal existente, mantendo-se as
fachadas, consegue-se um aumento significativo da área de construção,
através da criação de caves ou do aumento do número de pisos acima do solo;
o por vezes, o edifício é reconstruído mantendo as fachadas quando estas são
consideradas de valor e o interior está degradado, devido a negligência,
envelhecimento, vandalismo ou incêndios, ou então não dá resposta às novas
exigências de suporte de cargas ou reorganização dos compartimentos.
Pode-se então concluir que a retenção de fachadas é uma prática com uma
crescente importância na sociedade actual, tendo tendência para se tornar cada vez mais
frequente. Poderia revelar-se de grande utilidade um documento contendo os principais
aspectos relacionados com a retenção de fachadas em geral e com as suas estruturas de
suporte mais especificamente.
Não existem dúvidas de que, hoje em dia, existe uma consciência colectiva
relativamente à necessidade de preservação do património edificado. Assim, torna-se
importante, ao nível da engenharia civil, aprofundar do conhecimento técnico sobre as
diversas questões relativas à conservação e reabilitação da construção.
Esta crescente preocupação foi sendo transmitida pelos docentes que assistiram à
formação do autor, despertando interesse nesta área. A este facto alia-se a necessidade
de sistematização das variadíssimas intervenções em edifícios antigos e da falta de
informação e regulamentação em determinadas particularidades como a retenção de
fachadas.
Os edifícios a recuperar localizam-se, muito frequentemente, em zonas cuja
malha urbana é densa e os acessos são difíceis, numa demanda pelo escasso espaço que
coloca sérias restrições na execução dos trabalhos e nos métodos utilizados neste
processo de reconstrução.
Assim, a reconstrução de edifícios mantendo paredes antigas torna-se desafiante,
tanto para engenheiros como para arquitectos, que tentam dar resposta às novas
necessidades da sociedade actual, mantendo a personalidade original do edifício,
contornando as restrições impostas e fazendo uso das mais inovadoras tecnologias.
Neste trabalho, pretende-se fazer um estudo sobre as estruturas temporárias que
suportam as paredes de edifícios antigos, preservadas aquando da demolição dos
mesmos, visando a sua recuperação. Para uma melhor compreensão destas estruturas,
tenciona-se fazer uma divisão em diferentes tipos, de acordo com as suas características
típicas.
Além de um enquadramento do âmbito da reabilitação de edifícios e da retenção
de fachadas, interessa descrever o processo construtivo deste tipo de obras, referindo
com algum pormenor, os aspectos intimamente relacionados com estruturas de suporte
de paredes.
Pretende-se ainda estabelecer alguns princípios de dimensionamento e criar
modelos de cálculo, não para proceder ao dimensionamento das referidas estruturas mas
para uma melhor compreensão, analisando e comparando, qualitativamente, o seu
comportamento.
Por fim, um estudo comparativo, poderá tornar-se uma importante ferramenta no
processo de decisão sobre a escolha do tipo de estrutura de suporte a empregar, em
função das prioridades de quem opta por este processo.
CAPÍTULO 2
PROCESSO CONSTRUTIVO
2. PROCESSO CONSTRUTIVO
Este capítulo tem como objectivo descrever, de uma forma genérica, o processo
da construção de um novo edifício mantendo as fachadas antigas. Este procedimento
passa por uma série de fases que vão desde um estudo inicial de levantamento das
condições existentes até à construção do novo edifício e trabalhos posteriores como o
desmonte dos sistemas de suporte.
2.1.3. Planeamento
Os estudos preliminares, embora também sejam alvo de planeamento, devem
fazer com que o processo construtivo e as questões patrimoniais sejam revistos de
acordo com as conclusões retiradas. É muito importante que, desde a inspecção inicial
até ao desmantelamento da estrutura de contenção e eventuais trabalhos posteriores,
2.2.1.1.Revestimento de superfícies
Esta técnica inicia-se com uma remoção dos elementos soltos e/ou de uma
picagem da superfície, seguida de lavagem, por forma a remover todas as substâncias
que possam prejudicar a boa ligação com os materiais a aplicar posteriormente.
Seguidamente, procede-se ao revestimento das superfícies com argamassa de cimento. É
necessária uma espessura de recobrimento que garanta uma eficiente ligação. Caso esta
camada de argamassa seja insuficiente, pode ser introduzida uma malha de armadura de
aço ou de polímeros - armadura de pele (Fig. 2.1).
Armadura de
pele
b)
a) Camada de
argamassa
Parede original de
alvenaria
2.2.1.2.Preenchimento de vazios
O preenchimento de vazios, como fendas, fissuras, espaços entre os inertes ou
entre paredes e cantarias, por exemplo, é conseguido à base de injecções de caldas que
permitem uma melhoria das suas propriedades mecânicas das paredes, em consequência
do aumento da sua coesão e densidade.
Pode-se dizer que a injecção consiste na emissão de uma calda fluida (cimentícia,
hidráulica ou de resinas orgânicas), em furos, previamente efectuados e
convenientemente distribuídos (Fig. 2.2b)), para preencher os vazios e fissuras
interiores. Também é possível aproveitar fendas ou orifícios existentes, por onde se
insere um tubo maleável (Fig. 2.2a)). Após introduzido o tubo e selada a restante
abertura, é injectado o material e selado o tubo até que a calda ganhe presa.
A granulometria das caldas de injecção está dependente da dimensão das fendas
ou vazios. Embora geralmente se use uma calda de ligante com água sem areia, se os
vazios forem de grande dimensão, é preferível uma argamassa ou um betão de
consistência relativamente fluida.
a) b)
2.2.1.3.Pregagens
As pregagens são muito utilizadas em complemento com outras técnicas e
consistem na aplicação de varões metálicos ou de material compósito em furos de
pequeno diâmetro, previamente abertos, e que posteriormente são selados. A selagem
poderá ser por via química, com caldas de injecção apropriadas, em geral caldas
cimentícias, por via mecânica, adoptando dispositivos de ancoragem exterior, ou ambas.
a) b) c) d)
Pode-se então definir pregagens como uma solução mecânica que se destina a
accionar ou reforçar a ligação entre duas ou mais partes, para que passem a funcionar
como partes colaborantes.
Consoante o efeito pretendido, são utilizados os seguintes tipos de pregagens
(Figs. 2.3 e 2.4):
o pregagens generalizadas: para reforço da alvenaria, melhorando as suas
capacidades mecânicas, podendo resistir a esforços de tracção e de corte e
melhorando também a resistência à compressão;
o pregagens transversais: são dispostas transversalmente à parede e munidas
de ancoragens nas extremidades para o confinamento transversal de paredes
de secção composta;
o pregagens de costura: para melhorar a ligação entre paredes ortogonais;
o pregagens longas ou tirantes: para melhorar a integridade global da estrutura,
reforçando a ligação entre paredes paralelas.
Existe ainda outra solução, que pode ser usada em vez das pregagens ou como
complemento, que consiste na utilização de cintas (bandas metálicas ou compósitos
FRP). Estas são aplicadas no exterior do edifício, ao nível dos pavimentos, melhorando
as ligações parede-pavimentos, e ao nível do coroamento das paredes (Fig.2.5) [37].
Fig. 2.4 - Pregagens longas ou tirantes [37] Fig. 2.5 - Cintagem de edifício [37]
Nas zonas da parede periféricas a estes pontos, é normal gerar-se uma elevada
concentração de tensões, e que geralmente resulta o aparecimento de fissuras. Por outro
lado, se uma fachada possui muitos destes vãos, torna-se um elemento de baixa rigidez,
sendo muito deformável e, consequentemente, bastante instável.
Assim, tendo em vista estes dois objectivos (evitar o aparecimento de fissuras
junto dos vãos e conferir maior rigidez à fachada), pode-se optar por seguir por um dos
processos possíveis que são o tamponamento com blocos de alvenaria argamassada (Fig.
2.6b)), o reforço com perfis metálicos (Fig. 2.6a)) e, menos usado mas também possível,
o reforço com barrotes de madeira.
Quando se opta por reforçar os vãos com perfis metálicos, é comum fazê-lo com
a própria estrutura de suporte da fachada, aproveitando para fazer a ligação entre a
malha interna e externa da estrutura (Fig. 2.6c)).
a) b) c)
Fig. 2.6 - Reforço de vãos: a) com perfis metálicos; b) com alvenaria; c) usando parte da estrutura
de suporte da fachada
Quando se opta pelo tamponamento de vãos com alvenaria, existe uma tendência
para fazer uma posterior remoção de alguns blocos para a introdução da estrutura de
suporte da fachada. Este procedimento está errado, a menos que seja imediatamente
seguido de um encerramento dessas aberturas.
a) b)
c)
d)
causados pelos trabalhos e não aqueles que existiam antes do início da obra ou que têm
outras origens.
a) b)
Como se pôde ver, a estrutura de suporte geralmente não apoia directamente nos
elementos que contém. É sempre preferível o apoio da estrutura numa malha linear ou
outro mecanismo de distribuição de cargas que, por sua vez, se ligam às paredes.
Interessa agora discutir como se ligam esses mecanismos aos elementos retidos.
Podem-se dividir os diversos modos como se fazem essas ligações em dois principais
grupos - ligação directa e ligação indirecta. Uma outra possível classificação é a divisão
em ligação pontual e ligação contínua ou semi-contínua.
Independentemente do tipo de ligação utilizada, é fundamental que esses pontos
de ligação sejam garantidamente bem dimensionados, de maneira a que o elemento
tenha capacidade de resistir aos esforços que se geram.
Como se irá ver, geralmente é preferível uma ligação indirecta em vez de uma
ligação directa. Contudo, esta escolha poderá ser condicionada pela disposição
arquitectónica da parede. Consequentemente, é muito comum a utilização dos dois tipos
de ligação numa fachada ou ao longo das diferentes fachadas de um edifício.
Porca e
contraporca
Argamassa de
selagem
a) b)
Poderá ser preferível uma ligação que atravessa a parede em toda a sua
espessura, para uma ligação mais segura ou para uma ligação e solidarização entre as
malhas exterior e interior da parede, caso existam.
suficientemente grande, para que não se gerem tensões localizadas demasiado elevadas.
Deste modo, é recomendável a utilização de cunhas que permitem um ajuste regulável e,
por conseguinte, um aperto perfeito (Fig. 2.10)).
Cunhas
metálicas
Prumo
2.6. Demolição
2.7. Fundações
Aterros
3ª fase de betonagem
2ª fase de
betonagem
1ª fase de betonagem
Fig. 2.12 - Recalce de fundações com Fig. 2.13 - Recalce través de pegões com
pegões [34] ancoragens pré-esforçadas [30]
P P Braçadeira P
metálica H
Betão ou
Fundação
alvenaria
precária
Armadura Alargamento
do maciço
Selagem
a) b) c)
Vantagens Desvantagens
Tecnologia simples; Estrato resistente necessariamente
rapidez de execução; perto da superfície (6 a 10 m);
poucos ruídos / vibrações; possibilidade de ocorrerem
diâmetros transversais entre 0.5 e 3.5 m; desmoronamentos de vulto para o
implantação em terreno seixoso; interior da escavação;
facilidade em alargar a base sem pôr em causa a grande movimento de terras;
Pegões
Fig. 2.15 - Contenção periférica com paredes Fig. 2.16 - Contenção periférica com muros
moldadas [33] de Munique [35]
Assim, para além do reforço das fundações antigas, torna-se também necessário
executar uma contenção periférica dos terrenos, para a posterior ou simultânea
escavação que visa a construção de caves.
Vantagens Desvantagens
É possível atingir elevadas profundidades; Possibilidade de se dar estrangulamento
Cortinas de estacas moldadas
A solução adoptada para a contenção dos terrenos abaixo das cotas das
fundações deverá ser escolhida após um estudo antecipado das características do solo, a
posição do nível freático, as características do edifício e da sua envolvente e a
profundidade da escavação.
Existem técnicas que requerem a execução da estrutura de contenção antes do
início da escavação, ainda que devam ser ancoradas ao terreno, à medida que a
escavação progride. Estas soluções poderão ser cortinas de estacas moldadas ou paredes
moldadas no terreno (Fig. 2.15).
Outras soluções permitem a execução da estrutura de contenção, à medida que a
escavação avança. Estas técnicas requerem uma maior consistência do terreno e um
nível freático profundo. Estas soluções poderão ser muros de Berlim ou muros de
Munique (Fig. 2.16), quer se pretenda uma solução provisória ou definitiva,
respectivamente.
Algumas vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de soluções são referidas
no Quadro 2.2.
Antes de qualquer escavação, é preciso garantir a estabilidade das zonas
enterradas das paredes de fachada. Esta estabilidade, antes da demolição, é garantida
pelos elementos interiores do edifício. Antes destes elementos serem retirados, é
necessário garantir o que este confinamento é mantido, de modo a que as paredes
continuem a suportar os impulsos a que é sujeita.
Nestes casos, as soluções adoptadas são, usualmente, escoramentos interiores,
ancoragens pré-esforçadas, ou uma complementação dos dois métodos.
instabilidade estrutural. Tal como as sapatas, os maciços podem ser isolados, contínuos
ou ligados entre si por vigas de fundação, sendo escolhida a melhor solução quer sob o
ponto de vista estrutural, quer sob o ponto de vista económico e social, de modo a que o
seu posicionamento facilite a circulação pedonal e viária.
Maciços de
encabeçamento
Maciços de
encabeçamento
Micro-estacas
Fig. 2.17 - Fundação de estrutura de suporte em pórtico com micro-estacas solidarizadas com
maciços de encabeçamento e vigas de fundação, formando um vão que possibilita a passagem de
pessoas e/ou veículos [17]
irão suportar são, normalmente, maiores do que as que existiam com a estrutura antiga.
No segundo caso, esses elementos não funcionam como resistentes, sendo necessário
garantir que a nova estrutura lhes confere apoio e não lhe transmite cargas.
Numa grande parte dos edifícios antigos, verifica-se que os seus elementos
verticais resistentes (paredes da fachada e interiores) diminuem de espessura desde o
nível das fundações até à cobertura, de forma mais ou menos constante entre pisos,
sendo essas variações de espessura mais acentuadas entre as zonas enterradas e as dos
pisos acima do nível dos arruamentos.
Para a execução dos elementos da nova estrutura de betão junto às paredes das
fachadas, é então necessário encontrar uma solução eficiente de compatibilização entre
a necessidade de obter o melhor aproveitamento possível do espaço disponível e de
conseguir uma eficiente transmissão de cargas verticais. Caso se verifiquem essas
variações de espessura nas paredes da fachada, pode-se manter a prumada definida ao
nível do rés-do-chão com perda de espaço útil a níveis superiores ou manter os
elementos estruturais encostados à fachada, abrindo roços nas zonas inferiores das
paredes para reduzir as excentricidades. A melhor solução visando a optimização de
espaço seria manter os elementos estruturais encostados à fachada. Contudo, isso
provoca uma excentricidade na transmissão das cargas verticais. Este problema pode ser
contornado adoptando soluções como a apresentada na Fig. 2.18, uma solução adoptada
nas obras de recuperação do Chiado.
Neste tipo de intervenções, deve existir um esforço para que a presença de uma
nova estrutura atrás de uma fachada antiga seja dissimulada ao máximo. É
compreensível que em muitas situações tal não seja possível, sendo mais difícil quanto
maior for o número de fachadas a preservar.
Do mesmo modo, a iluminação, o mobiliário e a decoração que outrora existiam
e que criavam determinado ambiente, definindo a própria identidade do edifício, devem
ser mantidos ou recreados. Na maioria dos casos, esta situação poderá não ser possível,
sendo incompatível com a nova utilização do edifício. Contudo, é desejável manter esta
atmosfera, pelo menos nos espaços que possam ser observados pelas janelas. Um
exemplo muito comum em que isto não é respeitado é a criação de grandes espaços
abertos para escritórios, em edifícios que antigamente eram de habitação, com uma
imensidão de luzes fluorescentes espalhadas por tectos falsos, facilmente vistas pelas
janelas, principalmente à noite. Isto poderia ser minimizado colocando pequenos
0.15 0.20
0.30
0.30
0,20 0,20
Sempre que possível, os novos pisos devem ficar ao nível dos antigos, para que
estejam em concordância com os vãos de janelas das fachadas preservadas. Nalguns
casos, torna-se inevitável este conflito. Tem-se um exemplo disso, quando o rés-do-chão
tem um pé-direito bastante grande e existe a tentação de criar um novo piso, que tem de
passar ao nível das janelas altas do rés-do-chão. Em situações como esta, é preciso
disfarçar esta ocorrência, como por exemplo com painéis opacos ou um vidro especial.
No caso de se pretender ampliar o edifício com a construção de um acréscimo, é
necessário que esse suplemento esteja em harmonia com o restante, em aparência,
posição e dimensão. Um acrescento para as traseiras do edifício poderá não ter efeitos
significantes. Contudo, se for lateral, poderá ser visto e comparado com a fachada
preservada. Em alternativa, se for muito difícil ou se não se quiser combinar este
acréscimo com o que já existe, é possível não o fazer, construindo-o em contraste, ou
seja, de modo a que seja visto como um edifício separado [19].
a) b)
c)
angulares (Fig. 2.20). Se, na ligação entre a nova estrutura e os elementos preservados,
forem permitidos eventuais pequenos movimentos diferenciais, consegue-se evitar o
aparecimento de esforços localizados nesses pontos de ligação que poderiam resultar em
danos severos para os ferrolhos e/ou para as estruturas. Isso consegue-se criando uma
superfície de escorregamento entre as superfícies nova e antiga que impede que se
colem. A superfície poderá ser constituída por uma ou mais camadas de polietileno ou
material similar.
CAPÍTULO 3
TIPOLOGIA
3. TIPOLOGIA
3.1. Considerações gerais
3.2.1. Exterior
Na grande maioria dos casos, as fachadas são os elementos a preservar em
edifícios antigos, pelo que é preferível um travamento pelo exterior, evitando a
existência de elementos no interior que dificultariam os trabalhos de reconstrução.
Contudo, a ocupação do espaço exterior, em geral, é restrita, pelo que deve ser
minimizada, de modo a minorar também os conflitos com a envolvente. Devido a
obstruções que regularmente causam na circulação pedonal e viária na via pública, este
método, em muitos casos, não é autorizado.
Por norma, estas estruturas são montadas ainda antes de se iniciarem os
trabalhos de demolição, o que é desejável, pois assim consegue limitar deslocamentos
que poderiam surgir durante estes processos.
3.2.2. Interior
3.2.3. Misto
Em inúmeras situações, é possível utilizar algum espaço exterior ao edifício sem
causar perturbações importantes e, ao mesmo tempo é necessário ou proveitoso a
complementação com escoramentos localizados no interior do mesmo edifício. Nestas
condições, torna-se vantajosa a aplicação do método misto, ou seja, utilizando uma
estrutura em que uma parte dela é exterior ao edifício e outra interior. Este método não é
mais do que a conjugação dos anteriores, sendo importante não esquecer que combina
não só as vantagens mas também as desvantagens dos dois métodos.
A contenção aérea vai sendo aplicada de cima para baixo, com o desenvolver
dos trabalhos de demolição, e é mantida até que a evolução da nova construção chegue
aos respectivos níveis desta estrutura.
a) b)
Fig. 3.2 - Escoramento de edifícios adjacentes com estrutura em treliça (a) [1] e pormenor de
mecanismos de distribuição das cargas (b) [20]
3.3.1.2.Edifícios isolados
No caso de se pretender preservar fachadas de edifícios isolados, obviamente
não se pode recorrer a apoios em outros edifícios. A solução em contenção aérea irá
variar conforme o número de fachadas a preservar, a sua geometria e a sua localização
relativa:
o fachadas adjacentes: se não se mantêm todas as fachadas mas as retidas são
adjacentes, a solução passará pela colocação de escoramentos de canto
ligados e complementados com vigas horizontais dispostas ao longo da
fachada de modo a rigidificá-la (Fig. 3.5);
o todas as fachadas são mantidas: neste caso, pode-se recorrer à criação de um
sistema estrutural em quadro rígido com vigas horizontais que envolvem o
edifício que podem ser complementadas com escoras ligando fachadas
opostas e escoras de canto (Figs. 3.4 e 3.5);
a) b)
Fig. 3.5 - Escoramentos de canto num Edifício no Largo Luís de Camões, Lisboa [1]. As escoras
reduzem os vãos da malha estrutural de suporte e estabilizam os cantos, estando estas também
contraventadas
3.3.1.3.Edifícios de gaveto
Quando se pretende preservar as fachadas mais ou menos ortogonais entre si de
um edifício em gaveto, a solução mais expedita e eficiente será aproveitar a posição
relativa das fachadas e ligá-las por escoras de canto distribuídas a vários níveis ao longo
da altura do edifício (Fig. 3.5), de acordo com o referido nos pontos anteriores.
a) b)
As bielas, que poderão ser elementos metálicos (Fig. 3.8a)) ou de madeira (Fig.
3.8b)), devem formar com o plano horizontal, um ângulo compreendido entre 45º e 75º,
sendo bastante usual agrupar duas ou mais bielas na mesma sapata, divergindo o ângulo
de ataque.
Em casos mais elementares, é habitual neste tipo de suporte substituir as sapatas
por barrotes de madeira no ponto de contacto entre as bielas e o solo para evitar que
estas se enterrem.
Em casos mais complexos, pode ser necessário ou vantajoso o recurso a sapatas
contínuas para a transmissão dos esforços ao solo através das bielas.
Relativamente às fundações, justifica-se ainda dizer que estas devem ter um
dimensionamento cuidado, sendo particularmente importante a verificação da
estabilidade ao escorregamento pois é relativamente grande a componente horizontal da
reacção das bielas.
Este tipo de contenção, para além de ter aplicação no caso do suporte de paredes
de edifícios antigos em demolição, também é muito usado quando se pretende executar
uma contenção de emergência para paredes instabilizadas devido a trabalhos de
escavação, acção do vento, entre outros, devido à rapidez com que é montado.
Fig. 3.8 - Contenção por bielas: a) metálicas em parede de fachada; b) de madeira em parede de
empena [8]
Embora este tipo de contenção seja o mais simples, a preferência pela sua
utilização está dependente não só das características dos elementos a suportar, como
também do espaço disponível, uma vez que este tipo de estrutura ocupa uma área muito
ampla. Devido a essa grande necessidade de espaço esta estrutura, normalmente, é
colocada no exterior do edifício.
Outra limitação deste tipo de estrutura é o comprimento máximo das bielas que,
por razões construtivas e estruturais, não deverá ultrapassar os 24 metros. Posto isto, os
sistemas em bielas devem ser usados em fachadas de alturas compreendidas entre 12 e
24 m, desde que o espaço disponível para a sua implantação o permita [8].
Embora se trate de uma contenção temporária, esta pode resistir em boas
condições por longos períodos.
As bielas não devem apoiar directa e pontualmente nas paredes mas sim através
de um meio de distribuição de cargas que poderá ser um conjunto de chapas paredes que
transmitem os impulsos para as bielas ou à acima referida malha estrutural de suporte.
ligados a uma outra série de perfis dispostos horizontalmente (Fig. 3.9). Disto se conclui
que funcionam como consolas verticais recebendo cargas pontuais transmitidas pelos
perfis horizontais.
superiores, para além de exigirem emendas nos perfis, iriam submeter a consola a
cargas com grande excentricidade, o que levaria a um dimensionamento de sapatas com
grandes dimensões e poderia mesmo ser inexequível devido à falta de espaço ou à
possível interferência destas com a fundação da fachada.
Fig. 3.10 - Estrutura de contenção em consola aplicada em ambos os lados da estrutura [8]
Não obstante as suas limitações, este tipo de estrutura de suporte poderá ser
vantajoso dada a sua facilidade de execução, requerendo um baixo número de perfis, e
dada a diminuta área que ocupa, tanto no interior como no exterior do edifício.
aplicação em zonas urbanas. Por esta mesma razão, é usual prescindir das barras
diagonais ao nível do piso do rés-do-chão, criando um espaço para a passagem de peões
ou mesmo de viaturas. Consequentemente, esta parte da estrutura deve ser reforçada.
Outra desvantagem é a sua complexidade, comparativamente com outros
sistemas. Com o grande aumento do número de perfis a ligar, baixa a facilidade de
execução. Esta dificuldade pode, de certa forma, ser contornada pela adopção de
soluções de perfis metálicos acopláveis e de comprimento variável, extremamente
versáteis, fáceis de montar e de transportar, vocacionados para este tipo de utilização.
Soluções como esta representam um investimento inicial relativamente elevado,
mas que acaba por se amortizar com a utilização em várias obras e com o elevado
rendimento obtido pela sua utilização. Torna-se, por isso, uma solução economicamente
vantajosa a médio ou a longo prazo.
Outra vantagem destas estruturas é a possibilidade de colocação, no seu interior,
de elementos de estaleiro como casas de banho, dormitórios e escritórios,
racionalizando espaço, o que, em meios urbanos é extremamente importante.
Fig. 3.12 - Sistema de suporte em pórtico complementado com escoramentos de canto (suporte
aéreo) de um edifício na Rua da Madalena (Lisboa) [1]
Fig. 3.13 - Edifício com estrutura de contenção da fachada em pórtico e com cobertura provisória
na Rua da Madalena e Rua de São Julião (Lisboa)
CAPÍTULO 4
DIMENSIONAMENTO
4. DIMENSIONAMENTO
Os sistemas ou estruturas de suporte de paredes de edifícios antigos em
demolição têm como função garantir a estabilidade dos elementos preservados enquanto
esta não é reposta pela estrutura interior definitiva.
Na análise e dimensionamento do sistema de suporte, adoptam-se os critérios de
segurança aos Estados Limite Últimos e de Utilização, preconizados na regulamentação
portuguesa de estruturas:
o RSA - Regulamento de Segurança e Acções em Estruturas de Edifícios e
Pontes, 1983;
o EC3 - Design of Steel Structures, 1993;
o REAE - Regulamento de Estruturas de Aço para Edifícios, 1986.
em que:
- SGi,k representa os esforços resultantes de acções permanentes
consideradas com os seus valores característicos;
- SQ1,k é o esforço resultante da acção variável base tomada com o seu
valor característico;
- SQj,k representa os esforços resultantes das restantes acções variáveis
tomadas com os seus valores característicos.
4.2.1. Deformação
Na verificação da estrutura à deformação, deve ser considerada a combinação
rara de acções, isto é, as acções não são multiplicadas pelos coeficientes de segurança γ:
m n
Sd = ∑ SGi , k + SQ1, k + ∑ Ψ1 j SQj , k (5)
i =1 j =2
em que:
- δ1 é a flecha causada pelas acções permanentes;
- δ2 é a flecha causada pelas acções variáveis;
- δ0 é a contra-flecha pré-existente associada ao fabrico.
Para este tipo de estruturas, δmáx deve ser menor do que (Quadro 4.1):
h
- , para um vão;
300
h
- , para estruturas porticadas sem ponte grua;
150
h
- , para o conjunto dos vãos;
500
δ1 δ2 δ0
h2 δ
h0
h1
h
δ 2 ≤ h2 / 300 δ ≤ h / 150
Outros casos:
δ ≤ h / 300
δ 0 ≤ h0 / 500
4.2.2. Vibrações
Durante o período de utilização da estrutura de contenção, podem ocorrer
vibrações causadas pelo normal decorrer dos trabalhos ou outras acções que actuam
directa ou indirectamente na estrutura. Posto isto, deve-se procurar, dentro do possível,
que a frequência própria da estrutura ou de partes desta, seja suficientemente diferente
da frequência de solicitação, para evitar a ressonância.
ter em atenção que, mesmo não tendo grande relevância em termos de esforços,
reduzem a rigidez da estrutura o que leva a que nem sempre possam ser desprezadas. Se
a zona for muito solicitada em termos de vibrações, como é o caso de situações
especiais como a passagem do Metro ou comboio ou a existência de indústrias com
equipamentos que provocam vibrações, deverá proceder-se à respectiva quantificação
Assim, geralmente, a acção do vento é a mais significativa que actua na fachada
e, muitas vezes, é a única a ser considerada.
Outras acções poderão estar presentes, resultando da própria obra, como por
exemplo as que derivam de partes do edifício que não são demolidas ou de edifícios
vizinhos que necessitam de contraventamento (Fig. 4.2).
Fig. 4.2 - Estrutura de suporte da fachada que recebe cargas do contraventamento do edifício
vizinho: a) esquema representativo; b) exemplo num edifício na Rua da Lapa, Lisboa [11]
a) b) c)
d) e)
o profundidade da ancoragem.
Com a diversidade de variáveis presentes neste problema, uma estimativa mais
exacta da capacidade resistente das ancoragens requer uma análise experimental com
uma gama de ensaios em número representativo e que englobem todos os casos em
geometria e tipologia.
em que:
- η varia com o tipo de superfície:
0,2 (superfícies lisas) ou 0,4 (superfícies rugosas) - [MC 90]
0,25 a 1,0 - [EC8- part 1.4, 1995]
- f’ctd é a tensão de rotura à tracção do betão / alvenaria existente;
- µ é o coeficiente de atrito entre as interfaces:
0,6 (superfícies lisas) ou 0,9 (superfícies rugosas) - [MC 90]
- σcd é a tensão de compressão na interface;
- ρb é a percentagem da área dos ligadores ≥ 0,1%;
- fsyd,b é o valor de cálculo da tensão de cedência do aço (ligadores);
- f’cd é a tensão de rotura à compressão do betão / alvenaria existente;
sendo:
- σrd,a a adesão;
- σRd,f o atrito;
- efeito de costura (Fig. 4.4):
{ }
VRd ,b = φb2 1 + (1.3ε ) − 1.3ε ⋅ f cd ⋅ f syd ,b ⋅ 1 − ς 2 <
2
( ) As ,b ⋅ f syd ,b
3
(10)
sendo:
e f cd
ε =3 (11)
φb f syd ,b
e
σ s ,b
ς= (12)
f syd ,b
em que:
- Øb é a o diâmetro do ligador;
- fcd é o valor de cálculo da tensão de rotura do betão à compressão;
π ⋅ φb2
- As,b é a área da secção do ligador: As ,b = . (13)
4
- e é a excentricidade da carga;
Fig. 4.5 - Condições geométricas para a mobilização do efeito de ferrolho (dowel action) [6]
Fig. 4.6 - Deslocamento transversal necessário para a mobilização máxima de Vrd,b [6]
b) c) d)
Fig. 4.7 - Classificação da secção das paredes em alvenaria de pedra segundo o número de
paramentos: (a) paramento simples; (b) dois paramentos sem ligação; (c) dois paramentos com
ligação; (d) três paramentos com núcleo de fraca qualidade [28]
Para uma caracterização qualitativa das alvenarias, um dos ensaios in-situ que
mais se destacam são os ensaios sónicos. Estes, baseados na velocidade de propagação
de ondas sonoras geradas por impulsos de alta ou baixa frequência (ultrasónicos ou
sónicos) permitem:
o qualificar a morfologia das secções, identificando a presença de grandes
vazios, de defeitos ou danos e identificar a presença de materiais distintos,
como por exemplo a madeira no caso de paredes de alvenaria mista;
o controlar o comportamento das estruturas depois das intervenções de reforço
(principalmente no caso de injecções e refechamento das juntas).
Dever-se-á, ainda, efectuar a caracterização mecânica da alvenaria, através de
um estudo da estrutura que permita a adopção de um modelo estrutural válido e
representativo. De entre os vários métodos que hoje existem para a determinação das
propriedades mecânicas da alvenaria, distinguem-se dois grupos principais:
o métodos indirectos - as propriedades mecânicas das alvenarias são estimadas
a partir do conhecimento das propriedades mecânicas dos seus componentes
básicos (unidades de alvenaria, tijolos e pedras, e da argamassa de
assentamento) ou através de ensaios de “carotes” sobre a alvenaria; para se
conhecerem as características dos componentes, desenvolvem-se ensaios
sobre os mesmos;
o métodos directos - por vezes, torna-se muito difícil conseguir correlacionar
as características dos componentes com as da alvenaria como um todo, como
por exemplo em casos em que existem unidades de madeira (alvenaria
“Pombalina”); assim, os ensaios têm de ser realizados sobre painéis de
alvenaria com as dimensões necessárias para que sejam representativos do
a) b)
Fig. 4.8 - Ensaio com macacos planos: a) macacos planos simples [28]; b) macacos planos duplos [44]
em que:
- Km tem em conta as características geométricas do macaco e a
rigidez do cordão de soldadura do macaco; este parâmetro é determinado por
meio de testes de calibração realizados pelo fabricante e é relatado no
certificado de calibração;
- Ka é dada pela razão entre a área do macaco (Am) e a do corte (Ac):
Am
Ka = ; (15)
Ac
- P é o valor da pressão que repõe as condições iniciais da alvenaria.
[
f k = K × f b0, 65 × f m0, 25 N mm 2 ] (18)
com: fm inferior a 20 N/mm2 e inferior a 2 fb (em qualquer dos casos, o
menor);
em que:
- K é um parâmetro função do tipo de aparelho e do tipo de unidades
de alvenaria (N/mm2)0,1;
- fb é a resistência normalizada à compressão das unidades de
alvenaria (N/mm2);
- fm é a resistência de uma argamassa convencional (N/mm2).
De acordo com o Eurocódigo 6, determinada a resistência à compressão (fk),
pode-se estimar o módulo de elasticidade (E). Para acções de curta duração, pode ser
considerado igual a 1000 fk, no caso de estados limite últimos, ou 600 fk, no caso de
estados limite de utilização. Por sua vez, o módulo de distorção G, na ausência de
valores mais precisos, pode ser tomado igual a 0.4 do módulo de elasticidade.
É necessário ter em atenção que estes valores são calculados para pedra nova, o
que não se adequa perfeitamente ao caso em questão, a reabilitação de edifícios antigos.
1m
M
L
8GHe2
L≤ (19)
6w
em que:
- σ é a tensão máxima na parede (kN/m2);
- w é a pressão dinâmica do vento (kN/m2);
- G é o peso específico da parede (kN/m3);
- H é a distância entre a secção considerada e o topo da parede (m);
- e é a espessura da parede (m).
wL2
M= , (21)
8
e3
ω= , (22)
6
P = GH (23)
e
A = e, (24)
vem:
6wL2
σ= − GH ≤ 0 (25)
8e 2
do que resulta a equação (19).
8 × 22 × 3 × 0,5 2
L≤ = 4,9m
6 × 0,9
4.7.1. Generalidades
Para avaliar os esforços resultantes da acção tipo, efectuaram-se modelos
tridimensionais no programa de cálculo automático SAP2000.
No que diz respeito à modelação dos vários elementos estruturais, utilizaram-se
elementos finitos de barra para simular perfis metálicos da estrutura.
Os diferentes sistemas de suporte não se ligam directamente à parede mas sim a
uma malha de suporte, constituída por perfis horizontais (HEB 200) coplanares com a
fachada e que a rigidificam. Estão colocados a cinco níveis com espaçamentos de 3 m,
correspondentes ao pé-direito dos pisos.
As fundações da estrutura foram modeladas através de encastramentos perfeitos,
considerando então que existem boas condições de fundação, recorrendo-se a fundações
indirectas, se necessário, para que esta condição seja verificada.
Considera-se que os vãos são fechados com alvenaria de tijolo, não sendo,
portanto, descontada a acção do vento sobre aqueles.
4.7.1.1.Fachada-tipo
Considera-se então, para todos os modelos, uma “fachada-tipo”, com as mesmas
dimensões, composição e comportamento. A parede de fachada adoptada apresenta 0,80
m de espessura (e), 15 m de altura e 30 m de comprimento. Admite-se uma parede tipo
de alvenaria de pedra, possuindo um peso específico de 22,0 kN/m3 e um módulo de
elasticidade (E) de 600 MPa e um módulo de torção (G) de 80 MPa. Considera-se que a
alvenaria adoptada tem uma resistência à tracção de 0 MPa e uma resistência à
compressão de 0,6 MPa (baseado em [49]).
Considera-se ainda que a parede não tem boas condições de fundação sendo
considerada como simplesmente apoiada, suportando apenas o seu peso próprio.
4.7.1.2.Acção tipo
Seguidamente, será necessário proceder à quantificação das acções. As acções a
considerar variam com a localização do edifício e com a sua envolvente, com a sua
própria geometria e até mesmo com o projectista. Nos modelos de cálculo apresentados
de seguida, será apenas considerada como acção variável a acção do vento. Considera-
se também que o peso próprio da fachada é suportado pela mesma e que 1,5% do peso
da fachada actua como carga horizontal, devido ao desaprumo da fachada.
Recorre-se ao RSA para quantificar a acção do vento. Assim, é necessário
definir a zona e a rugosidade aerodinâmica do solo. Dado que este tipo de edifícios se
situa geralmente em zonas urbanas e, muitas vezes, não muito longe do mar, considera-
se rugosidade do tipo I e zona B.
Vento:
o Pressão dinâmica (wk) = 1,2 × 0,7 = 0,84 kN/m2 (zona B);
o Coeficiente de pressão (δp) = 0,7;
o Pressão (p) = wk × δ p = 0,588 kN/m2; (26)2
Desaprumo:
o % de desaprumo (d) = 1.5%;
o Peso específico da fachada (γalv) = 22 kN/m3;
o Carga de desaprumo (D) = γ alv × e × d = 0,264 kN/m2. (27)
2
Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes (RSA)
Fig. 4.10 - Modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo aéreo (vista a 3 dimensões)
Como se pode observar pelo diagrama de esforço axial (Fig. 4.11), esta estrutura
está sujeita a um esforço de compressão (ou tracção) máximo de 12, 43 kN, não
variando muito na maioria dos perfis. Assim, a estrutura deve ser dimensionada para
este valor e, consoante a tensão admitida na superfície que a suporta, deve ser
dimensionada a área dos apoios, de modo que a tensão actuante seja menor do que a
tensão resistente e que não haja problemas de punçoamento.
12.43
Fig. 4.11 - Diagrama de esforço axial do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo
aéreo (vista a 3 dimensões)
Fig. 4.12 - Modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo bielas (vista a 3 dimensões)
A máxima deformação obtida nesta estrutura, δ0, é de 3,02 mm, estando abaixo
do valor máximo admitido (1/500, ou seja, 0,03 m [12]).
As fundações deste tipo de contenção transmitem ao terreno os correspondentes
esforços de tracção e de compressão. Assim, devem estar preparadas para absorver estas
tensões de tracção e têm de estar assentes num terreno capaz de absorver as tensões de
compressão. Para além disto, não podem permitir o deslizamento, uma preocupação
tanto maior quanto menor o ângulo formado com o terreno.
Para o caso analisado, conclui-se que sapatas com as dimensões indicadas na Fig.
4.14 e com 1 m de altura são suficientes para garantir que, pelo seu peso próprio e pelas
suas dimensões, resistem aos esforços de tracção e de compressão e ao deslizamento.
31.51
Fig. 4.13 - Diagrama de esforço axial do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo
bielas (vista a 3 dimensões e yz)
Fig. 4.15 - Modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo consola (vista a 3 dimensões)
Como o próprio nome indica, este tipo de estrutura funciona como uma consola,
ou seja, por flexão, tendo o esforço transverso uma importante contribuição para a
estabilidade da estrutura
Dado o seu funcionamento, os perfis transmitem elevados momentos e esforços
transversos às respectivas fundações.
As fundações, tendo de absorver estes importantes esforços, podem ser feitas
com micro-estacas ou maciços de betão. Uma vez que seriam necessários maciços de
dimensões muito grandes e isso poderia não ser compatível com o espaço disponível e,
465.62
52.21
Fig. 4.16 - Diagramas de esforço transverso (à esquerda) e de momento flector (à direita) do modelo
de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo consola
Fig. 4.17 - Modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo pórtico (vista a 3 dimensões)
Fig. 4.18 - Diagrama de esforço axial do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo
pórtico (vista a 3 dimensões)
Fig. 4.19 - Diagrama de esforço transverso do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes
tipo pórtico (vista a 3 dimensões)
Fig. 4.20 - Diagrama de momento flector do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes
tipo pórtico (vista a 3 dimensões)
4.46
-152.31 4.69
Fig. 4.21 - Diagramas de esforços do modelo de cálculo de sistema de suporte de paredes tipo
pórtico: esforço axial, esforço transverso e momento flector, da esquerda para a direita
Antes de se definir o modelo tem de ser decidido que tipo de ligação se vai
utilizar na estrutura, podendo funcionar como rótulas ou não. Se as barras inclinadas
fossem rotuladas, apenas teriam esforços de tracção / compressão. No entanto,
considera-se que neste modelo todas as ligações são soldadas, encontrando-se esforços
de flexão e esforço transverso nestas (Figs. 4.19, 4.20 e 4.21).
A máxima deformação obtida, δ0, é de 1,727 mm, estando abaixo do valor
máximo admitido (1/500, ou seja, 0,03 m [12]).
Verifica-se que, nos perfis verticais anteriores e posteriores, existem esforços
axiais com sentidos diferentes (Figs. 4.18 e 4.21). Assim, as fundações desses perfis
devem ser solidarizadas por vigas de fundação ou devem ser juntas no mesmo elemento,
evitando assentamentos diferenciais, a que corresponderiam deslocamentos indesejáveis
na parede.
Neste caso, são adoptados maciços (ou contrapesos) unindo os perfis verticais 2
a 2 (anterior e posterior), com as dimensões indicadas nas Figs. 4.22 e 4.23. Depois do
pré-dimensionamento dos contrapesos, analisam-se as forças que actuam sobre eles e
verifica-se se não é possível o derrubamento, garantindo que, para cada contrapeso, o
momento estabilizante (Me) é maior do que o momento instabilizante (Mi).
Fig. 4.22 - Planta das fundações adoptadas para o sistema de suporte de paredes tipo pórtico
Me = Wm × 2 + N 1 × 0,5 + M 1 + M 2 (kN.m)
Mi = N 2 × 3,5 + ( H 1 + H 2 ) × 2 (kN.m)
Quadro 4.2 - Esforços nas fundações do sistema de suporte de paredes tipo pórtico
M1 (kN.m) M2 (kN.m) N1 (kN) N2 (kN) V1 (kN) V2 (kN)
7,94 9,13 109,16 -54,96 0,28 -56,09
Fig. 4.23 - Esquema das fundações adoptadas para o sistema de suporte de paredes tipo pórtico
4.7.6. Ligações
Existe uma enorme variedade de ligadores no mercado e os diferentes
fabricantes apresentam uma gama de produtos especialmente vocacionados para cada
situação.
No caso apresentado, pode-se optar por um sistema de ancoragem química que
garanta uma ligação capaz de absorver os esforços axiais e de corte a que a parede está
submetida, perante os diferentes tipos de estrutura de suporte. A empresa HILTI
apresenta o sistema de injecção HIT-HY-70, com aplicações ilimitadas em qualquer
tipo de alvenaria. O sistema de injecção pode ser aplicado, por exemplo, com um
ligador HIT-ACR, em aço inoxidável, classe A4-70, com 10 mm de diâmetro [39].
Como referido na parte do dimensionamento dos ligadores, não basta que a
estrutura seja suficientemente resistente para suportar os esforços transmitidos pela
parede que suporta, sendo necessário que os ligadores tenham a capacidade para
transmitir esses esforços.
O valor da resistência ao arrancamento, para a parede considerada (alvenaria de
pedra natural), é difícil de estimar porque pode ser muito variado e não se encontra
tabelado, sendo recomendável a realização de ensaios para a determinação desses
valores (Devido à enorme variedade de pedras naturais, deverão … ser realizados
ensaios em obra para determinar os valores resistentes [39]). É desejável que a tensão
de arrancamento dos ligadores esteja próxima do valor da tensão de cedência do aço
para que se tenha uma ligação eficiente, ou seja, com um bom aproveitamento das
características do ligador. Atendendo ao ligador escolhido, deve-se ter uma força de
arranque próxima de 35 kN.
Os sistemas de suporte tipo aéreo e tipo consola apresentam, segundo os
modelos, um esforço de corte na ligação muito pequeno. Assim, e considerando um
mínimo de um ligador por metro, fica garantida a ligação para estas estruturas. Por sua
vez, as estruturas tipo pórtico e tipo bielas apresentam esforços de corte consideráveis
(Quadro 4.3), sendo necessário calcular o número de ligadores necessários.
O valor da resistência ao corte da ligação está fortemente condicionado pelas
características da alvenaria, sendo este valor menor do que a resistência do ligador,
porque, antes de se atingir esse valor, ocorre o esmagamento da alvenaria (dependendo
do tipo de alvenaria). Esse valor poderá ser estimado admitindo válida a extrapolação da
expressão (10) para a ligação estrutura de suporte / parede de alvenaria e os valores:
Øb = 10 mm;
e = 0,001 m;
fcd = 0,4 MPa [49];
fsyd,b = 450 MPa.
Obtém-se assim a resistência ao corte em cada ligação (Vrd,b) e, por conseguinte,
o número de ligadores necessários por cada ligação da estrutura à fachada (Quadro 4.4).
Quadro 4.3 - Máximos esforços axiais e de corte nas estruturas de suporte de paredes tipo pórtico e
tipo bielas
Bielas Pórtico
Axial (kN) Corte (kN) Axial (kN) Corte (kN)
15,68 34,90 17,44 18,16
Quadro 4.4 - Cálculo do número de ligadores por cada 3m para a resistência ao esforço de corte
Bielas Pórtico
fs,b 0,58 fs,b 1,25
σs,b 7,39E+03 σs,b 1,59E+04
ς 0,02 ς 0,04
Vrd,b 1,33 Vrd,b 1,33
Número de ligadores = 26 Número de ligadores =14
CAPÍTULO 5
ESTUDO COMPARATIVO
5. ESTUDO COMPARATIVO
É muito usual recorrer-se ao uso de vários sistemas de contenção em simultâneo
sendo conjugados ou complementados, o que significa que as suas condicionantes e as
suas vantagens são associadas, de modo que se poderão somar ou anular.
Vasco Farias, em “Sistemas de contenção de fachadas”, destaca uma
desvantagem comum a todos os sistemas de contenção, independente de todos os seus
outros inconvenientes e vantagens, que é o facto de geralmente serem sistemas passivos,
querendo significar que se tratam de sistemas meramente provisórios, não apresentando
qualquer contribuição para a estabilidade da estrutura do edifício em fase de serviço.
Posto isto, é feita a sugestão da criação de um estudo sobre a viabilidade da utilização
de sistemas mais activos, ou seja, estruturas capazes de, inicialmente, conferir suporte às
paredes e, terminada esta tarefa, contribuir de forma eficaz para a estabilidade da
estrutura, contrariamente ao modus faciendi tradicional, em que se remove a estrutura.
Se se estiver perante soluções racionalizadas que são bastante adaptativas e destinadas
ao uso sistematizado em várias obras, este raciocínio não faz sentido. Contudo, em
muitas outras situações, o aproveitamento das estruturas é limitado e a adopção de uma
solução deste tipo pode ser proveitosa.
Este estudo não faz parte dos objectivos deste trabalho mas pretende-se de
seguida apresentar uma sucinta e eminentemente objectiva comparação dos diferentes
tipos de soluções, segundo diferentes pontos de vista fazendo uma análise da velocidade
de montagem e facilidade de execução, impactes na execução da obra e impactes na
envolvente, passando também por uma análise económica e considerações sobre a
segurança.
todos os condicionalismos que a mesma impõe. Deste modo, não deve ser esquecido
que a estrutura ocupa espaço e que este espaço é também necessário para a construção
da nova estrutura, quer para a sua implantação quer para o desenvolver dos trabalhos
que lhe darão origem.
Fig. 5.1 - Montagem de estrutura tipo Fig. 5.2 - Gama alargada de componentes que
pórtico, acoplando blocos previamente permitem combinar simples vigas em sistemas de
montados [23] escoramento excepcionalmente versáteis,
adaptáveis a quase todas as situações [3]
pedaços). Por outro lado, o espaço exterior é deixado livre, assim como o espaço ao
nível das fundações que pode, desta forma, ser aproveitado ao máximo para a
construção de pisos inferiores.
A contenção por bielas, de um modo geral, é executada pelo exterior, que é um
espaço que não tem um impacte directo na construção do edifício tão forte como o
espaço interior.
Fig. 5.3 - Sistema de suporte aéreo: ligação das fachadas a um edifício adjacente; distribuição de
perfis no interior do edifício condicionando a movimentação de equipamentos e materiais [15]
Fig. 5.4 - Estrutura de suporte de fachada tipo pórtico, criando um vão de entrada na obra, com o
respectivo reforço da mesma zona
Fig. 5.5 - Contenção exterior tipo pórtico, envolvida por rede exterior [1]
o espaço é pouco, tornando-se muito difícil executar uma obra deste género sem causar
impacte directo na circulação exterior ao edifício, no dia-a-dia dos cidadãos.
Aproveitando o espaço já ocupado pelo edifício, isto é, no seu interior,
minimiza-se esse impacte mas, como se viu, aumenta-se o impacte na execução da obra.
Posto isto, seria proveitoso encontrar modos de contornar estes dois problemas.
O sistema em consola ocupa pouco volume, quer seja interior, exterior ou misto,
sendo pouco incomodativo quer para os cidadãos quer para a edificação da nova
estrutura.
Pode ser minimizado o impacte do sistema aéreo para a obra, tentando reduzir ao
máximo o número de perfis que a atravessam, mantendo a segurança. Em determinados
casos, pode-se tentar idealizar uma estrutura composta por treliças, distribuídas a vários
níveis e ligadas a edifícios contíguos, contendo as fachadas e absorvendo forças de
desvio (Figs. 5.6 e 5.7).
HEA 100
HEA 100
HEA 100
Fig. 5.7 - Edifício com contenção aérea em treliça na Av. Duque de Ávila [20]
Fig. 5.8 - Passadiço para os transeuntes, aproveitando Fig. 5.9 - Passagem de viaturas
o espaço entre os montantes da estrutura e rede que no interior de estruturas de
impede o lançamento de detritos para a rua contenção tipo pórtico
Posto isto, a análise descrita nos pontos anteriores é facilmente relacionada com
uma análise económica destas estruturas de contenção, dependendo de diversos factores,
de entre os quais:
o custo da estrutura de contenção - directamente relacionado com o custo de
cada perfil e com o número perfis necessários;
o custos de montagem e de desmontagem da estrutura de contenção e
construção das respectivas fundações - influenciados pela rapidez, facilidade
de execução, exigência de mão de obra e equipamentos especializados;
o impactes no decorrer da obra - causam perdas de tempo e restrições ao uso
de determinadas técnicas construtivas e equipamentos;
o impactes na envolvente - a envolvente impõe restrições e causa necessidade
de intervenções tais como a montagem de sistemas para protecção dos
edifícios vizinhos, para a protecção de pessoas e veículos e para a
minimização do impacte da normal circulação.
Numa análise económica das estruturas de suporte de parede, não se poderia
deixar de fazer uma comparação dos sistemas tradicionais elaborados com perfis
metálicos (normalmente HEB ou IPE), com os sistemas modernos de vigas aligeiradas
facilmente acopláveis [3]:
o o tempo de montagem para os sistemas acopláveis é mais reduzido;
o para além do referido anteriormente, acresce o facto de este sistema permitir
um horário de montagem e desmontagem mais alargado, dado que não
necessita de acertos nem soldaduras;
o não necessita de meios de transporte de grande envergadura face aos
sistemas tradicionais;
o normalmente dispensa o fecho de vãos;
o permite a utilização dos mesmos materiais de obra para obra, de estrutura
para estrutura.
Assim, para durações inferiores a um ano e meio, compensa o aluguer de um
sistema como o referido [3] e pode até mesmo compensar adquirir este tipo de
equipamento, apesar do avultado custo inicial.
5.5. Segurança
Novas construções
(industriais) 7%
Obras rodoviárias 7%
Reabilitação não doméstica 29%
Outros trabalhos de Engenharia Civil 7%
Fig. 5.10 - Acidentes mortais nos diferentes sectores da construção civil [40]
Para a segurança dos trabalhadores, estes devem ser obrigados utilizar capacete,
luvas, botas de protecção, e coletes de cor fluorescente.
Para segurança dos peões, poderão ser construídas plataformas, vedações com
corrimão ou cobertos (Figs. 5.8, 5.11 e 5.12), o que normalmente exige autorização
prévia, por parte das respectivas autarquias. Deve ainda haver um cuidado para que esta
medida de segurança não se torne numa medida de insegurança. Quer isto dizer que,
muitas vezes, estas plataformas e cobertos não são bem executadas, não inspirando
confiança nas pessoas ou sendo a sua utilização demasiado incomodativa, o que leva os
transeuntes a contorná-los, passando no lugar destinado às viaturas e correndo riscos de
atropelamento (Fig. 5.11). Ainda para segurança das pessoas, podem ser adoptadas
redes exteriores (Figs. 5.5 e 5.8) que impedem que detritos provenientes da obra
cheguem à rua.
Quadro 5.1 - Síntese comparativa dos diversos tipos de sistemas de contenção (baseado em [15])
Tipo de Facilidade de Dimensão das Ocupação do Ocupação do
contenção execução fundações exterior interior
CAPÍTULO 6
CASOS DE ESTUDO
6. CASOS DE ESTUDO
6.1. Recuperação de imóvel para um hotel, Rua de Santa Marta, Lisboa
ficaram mais soltos. Por esta mesma razão, as fachadas também não são monitorizadas
ao longo da construção da nova estrutura. Apenas existiu monitorização durante a
demolição do edifício e montagem da estrutura de suporte, uma fase em que as paredes
estão mais solicitadas. Como não há grande interferência com os edifícios vizinhos,
estes não são monitorizados. Esta opção é muito discutível porque as demolições e as
escavações causam vibrações importantes, que são transmitidas, não só às fachadas do
próprio edifício como também às edificações vizinhas.
Verificou-se que apenas alguns vãos das fachadas foram preenchidos com
alvenaria de tijolo cerâmico e outros com blocos de betão, encontrando-se os restantes
sem qualquer preenchimento. Em primeiro lugar, não existe justificação para o facto de
apenas alguns vãos estarem preenchidos, devendo-se ter adoptado este procedimento na
totalidade das fachadas de modo evitar a concentração de tensões nestas zonas e a
prevenir o aparecimento de fendas. Para além disto, depois do preenchimento dos vãos,
foram feitas aberturas para se conseguir montar a estrutura de suporte das fachadas,
como se pode ver na Fig. 6.2. Depois de montada a estrutura, estas aberturas deveriam
ter sido tapadas, o que não sucedeu.
Fig. 6.1 - Estrutura de contenção das fachadas do edifício (Rua de Santa Marta, Lisboa)
Para contenção provisóra das paredes exteriores, com uma espessura de 0,60 m,
utilizou-se uma estrutura metálica tipo pórtico.
Esta estrutura metálica é constituída por perfis verticais HEB 260 e HEB 200,
por perfis de ligação horizontais HEB 200, HEB 140 e IPE270 e por perfis tubulares de
contraventamento (barras inclinadas).
O espaço interior da estrutura, aproveitado para a colocação de contentores de
escritórios, maximizando o aproveitamento do espaço (Fig. 6.1).
Dada a reduzida largura das travessas laterais, não é possível a colocação da
estrutura no exterior das fachadas laterais. Assim, parte da estrutura ocupa espaço
interior do edifício, o que neste caso, implicou uma redução da área dos pisos
subterrâneos (Fig. 6.2) correspondente à área ocupada pelas fundações da estrutura.
A demolição do edifício teve início antes da montagem da estrutura de suporte.
Começou-se por demolir a parte do edifício mais afastada das fachadas preservadas,
progressivamente até chegar às mesmas, tendo sido deixadas umas paredes-mestras que
garantiam a estabilidade das referidas fachadas. De seguida, iniciou-se a montagem da
estrutura de contenção e a sua ligação às fachadas, após o qual se finalizou a demolição,
com a remoção das paredes-mestras.
a) b)
Fig. 6.3 - Ligação entre a estrutura de contenção e a fachada: a) aperto entre as malhas exterior e
interior; b) calço de madeira
Esta estrutura é mantida até à construção das lajes dos pisos e da cobertura,
altura em que as paredes estarão já perfeitamente ligadas e contraventadas pela nova
estrutura de betão armado.
As fachadas preservadas apenas têm de resistir ao seu peso próprio, não
sofrendo incremento de carga vertical, após a sua ligação à nova estrutura.
A fundação da estrutura é constituída por uma sapata de solidarização de micro-
estacas Ø200 mm em betão armado, com uma altura de 0.80 m.
As fundações das fachadas antigas não são reforçadas, sendo construídas
paredes e respectivas fundações, coplanares com as fachadas e ligadas a esta, impedindo
que se mova, como esquematizado na Fig. 6.4. Estas paredes fazem a ligação entre a
estrutura nova e a antiga, através de ferrolhos, ancorados nas fachadas e embebidos nas
referidas paredes.
Laje
Solo
Sapata de fundação
As fachadas dos edifícios não têm qualquer valor arquitectónico, tendo sido
mantidas com o objectivo de permitir a mesma área de construção em planta.
Antes da concepção do projecto do novo edifício, foram realizados alguns
estudos preliminares, nomeadamente inspecções iniciais com levantamentos
fotográficos, levantamentos topográficos e estudos geotécnicos, de modo a conhecer as
características do terreno, a geometria e o estado de conservação do edifício e a
existência de construções vizinhas.
Dado o razoável estado de conservação das paredes, não foram efectuadas
intervenções para a consolidação da alvenaria, como injecções ou pregagens. As
intervenções preliminares consistiram no preenchimento dos vãos com alvenaria de
tijolo cerâmico (Fig. 6.7 a)).
a) b)
As paredes antigas não vão manter a função estrutural, passando apenas a resistir
ao seu peso próprio.
Para a verificação da ocorrência de anomalias nas fachadas durante os trabalhos,
como fendilhações, assentamentos ou desaprumos, estes elementos são monitorizados,
tendo sido colocados alvos topográficos (Fig. 6.8) e dois inclinómetros com a realização
de leituras semanais.
A estrutura utilizada para a contenção das fachadas foi a tipo pórtico, com perfis
laminados do tipo HEA e HEB (Fig. 6.9). As ligações entre os perfis são aparafusadas,
devido à facilidade de montagem com a sua utilização.
A falta de pontos de apoio não permitiria a utilização do suporte aéreo e, mesmo
que fosse vantajoso, não existe espaço para a colocação de estrutura tipo bielas. Assim,
neste caso, considera-se que esta é a melhor solução. Esta estrutura permite um
funcionamento independente de cada fachada. O Projectista, Engenheiro Eduardo
Fig. 6.9 - Estrutura de contenção tipo pórtico, utililizada na contrução da sede do BIG
construção de caves. Assim, com o solo escavado de ambos os lados, esta fachada, para
se conseguir preservar, teve de ficar suspensa pela estrutura de suporte (Fig. 6.10) e as
suas fundações inserem-se no interior deste espaço. Nesta situação particular, a solução
consistiu na execução de micro-estacas solidarizadas por vigas de fundação, que
constituíam a fundação da estrutura e da fachada. Posteriormente, à medida que o solo
foi escavado, as micro-estacas eram contraventadas por perfis tubulares (ROR 230 e
260), construindo-se assim uma estrutura que prolongava a estrutura de contenção e
transferia os esforços para um nível inferior da fundação (Fig. 6.10), onde o solo não ia
ser escavado e tinha capacidade para resistir aos esforços transmitidos.
A ligação da nova estrutura às fachadas é feita por betonagem dos novos pilares
e lajes contra as fachadas, em roços abertos para o propósito, e dispensando cofragem
nestas faces (Fig. 6.11).
o 1,0 G + 1,5 W;
o 1,5 G+ 1,5 W.
Nesta obra, foram feitas as respectivas avaliações de riscos, recomendadas as
medidas de protecção colectivas e individuais e entregues ao responsável pela
elaboração do PSS. Para protecção dos cidadãos, foi colocado um passadiço
devidamente protegido com corrimão e cobertura de protecção e convenientemente
sinalizado (Fig. 6.12), verificando-se que era, efectivamente, utilizada.
A estrutura não teve impactes significativos na construção da obra nem na
circulação de pessoas e veículos pois foi colocada pelo exterior, onde existia um espaço
destinado a estaleiro. Deste modo, apenas teve como consequência a redução do espaço
disponível para estaleiro e uma pequena ocupação da via pública.
Segundo o projectista, o aluguer das estruturas facilmente acopláveis e
reutilizáveis, como as da Fig. 5.1, não teria compensado pois são dispendiosas e com
capacidade resistente limitada. Chegou a ser proposta uma solução deste tipo por parte
do empreiteiro, mas que facilmente se mostrou pouco atractiva.
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES
7. CONCLUSÕES
7.1. Considerações finais
não só utilizados na nova estrutura como também na antiga. Para tal, são também
apresentados métodos que permitem a aquisição desta informação.
Submetendo a mesma fachada ao mesmo tipo de acções, pode-se observar os
diferentes comportamentos e nível de esforços dos tipos de estruturas considerados.
Enquanto que os sistemas aéreo e de bielas funcionam, fundamentalmente como tirantes
/ escoras apresentando esforços de tracção / compressão, o sistema em consola funciona
por flexão, como uma consola, e o sistema tipo pórtico comporta-se como uma treliça,
com esforços decrescentes em altura.
Pôde-se ainda comprovar a referida instabilidade dos sistema em consola, pela
inadmissível deformação encontrada.
A análise destas estruturas permitiu igualmente uma análise das suas fundações,
as quais estão ausentes na contenção aérea e poderão tomar diferentes configurações nas
restantes contenções, com ou sem fundações indirectas. Tal como é feito neste trabalho,
o projectista de analisar os esforços transmitidos ao terreno e encontrar uma solução
compatível, a qual poderá ser bastante diferente da aqui escolhida.
Tendo em conta que os diferentes tipos de contenção apresentam diferentes
vantagens e desvantagens e que estes podem ser complementados, é natural que se faça
uso de diferentes tipos de estrutura no mesmo edifício ou até na mesma parede. Assim,
exige-se que o projectista possua um vasto conhecimento nesta área, uma profunda
noção do edifício e alguma imaginação e engenho para que possa decidir pela melhor
solução e, sobretudo, por uma solução segura porque este tipo de intervenções constitui
risco elevado para os trabalhadores nelas envolvidos.
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