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A PRÁTICA DE PEDAGOGIA DE PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM

BREVE ESTUDO

Lidivânia de Lima Macena.


Pedagogia - UEPB-CAMPUS III
lidigba@yahoo.com.br
Avanay Samara do N. Santos.
Pedagogia - UEPB-CAMPUS III
avanaysamara@yahoo.com.br

Angélica de Paula Gonçalves Rosa


Pedagogia - UFPB-VIRTUAL
subzarrania@bol.com.br

Profª Ms. Luciana Silva Nascimento –


Orientadora - UEPB -CAMPUS III
lucnasci@terra.com.br

Resumo:

A Pedagogia de Projetos neste artigo enfatiza o trabalho na Educação Infantil, bem como a
contribuição do ensino-aprendizado do educando. Abordaremos neste trabalho um breve
histórico a respeito da pedagogia de projetos como também a entrada desta Pedagogia no
processo interdisciplinar nas escolas. Pois, através deste método pedagógico, a participação
do aluno é indispensável para o desenvolvimento da aprendizagem e sucesso do projeto.
Para fundamentar os nossos estudos nos apoiamos em teóricos como: John Dewey
(1916/1964), Leite (1996), Piletti (1999), Nogueira (2007) entre outros. A partir do uso da
pesquisa bibliográfica ficou evidente que o método da pedagogia de projetos faz com que
os alunos tenham a oportunidade de confrontar os conteúdos estudados em sala de aula,
seus conhecimentos prévios, a vivência dos fatos observados e a (re) significação dos
saberes incorporados através de projetos, que envolvam o seu cotidiano de forma a
desenvolver seu aprendizado. Desta maneira formando cidadãos conscientes de sua
realidade político-social e capaz de reagir a ela. Salientamos que este artigo tem como
objetivo também servir como uma orientação para se trabalhar com a pedagogia de
projetos com crianças na educação infantil e também aprimorar a formação do educador.

Palavra-chaves: Pedagogia de Projetos. Educador/Educando. Educação Infantil.


Introdução

O presente trabalho versa uma reflexão em torno da importância de se trabalhar


com a Pedagogia de Projetos na Educação Infantil. Para tanto, a metodologia utilizada
neste artigo foi à consulta bibliográfica de autores que trabalham a temática. O interesse
pelo tema surgiu a partir dos estudos no componente curricular Prática Pedagógica IV, do
curso de Pedagogia da UEPB, Campus III.
Tentaremos mostrar as mudanças na sociedade que influenciam na escola. A
sociedade vivencia mudanças de caráter estrutural, interferindo desta forma na educação
que tem um grande desafio no processo de ensino – aprendizagem. Através da pedagogia
de projetos a escola se propõe a ensinar o aluno a pensar, despertando uma consciência
critica, estimulando a inteligência coletiva, e transformando o aluno em sujeito da ação
pedagógica.
A pedagogia de projetos emergiu uma grande discussão em torno de sua
contribuição ao processo de ensino e aprendizagem, com uma nova visão da educação
dando ênfase a autenticidade, criatividade e construção do conhecimento, evitando assim
que o cotidiano escolar seja submergido pela mesmice do dia-a-dia.

Projetos didáticos: um breve histórico

O debate singular a respeito da Pedagogia de Projetos surgem com o advento da


Escola Nova, no principio do século XX na obra do filosofo e professor John Dewey e seu
seguidor Kilpatrick, que defendeu essa modalidade de ensino em sua obra Método de
projetos (ANNA CAMPS, 2006).
Segundo Pilleti (1993) O método de projetos, se propõe a transformar as atitudes
dos alunos durante o ensino. O educando deve converter-se em um ser ativo que concebe,
prepara e executa o próprio trabalho, o docente neste processo consiste em orientá-lo
quando necessário na organização das ideias e como executá-las.
O método de projetos teve seu desenvolvimento impulsionado pelos princípios da
chamada Pedagogia Ativa, que consiste em fazer uma relação entre o conteúdo estudado e
a realidade dos fatos da vida diária, promovendo discussão em grupo, no estudo dirigido
individual entre outros trabalhos, de forma que o aluno possa se tornar o protagonista de
sua atividade culminando com a ampliação de seu conhecimento.
Neste sentido Dewey nos apresenta o que ele chamou de técnicas educativas:

Em vez do clima autoritário tradicional, introduziu o compromisso livre e


a democracia. A criança não vem para a escola para adquirir
conhecimentos que lhe servirão, quem sabe, mais tarde. A criança vem
para a escola para resolver os problemas que enfrenta no seu meio
ambiente. O professor é um guia, que o aconselha e o ajuda, como um
colega mais experiente. (PILETTI, 1993, P. 118).

A Pedagogia de projetos visa elevar o espaço escolar, transformando-o em um


ambiente aberto a realidade do aluno e volta o aprendizado para as necessidades destes, de
forma a contribuir com a mudança da comunidade em que estes educandos estão inseridos.
O trabalho com projetos traz uma nova perspectiva para entendermos o processo de ensino/
aprendizagem. Estudar deixa de ser um simples ato de memorizar e decodificar os signos
linguísticos, mas ultrapassando este conceito ir mais além que apenas ensinar os conteúdos,
ou seja, a formação dos alunos parte deles e para eles, de forma que venham participar,
vivenciar os sentimentos, tomando atitudes diante dos fatos, escolhendo procedimentos
para atingir determinados objetivos. Ensina-se não só pelas respostas dadas, mas
principalmente pelas experiências proporcionadas, pelos problemas criados, pela ação
desencadeada.

Ao participar de um projeto, o aluno está envolvido em uma experiência


educativa em que o processo de construção de conhecimento está
integrado às práticas vividas. Esse aluno deixa de ser, nessa perspectiva,
apenas um “aprendiz do conteúdo de uma área de conhecimento
qualquer. É um ser humano que está desenvolvendo uma atividade
complexa e que nesse processo está se apropriando, ao mesmo tempo, de
um determinado objeto de conhecimento cultural e se formando como
sujeito cultural”. Isso significa que é impossível homogeneizar os alunos,
é impossível desconsiderar sua história de vida, seus modos de viver, suas
experiências culturais, e dar um caráter de neutralidade aos conteúdos,
desvinculando-os do contexto sócio-histórico que os gestou. (LEITE, [S.
D])

Este método tenta fazer com que os alunos atuem, em vez de se tornar apenas
ouvintes, que execute seus próprios experimentos em vez de aceitar sem consciência crítica
as informações que lhes são repassadas pelo professor. As atividades desenvolvidas com
base neste método não podem ficar unicamente na oralidade, sem um objetivo concreto.
Pelo contrário, devem ser orientadas para objetivos claros e bem definidos. A aula
deweyana é uma conquista das capacidades e obtenção de experiências.
As mudanças no âmbito social, cultural e econômico que a sociedade vem sofrendo,
a escola não deixa esta discussão fora dos debates, na visão da pedagogia de projetos os
assuntos pertinentes e significativos devem ser abordados na sala de aula com a mediação
do educador, produzindo reflexões sobre o papel da escola dentro do novo modelo de
sociedade que se desponta em nossa frente e como o alunado pode se preparar para esta
realidade.
É nesse contexto e dentro deste debate que a discussão sobre Pedagogia de Projetos,
hoje, se coloca.

Não podemos continuar encarando nossos alunos como aqueles de 10, 20


ou 30 anos atrás. Aquilo que praticávamos ontem não é mais suportável
hoje. Precisamos acreditar que a instrumentação do professor é o
diferencial para possibilitar um ensino atual e adequado a educação
tradicional, e principalmente aquela com “máscara” de não tradicional, e
quebrar alguns paradigmas, a fim de substituir nossas posturas, conceitos
e métodos inadequados para atender a esse novo aprendiz que interage de
maneira rápida em seus diferentes meios sociais. (NOGUEIRA, 2007, p.
27).

Isso significa que é uma discussão sobre uma postura pedagógica e não sobre uma
técnica de ensino mais atrativa para os alunos. Porém uma alternativa que pode ser
trabalhada na sala de aula de forma a valorizar a contextualização do cotidiano do aluno e a
possibilidade da interdisciplinaridade.

Pedagogia de Projetos: Um egresso interdisciplinar

A interdisciplinaridade surgiu no cenário educacional a partir da década de 70, com


uma nova concepção de aprendizagem causando otimismo por parte do corpo docente.
Esta nova compreensão a respeito da pedagogia de projetos veio como uma saída
para a prática da interdisciplinaridade. Junto com o estudo dos PCNs (Parâmetros
Curriculares Nacionais) que abordam a temática em questão nos livros volume oito(8) e
nove (9), ambos trabalham os Temas Transversais.
Segundo os PCN,
A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes
campos de conhecimentos produzida por uma abordagem que não leva
em conta a inter-relação e a influencia entre eles – questiona a visão
compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal
como é conhecida, historicamente se constituiu. Refere-se, portanto, a
uma relação entre disciplinas (BRASIL, 2001. P. 40).

Ao trabalhar um projeto interdisciplinar, o educador dá oportunidade dos alunos


terem através de um objetivo em comum adquirir conhecimentos multidirecionados na
práxis pedagógica.
O processo de aprendizagem inicia-se antes da escolaridade obrigatória. Nesta fase,
os educandos são freqüentemente curiosos, buscam explicações para o que vêem, ouvem e
sentem, estes questionamentos podem ser aproveitados para se trabalhar a pedagogia de
projetos com possibilidades de ocorrer interdisciplinaridade e aprendizagem, podendo
satisfazer a curiosidade da criança no tema abordado em todo o seu aspecto.
Em Almeida (2000; p.22) encontramos:

Os projetos são assim porque abrem uma brecha naquela coisa meio
morna do dia-a-dia da sala de aula. Criam possibilidades de ruptura por se
colocarem como espaço corajoso, no qual é possível unir a Matemática à
Biologia, a Química à História, a Língua Portuguesa à formação de uma
identidade cultural.

As fontes para a obtenção de respostas e de conhecimentos sobre o mundo vão


desde o ambiente doméstico e a cultura regional, até a mídia e a cultura de massas.
Portanto, as crianças chegam à escola tendo um repertório de representações e explicações
da realidade. É papel da escola e do professor estimular os alunos a perguntarem e a
buscarem respostas sobre a vida humana, sobre os ambientes e recursos tecnológicos que
fazem parte do cotidiano ou que estejam distintos no tempo e no espaço.

Nesta perspectiva Dewey (1964, p.430) com a chamada Pedagogia Ativa


considerava que a educação “é um processo de vida e não uma preparação para a vida
futura. A escola deve representar vida presente. Tão real e vital para a criança como o que
ela vive em casa, no bairro ou no pátio.”

Pedagogia de Projetos na Pré-escola


Nas classes da pré-escolas é possível elaborar projetos, dá explicações e
legitimidade às práticas pedagógicas, na medida em que tudo parte da situação problema
para busca de situações didáticas que vise solucioná-la. Para isso, todos da escola vão
desejar envolver-se com o projeto. O aluno é o condutor do processo, pois é através dele
que a escola projetar-se-á para resolver as situações problemas, considerando e respeitando
o que os alunos desejam saber, conhecer e descobrir de acordo com a sua idade e
amadurecimento, sob influências no processo de aprendizagem.

A Pedagogia de Projetos visa à re-significação desse espaço escolar,


transformando-o em num espaço vivo de interações, aberto ao real e
às suas múltiplas dimensões. O trabalho com Projetos traz uma nova
perspectiva para entendermos o processo de ensino-aprendizagem.
(LEITE,1996: p.8).

Um aspecto importante na pedagogia de projetos é o professor incentivar o


aluno a formular suposições e perguntas fluindo sua visão critica, pois esse
procedimento permite conhecer as representações e conceitos intuitivos dos alunos,
orientando o processo de construção de conhecimento.
Ainda de acordo com Leite (1996; p.9), ela nos fala:

Um projeto gera situações problemáticas, ao mesmo tempo, reais e


diversificadas. Possibilita, assim, que os educandos, ao decidirem,
opinarem, debaterem, construam sua autonomia e seu compromisso
com o social.

É necessário considerar que a pedagogia de projeto é uma concepção de educação


construtivista que veio para aperfeiçoar o trabalho escolar, gerando várias possibilidades de
conhecimento na construção de uma escola que perceba que o trabalho em conjunto pode
gerar autonomia que facilita a aprendizagem na fase posterior.
A partir dos estudos de Barbosa (2008) na educação Infantil, a escola é novidade.
Em especial para as crianças na primeira infância, período que vai de 0 aos 3 anos na qual
elas aprendem muito, os estudos de Piaget, Wallon e Vygotsky, entre outros, apontam que
as crianças aprendem desde que nascem. A chamada segunda infância, período que vai dos
3 aos 6 anos, é caracterizada pela criança nessa fase possui um repertório de imagens e
ideias quantitativas e qualitativamente mais elaboradas.
No que se refere à Pedagogia de Projetos, na educação infantil, ela exerce uma
possibilidade de estabelecer relações que permita trabalhar com maiores variedades de
informações, alargando a compreensão do mundo e das interações do aluno com este
mundo. Neste sentido Freire diz: “Saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para sua própria produção ou sua construção” (1996; p. 47). Assim
sendo, precisamos de uma escola que ensine a pensar, formando cidadãos críticos capazes
de interagir com o mundo, mas, principalmente, que arrisque, tente e busque novos
conhecimentos, enfim, que atue de fato e que exerça sua cidadania.
Na visão de Edgar Morin (MORIN apud QUEIROZ, 2001) “É preciso ensinar a
identidade terrena, a paz, a esperança”, para possibilitar a transformação da educação pra
atender seu maior objetivo: a reconstrução do homem e do mundo por meio do resgate da
cidadania. A instituição escolar visa não só desenvolver o cognitivo, mas, preparar os
alunos para a vida tornando-se cidadãos conscientes de sua realidade social.
Podemos dizer que a Pedagogia de Projetos ensina a aprender com as orientações
dos PCNs, sendo o aluno o sujeito no processo de aprendizagem. Despertando nele a
paixão inata pela descoberta e, por isso, convém não lhe dar a resposta ao que não sabe,
nem a solução pronta a seus problemas; é fundamental alimentar-lhe a curiosidade, motivá-
la a descobrir saídas, orientá-la na investigação até conseguir o que deseja.

Considerações Finais

A pedagogia de Projeto vem sendo causa de várias discussões entre professores que
buscam oferecer condições de reflexões sobre a prática de ensino em todas as modalidades
e suas atribuições.
A Pedagogia de Projetos na Educação Infantil tem uma perspectiva de envolver os
educandos no contexto de aprendizagem continua centrada nas necessidades de sua
realidade. Portanto, construir, criar, inovar é um desafio para a educação lançada pela
pedagogia de projetos que tem uma visão de romper com o tradicional, capaz de
transformar a escola e possibilitar o sucesso dos alunos, numa perspectiva de sujeitos
ativos e atuantes na sociedade.
Percebe-se que, hoje, o uso dos projetos para se trabalhar com situações problemas
é a forma mais eficaz de se educar as crianças a respeito da questão abordada, pois se tem a
possibilidade de integrar o sujeito em problemas de discussões sociais, sendo ele em
caráter de comunidade escolar ou comunidade familiar. Desta maneira formando cidadão
consciente de sua realidade político-social e capaz de reagir a ela.
Podemos concluir que ao trabalhar com a pedagogia de projetos, o professor - tem a
possibilidade de não cair na repetitiva prática pedagógica da mesmice do dia-a-dia e tem a
possibilidade de ter uma prática dinâmica na organização do trabalho pedagógico onde as
crianças são consideradas co-autoras do seu processo de aprendizagem, modificando a
visão que a escola vem apresentando para as crianças, ou seja, como apenas receptoras
passivas do processo ensino-aprendizagem, e sim como um educando ativo e participativo
na aprendizagem.

Referências

ALMEIDA, Fernando José de. JÚNIOR Fernando Moraes Fonseca. Projetos e


Ambientes Inovadores. Ministério da Educação. Brasília, 2000.

BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos


pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.

BRASIL. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: Pluralidade Apresentação dos


temas transversais: ética/ Ministério da Educação. Secretaria da educação Fundamental. -
Brasília: A Secretaria, 2001.

CAMPS, Anna, et. AL. Propostas didáticas para aprender a escrever. Tradução Valério
Campos, Porto Alegre: Artmed, 2006.

DEWEY, John. Democracy and Education. N. York: Macmillan.1916/1964.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.


33. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LEITE, Lúcia Helena Alvarez. Pedagogia de Projetos: intervenção no presente. Revista


Presença Pedagógica, v. 2, n 08. Belo Horizonte: Dimensão, Mar./Abr., 1996.

NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia de Projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao


desenvolvimento das múltiplas inteligências. 7 ed. São Paulo: Érica. 2007.

PILETTI, Claudino. Didática Geral. São Paulo: Ática. 1999.

QUEIROZ, Tânia Dias; BRAGA, Márica M. V.; LEICK, Elaine Penha. Pedagogia de
projetos Interdisciplinares: Uma proposta prática de construção de conhecimento a partir
de projetos. São Paulo: Rideel, 2001.

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