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● Editorial

Divulgação/ACE
O papel da
Engenharia
na sociedade
A
Engenharia é tão importante para a hu- tecnológicos, necessita ter dons visuais e emocio-
manidade que seria praticamente impos- nais. Todos estes ingredientes só podem prospe-
sível pensar o planeta sem sua existência. rar em mentes nas quais uma mudança de atitude
É sinônimo de desenvolvimento. Sua valorização possa transcender por meio da consideração do
e o crescimento de profissionais na área vêm au- bem estar do homem e da natureza.
mentando nos últimos anos. No Brasil, se mostra As dimensões do papel do Engenheiro vão
indispensável para a ampliação da infraestrutura muito além das práxis da Engenharia, comumente
e para a melhoria na qualidade de serviços pres- vista pelo tradicionalismo intrínseco à esta profis-
tados à sociedade. são. Há mais atributos e aptidões a serem desen-
Logo se reconheceu que o Engenheiro é o pro- volvidas no mercado, vislumbrados pelo profissio-
fissional mais adequado quando o assunto é in- nal, que ensejarão o entrosamento e o elo entre
fraestrutura. Sendo ele o principal responsável as mais variadas profissões. Tendo em conta estas
para lidar com grandes projetos e construções e, questões, a ACE realizou em outubro deste ano o
até mesmo, propor novas soluções tecnológicas. 2º Congresso Técnico-Científico de Engenharia Ci-
Cabe ao engenheiro a escolha de terrenos, mate- vil, reunindo nobres profissionais de todo o país.
riais e profissionais adequados a um empreendi- Um momento de encontros, discussões, debate
mento, sempre buscando otimizar custos e causar de problemas e soluções para, juntos, construir-
os mínimos impactos ambientais, assim como o mos um caminho cada vez mais sólido e relevante
melhor custo/benefício. para a Engenharia nacional.
Com o conhecimento adquirido, ele pode es- O momento político e econômico delicado pelo
colher os lugares mais apropriados para realizar qual atravessa o Brasil alerta nossa classe para a
uma obra, e ao verificar a solidez e a segurança relevância de estarmos cada vez mais envolvidos
do terreno e do material utilizado, garante, assim, e conscientizados acerca destas questões. Com
segurança e eficiência na construção. um papel de destaque na sociedade, é também
O Engenheiro moderno tem efetivamente de dever do Engenheiro ser ativo e participativo nos
se preocupar com os problemas sociais, com os temas concernentes ao país. Por isso, façamos de
valores inerentes à sociedade em termos de igual- 2016 um ano dedicado ao desenvolvimento parti-
dade e solidariedade, requerendo para tal uma cipativo alicerçado na valorização do profissional
abordagem holística que tem de ser percebida e de Engenharia.
aprendida no ensino superior e nos programas de
formação profissional. Boa leitura e boas festas!
Nesta perspectiva, o profissional terá de se
preocupar com o funcional, o social e o estético,
tendo de encontrar soluções que sejam aceitáveis Carlos Koyti Nakazima
do ponto de vista político, econômico e sustentá- Engenheiro Civil
vel. Para tal, além dos conhecimentos científicos e Presidente da ACE
● Índice

Diretoria Executiva 2015 - 2017


Destaque Profissional Presidente
Eng. Civil Carlos Koyti Nakazima
Vice-Presidente
Aos 73 anos, Otávio Ferrari Eng. Civil Abelardo Pereira Filho
Diretor Financeiro
Filho tem uma vida dedicada Eng. Civil José Wilson Alexandre
Diretor Financeiro Adjunto
à Engenharia. São mais de 50 Eng. Civil Jayme Roberto dos Santos
Diretor Social

anos em que dividiu a carreira Eng. Mecânico Ilmar Heine Agacy


Diretor Social Adjunto

profissional como professor, Eng. Eletricista Maria Elsa Nunes


Diretor de Atividades Culturais
Eng. Civil Elídio Yocikazu Sinzato
engenheiro e representante de Diretor de Atividades Culturais Adjunto
Eng. Civil Ademir Watzko
associações e entidades Diretor Administrativo
Eng. Civil Álvaro Luz Filho
do terceiro setor. Diretor Administrativo Adjunto
Eng. Mecânico Álvaro José Silveira Beiro
Página 44 Divulgação/ACE Diretor de Patrimônio
Eng. Eletricista Gilberto Martins Vaz
Diretor de Patrimônio Adjunto
Eng. Civil Bernardo Jacinto Damiani Tasso
Matéria de Capa Diretor de Atividades Técnicas
Eng. Civil Roberto de Oliveira
Diretor de Ativ. Técnicas Adjunto
Eng. Civil Caroline Burtet
Engenheiros de todo o país Diretor de Esportes
Eng. Agrônomo Felipe Penter
debateram durante três dias Diretor de Esportes Adjunto
Eng. Mecânico Gladston Luiz Nicolazi
os rumos da engenharia com Diretor de Relações Profissionais
Eng. Mecânico Wilson César Floriani Júnior
uma seleção de palestras Diretor Relações Profissionais Adjunto
Eng. Eletricista Paulo César da Silveira
de alto nível de qualificação, Diretor de Meio Ambiente
Eng. Sanitarista e Ambiental Nelsinho Bittencourt
seminários e debates durante Diretor de Meio Ambiente Adjunto
Eng. Sanitarista e Ambiental Vinicius Ternero Ragghianti
o 2º Congresso Técnico-
Conselho Diretor – Titular
Científico de Engenharia Civil, Eng. Sanitarista Paulo José Aragão
Eng. Civil e de Seg. do Trabalho Carlos Alberto Kita Xavier
realizado pela Associação Eng. Civil José Carlos Ferreira Rauen
Eng. Civil Luiz Henrique Pellegrini
Catarinense de Engenheiros Eng. Civil Gelásio Gomes
Conselheiro Diretor – Suplente
(ACE), em Florianópolis, entre Eng. Civil Flávio Henrique Rabe
Eng. Civil Almir José Machado
os dias 7 e 9 de outubro. Eng. Mecânico Carlos Bastos Abrahan
Livia Coelho/Divulgação/ACE Eng. Civil Amauri Caldeira de Andrade
Página 8 Eng. Civil Lucas Barros Arruda

Conselho Fiscal – Titular


Eng. Civil José Tadeu da Cunha
ACE em Ação Rangel Amandio/Divulgação/ACE Eng. Civil Laércio Domingos Tabalipa
Eng. Civil Túlio Márcio Salles Maciel
Conselho Fiscal – Suplente
Eng. Civil Paulo Roberto Gasparino da Silva
Eng. Civil Rinaldo Manoel da Silveira
Eng. Agrônomo Fernando Cesar Granemann Driessen

Coordenador de Eventos
Eng. Eletricista Ivan Rezende Coelho

Revista da ACE
Edição e Comercialização

BSC – Bureau de Negócios


Editor Responsável
Divulgação/ACE Página 46 Marcelo Kampff (48) 8434-0644
revistadaace@gmail.com
Reportagens
Marcelo Kampff e Felipe Alves
AINDA NESTA EDIÇÃO: Fotos
Divulgação ACE, Crea-SC, Lívia Coelho e Rangel Amandio

• Artigo............................................................................................. 28 Tiragem da Revista


4.000 exemplares

• Panorama...................................................................................... 54 Conselho Editorial


Engenheiros Carlos Koyti Nakazima,
Abelardo Pereira Filho, Maria Elsa Nunes,
Fernando Driessen, Roberto de Oliveira e Elídio Sinzato

Endereço ACE:
Capitão Euclides de Castro, 360 - Coqueiros - SC - CEP 88080-010 As opiniões em artigos ou matérias assinadas são de inteira
responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessaria-
Fone: (48) 3248.3500 - E-mails: ace@ace-sc.com.br ou revistadaace@gmail.com mente, a opinião da revista, do seu editor ou diretores da ACE.
A publicação se reserva o direito de, por motivos de espa-
ço ou clareza, resumir cartas, artigos, entrevistas e crônicas.
4 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015
Divulgação/ACE ● Entrevista

"A Eletrosul é 100%


renovável", afirma o
presidente da estatal,
Djalma Berger
O engenheiro tem capacidade de
discernimento e compreensão dos
problemas de maneira diferenciada

F
ormado em Engenharia Civil de energia, proprietária da PCH São va na transmissão. Então esses inves-
pela Universidade Federal Sebastião, localizada no município de timentos, com a dificuldade financei-
de Santa Catarina (UFSC) Major Gercino, em Santa Catarina. ra e o atual momento econômico do
e em Administração de Empresas Em 16 de julho de 2015 assumiu país, careceram de recursos. Hoje a
pela Universidade do Estado de San- o cargo de presidente da Eletrosul, dificuldade de busca de recursos tan-
ta Catarina (Udesc), Djalma Vando onde pretende focar sua gestão na to no mercado financeiro e no setor
Berger nasceu em Bom Retiro, na recuperação da empresa e no forte elétrico brasileiro é muito grande. E
serra catarinense. Há quase 30 anos investimento. Nesta entrevista, Djal- aí fez com que a Eletrosul redirecio-
começou sua carreira profissional ma fala dos planos de ampliar a dis- nasse, reconceituasse alguns inves-
como engenheiro, em uma empresa tribuição e capacidade de geração de timentos para que tenham a melhor
privada de construção civil. Depois, energia em Santa Catarina, da impor- rentabilidade possível. Então esse foi
em 1989, ingressou na Eletrosul, tância de investir em energias reno- um momento de organização dos in-
onde permaneceu por seis anos, váveis e de sua trajetória no Estado. vestimentos na Eletrosul para que a
atuando em departamentos respon- empresa possa fazer frente aos desa-
sáveis por obras e projetos. Qual tem sido o foco da sua ges- fios que tem ao longo do tempo.
Atual presidente da Eletrosul, tão na Eletrosul?
Berger entrou para a vida pública em Estamos fazendo um projeto de A partir dessa reorganização,
1997, quando assumiu a Secretaria recuperação da empresa, que nos qual é a projeção para o futuro da
dos Transportes e Obras de São José. últimos anos investiu muito em ge- estatal?
Foi eleito deputado estadual, em ração e em transmissão de energia. Vamos voltar a investir forte. Te-
2002, deputado federal, em 2007, e Primeiro para garantir a segurança mos o leilão 04 de 2014, nos lotes A
prefeito de São José, em 2009. Nos do setor elétrico, depois a meta de (no Rio Grande do Sul com investi-
últimos dois anos, exerceu cargos gestão da empresa, que é focar na mento de R$ 3,5 bilhões), e no lote E
diretivos na iniciativa privada, inclu- geração. Haja visto que a Eletrosul (no Mato Grosso do Sul, com inves-
sive à frente de empresa de geração estava ausente da geração e só atua- timento de R$ 200 milhões), em que

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 5


● Entrevista

lançamos uma chamada pública bus- watts, é quase que meia Itaipu. Isso fui um dos poucos funcionários que
cando parceiros da iniciativa privada para o setor elétrico brasileiro é ex- entrou na Eletrosul, saiu para a iniciati-
ou mesmo pública para que sejam traordinário, fantástico. Vai nos dar va privada, fez carreira política, depois
parceiros deste empreendimento. uma condição de exportador ainda voltou para a iniciativa privada e pos-
É um investimento gigantesco e que maior para o Sudeste e outras re- teriormente retornou à Eletrosul. Isso
necessitamos destes parceiros. De- giões necessárias. foi um aprendizado e um ganho de
vemos nos preparar para participar relacionamento extraordinário. Hoje
do leilão da ampliação, distribuição Cada vez mais se fala em energia se conhece muito melhor como fun-
e capacidade de geração de Santa renovável. Qual tem sido a atuação cionam as instituições do país e isso
Catarina. Deu deserto na última vez da Eletrosul neste sentido? vai contribuir muito para a estrutura
que foi lançado, que é a ampliação A Eletrosul é 100% renovável. da Eletrosul. Por que a Eletrosul não é
de linhas de transmissão e amplia- Hoje estamos produzindo cerca de uma unidade estanque, que se fecha
ção de capacidade de subestações. 2 gigawatts, temos participação em dentro dela mesma e não precisa se
A Eletrosul, até por estar presente Mauá, Teles Pires, nossas PCHs (pe- relacionar com mais ninguém. A Ele-
sua sede em Santa Catarina, não quenas centrais hidrelétricas) em SC, trosul hoje, por necessidade, precisa
pode deixar de participar destes nossas hidrelétricas e eólicas no Rio da Eletrobras, do Ministério de Minas
empreendimentos. Nossa ideia é Grande do Sul e nossa usina fotovol- e Energia e do Governo Federal. Pre-
justamente nos preparar para estes taica instalada na sede da empresa, cisa de um excelente relacionamen-
investimentos futuros que são es- que gera 1 megawatt no horário de to com os Estados. E acima de tudo
truturantes e extremamente neces- pico. Então 100% da energia gerada precisa ter uma capacidade de gestão
sários para os nossos Estados do Rio pela Eletrosul é renovável. Todos os diferenciada para fazer frente aos de-
Grande do Sul, Paraná, Santa Catari- nossos investimentos são focados safios. Por que uma empresa estatal,
na e Mato Grosso do Sul. em energias renováveis, sejam eóli- apenas por ser estatal tem que ter
cas, hidráulicas ou fotovoltaicas. Não foco no resultado, lucratividade nos
Aqui no Sul nós exportamos temos projeto nenhum de constru- seus investimentos para que ela possa
energia. A intenção é expandir isso ção de usinas térmicas a carvão ou a se autogerir. Passou o tempo que as
também? gás natural. A Eletrosul traz a energia estatais recorriam ao Tesouro e o Te-
Mandamos 2 gigawatts quase da usina até a entrada da cidade. Na souro dava o dinheiro necessário para
que diariamente para a região Sudes- entrada das cidades tem um trans- os investimentos. Hoje as estatais
te dos três Estados do Sul. Por que a formador que baixa a tensão e joga precisam ter uma lucratividade que
Eletrosul é uma transmissora, então na rede das nossas distribuidoras, permita que ela faça os investimentos
a energia não é só gerada em Santa como a Celesc. necessários pra manter ou ampliar
Catarina, mas especialmente no Pa- suas atividades. A Eletrosul tem basi-
raná e grande parte do Rio Grande O senhor começou sua carrei- camente um cliente só, que é o gover-
do Sul. Aqui em Santa Catarina temos ra profissional na Eletrosul e agora no. Então nossa relação institucional
grandes usinas e exportamos esses voltou como presidente. Como foi é com esses órgãos. Meu professor
2 gigawatts diários para o sudeste. essa transição e voltar neste cargo Laguna sempre me ensinou que a ca-
Só esse investimento no Rio Grande à empresa? pacidade gerencial de uma pessoa se
do Sul vai permitir uma expansão da Foi um aprendizado extraordiná- mede por duas variáveis: a habilidade
geração no Rio Grande do Sul em 6 rio. A Eletrosul é uma empresa muito técnica, que é o conhecimento técni-
gigawatts (6 mil megawatts). Para se organizada e com pessoas competen- co; e a habilidade comportamental,
ter uma ideia, Itaipu é 14 mil giga- tíssimas em todas as áreas. Acho que que é o teu relacionamento e o co-

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nhecimento que tem das outras insti- engenharia também, como secre- mento a mais para a capacidade de
tuições que se relacionam com a tua. tário de obras da prefeitura de São gestão ter participado de um proces-
Não adianta ser um técnico fantásti- José? so eleitoral. Para mim, não deixa de
co, se o relacionamento é zero. Tem Entrei pelo conhecimento que eu ser um desafio administrar uma em-
que ter um equilíbrio entre essas duas tinha, pela engenharia e pela relação presa como a Eletrosul. Mas me sinto
variáveis. Acho que a vivência do dia com o Prefeito Dário (Berger), que muito mais preparado não só tecni-
a dia, disputar uma eleição, partici- confiava em mim e me levou para camente, mas principalmente por ter
par de um processo eleitoral, ganhar, secretaria de obras. Quando fui se- essa visão geral, de mundo. É preciso
perder, te prepara de uma maneira cretário de obras de São José, num ter visão técnica e, ao mesmo tem-
diferenciada para gerir uma empresa, primeiro momento, as apostas eram po, conhecer os problemas, conver-
além da vida empresarial. de que eu ficaria no máximo dois sar com as pessoas, debater, discutir.
meses. Por que obras em qualquer Acho que essa é a grande vantagem
O senhor se formou em admi- lugar é um desafio extraordinário. que você começa a aprender. Que a
nistração e engenharia civil. De que E eu fiquei cinco anos, três meses e tua verdade não é a única e que tem
forma essas duas formações contri- quatro dias. Saí de lá para concorrer pessoas que contribuem para o apri-
buíram para a sua carreira? a uma cadeira na Assembleia, depois moramento das tuas ideias.
A engenharia tem tudo a ver com na Câmara Federal e depois na pre-
tudo. Ela te abre a cabeça, aprimora o feitura de São José. Começou com a Qual sua visão da engenharia no
teu raciocínio. É muito cálculo, física, engenharia e agora voltamos para a panorama atual?
química, mecânica, e às vezes tu pen- engenharia praticamente pura. Por Engenharia é o centro de tudo. O
sa que nunca vai usar alguns cálculos que a gestão de uma empresa como próprio nome já diz, tem a ver com
que aprendeu a fazer, mas aquilo te a Eltrosul não deixa de ser uma em- engenhosidade, criação. Sou de-
abre a cabeça. Engenharia é funda- presa de engenharia, que é constru- fensor da reengenharia de Estado.
mental para qualquer atividade do ser ção e operação. Estamos vivendo um momento em
humano. E a administração te dá uma que precisamos de uma reengenha-
visão global de todas as atividades. Depois de tantos anos na política, ria, ou seja, criar soluções criativas
Administrar uma empresa como a foi um desafio voltar a trabalhar com e baratas para problemas antigos.
Eletrosul é impossível sem um pouco engenharia à frente da Eletrosul? Acabou aquele momento de recur-
de conhecimento de finanças, admi- Acho que você não desaprende sos fartos. É momento de, com me-
nistração de pessoal e principalmente seu ofício de formação. Muita gen- nos dinheiro, fazer muito mais. Então
de operação e de engenharia. A pre- te hoje tem o conceito equivocado acho que para a solução dos nossos
sidência, mesmo aqui sendo diretoria de que quando a pessoa participa problemas, buscar essas alternativas,
colegiada, tem obrigação de juntar de um cargo público ela desaprende é fundamental ter pessoas gabarita-
essas quatro áreas para que não tra- sua atividade, como no meu caso, a das, que se dediquem a construção
balhem estanque. O que procuro fa- engenharia. Eu já acho que é ao con- de um Estado melhor e que busquem
zer é juntar essas áreas e que cada um trário. Aprende-se a dominar outras alternativas baratas e viáveis para
sente um pouco do outro lado da ca- áreas que se desconhecia até então. antigos problemas, sejam de infraes-
deira e veja a dificuldade que se tem No mundo da iniciativa privada, se trutura ou de gestão. Não desmere-
no contexto. Implantei aqui uma série conhece determinadas situações e cendo outras atividades, engenheiro
de mecanismos de controle que vem quando se vai disputar alguma elei- tem capacidade de discernimento e
da minha origem da iniciativa privada. ção, aprende-se outras áreas desco- compreensão dos problemas de ma-
O senhor entrou na política pela nhecidas. Eu vejo como um conheci- neira diferenciada.

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● Matéria de Capa

Congresso de engenharia promove


debate qualificado em Florianópolis
Entre os dias 7 e 9 de outubro, a Associação Catarinense de Engenheiros
reuniu representantes do setor de todo o Brasil para uma série de palestras

Mesa de abertura composta por Eng. Civil Luiz Capraro, Secretário geral da Abenc (Associação Brasileira de
Engenheiros Civis); Eng. Civil Roberto de Oliveira, diretor Técnico da ACE; Eng. Civil Carlos Koyti Nakazima,
presidente da ACE; Eng. Civil e Seg do Trabalho Carlos Alberto Kita Xavier, presidente do CREA-SC; Eng. Sanitarista
e Ambiental, Conselheiro do SENGE-SC e Eng. Civil José Wilson Alexandre, Vice-presidente do CredCrea

E
ngenheiros de todo o país no trabalho, a nova lei de corrupção, participaram do encontro de três
debateram durante três dias a questão da formação de engenhei- dias que propiciou o contato com
os rumos da engenharia com ros por meio de cursos a distância, engenheiros civis, sanitaristas, ad-
uma seleção de palestras de alto o futuro das energias renováveis, os vogados, entre outros.
nível de qualificação, seminários e rumos do país e os desafios da enge- "Temos que ter coragem de aler-
debates durante o 2º Congresso Téc- nharia em momentos de crise. tar que o país precisa compreender
nico-Científico de Engenharia Civil, Em 15 palestras, os participantes de maneira clara o quanto é neces-
realizado pela Associação Catarinen- debateram e trocaram experiências sário promover grandes transforma-
se de Engenheiros (ACE), em Floria- com profissionais de todo o país, ções. E é com este sentimento que
nópolis, entre os dias 7 e 9 de outu- promovendo aprimoramento de precisamos refletir sobre os rumos
bro. Em discussão, estiveram temas qualificações, intercâmbios de infor- da construção civil e da engenharia
relevantes e atuais para os rumos mações e discussão de inovações e num contexto geral. Ressalto o com-
do Brasil e do setor de engenharia, técnicas utilizadas na engenharia de promisso da ACE em estar inserida
como a necessidade de atualização todo o país. Profissionais experien- e posicionada frente aos desafios e
da Lei das Licitações (8666), a ética tes, recém-formados e estudantes debates dos grandes temas relevan-

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Fotos Livia Coelho/Divulgação/ACE

deste porte busca um aperfeiçoa- grandes gargalos estruturais, como


mento profissional de seus enge- também do direito à cidadania com
nheiros e corpo técnico, trazendo obras de urbanização, habitação, sa-
conhecimento de diversas inova- neamento e mobilidade".
ções na área da engenharia, que O conselheiro diretor da ACE, Eng.
está em constante ebulição". Sanitarista e Ambiental Lucas Barros
O diretor de meio ambiente da Arruda, destaca a importância de se
ACE, Eng. Sanitarista e Ambiental atualizar e se qualificar dentro da
Nelsinho Bittencourt, ressaltou o engenharia. "Conhecer as melhores
momento de crise pelo qual passa técnicas e trocar experiência, isto é,
o país como parte da discussão do se qualificar, refletem no desenvolvi-
ramo da engenharia. "A maior im- mento nacional, buscando economia
tes da engenharia e infraestrutura do portância do seminário, além de dis- e sustentabilidade. Esse foi o foco do
país", diz o presidente da ACE, Eng. cutir a engenharia como um todo, é evento, e é esse nosso grande desa-
Civil Carlos Koyti Nakazima. a questão da ética profissional e do fio", reflete ele.
Para o presidente do Crea-SC setor de engenharia. Difícil é assumir Para a engenheira eletricista
(Conselho Regional de Engenharia e a importância que o setor tem nesse Maria Elsa Nunes, diretora social
Agronomia de Santa Catarina), Eng. momento de crise, nesse momento adjunta da ACE, é preciso este tipo
Civil e Seg. do Trabalho Carlos Al- difícil político-profissional”. O diretor de congresso para valorizar e im-
berto Kita Xavier, o encontro mostra de meio ambiente adjunto da ACE, pulsionar cada vez mais a engenha-
a força do Estado no setor. “Santa Eng. Sanitarista e Ambiental Viní- ria no país. "Acredito que possa ter
Catarina é uma referência na cons- cius Ragghianti, partilha desta mes- mais congressos deste tipo, envol-
trução civil. Aqui temos excelentes ma visão. "O congresso trouxe essa vendo todas as engenharias para
instituições de ensino e profissionais questão em debate com o posicio- definirmos uma direção, pois acho
qualificados para desempenhar es- namento claro dos representantes que hoje o país está sem direção.
sas atividades no país inteiro. Aliado das entidades, pela valorização da Não adianta só a engenharia querer
ao técnico científico, a ACE junta a engenharia como estratégia de im- fazer coisas boas se o Estado não
área acadêmica com o setor produ- pulsionar o desenvolvimento econô- quer. Tecnologia a gente tem, o que
tivo", destaca ele. mico e social, seja através de obras não tem é boa vontade dos políti-
O vice-presidente da ACE, Eng. de infraestrutura que resolveriam cos para o Estado".
Civil Abelardo Pereira ressalta a
importância de se discutir a enge-
nharia e trazer o debate qualificado
para o ramo. "A engenharia respon-
de por aproximadamente 70% das
atividades no mundo, dificilmente
podemos imaginar algo dentro da
cadeia produtiva, que ela não esteja
presente. Então discuti-la é primor-
dial”, diz ele.
O coordenador do Comdes (Con-
selho Metropolitano para o Desen- Professor Luiz Fernando
volvimento da Grande Florianópo- Heineck, do Centro de
Estudos Sociais Aplicados
lis), Eng. Eletricista Celso Ternes da Universidade Estadual do
Leal, parabenizou a organização do Ceará, abriu o evento com a
evento e sua relevância para a socie- palestra "Perspectivas para
a Engenharia Nacional"
dade. “A ACE quando faz um evento

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 9


Por Prof. Roberto de Oliveira, PhD - Engenheiro Civil
● Matéria de Capa Diretor técnico da ACE e Coordenador técnico do 2ºCTCEC

Relatório Técnico do 2º Congresso


Técnico-Científico de Engenharia Civil
Palestra de Abertura: Perspecti- perspectivas para o setor. Ressaltou Resíduos Sólidos na Construção Civil
vas para Engenharia Nacional - Prof que o lucro das empresas represen- - Eng. Sanitarista e Ambiental Henri-
Luiz Fernando Malmann Heineck, ta expansão dos negócios, maior que da Cunha Sant’Ana
PhD. Eng. Civil. circulação do capital, portanto mais
emprego e mais bem estar direto à
população. Para explicar o que vem
a ser este círculo virtuoso do lucro,
o professor Heineck começou a mos-
trar as curvas típicas da disciplina
Economia, falando sobre demanda e
oferta e seus correlacionamentos em
função da variação dos parâmetros
influentes. Tanto se fala em inovação
tecnológica de maneira vaga e pouco
objetiva hoje em dia. No entanto, o
palestrante deu fundamentos sólidos

O palestrante fez uma longa


explanação sobre a produ-
ção científica brasileira e respectivo
para manter as empresas competiti-
vas a partir de uma visão da micro e
macro economia. De modo inovador,
A presentou toda a comple-
xidade do setor, bem como
apresentou dados sobre a má dis-
rebatimento da internacional sobre e o ponto alto desta brilhante expla- posição e ausência de reaproveita-
assuntos relevantes para a constru- nação, explicou claramente como se mento de resíduos. No tocante à
ção civil relativo à construção habita- pode chegar a um regime de mono- construção, se fez um comentário
cional no Brasil. Salientou a margem pólio sem que a ciência seja corrom- paralelo na apresentação sobre as
de influência deste setor na econo- pida pela indecência que tanto se vê cinzas de termelétricas: antes pro-
mia nacional revelando um valor correntemente no Brasil. vocavam doenças gravíssimas em
próximo dos setenta por cento da Para que se atinja um regime mo- bebês e se gastava fortunas para re-
riqueza nacional. Além deste número nopolista sem que haja quebra da mover a cinza úmida. Hoje se vende
expressivo, reforçou os aspectos de moralidade, assunto muito citado nas estes subprodutos para a indústria
qualidade de vida que a habitação re- falas da abertura do evento, se torna cimenteira. O mesmo se apregoa
presenta na população. Apresentou premente que uma empresa adote para canteiro e o desenvolvimento
uma série de maneiras de se inteirar uma política inovadora, de tal modo de obras. Enquanto não fizermos
com o que há de melhor na literatu- que consiga vencer honestamente a melhoria do processo da cons-
ra a partir de um valor mínimo para a competição. Isto se consegue por trução, o “entulho” continuará um
adquirir este conhecimento, até um meio da adoção de regime de contí- problema. Deposição clandestina
valor razoável de publicações. nuas melhorias gerador de inovação, em vias públicas é recorrente. Isto
A seguir, continuou a explanação da produção do diferente, ou seja, afeta a saúde pública seja pela po-
no sentido da necessidade de se bus- daquilo que o diferencie e passe à luição ambiental, seja pela veicula-
car as inovações tecnológicas para frente de seus competidores. No en- ção de doenças transmissíveis, por
manter as empresas do setor compe- tanto, este processo deve se manter exemplo: roedores (peste bubônica
titivas no mercado, portanto bastan- contínuo, pois as outras competido- e leptospirose) e mosquitos (dengue
te lucrativas. A partir daí começou à ras vão fazer o benchmarking e se e chikungunya). Fica a lição de colo-
prover de subsídios de modo a gerar igualarão e quebrarão o monopólio. car os procedimentos de coleta e se-

10 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


Fotos Livia Coelho/Divulgação/ACE

paração de resíduos da construção no de graduação a distância estar tão ções) de prerrogativas profissionais
na cadeia produtiva, melhorando a negligenciada? A grave situação se e condenou com bastante veemên-
produtividade, diminuindo aciden- encaminha ao risco da sociedade pelo cia a usurpação delas. Os maiores
tes de trabalho e aumentando a mo- baixo nível de formação previsível a exemplos foram estas tentativas do
tivação dos trabalhadores. partir destas constatações. A pergun- Conselho de Administradores cha-
ta que se faz é a seguinte: deveremos mar para unicamente a seus profis-
Formação profissional Ensino esperar algum acidente pessoal grave sionais a capacidade de gerir obras
Pleno/Ensino a Distância e Merca- numa edificação? Enquanto que para e empreendimentos, assim como o
do de Trabalho - Eng. Civil Francisco outras áreas do conhecimento (por Conselho de Química exigir o mesmo
José Teixeira Coelho Ladaga exemplo direito e medicina) a lei veda para a produção de concreto.
peremptoriamente tais modalidades
de ensino, por que nas engenharias A Gestão da infraestrutura ro-
isto é permitido? doviária sob jurisdição do DNIT/SC:
Ações desenvolvidas e desafios fu-
Sistema CONFEA/CREA - consi- turos - Eng. Civil Alysson de Andrade
derações sobre as atribuições do
sistema - Eng. Civil Luiz Capraro

A excelente explanação sobre


ensino a distância deixou
uma preocupação muito grande na
plateia. Como podem as autoridades
de educação (MEC) tratar o ensino
convencional com tantas exigências
enquanto que a monitoração do ensi- F alou sobre a aceitabilidade
do sombreamento (interse- O representante do DNIT fez
uma apresentação deta-

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 11


● Matéria de Capa

lhada da programação de ativida- conhecimento cada vez mais solicita-


des da sua instituição das obras da. Muito bem detalhada e corres-
do DNIT em Santa Catarina, apre- pondeu à expectativa dos presentes.
sentando dados como valores, da-
tas e previsão de finalização das Visão do Sistema CONFEA / CREA
obras. na conjuntura atual do Brasil - Eng.
Civil José Tadeu da Silva
Aspectos Práticos da Responsa-
bilidade Civil do Engenheiro e das
Incorporadoras e Construtoras - Dr.
Marcus Vinícius Motter Borges

Foi uma surpresa muito grande


a abrangência do conhecimen-
to sobre pontes metálicas que o pa-
lestrante discorreu, evidentemente
destacando detalhes técnicos pre-
ciosos sobre projeto e consequente
execução desta nova tecnologia (ao
menos quanto ao emprego atual) de
pontes. Outra surpresa foi os dons
de apresentador em assuntos extra-
técnicos os quais agradaram muito à
todos da plateia; simplesmente ultra-
E sclareceu principalmente que
este sistema fiscaliza o exercí-
cio da profissão e não obras, porque
passou as expectativas. tem recebido indevidamente críticas

M uito gratificante porque


apresentou uma súmula das
mais recentes decisões e jurisprudên-
Patologia das Edificações - Eng.
Civil Professor Dickram Berberian
sobre a qualidade dos produtos da
engenharia, tais como edificações e
obras de infraestrutura.
cias sobre patologias das edificações
e cuidados que os engenheiros devem O Futuro das Energias Renová-
ter. Algumas decisões transformam o veis - Eng. Civil Rogério Bonini Ruiz
exercício da profissão em atividade de
risco quando não observados alguns
cuidados. O principal deles é que, ao
contrário do que se vinha apregoan-
do, a segregação das responsabilida-
des do projetista e do executor, uma
nova visão legal aportou: quem exe-
cuta uma obra deve checar o projeto,
pois, em caso de erro neste, a execu-
ção também “paga”!

Pontes Estaiadas Metodologia


de Projeto e Manutenção - Eng. Civil
Catão Francisco Ribeiro
Deu exemplos muito bem ex-
plicados e valiosos sobre sua
atuação profissional nesta área de

12 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


Fotos Livia Coelho/Divulgação/ACE

O avanço das energias renová-


veis no Brasil sob a jurisdição
da Eletrosul revelou um surpreendente
O autor da lei 8666 discorreu
profundamente sobre os
efeitos positivos deste marco regula-
to da água da chuva. Apresentou
informações relevantes sobre
projeto, especialmente na previ-
resultado da participação destas tec- tório da lisura da administração pú- são de filtros, haja vista a poeira
nologias no país, em especial, da nova blica. Relembrou aos presentes que
atmosférica, e mesmo da própria
estratégia acrescentada na empresa. antes da existência desta lei, as con-
precipitação que pode danificar as
Em resumo, pode-se dizer que não é tas públicas pouco ou nada tinham
questão de futuro e sim de uma reali- de proteção contra direcionamentos partes mais sensíveis do sistema
dade presente em franca expansão. e mesmo malversação do dinheiro de distribuição desta água que são
público. O tempo disponível sobre as válvulas, especialmente de des-
RDC – PREGÃO Lei das Licitações a matéria, ressaltou-se ao final, foi carga. Outra, foi a necessidade de
- Lei 8666 - Eng. Luis Roberto Andrade muito curto e que merecíamos um descartar a primeira carga de chu-
Ponte evento somente sobre este assunto. va por causa da poluição de fezes
de pássaros, em especial.
Aproveitamento de Águas de
Chuva para Fins não Potáveis - Eng
Agrimensor e Seg. do Trabalho Apa-
recido Vanderlei Festi

U ma nova alternativa de me-


lhoria da sustentabilidade
foi bem abordada pelo palestran-
te. Foi bem conciso em afirmar o
termo correto que é o aprovei-
tamento e não reaproveitamen-

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 13


● Matéria de Capa

Os Desafios Empresariais Sob a Análises expeditas desenvolvi- de usuários também foram colhidos.
Ótica da Nova Lei de Corrupção - Drª das para a Fiesc sobre as situações As estradas nesta situação encarecem
Mariangélica Almeida dos principais eixos rodoviários es- de tal modo o frete e a circulação, em
tratégicos catarinenses - Eng. Civil geral, de mercadorias, que fazem com
Ricardo Saporiti que o custo delas tornam-se cada vez
mais os nossos (catarinenses) e os do
país menos competitivos.

Pavimento de Concreto - Eng. Ci-


vil Dejalma Frasson Junior

A bordou as normas que o


Bacen (Banco Central do
Brasil) e a Febraban (Federação
Brasileira de Bancos) publicaram,
obrigando os bancos a adotarem
medidas mais rígidas na concessão
de crédito e financiamento para
projetos e empreendimentos que
causem degradação ambiental.
Como consequência disto, novos
mercados de trabalho se abrirão
à partir da edição dessas normas, O estado de deterioração das
rodovias do estado de Santa
F alou sobre a aplicação da tec-
nologia do cimento, onde ma-
nifestou, após comparação deta-
posto que, todos os projetos e em- Catarina não difere muito do resto lhada de custos entre o pavimento
preendimentos degradadores irão do país. Por isso foi apresentada uma de concreto asfáltico e do concreto
demandar os serviços de enge- matéria audiovisual da Fiesc (Federa- de cimento portland, a estranheza
nheiros para se adequarem à essas ção das Indústrias de Santa Catarina) de não usarmos em escala maior
exigências mais rígidas. destas estradas; alguns depoimentos este último.

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Fotos Livia Coelho/Divulgação/ACE

Veja a avaliação feita por alguns participantes do


2º Congresso Técnico-Científico de Engenharia Civil
Abelardo Pereira Filho – Vice-pre- a atenção. Nos Carlos Henrique Amaral Rossi, coor-
sidente da ACE (Associação Cata- aprimorarmos, denador da Câmara de Engenharia
rinense de Engenheiros) e do CDR otimizando pro- Civil do Crea de Minas Gerais. “Prin-
(Conselho de Diretores Regionais) cedimentos, cipalmente na necessidade da reto-
do Crea-SC. “O congresso tem uma tudo aquilo que mada da autoridade técnica, todo
vantagem muito grande, que é re- usamos como tipo de evento desse é extremamen-
unir profissio- tecnologia e aca- te importante. Para movimentar e
nais de vários bamos adota- trazer as pessoas para essa realidade,
Estados, com mos em nossas para esse pensamento”. “Qualifica-
características obras e serviços em engenharia”. ção é sempre contínua, mas destaco
diferentes, com “Acho fundamental estar sempre se realmente a retomada da autorida-
entendimentos atualizando. O campo de atuação da de técnica da engenharia. A gente
diversos, para engenharia dos palestrantes é bem parar de ter um TCU determinando
que possamos diversificado e vai atender a diver- o quanto custa
discutir e con- sas áreas com uma profundidade nossas obras ou
cluir pelas melhores alternativas de muito boa. O congresso tem grande pessoas que não
engenharia. É de suma importância potencial para aprimorar esse de- conhecem deter-
termos orientação e posicionamen- senvolvimento técnico e científico minando prazos
to coletivo, para definição efetiva das áreas de engenharia civil”. de duração ou
dos rumos que a engenharia deve como devem ser
tomar a partir de um evento como Paulino de Almeida Lima Neto – feitas obras de
este. Destaco que a engenharia res- Presidente da Associação dos En- nosso domínio”.
ponde por aproximadamente 70% genheiros do Acre. “A engenharia
das atividades no mundo, dificil- faz parte de toda sociedade, no pas- Nélio Alencar – Presidente do Crea de
mente podemos imaginar algo den- sado, presente e futuro. Nesse mo- Rondônia. “Evento é de suma impor-
tro da cadeia produtiva, que ela não mento de insegurança que estamos tante para buscar conhecimento, ter
esteja presente. Graças à capacida- vivendo no país, o engenheiro tem esse intercâmbio de informações. Vi-
de técnica dos engenheiros, uma a responsabilidade de fazer aconte- são da valorização da nossa profissão e
infinidade de conquistas estão à dis- cer e reconstruir não só a parte civil. também do mercado de trabalho para
posição de todos nós. Avanços que A qualificação tem que ser diária, o todo o Brasil. Nós levamos essa capaci-
foram incorporados à civilização. engenheiro não pode deixar de estu- tação também aos nossos profissionais
Então, discuti-la para aprimorá-la, é dar. A inovação acontece, há novas de Rondônia e também aos universitá-
primordial”. formas de construir, e isso não pode rios. Trouxemos também o Crea Jovem
ser deixado de para cá que leva o conhecimento pra
Alysson Rodrigo de Andrade, chefe lado. Trazer a re- dentro das faculdades da nossa região.
de engenharia do Dnit/SC (Depar- gião Norte pra cá É muito importan-
tamento Nacional de Infraestrutu- e aqui discutir- te pra nós essa
ra de Transportes). “O congresso mos o que está troca de ideias,
é importante para difundir as téc- acontecendo de informações e de
nicas inovadoras que a gente tem inovação e fazer cultura também,
usado, não só as que temos usado essa interação além da aproxi-
no Estado, mas aquilo que a gente entre os Estados, mação de todas as
tenha visto fora e tenha chamado é algo necessário”. engenharias”.

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 15


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● Matéria de Capa
Fotos Livia Coelho/Divulgação/ACE

Nelsinho Bittencourt, Diretor de palestrantes, aquilo que temos de evento há a alegria de que estamos
Meio Ambiente da ACE (Associa- bom e muitas novidades que exis- com diversos representantes de
ção Catarinense de Engenheiros). tem no país todo que acabam sen- Crea’s nos prestigiando. Quando se
“Um dos entendimentos da ACE do discutidas e debatidas”. fala nesse congresso técnico-cientí-
é resgatar a engenharia como um fico da engenha-
todo. O setor hoje está passando Celso Ternes Leal – Coordenador ria civil, estamos
por um momento muito grave. do Comdes (Conselho Metropo- falando em prati-
Essa rediscussão sobre valoriza- litano para o Desenvolvimento camente 50% da
ção e atribuições profissionais. A da Grande Florianópolis) e 3º vi- arrecadação do
maior importância desse encontro, ce-presidente da Febrae (Fede- nosso conselho e
além de discutir a parte técnica da ração Brasileira de Associações de 16.500 profis-
engenharia, é a de Engenheiros). “A ACE quando sionais somente
questão da éti- faz um evento deste porte busca em Santa Cata-
ca profissional e um aperfeiçoamento profissio- rina, que agregam trabalho a nossa
dos setores liga- nal de seus engenheiros e corpo atividade. Aliado ao técnico-científi-
dos a ela, princi- técnico, trazendo conhecimento co, a ACE junta a área acadêmica com
palmente nesse de diversas inovações na área da o setor produtivo. A ACE linkou essa
período difícil engenharia, que está em cons- atividade para proporcionar a união
político-profis- tante ebulição. A profissão da destas duas partes trazendo bene-
sional”. engenharia é muito dinâmica, en- fícios aos nossos profissionais para
tão a gente precisa muito desses que possam estar evoluindo através
Raul Zucatto – Presidente da Fea- treinamentos, além de ser uma da sua qualificação profissional para
gro-SC (Federação dos Engenhei- oportunidade ímpar para se rela- atendermos obras e serviços da en-
ros Agrônomos de Santa Catari- cionar e trocar genharia civil com maior segurança
na) e ex-presidente do Crea SC. ideias. Então e qualidade”. “Santa Catarina é uma
“Quero parabenizar a ACE pela é um congres- referência na construção civil. Aqui
organização de um evento dessa so que a ACE, temos excelentes instituições de en-
natureza. A importância do con- essa entidade sino e profissionais qualificados para
gresso para a engenharia é de ex- precursora da desempenhar essas atividades no
trema relevância, porque traz ino- engenharia ca- país inteiro."
vações, especialistas que agregam tarinense, pos-
e proporcionam sibilita a todos Sathya Carnielli – secretária-execu-
aos profissio- os profissio- tiva do Crea Júnior do Espírito San-
nais se recicla- nais do sistema Confea/Crea”. “O to. “Vi que este congresso abrange
rem e, além associativismo, sempre trabalhar muitos assuntos técnicos, apesar de
disso, mostra o em grupo, questões positivas, ser realizado por uma entidade de
avanço da nos- discutir ações e formas de como classe, que normalmente buscam
sa engenharia fazer, isso se faz em eventos des- focos mais políticos. Para conse-
catarinense e o te tipo. Conhecendo atividades guirmos debater a política do nosso
preparo dos nossos profissionais. que deram certo, tecnologias no- sistema com mais eficiência preci-
Isso enriquece e vem em benefí- vas, de ponta. A ACE está sempre samos estar bem resolvidos, com-
cio do fortalecimento da atividade à frente neste sentido de promo- preendendo e dominando os assun-
e do desenvolvimento do nosso ver o setor”. tos técnicos primeiro, não só a nível
Estado. Para Santa Catarina, é de Carlos Alberto Kita Xavier, presiden- de Santa Catarina, mas com gente
grande importância, porque ofere- te do Crea-SC (Conselho Regional de todo o país. Para conseguirmos
ce oportunidade de nós mostrar- de Engenharia, Arquitetura, Agro- entender a realidade técnico-cien-
mos, através das palestras e dos nomia de Santa Catarina). “Nesse tífica do Brasil. Temos uma crítica

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 17


● Matéria de Capa

muito forte dos citação do profissional, o encontro evento desse, mobilizar as pessoas
próprios profis- da tecnologia com a sociedade e para virem, então a ACE está de
sionais quanto com os estudantes de engenharia”. parabéns. Se não houver mais gen-
ao sistema. Na te fazendo isso, estaremos deixan-
verdade, acho Lélia Barbosa de Souza Sá - Coor- do de cumprir nosso papel perante
que o progra- denadora da Câmara de Enge- a sociedade como entidade, que é
ma Crea Jr foi o nharia Civil, Geologia, Minas e trazer estas discussões técnicas
primeiro passo Agrimensura do Crea-DF, coorde- para a classe para melhorar o seu
dado para apro- nadora nacional adjunta da Câ- desempenho".
ximar o sistema da academia. E, mara de Engenharia Civil do Con-
desta forma, consegue-se tirar da fea e presidente da Associação Professora Sônia Portalupi, coor-
academia alunos para estarem aqui dos Engenheiros Civis do Distrito denadora do curso de engenharia
hoje, que 10 anos atrás não esta- Federal. "Quando se tem pessoas civil da Univali. "A gente percebe
vam. Nós hoje temos a oportunida- de diversos Estados em um even- a participação de muitos enge-
de de discutir esses assuntos cada to como este, há uma troca de nheiros, palestrantes excelen-
vez mais cedo e nos prepararmos e experiências muito salutar e im- tes, alunos de
aprimorarmos para mais cedo estar- portante. O co- várias univer-
mos tendo opiniões mais concretas nhecimento sidades. É um
e colaborar com o debate”. não pode ficar momento de
parado em um encontro mes-
Luiz Capraro – Secretário geral da Estado, cida- mo, de trazer à
Abenc (Associação Brasileira de de ou região. O tona os temas
Engenheiros Civis). “O congresso conhecimento atuais, como é
se reveste de uma importância mui- tem que circular o da educação
to grande em função do momento para mais pes- a distância, e outros tantos temas
que o país atravessa. É sabido que soas terem acesso a este conhe-
que precisam que o engenheiro
a engenharia é a autora do desen- cimento. Congressos técnico-cien-
se atualize. É um momento de
volvimento. E a engenharia como tíficos devem discutir tecnologia,
aprendizagem muito rico para to-
um todo está separada do processo inovação, novos conhecimentos,
dos nós."
decisório do país. O momento atual mas também questões de relevân-
favorece à existência destes encon- cia nacional como a Lei das Licita-
tros, uma prova está na qualidade ções e os problemas decorrentes Marcus Vinícius Motter Bor-
das pessoas pre- da nova lei anti-corrupção, que fo- ges, advogado da Menezes Nie-
sentes, que são ram discutidos neste congresso". buhr - Advogados Associados.
lideranças mul- "A ACE está de
tiplicadoras do Francisco José Teixeira Coelho parabéns pelo
que está sendo Ladaga - Presidente da Abenc evento e, prin-
discutido aqui. (Associação de Engenheiros Ci- cipalmente por
Por isso, a ACE vis do Brasil). "As entidades têm trazer profissio-
está de para- obrigação com nais de diferen-
béns. Pensando a sociedade de tes áreas, como
no sistema Confea/Crea, que é ali- fazer debates área jurídica,
cerçado nas entidades de classe, a técnicos para diferentes áreas
ACE, como precursora, está fazen- melhorar cada da engenharia. Acho que esse con-
do com este encontro exatamente vez mais a pro- junto de várias interdisciplinarida-
o que se espera das entidades, ou fissão. Não é des é que forma o evento. O con-
seja, promovendo a melhoria, capa- fácil fazer um gresso foi um sucesso."

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Fotos Livia Coelho/Divulgação/ACE

Juliana Pavei, engenheira civil pela Dejalma Frasson


Unesc (Universidade do Extremo Junior, consultor Vinícius Ragghianti, diretor de meio
Sul Catarinense), pós-graduanda técnico da ABCP ambiente adjunto da ACE. "O mo-
em engenharia de estruturas na (Associação Bra- mento em que vivemos, de crise
Associesc. "Acho que é muito impor- sileira de Cimen- econômica e política, é oportuno
tante um even- to Portland). para avaliarmos o papel da engenha-
to como este "Devido aos gran- ria no desenvolvimento da nação. O
para se atualizar, des acontecimen- congresso trouxe essa questão em
trocar conheci- tos que tivemos debate com o posicionamento claro
mento técnico no nosso país como Copa do Mundo dos representantes das entidades,
entre diferentes e, em breve, as Olimpíadas, muitas pela valorização da engenharia como
engenheiros e obras ocorreram onde a engenharia estratégia de impulsionar o desen-
também porque brasileira foi a todo momento desa- volvimento econômico e social, seja
pode debater sobre os problemas fiada. Ter um fórum para discussão através de obras de infraestrutura
da engenharia e o que a crise bra- de novidades tecnológicas que a en- que resolveriam
sileira está afetando o nosso setor. genharia está presente foi uma gran- grandes garga-
Desta forma, podemos trazer novas de oportunidade de enriquecer de los estruturais,
soluções para melhorar nossa pro- conhecimento os participantes. Esta- como também
fissão. Como recém-formada, o que mos enfrentando uma crise econômi- do direito à cida-
mais me preocupa é a falta de cum- ca e política que trará reflexos a todos dania com obras
primento para o pagamento do piso os setores. Ter presente profissionais de urbanização,
mínimo e a falta de investimento na de todo o território nacional ajudou a habitação, sa-
infraestrutura do país." entender melhor este contexto e os neamento e mo-
temas abordados vão ao encontro da bilidade. A engenharia está em pro-
Joel Krüger, engenheiro civil, pre- necessidade de sermos mais criativos cesso de inovação e modernização
sidente do Crea-PR e coordenador do diante desta situação pois a engenha- constante. O profissional tem o de-
curso de engenharia civil da PUCPR. ria terá papel fundamental neste pro- ver de acompanhar essas mudanças
"Um congresso como este é de extre- cesso." para estar sempre preparado para
ma importância para a engenharia. oferecer um serviço de responsabili-
Atualizar conhecimentos é a base para Ricardo Saporiti, sócio gerente da dade e com qualidade para a socie-
a qualidade do nosso trabalho. Com en- Saporiti Engenharia. "O evento foi dade."
genharia de mais extremamente importante pois per-
qualidade, melho- mitiu a troca de Lucas Barros Arruda, conselheiro di-
ram os serviços informações téc- retor da ACE e superintendente da
e produtos tanto nico-científicas região metropolitana de Florianópo-
privados quanto entre os inúme- lis da Casan. "Investir na formação dos
públicos. Em um ros participantes, profissionais de engenharia é investir
congresso como trazendo novas no desenvolvimento nacional. Um
este, de organiza- experiências de evento que trata de métodos cons-
ção impecável fei- colegas dos mais trutivos, aspectos
ta pela ACE, a qualidade dos palestran- variados estados legais, e casos de
tes é muito importante. A participação da federação. Este tipo de evento é sucesso, é essen-
mista de profissionais e estudantes é importante para a socialização dos cial para manter
bem-vinda e fundamental. Os estudan- conhecimentos técnicos e das solu- aquecido o deba-
tes precisam obter atualização e saber o ções adotadas de norte a sul, e de te dos melhores
que acontece fora da universidade, no leste a oeste do Brasil, o que é exce- modelos e tecno-
mercado de trabalho". lente para a engenharia nacional." logias de desen-

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● Matéria de Capa
Fotos Livia Coelho/Divulgação/ACE

volvimento do nosso estado e nação. da sociedade, tais como transporte, Congresso dialoga com o Congresso
A importância do evento se tange nes- energia, materiais e legislação. Não Técnico-Científico promovido pelo
se aspecto, de contribuir na formação poderíamos deixar de destacar a Confea na programação da Semana
dos nossos profissionais. Conhecer as presença de engenheiros de diferen- Oficial da Engenharia e da Agrono-
melhores técnicas e trocar experiên- tes entidades, tais como CREA's, As- mia (Soea), com grande sucesso, já
cia, isto é, se qualificar, o que reflete sociações, órgãos públicos de várias pelo segundo ano consecutivo."
no desenvolvimento nacional, buscan- regiões do país, possibilitando o con-
Mariangélica Almeida, coordenado-
do economia e sustentabilidade. Esse graçamento e a troca de experiências,
ra do Núcleo de Direito Ambiental
foi o foco do evento, e é esse nosso sendo, portanto, uma experiência ex-
da Nelson Wilians & Advogados As-
grande desafio." tremamente enriquecedora."
sociados, e mestre em direito das re-
lações internacionais. "Entendo que,
Maria Elsa Nunes, Dickran Berberian, presidente da
em primeiro lugar, esse tipo de even-
diretora social ad- Infrasolo e especialista em Funda-
to é importante
junta da ACE. "Este ções, Patologia de Estruturas e Geo-
para compartilha-
congresso e a par- tecnia. "A importância deste evento
mento de infor-
ticipação de pro- fica justificada e respondida pela sim-
mações, trocas de
fissionais de todo ples observação
experiências e for-
o país está dando da evolução da
mação de novas
um aval para a en- própria engenha-
parcerias, a partir
genharia catarinense e, principalmente ria civil. Evolução
do interesse que
para a ACE. Acredito que possa ter mais dos materiais, da
os trabalhos apre-
congressos deste tipo, envolvendo todas tecnologia com
sentados despertam nos participan-
as engenharias para definirmos uma di- reflexão direta
tes. É uma oportunidade única para
reção, pois acho que hoje o país está sem nos custos e na
se atualizar sobre o que está aconte-
direção. Não adianta só a engenharia segurança das obras."
cendo com outros profissionais pelo
querer fazer coisas boas se o Estado não
país afora, sejam eles profissionais
quer. Tecnologia a gente tem, o que não José Tadeu da Silva, presidente do
das engenharias ou sejam eles bene-
tem é boa vontade dos políticos para o Confea. " A ACE, nos últimos anos
ficiários desses serviços."
Estado". tendo à frente o engenheiro eletri-
cista Celso Ter- Aparecido Vanderlei Festi, formado
Rogério Bonini Ruiz, formado em en- nes Leal e, desde em Engenharia de Agrimensura e
genharia civil pela UEPG, mestre em maio deste ano, Mestre em Engenharia Urbana. "Um
engenharia civil pela PUC-RJ, e dou- o engenheiro ci- evento como este agrega conhecimen-
tor em ciências vil Carlos Koyti tos e troca de experiências entre os
experimentais Nakazima, de- profissionais e estudantes de diversas
pela Universi- monstra mais modalidades da engenharia e da arqui-
dade de Burgos, uma vez sua vo- tetura, onde o resultado é a melhoria
Espanha. "Este cação para a atualização profissional do conhecimento e aprimoramento
é um evento de e a discussão dos grandes temas que para a sociedade.
suma importân- marcam a sociedade brasileira. No A atualização pro-
cia tanto para a caso desta segunda edição do Con- fissional e a troca
engenharia quanto para a sociedade, gresso Técnico-Científico da Enge- de experiências
pois foram debatidos diversos assun- nharia Civil, impossível não valorizar entre os profissio-
tos técnicos que retratam o estado a importância de promover um diálo- nais é um dos me-
da arte da engenharia civil nacional, go entre estes profissionais, a acade- lhores caminhos
procurando difundir novas técnicas mia e os setores público e privado do para estar sempre
aplicadas em obras de vários setores país. É importante lembrar que esse qualificado."

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Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 21
● Matéria de Capa

"Não se pode fazer


obras sem projetos",
afirma Luis Roberto Ponte

G
raduado nas engenharias De abril a dezembro de 1989, foi protege o Estado, os direitos dos
Civil, Mecânica e Elétrica, designado líder do governo na Câ- contratados, das empresas, impede
pela Universidade Federal mara dos Deputados e de dezem- que o Estado seja lesado.
do Rio Grande do Sul, em 1956, ra- bro de 1989 a março de 1990, foi
dicou-se nesse Estado onde iniciou ministro chefe da Casa Civil da Pre- O senhor foi um dos criadores da
suas atividades profissionais no De- sidência da República. Durante sua lei, em 1993. O que mudou daquela
partamento Autônomo de Estradas experiência na vida pública, Luís época para agora para que seja ne-
de Rodagem. À partir de 1965, tra- Roberto Ponte escreveu, em 1986, cessária uma renovação?
balhou em duas empresas de enge- o livro "Capitalismo sem Miséria". Na verdade, a única coisa que po-
nharia, quando se tornou sócio da Nos últimos oito anos, Luís Rober- deria ter imaginado como uma adap-
Construtora Pelotense Ltda, da qual, to Ponte tem se dedicado aos aspec- tação é a questão eletrônica. Esta-
desde 1967, é diretor presidente. No tos relacionados ao Sistema Tribu- belecer os papéis que se apresenta
magistério, atuou como professor tário Nacional. Autor de emenda à na hora da concorrência, os papéis
de Geometria Analítica da Universi- Constituição Federal sobre a Refor- para pagar impostos, comprovantes.
dade Católica de Pelotas, nos anos ma Tributária, tem se destacado na Esses documentos poderiam abrir
de 1959 a 1960, e professor de Ma- luta constante pela reforma do atual pelos sites dos órgãos. O resto não
temática na Universidade Federal modelo tributário nacional. muda nada. A mudança necessária
do Rio Grande do Sul, desde 1968. Nesta entrevista, Luis Roberto é para corrigir, complementar e dis-
Como líder classista foi, de 1980 Ponte fala sobre o RDC (Regime Di- cutir o que já está na lei, mas inter-
a 1989, três vezes eleito presiden- ferenciado de Contratação) e a Lei pretada de forma incompleta ou de
te do Sindicato das Indústrias de 8666. forma equivocada.
Construção Civil do Estado do Rio Por exemplo, tem que respei-
Grande do Sul. De 1983 a 1992, e Por que é importante a reforma tar a cronologia dos pagamentos
em 1997, foi eleito por cinco vezes da Lei 8.666? correspondentes. Pagar na ordem
presidente da Câmara Brasileira da Porque ela é muito desobedeci- cronológica das faturas, mas a lei
Indústria da Construção – CBIC. da em virtude de interpretações er- diz que em casos de verbas diferen-
Deputado federal, pelo Esta- radas e mal intencionadas, que vão tes, o órgão pode estabelecer cro-
do do Rio Grande do Sul, foi elei- a alguns dispositivos dela. O que é nologia diferente para cada tipo de
to para o período 1987/1991, importante nela é complementar verba. Isso tem gerado muitas de-
como constituinte, para o período os textos para que não se tenham formações. Se atrasar 90 dias o pa-
1991/1995 e como suplente de de- interpretações erradas, que pre- gamento, o empreiteiro tem direito
putado federal, eleito para o pe- judicam muito os usuários da lei, de rescindir o contrato ou paralisar
ríodo 1995/1999, tendo exercido o tanto os que constroem quanto os as obras. Tem que ter assinatura de
mandato em metade da legislatura. órgãos públicos. A lei é excelente, apoio do órgão. Se atrasou 90 dias,

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Fotos Livia Coelho/Divulgação/ACE

e o empreiteiro, ao invés de parar


a obra, resolver rescindir contrato,
tem que ser automaticamente res-
Conceituação de ensino
cindido. É muito importante essa a distância e cursos de
discussão. Há uma pressão muito
grande de nível federal para usar
engenharia
o RDC (Regime Diferenciado de Francisco José Teixeira Coelho Ladaga - Pre-
Contratação). Esse regime tem coi- sidente da Abenc (Associação de Engenheiros
sas horrorosas. Por exemplo, a lei Civis do Brasil) nessa entrevista fala sobre for-
atual obriga que exista projeto, que mação profissional, ensino pleno e a distância.
é fornecido para os interessados
a entrar na licitação. Não se pode Em sua palestra o senhor tratou da questão da graduação em enge-
fazer obras sem projetos. Diferen- nharia por meio do ensino a distância, prática cada vez mais comum no
te do que hoje o RDC autoriza. Esse país. Qual seu posicionamento sobre esta forma de curso?
RDC surgiu com obras da Copa, de- Acho que teremos uma preocupação muito grande no futuro da enge-
pois ampliaram para aeroportos, nharia civil da forma como está se encaminhando. Com curso a distância
para obras do PAC. integral, como professor, não consegue vislumbrar que um aluno da enge-
nharia está amadurecido e tenha conhecimento e educação para se auto-
Qual é a relevância de um en- doutrinar estudando uma profissão que coloca a sociedade em risco. Ele
contro como o 2º Congresso Técni- tem que ser muito dedicado, porque vai ganhar diploma como qualquer
co-Científico realizado pela ACE. De outro engenheiro. Hoje, por exemplo, a grande questão é a evasão dos cur-
que forma discutir as mudanças da sos de engenharia. Por que os alunos entram sem grandes conhecimentos
Lei 8666, contribuem para o setor e não conseguem passar. E a distância, pelo que vemos, está aprovando em
da engenharia? dobro do que o regular. Até pouco tempo não existia esse tipo de curso.
Despesas governamentais, exe-
cução de obras, prestação de ser- A longo prazo, que efeitos terão o ensino a distância em engenharia
viços, ocupam mais que metade na sociedade?
dos tributos que a gente paga. Isso Eu não sou contra o ensino a distância de pós graduação. Por que acho
tem que passar por lei de licitação, que a pessoa já ganhou amadurecimento e é uma responsabilidade para
é para isso que ela existe. Por isso, ela adquirir o diploma dela. Então se quiser fazer um curso ruim de espe-
um congresso como esse serve para cialização o problema é dela, pois a pessoa já tem uma responsabilidade,
os órgãos públicos ficarem sabendo está titulada como uma profissional. Agora, você graduar desta forma, eu
os fundamentos da lei, além de pre- não consigo entender e todo mundo da academia se posiciona contra. Pode
servar interesses públicos, qualidade ocorrer, colocar a sociedade em risco com profissional sem conhecimento
das obras e proteger os contratados. necessário para construir prédios, obras, viadutos. Eu sou obreiro e a pri-
Mas quisemos detalhar melhor estas meira coisa que faço é ensinar os meus encarregados para que serve cada
questões para proteger corretamen- ferro dentro de uma obra, porque senão eles não tem a mínima considera-
te as obras, o Estado e a sociedade ção. Tento passar para eles a responsabilidade. Isso é uma aula presencial.
contra o mal contratante. Será que a internet vai passar essa responsabilidade?
Discutir esse assunto é bom pra Qual a importância do evento para o setor da engenharia?
todos entenderem, muitos não co- As entidades têm obrigação com a sociedade de fazer debates técnicos
nhecem os comandos da lei. Por isso para melhorar cada vez mais a profissão. Não é fácil fazer um evento desse,
é importante saberem que a lei pro- mobilizar as pessoas para virem, então a ACE está de parabéns. Se não hou-
tege os contratados, as exigências ver mais gente fazendo isso, estaremos deixando de cumprir nosso papel
das leis. É muito importante os enge- perante a sociedade como entidade, que é trazer estas discussões técnicas
nheiros saberem disso e também o para a classe melhorar o seu desempenho.
Crea, para poder fiscalizar.

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 23


● Matéria de Capa

Registro fotográfico do 2º Congresso


Técnico-Científico de Engenharia Civil

24 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


Fotos Livia Coelho/Divulgação/ACE

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 25


● Matéria de Capa

26 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


Fotos Livia Coelho/Divulgação/ACE

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● Artigo
Por Joatan Izolan da Rosa

Engenheiro Civil formado pela Universidade Regional In-


tegrada - Santo Ângelo/RS em 2000, com mestrado em
estruturas pela COPPE/UFRJ em 2005. Doutorando em
estruturas pela UFSC com tema na área de projetos eó-
licos de torres e fundações. Atua na Eletrosul como en-
genheiro de projetos civis desde 2005, com participação
no desenvolvimento de projetos eólicos no RS e como
engenharia do proprietário em parques eólicos onde a
Eletrosul atua.

Utilização de modelos
reduzidos em túnel de
vento para estimativa dos
esforços de vento na base
de aerogeradores

INTRODUÇÃO
A utilização de modelo reduzido de aerogerador, para ensaio em túnel de vento, mos-
tra-se um importante aliado no desenvolvimento de projetos. Os experimentos colaboram
tanto na etapa de concepção, para validação de modelos numéricos quanto na previsão do
comportamento estrutural sob condições severas, situação esta de difícil mensuração em
estruturas de tamanho real.
Este trabalho apresenta a aplicação do ensaio em túnel de vento de um aerogerador comer-
cial de 2MW para previsão dos esforços na base devido a ação do vento. O desenvolvimento do
modelo reduzido e ensaios experimentais no túnel de vento foram realizados junto ao Instituto
Superior Técnico – IST de Lisboa, do Departamento de Engenharia Civil - DECivil. O túnel utilizado
pode ser classificado como do tipo curto de circuito aberto [10], com câmara de ensaio medindo
5,0mx1,50mx1,50m de extensão, altura e largura respectivamente [13].

PROGRAMA EXPERIMENTAL
Antes de iniciar os estudos experimentais foi necessário efetuar o ajuste do perfil de ve-
locidade na câmara de ensaio, tornando-o variável ao longo da altura, comportamento este
semelhante ao experimentado pelas estruturas reais. A figura abaixo ilustra a configuração
final dos elementos de rugosidade de fundo e pináculos utilizados para modificar o escoa-
mento no túnel de vento.

28 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


Figura 1 – Ajuste da Camada Limite Atmosférica (CLA) na câmara de ensaio

O aerogerador comercial de 2MW possui altura até o centro do rotor (Hub Hight) de 80 metros
e diâmetro da área varrida pelas pás de 110 metros. Tendo em vista que a CLA atingiu valor máxi-
mo próximo a 108 centímetros, ficou estabelecido a escala geométrica em 1:125 para construção
do modelo reduzido. Em função da pequena escala de trabalho, algumas simplificações constru-
tivas foram realizadas a fim de viabilizar a fabricação dos componentes, como apresentado na
Tabela 1 na coluna valor adotado no modelo.

Tabela 1- Dimensões geométricas do protótipo e modelo reduzido


valor valor em escala valor dotado Relação
Item comparado
protótipo 1:125 no modelo Modelo/Escala

Diâmetro externo na base [mm] 4100,0 32,8 30,5 0,93

Diâmetro externo no topo [mm] 3014,0 24,8 30,5 1,23

Espessura da chapa na base [mm] 35,00 0,28 2,00 7,14

Espessura da chapa no topo [mm] 16,00 0,13 2,00 15,38

Área em projeção da torre [cm²] 3,07x106 1,97 x102 1,91 x102 0,97

Para medição dos esforços e deslocamentos, foram inseridos na base da torre uma célula de
carga de seis eixos e dois transdutores de deslocamentos. A célula de carga permite registrar
valores de esforços e momentos nos três eixos cartesianos enquanto que os transdutores de des-
locamento registram o movimento horizontal da estrutura nas direções longitudinal transversal.
Para correlacionar os esforços à velocidade longitudinal do vento, incluiu-se um anemômetro a
fio quente posicionado a montante do modelo, com altura de medição coincidente a altura do
eixo do rotor. A Figura 2 ilustra a disposição da célula de carga e transdutores de deslocamentos
utilizados nos ensaios.

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 29


● Artigo
Por Joatan Izolan da Rosa

Figura 2- Dispositivos de medição dos esforços e deslocamentos (a) corte lateral e (b)
vista de topo, 05-torre do aerogerador, 06-transdutor de deslocamento, 07-célula de carga
seis eixos e 08-placa base fixada ao suporte metálico, unidades em centímetros

A campanha de ensaios foi dividida em três etapas, para cada fase, três faixas de velocidade
foram experimentadas. Esta variação de velocidade do fluxo tem por objetivo avaliar o compor-
tamento da estrutura na condição máxima operacional, extrema e superior à extrema. A Tabela
2 apresenta de forma resumida a divisão dos ensaios envolvidos para cada classe de velocidade.

Tabela 2- Organização dos ensaios experimentais em túnel de vento

faixas de velocidade [m/s]


Variação Variação
Descrição da etapa Qtde ângulo/ Pitch/
U4 U9 U12 Increm. increm.
3,5-4,5 8,5-9,5 11,5-12,5
Mx.Normal Extrema Pós-Extrema

1 – Torre (T) 1 X X X

0° - 180°
2 – Torre+Nacele (TN) 7 X X X
30°

0° - 180° 0°-90°
3 -Torre+Nacele+Pás (TNP) 35 X X X
30° 22,5°

A variação de ângulo corresponde ao giro da torre em sentido horário e a variação de pitch ao


giro das pás em seu próprio eixo de fixação. A Figura 3 ilustra as três etapas de ensaio, observar
que as visualizações da segunda e terceira etapa correspondem a uma configuração específica de
ângulo de ataque na torre e pás.

30 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


Figura 3- Etapas do ensaio do modelo reduzido da torre no túnel de vento do LERM-DECivil
IST (a) primeira etapa, (b) segunda etapa com ângulo de incidência do vento em 180° e (c)
terceira etapa, com ângulo de incidência do vento de 30° e ângulo de ataque das pás em 67,5°

A utilização dos ensaios por etapas possibilitou avaliar a contribuição de cada elemento estru-
tural na composição da carga de vento transmitida à fundação, como ilustrado abaixo.

Figura 4- Decomposição dos resultados experimentais da última


etapa para avaliação da influência das pás no resultado

RESULTADOS
O programa contou ao todo com 43 ensaios, resultados da combinação das etapas, velocida-
des e ângulos de ataque específicos para cada configuração. Os resultados experimentais permi-
tiram avaliar principalmente a influência das pás na composição dos esforços nos três intervalos
de velocidade experimentados. Devido a quantidade excessiva de resultados será apresentado
apenas a variação dos esforços para a classe extrema U9 em termos de momentos fletor e torçor
na base da torre.

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 31


● Artigo
Por Joatan Izolan da Rosa

Figura 5- Momento Fletor resultante na base (Mxy) da terceira etapa, para faixa de velocidade U9

Figura 6- Momento torçor na base (Mz) da terceira etapa, para faixa de velocidade U9

Nos dois gráficos anteriores a legenda apresenta a variável velocidade (U9) junto com o ângulo
de pitch das pás em cinco configurações distintas. Observa-se que o ângulo de ataque das pás em
relação ao vento longitudinal modifica sensivelmente os esforços resultantes na base, como era
esperado que os máximos esforços fletores ocorressem a 0° e 180° e os máximos torçores a 90°
da incidência do vento.

EXTRAPOLAÇÃO ESTRUTURA REAL


Como forma de avaliar os resultados experimentais, estes foram convertidos para a escala
da estrutura real. Esta conversão utiliza além dos parâmetros geométricos, correções de rigidez,
flexibilidade e o fator de pico, característicos do modelo reduzido. O quadro abaixo apresenta o
fator de pico associado a cada configuração do ensaio para a classe de velocidade extrema.

32 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


Figura 7- Fator de pico (FP) para faixa de velocidade U9

Os valores após conversão foram comparados aos resultados informados pelo fabricante, pre-
sentes na tabela seguinte. A pedido do fornecedor, sua identificação foi mantida em anonimato.
A condição extrema corresponde a faixa de resultados U9.

Tabela 3 – Esforços na base do aerogerador em tamanho real, cortesia do fabricante


Fz Fxy Mxy Mz
Hipótese
kN kN kNm kNm

Extrema -2.370,00 755,0 62.730,0 1.000,0

Para realizar a comparação dos resultados, além das relações geométricas (ψd ) deve-se levar
em consideração a relação de freqüências ψn e a correção dos deslocamentos em função da
maior flexibilidade da estrutura real, a multiplicação destes fatores permite efetuar a conversão
para a estrutura de tamanho real.

ψM = ψ n * ψd * ψr

Os resultados equivalentes após a conversão de escala estão apresentados nas tabelas abaixo
com inclusão do respectivo fator de pico (FP) associado ao resultado convertido. Foram realizadas
experimentações com o rotor fixo e em movimento. Vale ressaltar que a condição normal de fun-
cionamento do equipamento prevê o acionamento do freio para ventos superiores a velocidade
de operação. O objetivo de incluir o movimento das pás em condições extremas é justamente
avaliar o acréscimo de esforços resultantes deste movimento.

Tabela 4 – Comparação dos resultados para a condição extrema com rotor fixo
Alfa Ptich Fxy Mxy Mz
Dados
[°] [°] kN kNm kNm

U9 - fixo 180 67,5 851,28 55.558,38 6.543,53

Fabricante –
X X 755,0 62.730,0 1.000,0
Extremo

Variação sobre
X X 13% -11,4% 554%
dados do Fabricante

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 33


● Artigo
Por Joatan Izolan da Rosa

Tabela 5 – Comparação dos resultados para a condição extrema com rotor em movimento
Alfa Ptich Fxy Mxy Mz
Dados
[°] [°] kN kNm kNm

U9 - movimento 180 67,5 1.072,47 69.473,86 8.619,68

Fabricante –
X X 755,0 62.730,0 1.000,0
Extremo

Variação sobre
X X 42% 11% 717%
dados do Fabricante

As tabelas anteriores demonstram boa correlação dos resultados para esforços fletores na
base na condição de rotor fixo. Para a condição de rotor em movimento, ocorre um acréscimo de
25% nos esforços, se considerado o rotor fixo, ultrapassando inclusive os valores de referência do
fabricante. Os esforços de torção não apresentaram boa correlação com os valores de referência
com resultados experimentais muito elevados.

CONCLUSÃO
Os resultados demonstram a viabilidade na utilização de túnel de vento como ferramenta
de auxílio no desenvolvimento de projetos, assim como na validação de modelos numéricos. Os
ensaios também se mostraram úteis e de baixo custo para previsão do comportamento de es-
truturas reais sob condições adversas, se comparado a ensaios em escala real. Acredita-se que
o avanço na pesquisa e técnicas de fabricação em escala reduzida contribua para minimizar as
variações encontradas entre os esforços convertidos e os mensurados nas estruturas reais.
O autor agradece a CNPq e Eletrobrás/Eletrosul pelo apoio financeiro para desenvolvimento da
pesquisa e ao IST/DECivil pelas instalações e profissionais envolvidos no programa experimental.

34 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
[1] DNV Risø, Guide Lines for Design of Wind Turbines, 2o Edição, Dinamarca, 2002.
[2] Lavassas, I. G. Nikolaidis, et Al, Analysis and design of the prototipe of a stel 1-MW Wind
turbine tower. Elsevier, 2003.
[3] Negm, Hani M., Karam Y. Maalawi. Structural design optimization of wund turbine towers.
Pergamon, 1999.
[4] Harte, Reinhardt, Gideon P. A. G. Van Zijl. Structural stability of concrete wind turbines and
solar chimney towers exposed to dynamic wind action. Journal of Wind Engineering and Industrial
Aerodynamics 95, 2007, pag. 1079-1096, Elsevier.
[5] Hussain, Saif S. E. and Mohamed Al Satari. Vibration-Based Wind Tower Foundation Design.
Report Wind System Magazine, pag. 28-35, Junho 2009.
[6] Fischer, Tim. Work Paackage4: Foundations and support structures. Challenges and main
innovations. Report UpWind, pages 67-73, 2011.
[7] Rabelo, C. A. S, Simões, R. A. D e Simões da Silva, L. A. P. Instrumentação e Monitorização de
Torres Eólicas. Relatório de Trabalho Projeto HISTWIN – Torres eólicas em aço de alta resistência,
páginas 101-103, 2010.
[8] Liv, W. Y. The Vibration Analysis of Wind Turbine Blade Cabin Tower Coupling System.
Engeneering Structures, Elservier, 2013.
[9] Perdersen, R.R., S.R.K. Nielsen, P. Thoft-Christensen. Stochastic Analysis of the influence of
tower shadow on fatigue life on Wind turbine blade.
[10] Simiu, Emil, RobertH. Scanlan. Wind Effects on Structures: Fundamentals and Applications to
design. Third Edition, Wiley-Interscience, New York, 1996.
[11] Dimopoulos, C.A., C.J. Gantes. Comparison of stiffening types of the cutout in tubular Wind
turbine towers.Journal of Constructional Steel Reserach 83 (2013), páginas 62-74.
[12] International Electrotechnical Commission IEC 61400-1, Wind Turbines – Part 1: Design
Requirements, 2005.
[13] Gomes, Maria da Glória. Ação do Vento em Edifícios Determinação dos Coeficientes de Pressão
em Edifícios em L e U. Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior Técnico, Dissertação de
Mestrado área de Estruturas, Março de 2003.
[14] Smith, J.W. Vibration of structures: applications in civil engineering design. Editora Chapman
and Hall, London, 1988.

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 35


● Artigo
Por Alysson Rodrigo de Andrade

Engenheiro Civil graduado em 1999 e mestre em Estru-


turas em 2003 pela UFSC. Especialista em Engº de Fun-
dações em 2001 pela FEESC. Analista em Infraestrutura
de Transportes desde 2007 no DNIT, onde atua como
Coordenador de Engenharia da Autarquia no estado de
Santa Catarina.

Morro dos Cavalos - A execução


da 4ª faixa em harmonia com
a terra indígena e respeito à
comunidade local

APRESENTAÇÃO
A 4ª Faixa provisória do Morro dos Cavalos abrange o segmento do km 232,0 ao km 235,3 do
trecho Sul da rodovia BR-101/SC e foi executada, entre junho e dezembro de 2014, pelo Departa-
mento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O segmento está inserido no Lote 22 de
duplicação, porém foi extraído das obras inicialmente realizadas naquele lote, pois havia necessi-
dade de estudos mais aprofundados para definição do projeto daquela travessia, especialmente
no tocante o componente ambiental indígena, peculiar ao trecho em referência.

Introdução
O segmento rodoviário que transpõe o Morro dos Cavalos localiza-se no município de Palho-
ça, era um dos três últimos trechos onde não havia pistas duplicadas no trecho Sul da BR-101/
SC. Isto porque, o DNIT liberou o trecho ao tráfego com um mês de antecedência em relação ao
cronograma contratual.
O único segmento remanescente em pista simples está no município de Tubarão (entre o km
337 - km 339). Neste caso, restam duas obras próximas: a ponte do Cavalcanti, que compreenderá
a transposição sobre o Rio Tubarão no sentido norte e os acessos do Túnel do Morro do Formigão
que, por sua vez, possibilitará a travessia duplicada para extremo sul de Santa Catarina. Ambas as
obras têm estágio adequado aos respectivos cronogramas, sendo que o túnel já se encontra em
operação e deve ser liberado ao tráfego nas duas faixas a partir de maio de 2016, com a conclusão
da ponte Cavalcanti.

36 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


A conclusão das obras do lote 22, bem como dos lotes subsequentes, e a indefinição quanto
às liberações ambientais para a execução do túnel do Morro dos Cavalos, visando à continuidade
de tráfego em duas faixas de rolamento em ambos os sentidos, o DNIT optou por realizar uma
obra em caráter provisório na região, pois, em virtude das limitações de largura de plataforma,
foram previstas duas pistas (com duas faixas de tráfego cada) dotadas de sinalização horizontal
ostensiva e barreira física em concreto (New Jersey).
Tal medida foi necessária pelo ponto crítico que a transposição do Morro dos Cavalos vinha
representando para a conclusão da duplicação do trecho sul da BR-101/SC. O Morro dos Cavalos
compreende uma feição geológica íngreme, cujo traçado original da BR-101/SC desenvolve-se
sobre a topografia mais favorável, mas, pela própria característica de sinuosidade e rampas de
até 4,9%, oferece restrições operacionais e, consequentemente, registros históricos de muitos
acidentes e mortes. Em contrapartida, desde a implantação da 4ª faixa e das barreiras de concre-
to no eixo da pista, não houve nenhum acidente fatal no local que já foi apontado como um dos
mais letais do país.
A viabilidade do empreendimento atravessou extensas tratativas, com IBAMA, FUNAI, MPF,
desde a elaboração do projeto até a liberação da licitação e ordem de serviços expedida em
10/06/2014. Ainda assim, a execução dos serviços ficou restrita ao atendimento das condicio-
nantes indígenas, que resultaram em adequações ao projeto que o DNIT deveria atender para
viabilizar a obra.

Terra Indígena do Morro dos Cavalos


A  Terra Indígena Morro dos Cavalos, localiza-se no município de Palhoça em Santa Catarina e
foi reconhecida como sendo tradicional com a publicação da Portaria Declaratória Nº 771 de 18
de abril de 2008, que declarou a posse permanente da terra aos grupos indígenas “Guarani Mbyá
e Nhandéva”.
O segmento em foco está inserido na área de proteção ambiental do Parque Estadual da Serra
do Tabuleiro. A região é caracterizada pela vegetação arbórea e Mata Atlântica, com seus aspec-
tos de flora e fauna bem preservados. Contudo, os maiores obstáculos para o início das obras
foram às longas tratativas que delimitaram condicionantes a serem observadas pelo DNIT para
atendimento da população indígena que reside no Morro dos Cavalos.
Os guaranis do Morro dos Cavalos ocupam uma área de aproximadamente 100 hectares para
moradia e agricultura, com 98 indivíduos pertencentes a 16 famílias distribuídas em 15 residências. 

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 37


● Artigo
Por Alysson Rodrigo de Andrade

Histórico
Ao final dos anos 90, durante o desenvolvimento do Projeto de Duplicação da BR-101/SC, en-
tre Palhoça/SC e a Divisa com o Rio Grande do Sul, os Estudos Ambientais, à época a cargo do an-
tigo DNER, evocaram o envolvimento de questões indígenas no segmento do Morro dos Cavalos.
Destaca-se que a rodovia original foi implantada sem este embaraço, havendo, portanto, Faixa
de Domínio em nome da União. No Projeto de Duplicação da BR-101/SC, a solução com melhor
custo-benefício para o Morro dos Cavalos era a construção de um túnel para um sentido de tráfego
e a manutenção do traçado existente para o outro sentido, a exemplo do que foi implantado nas
transposições dos túneis do Morro do Boi em Balneário Camboriú, do Morro Agudo em Paulo Lopes
e do Morro do Formigão em Tubarão. Desse modo, o empreendimento apresentava plena viabilida-
de da forma proposta no Projeto de Duplicação para o Morro dos Cavalos naquela oportunidade.
Todavia, ainda no decurso da aprovação do EIA/RIMA o componente indígena, manifestou-se
contrário ao Projeto de apenas um Túnel, posicionando-se a favor da construção de dois túneis
para eliminar o tráfego de veículos pelo traçado existente sobre o Morro dos Cavalos. Em decor-
rência, o IBAMA excluiu da Licença Ambiental o segmento entre os km 232 e 235,3. Como, por
razões econômicas, a alternativa de Túnel duplo não havia sido estudada naquela oportunidade,
a duplicação tornava-se inviável até que o Tribunal de Contas da União interveio e, por meio de
Acórdão em 2005, solicitou que o DNIT contratasse o Projeto de Túnel Duplo para a Transposição
do Morro dos Cavalos.

Após longo embate entre os participantes do certame licitatório em 2008, iniciavam os estu-
dos para o Projeto de Duplicação em Túnel Duplo. Na sequência foram recontratados os Estudos
Ambientais, com foco exclusivo no segmento em referência.
Paralelamente, por conta do expressivo atraso na duplicação deste trecho, o DNIT tentou via-
bilizar a construção de uma 4ª pista provisória, dentro da faixa de domínio da rodovia original,
em caráter temporário, que na verdade se constituía basicamente na pavimentação da área des-
tinada ao acostamento da rodovia, a exemplo do que já havia sido feito no segmento da BR-101/
SC entre Criciúma e Araranguá anteriormente às obras de duplicação.
No entanto, o componente indígena do Estudo Ambiental das obras do Túnel Duplo condi-
cionou a autorização para construção da 4ª pista temporária a emissão da Licença de Instalação
dos Túneis, evento que dependia de uma série de condicionantes, inclusive, das medidas para
desintrusão de não índios habitantes da terra, ações que estão fora das atribuições regimentais
do DNIT.

38 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


A partir da ação civil pública interposta pelo Ministério Público Federal em Santa Catarina
(MPF/SC), que dentre outras situações, impedia a execução da 4ª pista temporária, a AGU
obteve liminar junto ao TRF 4ª Região, que desvinculava a 4ª pista do processo de licencia-
mento dos Túneis.
Outra restrição residia na necessidade de supressão vegetal em pequeno alargamento para
minorar os segmentos estrangulados. Neste contexto, o IBAMA precisava emitir a ASV (Autori-
zação de Supressão Vegetal) e a própria LI (Licença de Instalação) específica à obra da 4ª pista
temporária. Ocorre que o IBAMA só emitiria tais licenças caso houvesse a anuência da FUNAI.
Em que pese tais dificuldades, inerentes às características intrínsecas ao segmento, o corpo
técnico do DNIT intensificou as ações no intuito de dirimir os impasses que impossibilitavam o iní-
cio das obras. Nesta perspectiva, o projeto para implantação da 4ª pista temporária, assim como,
as diretrizes para elaboração do PBA indígena foram apresentados no dia 24 de abril de 2014,
para representantes do MPF/SC, da FUNAI, bem como da comunidade indígena. Na ocasião, uma
comissão de caciques Guarani de Santa Catarina e lideranças indígenas da comunidade do Morro
dos Cavalos elaboraram um documento que relacionava algumas das condicionantes a serem
cumpridas pelo DNIT para autorização do início das obras:

“...Nós lideranças indígenas do Morro dos Cavalos (Tekoa Itaty) e comissão Nhemongue-
ta de caciques Guarani de Santa Catarina reunidas em conselho autorizamos o início das
obras de construção de faixa adicional temporária no trecho norte, ao tempo que exigimos
que o início das obras nos demais trechos estejam condicionadas aos seguintes pontos abai-
xo elencados:

1) Apresentação à comunidade da marcação no trecho em frente da Aldeia e vistoria no


trecho do alçado Maciambu;
2) Instalação de placas de Terra Indígena e sinalização de proibição de ruído;
3) Instalação de radar em frente ao trecho da aldeia e redutores de velocidade;
4) Início do detalhamento do PBA-I do processo dos túneis;
5) Velocidade no local não deverá ser de 80km/h, mas sim de 60km/h;
6) Reconstrução da área de lazer da escola Itaty.

É necessário que haja a desintrusão parcial dos posseiros que estão ali localizados no
trecho da faixa temporária a ser construída, durante a execução das obras, conforme acor-
dado em reunião com o Ministro da Justiça.”

Além destas, outras alterações ainda seriam aprovadas em 30/04/2014, objetivando a per-
missão definitiva para o início das Obras. Estas se relacionavam a melhorias na infraestrutura da
aldeia, tais como: passagem elevada para pedestres, dispositivos de drenagem, novos acessos a
pedestres e veículos, melhorias nas áreas de lazer, relocação de ponto de ônibus, entre outras.

DURANTE A FASE DE OBRAS


O fato das áreas adjacentes à rodovia estarem ocupadas pela Comunidade Indígena Guarani
do Morro dos Cavalos, com escola e várias moradias ocupando as áreas lindeiras à faixa de domí-
nio, existiam preocupações com relação à segurança da população local, dos usuários da rodovia
e dos trabalhadores durante a fase de obras.
Desta forma, além das alterações de projeto, a empreiteira teve de orientar a mão de obra

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 39


● Artigo
Por Alysson Rodrigo de Andrade

envolvida nos trabalhos quanto aos seguintes aspectos:

• Respeito aos limites do entorno da área indígena, no que diz respeito à instalação de can-
teiros de obras e demais estruturas de apoio;
• Melhorias na sinalização do segmento em que a rodovia atravessa a área indígena para
redução da velocidade dos veículos e orientação aos pedestres para utilizarem a passarela
implantada no local;
• Preservação às margens da rodovia de um caminho para pedestres possibilitando o deslo-
camento seguro ao longo da rodovia;
• Instalação de placas na área indígena, relacionadas à proibição da entrada de estranhos e
a limitação de recursos naturais ao uso exclusivo dos índios;
• Orientação à mão de obra envolvida para evitar qualquer tipo de contato, bem como, a
proibição de venda e oferta de bebidas alcoólicas à população indígena;

Para assegurar o atendimento destas limitações o DNIT, por meio da Empresa de Supervisão e
Gerenciamento Ambiental (ESGA), contratada para atuar no trecho Sul de duplicação da BR-101,
realizou oficinas de conscientização para os trabalhadores a partir de maio de 2014.
Os Diálogos Semanais de Excelência (DSEs) representaram um importante canal de comuni-
cação entre o empreendedor e os profissionais que atuaram na obra. Consistiram em encontros
com a equipe de Educação Ambiental (EA) e de Comunicação Social (CS) da ESGA permitindo
acesso a informações sobre a comunidade indígena, normas de segurança e saúde do trabalha-
dor, sensibilizando os trabalhadores envolvidos na construção da quarta faixa do Morro dos Ca-
valos. Foram utilizadas dinâmicas de grupo para transformar comportamentos e hábitos durante
a obra, como a valorização da vida enfatizando o uso adequado dos EPIs, código de boa conduta
entre os colegas de serviço, com os usuários da rodovia e com a comunidade indígena. Entre maio
e setembro de 2014, foram realizados 15 DSEs. Os 30 trabalhadores envolvidos com os serviços
de terraplenagem, supressão de vegetação e motoristas participaram das atividades  propostas.
As oficinas também levaram o conteúdo do componente indígena para técnicos e engenheiros do
DNIT e da empresa contratada para a construção da 4ª faixa.
O momento inédito aconteceu no dia 21 de agosto com a realização do DSE na Aldeia Guarani
no Morro dos Cavalos, a pedido da cacique Eunice. Neste encontro os trabalhadores conheceram
a aldeia, os costumes e detalhes dos rituais religiosos, inclusive com o privilégio de visitarem a
Casa de Reza, local das celebrações. “Essa é uma obra diferenciada por ser em Terra Indígena.
Muito se tem falado em respeito às comunidades lindeiras que são as afetadas pelas obras e, nes-
se caso, é importante que os trabalhadores conheçam um pouco sobre a cultura e modo de vida
do povo Guarani, pois a construção da 4ª faixa está dentro da terra onde vivem os índios da etnia
Guarani”, afirmou a educadora ambiental da ESGA Nilvana Koppe.

CARACTERÍSTICAS DO PROJETO
a) Classificação da Rodovia
Antes da implantação da 4ª faixa o segmento projetado se enquadrava como rodovia de clas-
se I-B. Tal classificação caracterizava-se por pista simples com faixas extras nos aclives. As faixas
extras do segmento ocupam a parte da plataforma que seria destinada ao acostamento.
A obra teve por objetivo a melhoria operacional, o aumento de capacidade e o incremento da

40 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


segurança, para que as características do segmento se aproximem de uma rodovia classe I-A. Não
obstante, era necessário o mínimo de intervenções nos taludes de meia encosta especialmente
por dois motivos, primeiramente porque o trecho se desenvolve dentro do parque estadual da
Serra do Tabuleiro, o que representaria dificuldades quanto a questão ambiental para o desma-
tamento necessário às obras de terraplenagem, além do vasto histórico de ocorrência de desliza-
mentos nas encostas da Travessia do Morro dos Cavalos.

b) Seção Transversal
A seção transversal da 4ª pista após sua adequação perfaz duas pistas, comportando, cada
uma, duas faixas de trânsito de 3,5 metros, as limitações impostas pela largura total da platafor-
ma, acarretaram em largura possível menor do que a recomendada, bem como a impossibilida-
de de previsão de acostamentos externos e internos, ratificando assim, o caráter provisório da
melhoria operacional realizada. Ainda assim, para a adaptação da seção projetada, foram neces-
sárias intervenções de alargamento da plataforma de terraplenagem em determinados pontos.

c) Contenção de Encostas
As alternativas de projeto que contemplassem exclusivamente o alargamento da atual plata-
forma através de cortes e aterros em seção mista foram descartadas, considerando as elevadas
declividades e avantajadas alturas das encostas do Morro dos Cavalos, o que acarretaria em vo-
lumes de escavação muito grandes, com impactos sobre o meio ambiente, a terra indígena e,
especialmente, a manutenção ininterrupta do tráfego. Além disso, tal concepção acarretaria em
obras de contenção de grande porte, com expressivo reflexo econômico.
Embora as características mencionadas convergirem para a execução de uma plataforma re-
duzida, ainda houve necessidade de execução de obras de contenção das quais detacam-se:

- Cortina Atirantada, km 232+170 ao km 232 + 290, lado esquerdo da rodovia;


- Cortina Atirantada, km 232+430 ao km 232+ 490, lado direito da rodovia;
- Muro de Gabião, km 232+625 ao km 232+705, lado direito da rodovia;
- Contenção com aterro em pedra jogada, km 233+310 ao km 233+370, lado esquerdo da rodovia.

É sempre relevante ressaltar o caráter provisório da obra, sendo que não se trata de alargamen-

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 41


● Artigo
Por Alysson Rodrigo de Andrade

to da atual plataforma de rolagem, mas sim da recuperação e nivelamento de acostamento, sendo


necessária terraplenagem apenas em pontos localizados, onde não existia faixa de acostamento.

d) Pista Antiga
Especial atenção foi dada ao estudo do pavimento da pista existente, fundamentalmente devi-
do à necessidade urgente de restauração de condições confortáveis e, acima de tudo, seguras ao
deslocamento de veículos ao longo do trecho, fator preponderante tanto do ponto de vista social
(especialmente condicionado ao aspecto dos acidentes) quanto econômico (relacionado ao custo
operacional de veículos) imperativos para a adoção de tais medidas.
Sob este aspecto, foram executados levantamentos das condições da superfície do pavimen-
to, como determinístico das características atuais de conforto e segurança ao rolamento, ense-
jando a avaliação dos defeitos encontrados e suas gêneses, possibilitando uma análise interati-
va às condicionantes estruturais específicas de cada segmento. Desta forma, foram realizados
os inventários dos pavimentos, separadamente para faixas simples e faixas extras de rolamento
(transito pesado).

Conclusão
Embora não represente a solução definitiva para esta travessia, a 4ª Faixa do Morro dos Ca-
valos, em operação há um ano, já permite maior fluidez ao trânsito, com melhoria significativa
dos congestionamentos, da segurança dos usuários, bem como da viabilidade executiva para os
futuros túneis, possibilitando menor interferência entre os caminhos de serviço da obra futura e
do tráfego local. Outro aspecto fundamental para a viabilidade executiva da 4ª Faixa foi a criação
de condições que favorecem a comunidade indígena afetada, dotando-a de infraestrutura que
propicia maior harmonia e segurança até que os túneis possam ser concluídos.
A oportunidade gerada pelas discussões que culminaram com o início das obras, bem como,
as exigências impostas pela comunidade indígena e os órgãos defensores dos interesses indígenas
dentre os quais se destacaram, IBAMA, FUNAI e o MPF, foram de grande relevância aos profissio-

42 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


nais envolvidos na Obra. O DNIT têm grandes desafios do ponto de vista da Engenharia Rodoviária
ou até mesmo em obras de arte especiais marcantes como a ponte Anita Garibaldi. Entretanto, as
tratativas efetuadas até hoje com os índios acerca da duplicação do Morro dos Cavalos viabilizou-
se a harmonia entre uma minoria, já estabelecida naquele segmento e o desenvolvimento pleno
da nossa região, que há décadas clama pela duplicação completa da rodovia BR-101/SC.
Desse modo, este desafio aparentemente simples de adicionar mais uma faixa à travessia pro-
visória do Morro dos Cavalos, mas que se estendeu entre as tratativas conciliatórias para licitação
e a obra, serviu para a equipe do DNIT em Santa Catarina enriquecer seus conhecimentos em bus-
ca de outros desafios que se afiguram tão ou mais complexos, como as duplicações das BR-470/
SC e BR-280/SC, bem como a conclusão total da BR-101/SC, empreendimento fundamental para
o desenvolvimento do nosso estado sem desrespeitar o meio ambiente, bem como quaisquer
indivíduos impactados pela duplicação do nosso principal corredor litorâneo.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FONTE: http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/1715-obra-no-morro-dos-
cavalos-e-tema-de-audiencia-publica-na-camara
FONTE: Documento das lideranças indígenas que autoriza o início das obras de faixa adicional
na Terra Indígena do Morro dos Cavalos, de 24 de abril de 2014.
FONTE: http://www.101sul.com.br/site/index.php#

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 43


● Destaque Profissional

Divulgação/ACE
Com 50 anos de carreira, o
engenheiro Otávio Ferrari Filho
transita entre a engenharia, a
docência e as atividades em
associações e entidades
"A engenharia deixou que outros
ocupassem espaços que de direito
seriam dela", alerta Eng. Ferrari

A
os 73 anos, Otávio Fer- Ferrari hoje a prestar consultoria fazer com que ele seja comparti-
rari Filho tem uma vida e a exercitar algo que fez duran- lhado", ressalta ele.
dedicada à engenharia. te toda a vida: o dom de ensinar, A história de Ferrari com a en-
São mais de 50 anos em que di- seja como professor, consultor ou genharia vêm da família. Um de
vidiu a carreira profissional como engenheiro. Por isso, depois de seus tios, Heitor Ferrari, foi o ter-
professor, engenheiro e represen- aposentado, ele resolveu lançar o ceiro presidente da Associação Ca-
tante de associações e entidades livro O Que Aprendi e Quero Com- tarinense de Engenheiros em 1945,
do terceiro setor. Natural de Flo- partilhar. "Ser professor é transfe- cargo que Ferrari ocupou poste-
rianópolis, ele é da primeira turma rir aquilo que você aprendeu aos riormente, em 1991. No início da
de engenharia mecânica da UFSC seus alunos. Então esse foi o sen- carreira, primeiro Ferrari tentou
(Universidade Federal de San- tido do livro. Por que ficar só co- a engenharia química, no Paraná.
ta Catarina), que se formou em migo esse conhecimento? Vamos Mas um fato curioso acabou levan-
1966, e seguiu carreira no mesmo do-o a largar o curso: a descoberta
ramo em que fez seu mestrado, do daltonismo. "Tinha a matéria
engenharia de produção. de química analítica qualitativa,
Pai de três filhos - Rodrigo, An- em que se misturavam substâncias
dréa e Enrico - Ferrari tem orgulho e obtinha-se uma cor. Quando eu
da trajetória profissional e do re- deveria fazer o contrário, eu não
flexo que isso representa na vida conseguia. Ali descobri que era
dos filhos, que seguiram o ramo daltônico e decidi fazer engenharia
do empreendedorismo. Uma das mecânica", relembra Ferrari.
áreas que melhor desenvolveu Transferindo-se de volta para
com a engenharia, a de planeja- Florianópolis, entrou para a pri-
mento estratégico, é o que move meira turma de engenheiros me-

44 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


cânicos da UFSC e, neste período, mação técnica, e eu entendia que Desta forma, surgiu a oportunida-
começou a dar as primeiras aulas tinha que ter abertura maior no de de montar em Canasvieiras o
como professor de matemática, relacionamento com as pessoas. CDI (Comitê da Democratização da
no Instituto Estadual de Educação. Precisava deixar de ser muito téc- Informática), ONG criada no Rio de
Após a faculdade, decidiu seguir nico para ser mais político no bom Janeiro que se espalhou pelo Brasil.
a paixão por dar aulas e mudou- sentido. Foi quando me candidatei Voltada para a inclusão social, hoje
se para Joinville, onde trabalhou à diretoria da ACE e fui presiden- a CDI oferece cursos de manuten-
como professor e coordenador do te de 1991 a 1993", relata Ferrari, ção de computador e desenvolvi-
curso de engenharia mecânica da que hoje ainda dá seus "pitacos" mento de aplicativos.
Escola Técnica Tupi. Em 1968, vol- na atual gestão como membro do Atuando em diferentes áreas,
tou à UFSC, desta vez como pro- conselho diretor. Como ex-pre- Ferrari nunca deixou de valorizar
fessor e também como aluno de sidente, ele ressalta que fez uma a engenharia e de prestar atenção
mestrado de engenharia de pro- gestão para valorizar a engenharia na evolução do mundo à sua vol-
dução. Dali só saiu em 1991 para catarinense. "Hoje ficou muito fá- ta. Para ele, os novos engenheiros
aposentar-se. "Nessa época conti- cil a engenharia de qualquer par- têm que estar abertos não só às
nuei trabalhando no mercado em te do mundo vir para cá. Naquela mudanças atuais que estão acon-
tempo parcial como professor e época se tinha a preocupação de tecendo, mas também às futuras
tendo outro emprego. Eu queria valorizar os profissionais locais, mudanças que vão ocorrer. "Os
mostrar a vivência da engenharia pois muitas empresas vinham de engenheiros que estão atuan-
para os alunos", ressalta Ferrari. fora para fazer trabalhos dentro do também devem ficar atentos,
Enquanto seguiu a carreira da de Santa Catarina, quando havia pois o trabalho que estão fazen-
docência, sua trajetória foi marca- pessoas daqui do Estado capazes", do hoje, daqui a pouco pode não
da por empregos na área de pla- pondera o engenheiro. existir", diz ele. Para Ferrari, a en-
nejamento e inovação. Começou Entre as referências que teve genharia deve voltar a ter um viés
na área de planejamento na Ce- ao longo da carreira, Ferrari des- mais político para retomar seu
lesc, foi responsável por introduzir taca o ex-presidente da Fiesc, Os- espaço. "A engenharia deixou que
o primeiro computador na cons- valdo Moreira Duarte, pelo "olhar outros ocupassem espaços que de
trutora Emedaux, e também fez diferenciado para as coisas", direito seriam dela. O técnico tem
careira na Telesc e Prodasc, além além de Luiz Elias Daux e Douglas que se manifestar e ocupar seu
de ser diretor regional do Senai Macedo Mesquita, presidente da espaço. Temos que estar muito
e coordenador de planejamento Telesc, que ele considera dois "vi- ligados, sintonizados ao que vem
do Senai em Brasília. "As pessoas sionários". pela frente, ao que está ao nosso
põem algumas coisas na cabeça, e A carreira de Ferrari também foi redor. Deve ser uma preocupação
uma delas foi quando eu estava na construída com forte participação do dia a dia dos engenheiros e das
Telesc. Eu entendia que precisava em entidades e associações, como instituições. Por que se não acon-
ter outras atuações, além de ser a Acif, FloripAmanhã, Adecom Ju- tecer isso, o engenheiro pode per-
engenheiro, por questões de for- rerê, Comdes, Conseg e Sucesu. der o seu tempo", finaliza ele.

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 45


● ACE em Ação

ACE participa de Audiência Pública


que discute destinação dos resíduos da
construção na Grande Florianópolis

A
regularização dos transpor- cou que no Brasil, ainda não temos Conforme o deputado Mário
tadores de resíduos da cons- o costume de aproveitar as sobras Marcondes, outra solução para a
trução civil e disponibilização das construções, o que acaba indo destinação dos resíduos é o reapro-
de áreas que respeitem a legislação parar nas ruas e entupindo os buei- veitamento desse material. “Há mu-
ambiental para a destinação desses ros, contribuindo para enchentes e nicípios que criaram usinas de reci-
resíduos, estão entre as principais poluição das cidades. Que a solu- clagem de restos de demolição, de
reivindicações apresentadas durante ção desse problema passa por um reforma e de construção. Esses resí-
a audiência pública realizada pela As- conjunto de ações que envolvam os duos podem ser transformados em
sembleia Legislativa, na noite de ter- diferentes setores dessa cadeia: o tijolos, blocos de construção e em
ça-feira, dia 27 de outubro, para dis- poder público, os geradores de re- vários outros produtos. É uma forma
cutir a criação de uma política para síduos, os papa-entulhos e os recep- de resolver um problema e ainda ge-
a destinação adequada dos restos de tores dos resíduos. rar renda”, destacou o parlamentar.
material de construção e de demoli-

Divulgação/ACE
ção de obras e reformas em toda a
Grande Florianópolis. A audiência foi
organizada pelas comissões de Meio
Ambiente e Turismo e de Transporte
e Desenvolvimento Urbano do Par-
lamento estadual, por solicitação do
deputado Mário Marcondes.
O encontro reuniu autoridades
estaduais e dos municípios da região
metropolitana da Capital, transpor-
tadores de resíduos e representan-
tes de entidades ligadas à constru-
ção civil e ao meio ambiente. Entre
os encaminhamentos da audiência,
a constituição de um grupo de tra-
balho para a elaboração de um an-
teprojeto de lei estadual tratando
do assunto e a formação de uma
força-tarefa parlamentar para arti-
culação dos municípios metropoli-
tanos na busca de soluções para o
problema de destinação dos resí-
duos da construção civil.
Divulgação/ACE

O diretor técnico da ACE, enge-


nheiro Roberto de Oliveira, desta-

46 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


ACE participa de audiência
com Deputado Gelson Merisio

O
presidente da Assembleia Legis-

Divulgação/ACE
lativa, deputado Gelson Merisio,
protocolou na manhã de quar-
ta-feira, 18 de novembro, um Projeto de
Resolução (PRS) que altera o Regimento
Interno da Casa para permitir a manifes-
tação de representantes de entidades
organizadas da sociedade civil em propo-
sições nas quais tenham interesse.
O objetivo, segundo o autor da pro-
posta, é garantir a atuação direta da so-
ciedade civil organizada no processo le-
gislativo. "Permite maior legitimidade às
decisões do Poder Legislativo, além de
contribuição substancial na elaboração participação plena das entidades." das Câmaras de Dirigentes Lojistas de
de leis mais técnicas, eficazes e benéfi- A iniciativa foi elogiada por repre- Santa Catarina (FCDL/SC), Associação
cas para a população catarinense", des- sentantes de entidades da sociedade de Praças do Estado de Santa Catari-
tacou Merisio na justificativa do projeto. civil organizada presentes no ato de na (Aprasc), Associação dos Delegados
O Projeto de Resolução assegura às assinatura do projeto, realizado no ga- de Polícia de Santa Catarina (Adepol),
entidades da sociedade civil, devidamen- binete da Presidência da Alesc. Associação de Oficiais da Polícia Mili-
te regularizadas, o direito de se manifes- Para o Engenheiro Ivan Coelho, tar e do Corpo de Bombeiros Militar
tarem formalmente quanto a assuntos coordenador de eventos técnicos da de Santa Catarina (Acorsc), Federação
nos quais tenham interesse durante a ACE, “essa iniciativa do Poder Legisla- da Agricultura e Pecuária do Estado
tramitação de proposições na Alesc, de- tivo é uma demonstração de transpa- de Santa Catarina (Faesc), Federação
monstrada a pertinência temática. rência que chega num momento em dos Engenheiros Agrônomos de Santa
"As entidades cadastradas recebe- que o país precisa de ações efetivas Catarina (Feagro-SC), Federação das
rão uma notificação sobre as matérias para garantir a participação da socie- Associações de Aposentados e Pensio-
que dão entrada na Casa, de acordo dade civil organizada na construção nistas de Santa Catarina (Feapesc), Or-
com os temas de interesse. Quando o do que é melhor para todos”. Desta- ganização das Cooperativas do Estado
projeto chegar à comissão de mérito, cou ainda que a ACE através de sua de Santa Catarina (Ocesc), Federação
elas terão 15 dias para se manifestar, diretoria e de seus associados possui dos Trabalhadores nas Indústrias da
apresentar sugestões de aprimoramen- profissionais especializados nas diver- Construção e do Mobiliário do Estado
to do texto, com a garantia de que a sas áreas da engenharia e que a “Casa de Santa Catarina (FeticomSC), Federa-
proposição não será votada nesse pe- da Engenharia” sempre estará à dis- ção das Câmaras de Dirigentes Lojistas
ríodo. Assim, nenhuma matéria será posição da sociedade catarinense. de Santa Catarina (FCDL/SC), Conselho
aprovada sem pleno conhecimento da A reunião também foi prestigiada Regional de Medicina do Estado de
sociedade. É uma forma democrática e por representantes das seguintes en- Santa Catarina (CRM), Federação das
legal de garantir a participação social", tidades: Federação dos Trabalhadores Empresas de Transporte de Carga e
ressaltou Merisio. Rurais Agricultores Familiares do Es- Logística no Estado de Santa Catarina
A expectativa do autor da maté- tado de Santa Catarina (Fetaesc), Fe- (Fetransesc) e Federação das Associa-
ria é aprová-la em Plenário ainda este deração das Indústrias do Estado de ções de Micro e Pequenas Empresas de
ano. "Dessa forma, poderíamos fazer a Santa Catarina (Fiesc), Federação do Santa Catarina (Fampesc), Associação
estruturação necessária e o cadastra- Comércio de Bens, Serviços e Turismo Catarinense de Relações Institucionais
mento das entidades durante o recesso de Santa Catarina (Fecomércio-SC), Fe- e Governamentais (Acrig) e Associação
para, a partir de fevereiro de 2016, ini- deração das Associações Empresariais dos Servidores Civis da Segurança Pú-
ciarmos a nova sessão legislativa com a de Santa Catarina (Facisc), Federação blica de Santa Catarina (Assesp).

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 47


● ACE em Ação

ACE prestigia evento da CredCrea

A
CREDCREA realizou na úl-
tima quinta-feira, 22 de
outubro um coquetel em
comemoração à ampliação das ins-
talações do seu Posto de Atendi-
mento Itacorubi, localizado na sede

Fotos Claudia de Oliveira/Divulgação/CREA-SC


do CREA/SC, em Florianópolis, vi-
sando melhor atender a comunida-
de profissional e estudantil.
O presidente da cooperativa,
engenheiro civil Gelásio Gomes,
destacou em seu discurso o cresci-
mento do cooperativismo e a sua
importância para o desenvolvimen-
to das comunidades onde atua.
Ressaltou também o crescimento
da CredCrea, a segurança ofereci-
da aos cooperados e brindou os re-
sultados que a tornam a maior ins-
tituição do sistema CONFEA/CREA Destaca ainda que “a amplia- bancário dos engenheiros”.
em número de associados. ção das instalações do seu Posto Participaram da solenidade ainda
O presidente da ACE, engenheiro de Atendimento da CREDCREA em o engenheiro civil José Wilson Ale-
civil Carlos Koyti Nakazima, lembrou nosso Conselho é, sobretudo o de xandre, diretor financeiro, o enge-
que as cooperativas de crédito estão aperfeiçoar ainda mais os serviços nheiro eletricista Ivan Rezende Coe-
inseridas no meio econômico finan- prestados, de modo a especializar o lho, coordenador de eventos da ACE,
ceiro do país desde 1902 e se apre- atendimento e facilitar o dia-a-dia além de conselheiros da entidade.
sentam com singular importância
Durante o evento, o presidente do CREA-SC Eng. Civil e Seg. Trab.
para a sociedade brasileira, na me-
Carlos Alberto Kita Xavier foi homenageado. Ele recebeu do presi-
dida em que promovem a aplicação
dente da cooperativa, Eng. Civil Gelásio Gomes, a placa de “Ami-
de recursos privados e públicos em
go da Credcrea” em
favor da própria comunidade onde
agradecimento à co-
se desenvolvem. “Assim, as coopera-
laboração no proces-
tivas tornam-se verdadeiros agentes
so de ampliação do
na solução de problemas que são co-
posto, cedendo espa-
muns a um grupo de pessoas, conse-
ço para a cooperativa
guindo melhores resultados socioe-
na sede do Conselho.
conômicos em favor de todos”.

48 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


Engenheiro britânico,
especialista em pontes, visita ACE

N
a tarde de quarta-feira, 4 tálicas pênseis, Richard Lamb, que jetivo colocar à disposição das au-
de novembro, diretores colocou todo seu conhecimento a toridades responsáveis, consultas
da ACE receberam a visi- serviço da Associação, através da técnicas sobre os reparos da ponte.
ta do engenheiro civil, que possui Força Tarefa Ponte Hercílio Luz, O profissional que possui um
nacionalidade e formação técnica que é composta por engenheiros currículo técnico com extensa expe-
inglesa, especialista em pontes me- diretores da Casa e que tem por ob- riência em recuperação de pontes
metálicas, disse inclusive, que por
vários anos trabalhou na empresa
que construiu a ponte Hercílio Luz,
a American Bridge, o que facilitaria
a comunicação com a diretoria da
empresa norte-americana. Segundo
ele, “após ver uma entrevista do en-
genheiro Roberto de Oliveira na TV,
discorrendo sobre a ponte, busquei
logo um contato com a associação e
para minha surpresa fui prontamen-
te atendido, já marcando nosso pri-
meiro encontro”, revela.
Para o diretor técnico da ACE,
professor Roberto de Oliveira, “o
contato realizado pelo colega Richard
aconteceu em boa hora, uma vez que
desde a última semana de outubro a
ACE apresentou a inúmeras institui-
ções e gestores públicos um manifes-
to cobrando providências acerca da
reforma da ponte”, destaca.
Participaram do encontro os se-
guintes diretores: Engenheiro Civil
Carlos Koyti Nakazima, presidente da
ACE; Engenheiro Civil Abelardo Perei-
ra Filho, vice-presidente; Engenheiro
Mecânico Ilmar Heine Agacy, diretor
social; Engenheira Eletricista Maria
Elsa Nunes, diretora social adjunta;
Engenheiro Mecânico Alvaro José
Beiro, diretor administrativo adjunto.
Fotos Divulgação/ACE
Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 49
● ACE em Ação

ACE comemora Dia do Engenheiro


com coquetel de confraternização

N
a noite do dia 11 dezembro
aproximadamente 80 en-
genheiros, entre diretores
e convidados, estiveram presentes
num dos salões de eventos da Asso-
ciação Catarinense de Engenheiros,
para a tradicional confraternização
pela passagem do dia do engenheiro.
Os convidados foram recepciona-
dos pelo Diretor Social da ACE, Eng.
Mecânico Ilmar Heine Agacy e pelo
Vice-presidente, Eng. Civil Abelardo
Pereira Filho.
Na ocasião, estiveram presentes
representantes de várias entidades de
classe, como o Eng. Mecânico Carlos
Bastos Abraham, vice-presidente da
Federação Nacional dos Engenheiros –
FNE; o Eng. Civil Fábio Ritzmann, presi-
dente do Sindicato dos Engenheiros no
Estado de Santa Catarina – Senge-SC;
o Eng. Civil Gelasio Gomes, presidente
da Cooperativa de Economia e Crédito
Mútuo dos Profissionais do CREA do
Estado de Santa Catarina e Paraná –
CredCrea; o Eng. Civil Bernardo Jacinto
Damiani Tasso, presidente do Instituto
Catarinense de Engenharia de Avalia-
ções e Perícias – Ibape-SC; a Engª. de
Seg. do Trabalho Fernanda Maria de
Felix Vanhoni, presidente da Associa-
ção Catarinense de Engenharia de Se-
gurança do Trabalho - ACEST; e o Eng.
Sanitarista e Ambiental Fabrício Vieira,
vice-presidente da Associação Cata-
rinense de Engenheiros Sanitaristas e
Ambientais – Acesa.
O clima de alegria e descontração
tomou conta do evento. Os convida- Góes. Já a animação ficou por conta Diversos profissionais fizeram uso da
dos puderam saborear um delicioso do cantor Léo Nascimento, que abri- palavra, saudando o dia do Engenheiro
coquetel especialmente preparado lhantou ainda mais a noite com um e parabenizando a iniciativa da diretoria
pelo Chef Alcides, do Buffet Regina animado repertório. da ACE em registrar a data especial.

50 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


Fotos Rangel Amandio/Divulgação/ACE

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 51


● ACE em Ação

ACE prestigia Sessão Solene e


Jantar Dançante da AREA-TB

Fotos Divulgação/ACE
A
Associação Regional de Enge- 39 associados à entidade por ano de co- A Diretora Social Adjunta, Engenheira
nheiros e Arquitetos do Vale do lação de grau, com destaque à trajetó- Eletricista Maria Elsa Nunes e o Diretor
Rio Tubarão (AREA-TB) promo- ria da arquiteta e urbanista, Rita de Cás- de Meio Ambiente, Engenheiro Sanita-
veu no dia 21 de novembro uma Sessão sia Garrozi Silva Cardoso, que recebeu rista e Ambiental, Nelsinho Bittencourt,
Solene e Jantar Dançante aos profissio- o certificado das mãos do presidente compareceram à solenidade como re-
nais da região. Foram homenageados da entidade, Thomaz Londero Moojen. presentantes da ACE.

52 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • Dezembro de 2015


Assembleia Geral Extraordinária
da ACE aprova ajustes estatutários

F
Divulgação/ACE
oi realizada na tarde de quar-
ta-feira, 2 de dezembro, na
sede da Associação Catari-
nense de Engenheiros a Assembleia
Geral Extraordinária que tinha na
pauta a alteração de seu estatuto.
Conduzida pelo presidente da
Casa, engenheiro civil Carlos Koyti
Nakazima, as alterações estatutá-
rias, que passam a vigorar a partir
da próxima gestão, em 2017, fo-
ram aprovadas por unanimidade
pelos presentes.
Para o diretor administrativo, en- cessos administrativos que já vinham ajustes estatutários contaram com a
genheiro civil Álvaro Luz Filho, essas sendo estudadas desde outubro de efetiva participação de diversos cole-
mudanças são atualizações de pro- 2012. Lembra, também, que esses gas com vistas à sua consecução.

Dezembro de 2015 • Revista da ACE de Ciência e Tecnologia • 53


● Panorama Por Carlos Alberto Kita Xavier - Presidente do CREA-SC
Eng. Civil e Segurança do Trabalho

11 de Dezembro:
Uma homenagem aos engenheiros

N
o dia 11 de dezembro é co- profissional. segmentação leva em conta o mode-
memorado o Dia do Enge- A regulamentação impõe as con- lo de desenvolvimento da ciência, da
nheiro, profissional que atua dições para garantir proteção à so- educação e, sobretudo, da economia,
nas mais diversas áreas, atuando em ciedade, direcionando os profissio- que valoriza cada vez mais o profis-
variados processos que envolvem a nais a desempenharem suas funções sional especializado. Trata-se de um
dinâmica da vida em sociedade. Po- com qualidade, responsabilidade e ciclo onde as descobertas científicas
demos citar a infraestrutura e a orga- competência, determinando direitos impulsionam o desenvolvimento tec-
nização das cidades, os sistemas de e deveres por meio da fiscalização do nológico, gerando novas demandas e
abastecimentos de água e energia, exercício profissional, função exer- novos campos de atuação.
os meios de transportes e de comu- cida pelos conselhos regionais de Apesar do momento de crise vi-
nicação, as redes de saneamento, engenharia e agronomia em todo o venciado pelo país a procura por en-
produção e distribuição de alimentos país. É o caso do CREA-SC que reúne genheiros no mercado continua em
e bens de consumo, entre outros. a maior comunidade profissional do alta e tende a crescer. Os desastres
O engenheiro é o profissional estado. Atualmente são mais de 56 e catástrofes naturais e ambientais,
que aplica o conhecimento técnico mil profissionais registrados e 13,5 as instabilidades nas áreas hídrica e
e científico da engenharia, com base mil empresas. energética, os problemas de infraes-
nos princípios da física e da matemá- A profissão de engenheiro já exis- trutura, a falta de habitações, são
tica, e usa a criatividade para atuar te há muitos séculos. A palavra en- situações que contribuem para a va-
na resolução de problemas. São res- genharia vem do latim “ingeniare” lorização deste profissional no mer-
ponsáveis por projetar, confeccionar que significa inventar. O conceito cado de trabalho. Relatório do Insti-
e executar materiais, estruturas, má- existe desde a antiguidade quando o tuto de Pesquisa Econômica Aplicada
quinas e obras de forma lógica, práti- ser humano desenvolveu invenções (Ipea) aponta que o país precisará
ca, observando sempre as regras e as fundamentais como a roda, a polia de 600 mil a 1 milhão de engenhei-
normas técnicas e de segurança. e a alavanca. Cada uma explorando ros para atender à expectativa das
O Dia do Engenheiro surgiu a par- princípios básicos para desenvolver indústrias brasileiras até o ano 2020.
tir do Decreto de Lei nº 23.569, de ferramentas e objetos utilitários. Por É por estes e outros motivos que
11 de Dezembro de 1933, que regu- este motivo, muitos inventores fo- precisamos celebrar o Dia 11 de De-
lamentou e oficializou as profissões ram considerados grandes engenhei- zembro, valorizando nossos enge-
de Engenheiro, Arquiteto e Agrimen- ros ao longo da história. nheiros perante a sociedade. Tenho
sor no Brasil. No entanto, em 1966, A diversidade nas áreas de atua- a convicção que a engenharia estará
o decreto foi revogado pela Lei nº ção do engenheiro é outro fato in- novamente no topo em 2016 e nos
5.194/66 de 24 de dezembro, que teressante. Somente no Sistema anos que seguem entre as profissões
atualmente representa a legislação Confea/Crea são mais de 200 dife- estratégicas para o crescimento e de-
vigente, regulamentando a enge- rentes títulos ou subcategorias pro- senvolvimento do país e do mundo.
nharia no Brasil e estabelecendo as fissionais, cada qual com seu grau Parabéns engenheiro pelo seu
condições e regras para o exercício de importância e aplicabilidade. A dia.

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● Panorama

Obra do contorno viário da BR 101 em


Florianópolis é objeto de estudo da
Fiscalização do CREA-SC
O
contorno viário da BR-101 em Flo- de proteção. O foco do projeto é a redu- 185 diferentes atividades técnicas, com
rianópolis tornou-se objeto de es- ção dos riscos inerentes ao planejamen- a emissão de mais de 200 Anotações de
tudo da fiscalização do CREA-SC. to e operacionalização da obra”, explica Responsabilidade Técnica.
A obra é de extrema relevância para o de- o gerente do Departamento de Fiscali- “Não há dúvidas que o Contorno Viá-
senvolvimento da capital e da região me- zação, eng. Agr. Felipe Penter. rio será uma solução importante para o
tropolitana e tem sido uma das bandeiras Com visitas periódicas, foram rela- trânsito da região, mas não vai solucio-
das entidades que integram o Conselho cionadas todas as atividades técnicas nar todos os problemas da mobilidade
Metropolitano de Desenvolvimento da nas diferentes áreas de atuação tais urbana da capital”, pontou o presidente
Grande Florianópolis (COMDES). como agronomia, engenharia civil, do CREA-SC, Carlos Alberto Kita Xavier.
Com 50 quilômetros de extensão, industrial, geologia, agrimensura, en- Segundo ele, entre outras necessi-
pontes, trevos, túneis, viadutos e inú- genharia de minas, elétrica e de se- dades urgentes para a melhoria da mo-
meras passagens em desnível, o contor- gurança do trabalho. “O projeto será bilidade urbana na região estão outros
no pode diminuir em até 20% o fluxo de transformado em livro e vai contribuir projetos fundamentais como a quarta
veículos na região, favorecendo o trans- para orientar empresas e profissionais ligação ilha-continente, a reativação
porte de mercadorias e de passageiros sobre a correta interpretação da legis- da Ponte Hercílio Luz, a duplicação de
entre o litoral Norte e Sul do estado. lação,” acrescenta Penter. rodovias, novos acessos e elevados, in-
“Além de identificar as empresas e Desde o início das atividades, foram vestimentos nos meios de transportes
profissionais que desenvolvem as ativi- realizadas 35 visitas, com a fiscalização públicos, a inclusão de outras modali-
dades técnicas, o projeto coloca o Con- de 78 empresas, das quais 53 já concluí- dades como o transporte marítimo e o
selho como parceiro útil à sociedade por ram as atividades e 25 ainda estão em ferroviário e, logicamente, a conclusão
meio da fiscalização e de ações efetivas andamento. No total foram cadastradas definitiva da BR 101 Sul.

Engenharia e Mútua: trabalho pela qualidade de vida

N
o dia 11 de dezembro de 1933 foi publicado o Decreto plano de saúde, inúmeros benefícios reembolsáveis, parcerias
nº 23.569 regulamentando a profissão de engenheiro. para descontos em cursos, entre outros, são disponibilizados
Há 82 anos, o Estado reconheceu legalmente a profis- aos profissionais e suas famílias.
são, estipulando os princípios, deveres e direitos norteadores “Uma história de dedicação, de doação ao próximo e com
do ofício, que apenas pode ser exercido por pessoas devi- um olhar para o futuro. Isso pode ser aplicado tanto para a
damente qualificadas e habilitadas perante os Conselhos de trajetória da Engenharia brasileira, quanto para a da Mútua.
Engenharia e Agronomia. Esse mesmo Decreto representa a As duas trabalham pelo bem comum, melhorando a vida das
origem do Dia do Engenheiro, comemorado em homenagem a pessoas e suprindo suas necessidades. Nesta nova gestão da
esta data emblemática – 11 de dezembro. Mútua, iniciada em agosto deste ano, destaca-se a essência
Com o passar dos anos, a Engenharia brasileira cresceu da Caixa de Assistência, aos preceitos contidos na lei de cria-
e se estruturou, sendo precursora no tocante à regulamen- ção da Mútua, priorizando os benefícios e o amparo social
tação profissional e técnica no Brasil, com seu modelo de aos profissionais que mais necessitam, praticando, de fato, o
Conselho Federal e os Regionais em cada unidade federa- mutualismo. Em especial, queremos passar a oferecer bolsas
tiva. Após 44 anos do Decreto nº 23.569, o Sistema Con- de estudo para os filhos de profissionais carentes e para can-
fea/Crea comemorou a promulgação da Lei nº 6.496, de 7 didatos carentes aos cursos da área tecnológica”, enfatiza o
de dezembro de 1977, que autorizou a criação da Caixa de diretor-presidente da Mútua, engenheiro civil Paulo Roberto
Assistência dos Profissionais do Crea (Mútua), uma grande Queiroz Guimarães.
conquista para os engenheiros e, também, para os demais O presidente da Mútua ainda reforça a importância da
profissionais inscritos no Sistema. união entre os profissionais e entre as diversas instâncias e en-
A Mútua, que é chamada de ‘braço assistencial do Sistema’, tidades representativas e defensoras da Engenharia. “É preciso
vem caminhando junto com os engenheiros há 38 anos, tra- que todos - profissionais, entidades de classe, Creas, Confea e
balhando para o bem-estar e a qualidade de vida de milhares Mútua - estejamos unidos pelo fortalecimento da Engenharia
de profissionais de todo o país. Diversos produtos e serviços, brasileira”, sustenta Paulo Guimarães, ao parabenizar os enge-
como benefícios sociais, plano de previdência complementar, nheiros de todo o Brasil neste 11 de dezembro.

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Setor imobiliário celebra os 35 anos
do Sinduscon e 21 do Secovi

U
ma cerimônia conjunta cele- de lutas e vitórias do sindicato. “Aquela Secovi de Florianópolis e Tubarão, des-
brou os 35 anos do Sindicato foi uma noite para relembrar os grandes tacou a importância de todos que cons-
da Indústria da Construção feitos da entidade e agradecer aqueles truíram a entidade em seus 21 anos.
Civil da Grande Florianópolis (Sin- que fazem parte da história do Sindus- “Somos uma referência nacional, con-
duscon) e os 21 anos do Sindicato da con, pois foi com o esforço dos ex-presi- dição reforçada no ano passado com a
Habitação de Florianópolis e Tubarão dentes, diretorias, associados e colabo- realização do 18º Conami, o Congresso
(Secovi), no dia 19 de novembro, no radores que nos tornamos um sindicato Nacional do Mercado Imobiliário, que
CentroSul, na Capital. A comemoração forte e de expressão nacional”, disse é um dos mais importantes eventos do
contou com a participação de lide- Bairros. O presidente do Sinduscon re- setor no país. Foram cerca de mil parti-
ranças empresariais, personalidades lembrou de grandes ações desenvolvi- cipantes de 18 estados, com três dias de
políticas, associados, ex-presidentes das pelo sindicato. “Construímos uma palestrantes nacionais e internacionais
e diretoria de ambas as entidades, sede própria, buscamos a luz da justi- da mais alta qualidade. Um sucesso que
além de representantes da mídia e ça quando os direitos dos empresários consolidou ainda mais o Secovi como
convidados especiais. A ideia de unir foram lesados e, este ano, lideramos o entidade reconhecida por seu trabalho
as entidades em um só evento foi para processo de criação da Cooperativa da pela qualificação e desenvolvimento do
fortalecer o associativismo como ca- Construção Civil no Estado de Santa Ca- mercado imobiliário”, avaliou. Fernan-
minho para cidades mais humanas e tarina (Coopercon-SC). Enfim, estamos do Willrich também citou a formação da
sustentáveis. presentes no desenvolvimento ordena- Universidade Secovi, “que proporciona
Segundo o presidente do Sinduscon, do nas 22 cidades onde atuamos”, res- uma conceituada agenda de cursos e,
Helio Bairros, era necessário realizar saltou o presidente Helio Bairros. em pouco mais de um ano, já qualificou
uma cerimônia para celebrar os 35 anos Fernando Willrich, presidente do mais de mil profissionais na região".

Celebração e planejamento marcam última


reunião do COMDES que tem novo presidente

N
a última reunião de 2015 do construção”, lembrou e citou ainda o eleito por aclamação, é o administra-
COMDES representantes das debate em torno dos Terrenos de Ma- dor Adriano Ribeiro, representante
entidades exaltaram os resul- rinha e as obras no aeroporto Hercílio do Conselho Regional de Administra-
tados obtidos pelo conselho e já ini- Luz. O Deputado Estadual Mário Mar- ção (CRA-SC). Juntamente com Celso
ciaram planos para 2016. O encontro, condes também esteve presente na Leal, Adriano conduziu o debate so-
que aconteceu no dia 18 de dezem- reunião e relembrou a parceria entre bre os trâmites do Plano Diretor de
bro, presidido pelo engenheiro Celso o parlamentar e o COMDES no ano de Florianópolis, que mobiliza diversos
Ternes Leal teve como destaque o de- 2015, com participações mútuas em setores da sociedade e que promete
bate sobre o Plano Diretor de Floria- reuniões e audiências públicas na As- ser uma das preocupações principais
nópolis e a eleição do novo presidente sembleia Legislativa. do Conselho em 2016.
do conselho para a gestão de 2016. Reforçando os agradecimentos,
O Deputado Federal Esperidião o presidente Celso Leal, destacou
Amim, que esteve presente em várias como o diálogo com o poder públi-
reuniões no decorrer do ano, fez bre- co demonstrou necessidades para
ve retrospecto de pontos negativos e o desenvolvimento com qualidade
positivos conquistados para a Região da Região Metropolitana a partir do
Metropolitana em 2015. “A obra que ponto de vista da sociedade e de es-
merece destaque para o COMDES é pecialistas.
o sucesso com a Alça do Contorno,
que mesmo com algumas ressalvas, CRA assume a presidência do COMDES
este ano começou a desenrolar sua O novo presidente do COMDES,

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● Panorama

Por Valter Sarmento

Crescei e ... Engenheiro civil


Presidente da Associação
Brasileira de Engenheiros

ocupai espaços
Civis Departamento da Bahia
ABENC-BAHIA

vsmsarmento@hotmail.com

É
da natureza humana a sua expansão popula- biente, aqui, deve ser entendido no seu sentido maior,
cional e a ocupação de novos espaços. E surge ou seja, não se considerando apenas aspectos hedôni-
a necessidade da movimentação entre os es- cos do espaço onde vive o ser humano, mas também
paços ocupados. E a movimentação dos seres humanos os ganhos sociais e econômicos gerados pelas interven-
e dos produtos e serviços que lhes atendem, entre os ções no espaço natural.
espaços ocupados, exigem por sua vez estruturas físi- Sabemos que as conceituações dos elementos envol-
cas que também ocupam espaços. Estes processos são vidos em questões ambientais podem ser controversas a
parte de um conjunto maior de fenômenos que con- se considerar isoladamente os interesses dos segmentos
ceituamos como desenvolvimento, mas que não devem sociais, setores econômicos e visões políticas envolvidas.
implicar desconfortos ou prejuízos para o meio social. Neste contexto, os estudos e projetos de enge-
A ocupação racional de novos espaços para o aten- nharia, buscando soluções técnicas, conceitos de
dimento das necessidades do desenvolvimento huma- sustentabilidade e priorizando o elemento humano,
no, bem como das soluções de mobilidade de pessoas e tendem a ser isentos ou equidistantes em relação
produtos, exigem obras e projetos de engenharia. aos interesses envolvidos. Assim, assumem uma di-
Mas não há obras de engenharia sem custos, in- mensão social que ainda não está refletida na ad-
cluindo-se os custos ambientais. Entretanto, há que se ministração pública brasileira. Faltam os projetos
garantir a contrapartida dos ganhos sociais e das sem- de engenharia tempestivos para identificarem e so-
pre necessárias compensações pelo uso de espaços e lucionarem as questões ambientais. O desenvolvi-
recursos naturais. Por isto, os projetos de engenharia mento social é nosso destino e deve ser conquistado
devem ser elaborados dentro da premissa que deles se se compatibilizando a preservação racional do meio
gerem ganhos ambientais sempre. O conceito de am- ambiente com o desenvolvimento econômico.

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