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História da música

Samba

Alissa Torres Menezes

11/2016
História

O samba é caracterizado por uma rica polirritmia, em que diversos


instrumentos propõem desenhos rítmicos diferentes.

Existem algumas versões acerca do nascimento do termo "samba". Uma


delas afirma ser originário do termo "Zambra" ou "Zamba", oriundo da língua
árabe, tendo nascido mais precisamente quando da invasão dos mouros à
Península Ibérica no século VIII. Uma outra diz que é originário de um das
muitas línguas africanas, possivelmente do quimbundo, onde "sam" significa
"dar", e "ba" "receber" ou "coisa que cai". Ainda há uma versão que diz que a
palavra samba vem de outra palavra africana, semba, que significa umbigada.

No Brasil, acredita-se que o termo "samba" foi uma corruptela de


"semba" (umbigada), palavra de origem africana - possivelmente oriunda de
Angola ou Congo, de onde vieram a maior parte dos escravos para o Brasil.
Um dos registros mais antigos da palavra samba apareceu na revista satírica
pernambucana O Carapuceiro, datada de 3 de fevereiro de 1838, quando Frei
Miguel do Sacramento Lopes Gama escrevia contra o que chamou de "samba
d'almocreve" - ou seja, não se referindo ao futuro gênero musical, mas sim a
um tipo de folguedo (dança dramática) popular de negros daquela época. De
acordo com Hiram da Costa Araújo, ao longo dos séculos, as festas de danças
dos negros escravos na Bahia eram chamadas de "samba". No Rio de Janeiro,
no entanto, a palavra só passou a ser conhecida ao final do século XIX, quando
era ligada aos festejos rurais, ao universo do negro e ao "norte" do país, ou
seja, a Bahia.

No início do século XX, a literatura carioca já registrava frequentemente


o termo samba, que àquela altura estava cada vez mais distante de sua
inspiração folclórica e mais próximo das situações em que diziam respeito ao
ambiente urbano e já mestiçado da então capital brasileira. Comparado com o
maxixe e o tango, o samba aos poucos estava sendo pavimentado e, já
dispondo de instrumentos percussivos, foi gradualmente ganhando
popularidade como ritmo musical do Rio de Janeiro.

Avó do compositor Bucy Moreira, Tia Ciata foi uma das responsáveis
pela sedimentação do samba carioca. Uma das principais lideranças negras da
Cidade Nova, Ciata comandava uma pequena equipe de baianas que vendia
doces e quitutes, confeccionava trajes de baianas para os clubes
carnavalescos oficiais e era muito respeitada por parte da elite carioca.
Segundo o folclore de época, para que um samba alcançasse sucesso, ele
teria que passar pela casa de Tia Ciata e ser aprovado nas rodas de samba
das festas, que chegavam a durar dias. Muitas composições foram criadas e
cantadas em improvisos, caso do samba "Pelo telefone" (de Donga e Mauro de
Almeida), samba para o qual também havia outras tantas versões, mas que
entraria para a história da música brasileira como o primeiro a ser gravado, em
1917.

Depois da fundação da Deixa Falar, o fenômeno das escolas de samba


tomou conta do cenário carioca. Juntamente com as escolas de samba que
galgaram estágios de aceitação, admiração e paternalização através dos anos,
o samba-enredo se tornou um dos símbolos nacionais. Inicialmente, o samba-
enredo não tinha enredo, mas isso mudou quando o Estado - notadamente
durante o Estado Novo de Getúlio Vargas - assumiu a organização dos desfiles
e obrigou o sambas-enredo a ser sobre a história oficial do Brasil. A letra do
samba-enredo conta uma história que servirá de enredo para o
desenvolvimento da apresentação da escola de samba. Em geral, a música é
cantada por um homem, acompanhado sempre por um cavaquinho e pela
bateria da escola de samba, produzindo uma textura sonora complexa e densa,
conhecida como batucada.

Durante a década de 1930, era costume em um desfile de escola de


samba que, na primeira parte, esta apresentasse um samba qualquer e, na
segunda parte, os melhores versadores improvisassem, geralmente com
sambas saídos do terreiros das escolas (atuais quadras). Estes últimos ficaram
conhecidos como sambas-de-terreiro. Iniciadas nos moldes dos ranchos
carnavalescos, as escolas de samba – inicialmente com Mangueira, Portela,
Império Serrano, Salgueiro e, nas décadas seguintes, com Beija-Flor,
Imperatriz Leopoldinense e Mocidade Independente – cresceriam ao logo das
décadas seguintes até dominarem o Carnaval carioca, transformando-o em um
grande negócio com forte impacto no movimento turístico.

A década de 1970 marcaria um período de revalorização do samba, com


a projeção comercial de uma nova geração de artistas, como Alcione, Beth
Carvalho e Clara Nunes, Bezerra da Silva, João Nogueira, Nei Lopes, Roberto
Ribeiro e Wilson Moreira, que juntamente com Paulinho da Viola, Martinho da
Vila e Elton Medeiros se firmariam como a nova geração do samba brasileiro,
enquanto sambistas da chamada "velha guarda", como Candeia, Cartola e
Nelson Cavaquinho, se consagraram com a gravação de seus próprios
trabalhos individuais. Como o samba passou a ser novamente muito executado
nas emissoras de rádio, muitos destes artistas chegaram até a alcançar os
primeiros lugares nas paradas, com grande destaque para sua vertente partido-
alto e ao que alguns chamaram como samba-joia.

Embora o termo tenha surgido no início do século XX nas rodas na casa


da Tia Ciata, inicialmente para designar música instrumental, samba-de-
partido-alto passou a ser difundido comercialmente, durante a década de 1970,
como um estilo de samba marcado por uma batida de pandeiro altamente
percussiva, com uso da palma da mão no centro do instrumento para estalos.
Sua harmonia é sempre em tom maior, geralmente tocado por um conjunto de
instrumentos de percussão (normalmente surdo, pandeiro e tamborim) e
acompanhado por um cavaquinho e/ou por um violão. Um de seus principais
expoentes foi Martinho da Vila, tido como responsável não apenas por trazer o
estilo partido-alto - então cultivado quase que exclusivamente pelos moradores
dos morros cariocas ligados às escolas de samba - ao público em geral, como
também por ter suavizado suas formas, dando-lhe mais musicalidade e lhe
conferindo versos mais concisos, embora esse partido-alto assimilado pela
indústria fonográfica é feito de solos escritos, e não mais improvisados e
espontâneos, segundo os cânones tradicionais.

Samba misturado com outros gêneros


O Partido Alto é um tipo antigo de samba tocado e cantado em roda,
caracterizado por improvisações. Os participantes acompanham batendo palma
enquanto cantam. O desenho rítmico característico desse gênero é o do
pandeiro. Segundo o historiador Ney Lopes, à partir dos anos 60, esse gênero
tornou-se conhecido graças as gravações que, porém, eliminaram os
improvisos. Grade foi o sucesso nesse período, de Martinho da Vila. Zeca
pagodinho e Dudu nobre estão entre os intérpretes mais populares.

O Samba-reggae é um gênero musical nascido no estado da Bahia


criado e difundido pelo maestro Neguinho do Samba. Como o próprio nome
sugere, é uma fusão entre o samba brasileiro e o reggae jamaicano,
representado fortemente na figura do negro. Por ser um gênero de origem
baiana, é erroneamente chamado de axé music.

O Samba-Choro é um subgênero musical surgido na década de 1930


resultante das fusões dos elementos rítmicos e da formação instrumental do
samba com o choro, ambos gêneros musicais da música popular brasileira.

O Samba-rock é um subgênero musical que surgiu da criatividade dos


frequentadores dos bailes - em casas de família e salões da periferia de São
Paulo - no final da década de 1950 e começo da década de 1960, mesclando
os movimentos do rock and roll com os passos do samba de gafieira. Nasceu
ao som dos primeiros DJs e, depois, das equipes de som.

O Samba-Funk é um subgênero musical resultante da fusão do samba


brasileiro ao funk norte-americano e criado no final da década de 1960 pelo
pianista Dom Salvador e o seu Grupo Abolição (que se mais tarde tornaria a
Banda Black Rio). Artistas como Tim Maia e Jorge Ben Jor também
incursionaram o gênero.
O Samba-canção aparece no final da década de 1920. Caracterizado
por melodias românticas e sentimentais, e andamento lento. O samba-canção
ou choro-canção é influenciado pelo bolero mexicano. A primeira música que
divulgou o subgênero foi “Linda flor” em 1929. Compuseram samba-canção
compositores como Noel Rosa, Cartola, Nelson cavaquinho e Guilherme de
Brito, entre outros.

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