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Curso de feridas e viabilidade

tecidular

Introdução, Avaliação da pessoa com ferida


Paulo Ramos, Rn, Msd
Testemunho
Boa noite, Antes de mais, peço desculpa pela ousadia e por incomodar, mas depois do curso de
tratamento de feridas e todo o conhecimento que tentamos "sugar"-vos, achei por bem partilhar uma
das feridas crónicas que mais dores de cabeça me dava (e à utente então, nem se fala!)...Mulher, 92a,
HTA, insuficiência venosa IV, úlcera de perna com 40anos de evolução (seguida em CV). Imensamente (!)
medicada para a dor.

Menos de 2meses separam as fotos (após "esquecer" indicações de tratamento de CV) Desde há 3 anos,
que é a primeira vez que refere dor controlada (e não, não houve alteração terapêutica)

Obrigada e desculpe mais uma vez

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Testemunho

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Testemunho

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Onde procurar informação
• https://www.o-wm.com/
• https://www.woundsresearch.com/
• https://www.woundsinternational.com/
• https://www.wounds-uk.com/
• https://www.cochranelibrary.com/search
• https://ewma.org/
• https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed
• https://www.ordemenfermeiros.pt/%C3%A1rea-do-
enfermeiro/

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Sumário
• Pele, anatomia e fisiologia, revisão de conceitos;
• Fisiologia da cicatrização;
• Patofisiologia da cicatrização da ferida de cicatrização
complexa;
• Abordagem da pessoa com ferida
• Colheita e registo de dados

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Objetivos
• Objetivos geral:
– Capacitar os formandos para a prevenção e tratamento de
feridas;
• Objetivos específicos:
– Enumerar as diferentes fases do processo de cicatrização;
– Compreender as principais diferenças entre a cicatrização da
ferida aguda e da ferida crónica;
– Descrever pelo menos uma técnica de medição de ferida;
– Compreender a necessidade do uso de escalas de avaliação de
cicatrização.

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Pele, anatomia e fisiologia
É o maior órgão do
corpo humano

2 m2
É a barreira e o meio de
conexão entre o meio
ambiente e os órgãos
internos

Reflete a condição geral do corpo


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Pele, anatomia e fisiologia

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Pele, anatomia e fisiologia

Epiderme:
• Queratinócito
• Melanócito
• Células de Merkel
• Células de Langerhans

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Pele, anatomia e fisiologia
A derme ou córium, é a camada mais densa da pele.

É constituída por fibroblastos, é vascularizada e enervada.

A espessura da derme varia com as diferentes zonas do corpo.

As proteínas predominantes são: o colagénio, e a elastina


(sintetizadas pelos fibroblastos).

A derme suporta a epiderme e é constituída por duas


camadas: a papilar e a reticular.

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Pele, anatomia e fisiologia
1 – CAMADA PAPILAR OU ESTRATO PAPILAR

CARACTERÍSTICAS
• Liga-se intimamente à epiderme por projeções do
tecido conectivo – as papilas
• Os novelos de capilares asseguram a nutrição da
epiderme
• Há terminações nervosas livres, receptores
sensitivos e vasos linfáticos
(continua)

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Pele, anatomia e fisiologia
1 – CAMADA PAPILAR OU ESTRATO PAPILAR

CARACTERÍSTICAS (continuação)

 O tecido conectivo é constituído por


fibrócitos, entrelaçados com
fibras elásticas de colagénio

 Os espaços intercelulares estão


preenchidos com a Matriz
Extracelular

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Pele, anatomia e fisiologia
2 – CAMADA RETICULAR OU ESTRATO RETICULAR

CARACTERÍSTICAS

• Feixes de fibras de colagénio fortemente


entrelaçados entre os quais se alojam feixes de
fibras elásticas

• É capaz de absorver e expelir água

• As fibras de colagénio orientam-se


obliquamente, em relação à epiderme ou
paralelamente, à superfície do corpo

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Pele, anatomia e fisiologia
COLAGÉNIO: esta é a maior proteína ELASTINA: esta proteína é responsável por
munir a pele de elasticidade e providenciar a
estrutural encontrada na derme e é renovação permanente da pele.
segregada pelos seus fibroblastos.
A elastina é também uma proteína modeladora
como o colagénio e contém grande quantidade
O colagénio é a proteína que dá à pele de prolina e glicina.

a força tênsil e os seus principais


As fibras de elastina são formadas por fibras
constituintes são: a prolina, a glicina, a elásticas que lhe proporcionam uma
hidroxiprolina e a hidroxilisina. elasticidade de tal forma que após terem sido
esticadas são capazes de voltarem à sua
posição inicial.

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Pele, anatomia e fisiologia

CARACTERÍSTICAS

O tecido celular subcutâneo, hipoderme ou fáscia superficial, forma a camada


celular subcutânea.

Esta é uma camada adiposa que contém os vasos do plexo subdermal.

Esta camada liga a derme às estruturas mais profundas e proporciona ao corpo,


para além de isolamento, uma pronta reserva de energia e um almofadamento
adicional conferindo-lhe ainda uma mobilidade que lhe advém das estruturas
adjacentes .
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Fisiologia da cicatrização
Ruptura da pele

Fase Inflamatória

Fase Proliferativa

Ocorre com sobreposição das diferentes fases


Fase de Maturação
Cada Fase do Processo de Cicatrização é
caracterizada pela presença de células especificas e
por ocorrências particulares

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Fisiologia da cicatrização
FERIDA
Hemóstase Fase
Fase Fase
Local Inflamação de
destrutiva proliferativa
maturação

Fase 1 2 3 4
Fase Fase Fase
Sistémica inicial /aguda catabólica anabólica
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Hemóstase
FNT NO

Lesão celular

Agregação
Lesão Plaquetária
Vascular

0h 4h Inflamação
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Inflamação

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Inflamação

Exsudato/ Edema Neutrófilos Macrófagos Colagenase / Elastase

MMPs

Desbridamento
Dias 24h 48h 72h
Hemostase
Inflamação

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Metaloproteínases ou Matrixinas
Família de Endopeptidases Zn2+ dependentes:

Segregadas por proenzimas libertadas


por:
- Fibroblastos
- Macrófagos
- Neutrófilos
- Células sinoviais
- Células epiteliais

Secreção induzida por:


- PDGF
- FGF
- IL-1
- TNF
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Metaloproteínases ou Matrixinas

Acções sobre a Matriz Extra-Celular (MEC):

• Promovem a Degradação de todos os componentes.

• Facilitam a migração de fibroblastos na MEC


e no leito das feridas.

• Capacidade para sintetizar o Colagéneo.

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Proliferação
• Angiogénese, tecido de
granulação e epitelização;

• Papel ativo de fatores de


crescimento libertados pelos
macráfagos, neutrófilos e
plaquetas;

• Estimulação dos fibroblastos,


células endoteliais e epiteliais;
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Fibroblasto
Fibroblasto
Elastina
Fibrilas de
proelastina
Enzimas
Fibrilas de
procolagénio solúvel
Colagénio I

2/3 1/3
Substância
-Glicína Outros
amorfa
- Prolina amino-
- Hidroxi- ácidos

Proteoglicanos prolina

Pro-Proteoglicanos
Enzimas

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Proliferação
Tecido de granulação

ME C
Colagénio, elastina, proteoglicanos, fibronectina, laminina
proteinas solúveis e integrinas

Sistema de Comunicação
orientação intercelular
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Maturação
Fase de maturação

Epitelização Contracção Reorganização


do do
completa tecido de suporte tecido conectivo

Miofibroblastos
TGF-β

Cicatrização
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Cronograma da cicatrização

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Cicatrização completa!

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Fisiopatologia da ferida de
cicatrização complexa

Paulo Ramos, RN, Msd


Fisiopatologia da ferida de cicatrização
complexa

Fase de Fase
Maturação Inflamatória
Ferida
De
cicatrização
complexa

Fase de
Proliferação

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Fisiopatologia da ferida de cicatrização
complexa
Feridas agudas Feridas de cicatrização
complexa

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Fisiopatologia da ferida de cicatrização
complexa
Ph alcalino
Metaloproteinases Inflamação ativa
persistente
Inibidores de MMP
Carga necrótica
Infeção local/
biofilme/ Estado geral da pessoa
resposta do
hospedeiro Adesão ao tratamento
Senescência celular Estigma/ isolamento
social
Material de penso/
tratamentos
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Fisiopatologia da ferida de cicatrização
complexa

ALTERADO / INTERROMPIDO

FACTORES FACTORES
INTRÍNSECOS EXTRÍNSECOS

 Pressão
 Infeção
 Má técnica de execução do
 Má nutrição
tratamento
 Insuficiência venosa/arterial  Pensos inadequados

 Diabetes  Utilização de antissépticos


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Fisiopatologia da ferida de cicatrização
complexa

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Fisiopatologia da ferida de cicatrização
complexa
A correção deste microambiente passa por uma avaliação holística da pessoa
tendo em conta os seguintes fatores:

• Fatores extrínsecos – estilo de vida, calçado (pé diabético), cama e cadeira


(úlceras por pressão), superfícies de apoio em uso, estado socioeconómico,
dinâmica familiar, material disponível para tratamento, adesão ao
tratamento e outros.

• Fatores intrínsecos – idade, sexo, comorbilidades, alergias, medicação, tipo


de pele, estado nutricional, incontinência, imobilidade e outros.

• Avaliação da ferida – dimensões, profundidade, estado da pele


circundante, nível de exsudado, tipo de tecido presente, sinais de infeção e
outros.
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Abordagem da pessoa com ferida
Recursos
Fatores Relacionados com
a pessoa
Fatores relacionados com
a ferida
Fatores relacionados com
o profissional de saúde disponíveis e
tratamento

Fluxograma de avaliação da
Patologia Duração
senescência Perícia Conhecimentos

Comorbilidades Área da ferida e pessoa com ferida de


profundidade
Diagnóstico Sistema de saúde; cicatrização complexa.
Disponibilidade de materiais
Alergias Estado do leito da
ferida
Custo efetividade
Reembolso
Traduzido e adaptado de:
Medicação
European Wound Management
Association. (2008). Hard-to-
Isquemia Terapêutica

Psicossocial Inflamação/
infeção
heal wounds: a holistic
Dor Localização
Intervenção
approach. EWMA, 8, 1–19.
anatómica
https://doi.org/10.1093/jac/dkh
Adesão ao
tratamento Resposta ao
tratamento
513
Plano de cuidados:
Estabelecer objectivos
Ter em conta:
Complexidade da ferida aumenta Fatores relacionados com a
Maior possibilidade de uma ferida de dificil cicatrização
pessos
Fatores relacionados com a
ferida
Rever: Instituir tratameno
Rever todo o processo
Diagnóstico Processo de tratamento: Falha apesar de Processo de tratamento: melhoria da ferida
Circunstâncias cuidados de acordo com o standart com os cuidados Standart
Tratamento
Progresso
Método de tratamento
Opções Reavaliar o progresso; Probabilidade de Pouco provável que seja uma ferida de
Referenciação Potencial ferida de difícil cicatrização se tornar uma ferida de difícil cicatrização difícil cicatrização

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Abordagem da pessoa com ferida

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Colheita e registos de dados

Paulo Ramos, RN, Msd


Avaliação local da ferida
• Avaliação local da ferida apesar de ser considerada essencial para a
monitorização da evolução da cicatrização, nem sempre é registada;

• É fundamental que a medição das feridas seja fiável, reprodutível,


sensível, flexível, estandardizada e que transmita a informação;

• A medição da área da ferida pode ser obtida recorrendo a um


conjunto de técnicas, como por exemplo, régua linear, régua Kundin,
decalque e técnicas que não implicam o contacto ex. fotografia

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Avaliação local da ferida - Escalas
• PUSH-PT;

• PSST-PT;

• RESVECH 2.0 – PT;

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Avaliação local da ferida - Escalas

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Avaliação local da ferida – Sistemas digitais

Silhouette, aranz medical -


sistema de avalição de feridas. https://play.google.com/store/apps/details?id=it.h
ealthpath.mowa&hl=pt_PT
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Conclusão
• A compreensão do normal processo de cicatrização nas feridas agudas é
fundamental para perceber as alterações que este sofre na ferida de
cicatrização complexa;

• As feridas de cicatrização complexa são entidades distintas e que


requerem uma abordagem diferenciada;

• A monitorização da cicatrização é essencial para perceber se a ferida se


encontra em processo de melhoria ou agravamento, e também para a
obtenção de indicadores de resultado.

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