Você está na página 1de 7

PORTARIA N ° 061, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2005.

Aprova a Diretriz Estratégica para Atuação na Faixa de Fronteira contra Delitos Transfronteiriços e
Ambientais, integrante das Diretrizes Estratégicas do Exército (SIPLEX-5), e dá outras
providências.

O COMANDANTE DO EXÉRCITO, no uso das atribuições que lhe conferem o art. 4° e


o inciso IV do art. 17A da Lei Complementar n° 97, de 9 de junho de 1999, e de acordo com que
propõe o Estado-Maior do Exército, ouvido o Comando de Operações Terrestre, resolve:

Art. 1° Aprovar a Diretriz Estratégica para Atuação na Faixa de Fronteira contra Delitos
Transfronteiriços e Ambientais, integrante das Diretrizes Estratégicas do Exército (SIPLEX-5), que
com esta baixa.

Art. 2° Determinar que o Estado-Maior do Exército, o Comando de Operações Terrestres, o


Comando Militar do Sul, o Comando Militar da Amazônia, o Comando Militar do Oeste, o Centro
de Inteligência do Exército e o Centro de Comunicação social do Exército adotem, em seus setores
de competências, as providências decorrentes.

Art. 3° Estabelecer que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação.

DIRETRIZ ESTRATÉGICA PARA ATUAÇÃO NA FAIXA DE FRONTEIRA CONTRA


DELITOS TRANSFRONTEIRIÇOS E AMBIENTAIS

1. FINALIDADE
Regular o emprego da Força Terrestre (F Ter) na faixa de fronteira, decorrente da atribuição
subsidiária particular estabelecida pelo inciso IV, Art.17A, da Lei Complementar n° 97, de 9 de
junho de 1999, alterada pela Lei Complementar n° 117, de 2 setembro de 2004.
2. OBJETIVOS
a. Orientar a atuação da F Ter na faixa de fronteira.
b. Estabelecer as condições para a ampliação das ações da F Ter na faixa de fronteira.
c. Estabelecer as responsabilidades de planejamento, coordenação e execução das ações na faixa
de fronteira.
d. Definir delitos transfronteiriços e ambientais.

3. BASE LEGAL
a. Constituição da República Federativa do Brasil.
b. Lei Complementar n° 97 (LC 97/99), de 9 de junho de 1999 Dispõe sobre as normas
gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas (FA).
c. Lei Complementar n° 117 (LC117/04), de 2 de setembro de 2004 Altera a LC 97/99
atribuindo ações subsidiárias ao Exército Brasileiro.
d. Lei n° 6.634, de 2 de maio de 1979 Dispõe sobre faixa de fronteira.
e. Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 Dispõe sobre sanções penais e administrativas
derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente.
f. Decreto-Lei n° 2848, de 7 de dezembro de 1940 Código Penal.
g. Decreto-Lei n° 3689, de 3 de outubro de 1941 Código de Processo Penal.
h. Decreto-Lei n° 1001, de 21 de outubro de 1969 Código Penal Militar (CPM).
i. Decreto-Lei n° 1002, de 21 de outubro de 1969 Código de Processo Penal Militar
(CPPM).
j. Decreto n° 85.064, de 26 de agosto de 1980 Regulamenta a Lei 6.634/79.
k. Decreto n° 3.897, de 24 de agosto de 2001 Fixa as diretrizes para o emprego das FA na
garantia da lei e da ordem.

4. REFERÊNCIAS
a. Política de Defesa Nacional.
b. Política Militar de Defesa.
c. Sistema de Planejamento do Exército (SIPLEx).

5. PREMISSAS BÁSICAS
a. Esta Diretriz, específica para a F Ter, ampara-se no inciso III, do Art 15, da LC 97/99.
b. A faixa de até 150 Km de largura ao longo das fronteiras terrestres é designada faixa de
fronteira, sendo considerada fundamental para a defesa do território nacional (§ 2°, Art 20, da
Constituição da República Federativa do Brasil).
c. A atuação da F Ter não deverá comprometer sua destinação constitucional (Parágrafo único,
Art. 1°, LC 97/99).
d. A atuação da F Ter deverá observar as competências constitucionais e legais específicas dos
órgãos de segurança pública (OSP) e de outros órgãos públicos.
e. A atuação da F Ter na faixa de fronteira, baseada no inciso IV, Art.17A, da LC 97/99, é
considerada como atribuição subsidiária particular.
f. A F Ter poderá atuar isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder
Executivo, por frações constituídas e, em princípio, no cumprimento de missões pré-estabelecidas.
g. A F Ter deverá buscar a coordenação com órgãos do Poder Executivo, em particular os
OSP, sempre que possível e desejável, no planejamento e na execução das ações.
h. A F Ter não integra o sistema carcerário e prisional civil.

6. EXECUÇÃO
a. Considerações gerais
1) Os planejamentos deverão ser elaborados no contexto da Segurança Integrada.
2) No planejamento e na execução das ações, sejam preventivas (de caráter permanente) ou
repressivas, deve ser buscada a intensificação do contato com as demais FA, os OSP, o
Ministério Público e órgãos do Poder Judiciário, dos Ministérios da Justiça e do Meio Ambiente, da
Secretaria Nacional Antidrogas e da Secretaria da Receita Federal, e outros afins, sempre que
pertinente e possível.
3) O preso em flagrante delito deverá permanecer o tempo mínimo indispensável sob a
responsabilidade da F Ter.
4) Normas de Conduta específicas serão elaboradas para cada operação, levando-se em
consideração as condicionantes legais e jurídicas, as ações a serem realizadas e a proporcionalidade
do esforço e dos meios a serem empregados. Nesse sentido, deverão ser considerados, dentre outros,
os seguintes aspectos:
a) definição do procedimento da tropa nas diversas situações visualizadas;
b) proteção a ser dada à tropa, às pessoas e às instalações;
c) consolidação dessas Normas em documento próprio, com divulgação ampla a todos os
envolvidos; e
d) o eventual cometimento de delitos por parte dos executantes, particularmente por abuso
de autoridade.
5) A atuação da F Ter na prevenção e na repressão aos delitos transfronteiriços deve estar
focada, em princípio, sobre os seguintes ilícitos:
a) a entrada (e/ou a tentativa de saída) ilegal no território nacional de armas, munições,
explosivos e demais produtos controlados, conforme legislação específica (Lei de Segurança
Nacional Lei n° 7.170, de 14 Dez 83; Estatuto do Desarmamento Lei n° 10.826, de 22 Dez 03;
Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados Decreto n° 3.665, de 20 Nov 00);
b) o tráfico ilícito de entorpecentes e/ou de substâncias que determinem dependência física
ou psíquica, ou matéria prima destinada à sua preparação (Lei n° 6.368, 21 Out 76; Lei n° 10.409,
de 11Jan 02; Decreto n° 3.665, de 20 Nov 00);
c) o contrabando e o descaminho, especificados no Código Penal Comum (Decreto-Lei n°
2.848, de 07 Dez 40);
d) o tráfico de plantas e de animais (Lei de Crimes Ambientais Lei n° 9.605, de 12 Fev
98; Código Florestal Lei n° 4.771, de 15 Set 65; Código de Proteção à Fauna Lei n° 5.197, de 03
Jan 67); e
e) a entrada (e/ou a tentativa de saída) no território nacional de vetores em desacordo com
as normas de vigilância epidemiológica (orientação técnica e normativa do Ministério da Saúde e da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária Lei n° 6.437, de 20 Ago 77 e Medida Provisória n°
2.190-34, de 23 Ago 01).
6) A atuação da F Ter na prevenção e na repressão aos delitos ambientais deve estar focada,
em princípio, sobre os seguintes ilícitos:
a) a prática de atos lesivos ao meio ambiente, definidos na Lei de Crimes Ambientais Lei
n° 9.605, de 12 Fev 98; no Código Florestal Lei n° 4.771, de 15 Set 75; e no Código de Proteção à
Fauna Lei n° 5.197, de 03 Jan 67;
b) a exploração predatória ou ilegal de recursos naturais (Lei n° 9.605, de 12 Fev 98); e
c) a prática de atos lesivos à diversidade e a integridade do patrimônio genético do País,
definidos na Medida Provisória n° 2.186-16, de 23 Ago 01.
7) Para os planejamentos de emprego da F Ter na prevenção e na repressão aos delitos
transfronteiriços e ambientais, considerar que podem ser incluídas, se necessário, as áreas indígenas
e/ou de preservação ambiental localizadas na faixa de fronteira (Decreto n° 4.411 e Decreto n°
4.412, de 07 Out 02).
b. Ações a realizar
1) De caráter geral, dentre outras:
a) buscar maior integração com os núcleos populacionais fronteiriços;
b) ampliar a presença militar na faixa de fronteira, aumentando o poder de dissuasão e
inibindo a ocorrência de delitos transfronteiriços e ambientais;
c) aumentar o intercâmbio das atividades de inteligência com os órgãos públicos; e
d) intensificar e aprimorar a preparação da tropa para o cumprimento das missões
estabelecidas no inciso IV, Art 17A., da LC 97/99, particularmente quanto aos procedimentos para
executar revista de pessoas e prisão em flagrante delito.
2) Preventivas, dentre outras:
a) intensificar as atividades de preparo da tropa, de inteligência e de comunicação social,
consideradas de caráter permanente;
b) cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, for desejável e em virtude de
solicitação, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução; e
c) prover segurança às atividades de órgãos federais, quando solicitado e desejável,
amparando-se no inciso de que trata esta Diretriz.
3) Repressivas, dentre outras:
a) instalar e operar postos de bloqueio e controle de estradas e fluviais e postos de
segurança estáticos;
b) realizar patrulhamento e revista de pessoas, veículos, embarcações, aeronaves e
instalações;
c) efetuar prisão em flagrante delito;
d) apoiar a interdição de pistas de pouso e atracadouros clandestinos, utilizados,
comprovadamente, para atividades ilícitas; e
e) fiscalizar produtos controlados.

7. ATRIBUIÇÕES
a. Estado-Maior do Exército
1) Manter atualizada a doutrina de emprego da F Ter, ajustando-a aos impositivos legais e ao
desenvolvimento de novos meios.
2) Prever a inclusão nos orçamentos anual e plurianual de recursos para o cumprimento das
atribuições subsidiárias particulares previstas no inciso IV, Art.17 A, da LC 97/99.
b. Comando de Operações Terrestres
1) Elaborar a Diretriz de Planejamento Operacional Militar (DPOM).
2) Aprovar os planejamentos operacionais dos C Mil A.
3) Elaborar as Normas Gerais de Conduta.
4) Planejar e orientar o preparo da F Ter para atuar na faixa de fronteira.
5) Atualizar o Programa de Instrução Militar (PIM) direcionado às OM que poderão atuar na
faixa de fronteira.
6) Planejar, orientar e supervisionar as atividades de Operações Psicológicas.
c. Outros Órgãos de Direção Setorial
- Ficar em condições de apoiar as necessidades levantadas nos planejamentos da F Ter.
d. Comando Militar da Amazônia, Comando Militar do Oeste e Comando Militar do Sul
1) Planejar sua atuação na faixa de fronteira, de acordo com a presente Diretriz e com a
DPOM expedida pelo COTER.
2) Elaborar Normas Particulares de Conduta, observando as características da operação a
ser executada e de sua área de atuação.
3) Conduzir a preparação específica de suas OM para o cumprimento das missões de que
trata a presente Diretriz, conforme orientação do COTER.
4) Intensificar a ligação com os OSP que atuam em áreas da faixa de fronteira situadas dentro
de sua área de responsabilidade.
5) No preparo da tropa, intensificar a instrução sobre as condicionantes legais e os
procedimentos a adotar para a revista de pessoas, veículos, embarcações, aeronaves e instalações,
bem como para efetuar prisão em flagrante delito e busca e apreensão. Nesse mister, especial
atenção para as condicionantes estabelecidas pelos CPM e CPPM, tudo visando a capacitar a tropa
para atuar dentro das normas do estrito cumprimento do dever legal .
6) Prover o assessoramento jurídico aos comandos responsáveis pelo emprego da tropa,
sempre que necessário.
7) Definir, quando do planejamento de cada operação, as necessidades em inteligência
(informações) e de ligações com outros órgãos, específicas para o emprego dos elementos
operacionais.
8) Estabelecer critérios para que o eventual emprego sistemático de tropa não comprometa o
princípio de rotatividade obrigatória de pessoal.
9) Planejar e orientar a condução de inspeções, por todos os níveis da cadeia de comando, com
o propósito de acompanhar a atuação da tropa, bem como os resultados obtidos.
e. Outros Comandos Militares de Área
- Ficar em condições de apoiar o Comando Militar da Amazônia, o Comando Militar do
Oeste e o Comando Militar do Sul.
f. Centro de Comunicação Social do Exército
1) Participar dos planejamentos de emprego da F Ter e destacar pessoal especializado para
reforçar o escalão executante, quando for o caso e mediante autorização do Comandante do
Exército.
2) Acompanhar de forma efetiva a atuação da tropa e os reflexos dessa atuação no âmbito dos
públicos interno e externo.
g. Centro de Inteligência do Exército
1) Participar dos planejamentos de emprego da F Ter e destacar pessoal especializado para
reforçar o escalão executante, quando for o caso e mediante autorização do Comandante do
Exército.
2) Orientar e coordenar a intensificação das atividades de inteligência na faixa de fronteira.
3) Acompanhar de forma efetiva a atuação da tropa e os reflexos dessa atuação no âmbito dos
públicos interno e externo, com o propósito de assessorar o processo decisório, nos diferentes níveis
da cadeia de comando.

(Boletim do Exército n° 07, de 18 de fevereiro de 2005.)

Você também pode gostar