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Livro Ar Comprimido PDF
Livro Ar Comprimido PDF
EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras
Praia do Flamengo, 66 – Bloco A – 14º andar - Flamengo
CEP 22210-030 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2514-5151 – Fax: (21) 2507-2474
F I C H A C ATA LO G R Á F I C A
CDU: 621.3.004
621.3.004.14.004.1
621.54
621.51
Trabalho elaborado no âmbito do contrato realizado entre a ELETROBRÁS/PROCEL e o consórcio
EFFICIENTIA/FUPAI
MME - MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA C O N S Ó R C I O E F F I C I E N T I A / F U PA I
Esplanada dos Ministérios Bloco "U" - CEP. 70.065-900
– Brasília – DF EFFICIENTIA
www.mme.gov.br Av. Afonso Pena, 1964 – 7º andar – Funcionários –
CEP 30130-005 – Belo Horizonte – MG
Ministra www.efficientia.com.br - efficientia@efficientia.com.br
Dilma Rousseff
Diretor Presidente da Efficientia
ELETROBRÁS/PROCEL Elmar de Oliveira Santana
Av. Rio Branco, 53 - 20º andar - Centro - CEP 20090- Coordenador Geral do Projeto
004 - Rio de Janeiro – RJ Jaime A. Burgoa/Tulio Marcus Machado Alves
www.eletrobras.com/procel - procel@eletrobras.com
Coordenador Operacional do Projeto
Presidente Ricardo Cerqueira Moura
Silas Rondeau Cavalcante Silva
Coordenador do Núcleo Gestor dos Guias
Diretor de Projetos Especiais e Desenvolvimento Técnicos
Tecnológico e Industrial e Secretário Executivo do Marco Aurélio Guimarães Monteiro
PROCEL
Aloísio Marcos Vasconcelos Novais Coordenador do Núcleo Gestor Administrativo-
Financeiro
Chefe de Departamento de Planejamento e Cid dos Santos Scala
Estudos de Conservação de Energia e Coordenador
Geral do Projeto de Disseminação de Informações FUPAI – Fundação de Pesquisa e Assessoramento à
de Eficiência Energética Indústria
Renato Pereira Mahler Rua Xavier Lisboa, 27 – Centro – CEP 37501-042 –
Itajubá – MG
Chefe da Divisão de Suporte Técnico de www.fupai.com.br – fupai@fupai.com.br
Conservação de Energia e Coordenador Técnico do
Projeto de Disseminação de Informações de Presidente da FUPAI
Eficiência Energética Djalma Brighenti
Luiz Eduardo Menandro Vasconcellos
Coordenador Operacional do Projeto
Chefe da Divisão de Planejamento e Conservação Jamil Haddad*
de Energia Luiz Augusto Horta Nogueira*
Marcos de Queiroz Lima
Coordenadora do Núcleo Gestor Administrativo-
Chefe de Departamento de Projetos Especiais Financeiro
George Alves Soares Heloisa Sonja Nogueira
1 Introdução 15
2 Conceitos Básicos 17
2.1 Sistemas de unidades 18
2.2 Temperatura (T) 18
2.3 Pressão (P) 19
2.4 Volumes e vazões volumétricas do ar 22
2.5 O ar atmosférico 25
2.6 Mudancas de estado do ar 31
2.7 Ar comprimido 35
5 O Tratamento do Ar Comprimido 62
5.1 Benefícios obtidos com o tratamento do ar comprimido 62
5.2 Conseqüências do tratamento ineficiente do ar comprimido 63
5.3 Secagem do ar comprimido 64
5.4 Filtragem do ar comprimido 71
5.4.1 Filtros e terminologia dos filtros 72
5.4.2 Perda de pressão ou perda de carga P 74
5.5 Drenagem do condensado gerado nos sistemas de ar comprimido 74
5.5.1 Classificação dos tipos de drenagem para condensado 75
5.5.2 Drenagem por meio de válvulas manuais 76
5.5.3 Drenagem com controle de nível 76
5.5.4 Drenagem por meio de válvulas magnéticas
de comando temporizado 77
5.5.5 Drenagem utilizando medição eletrônica de volume ocupado 78
5.5.6 Drenagem utilizando bóia para controle de nível 80
5.6 Separação do óleo contido na água 81
6 Aplicações 82
6.1 Puxar e grampear com ar comprimido 82
6.2 Transporte por ar comprimido 83
6.3 Sistemas de acionamento pneumático 83
6.4 Jateamento com ar comprimido 84
6.5 Operações com sopro de ar e jato de água 84
6.6 Operações de inspeção e teste 85
6.7 Controle de processos com ar comprimido 86
6.8 Aplicações especializadas 87
10 Bibliografia 154
Anexo A 157
A - Gestão Energética 157
Anexo B 176
B - Viabilidade Econômica 176
APRESENTAÇÃO
Em 2001, o Brasil vivenciou uma séria crise de abastecimento no setor elétrico. Duas cons-
tatações positivas, entretanto, sobressaíram-se desse episódio: a forte participação da so-
ciedade na busca de soluções; e o papel importante da eficiência no uso de energia.
Como conseqüência desse processo involuntário de aprendizagem, vem se formando
uma consciência de que a eficiência energética não pode estar vinculada apenas a ques-
tões conjunturais, mas deve fazer parte, de forma definitiva, da política energética nacio-
nal, mediante a adoção de ações que visem, por exemplo, agregar valor às ações já em
andamento no País, o desenvolvimento de produtos e processos mais eficientes e a in-
tensificação de programas que levem à mudança de hábitos de consumo.
Uma empresa que deseja alcançar uma estrutura de custos racionalizada e tornar-se mais
competitiva não pode admitir o desperdício ou usar a energia de forma ineficiente e ir-
responsável. É necessário, pois, o esforço de todos os empregados da empresa, visando
obter como resultado o mesmo produto ou serviço com menor consumo de energia, eli-
minando desperdícios e assegurando a redução dos custos.
Espera-se que as informações contidas neste Livro sejam úteis para os técnicos das em-
presas brasileiras, capacitando-os a implementar melhorias que resultem no uso respon-
sável dos recursos naturais e energéticos e na melhoria da competitividade dos setores
produtivos e de serviços do País.
A Eletrobrás / Procel e o Consórcio Efficientia / Fupai agradecem os esforços de todos
aqueles que participaram dos vários estágios da elaboração deste documento, incluindo
as fases de concepção inicial e de revisão final do texto. Registramos as contribuições, no-
tadamente, de Evandro Sérgio Camêlo Cavalcanti e Osvaldo Luiz Cramer de Otero (Cepel);
Andreas Hahn, Marcos Luiz Rodrigues Cordeiro e Rose Pires Ribeiro (Consultores).
SIGLAS E ABRE VIATUR AS
1 Introdução
O anexo B, importante e, talvez, essencial, traz o resumo dos principais conceitos de Ma-
temática Financeira e viabilidade econômica, a partir dos quais o profissional poderá jus-
tificar, financeiramente, a necessidade de implantação das medidas de eficientização ener-
gética.
Finalmente, acompanha este Livro um CD, no qual são encontrados documentos, pla-
nilhas e programas mencionados ao longo do texto que auxiliarão e facilitarão a aplica-
ção das orientações aqui contidas. São modelos propostos que podem e devem ser aper-
feiçoados à condição específica de cada usuário.
Um manual prático, do qual os conceitos aqui apresentados são extraídos e que va-
loriza mais os exemplos práticos e oferece dicas importantes, fórmulas, tabelas e gráfi-
cos úteis no dimensionamento de medidas de eficiência energética, também estará
disponível.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 17
2 Conceitos Básicos
Este capítulo visa sintetizar os princípios da Física que embasam o entendimento dos
processos de obtenção, distribuição e uso do ar comprimido.
TA B E L A 2 . 1 – U N I D A D E S M A I S C O M U N S
Volume V m3 m3 ft3
Temperatura T K ºC ºF
Existem termômetros que utilizam várias escalas de medição. No Brasil, adota-se a es-
cala Celsius, cujo símbolo é °C.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 19
Os valores em ºC poderão ser transformados para a escala absoluta (escala kelvin), cujo
símbolo é K, pela relação aproximada:
Os países de língua inglesa utilizam a escala Fahrenheit, cujo símbolo é ºF. A relação en-
tre esta escala e a Celsius é a seguinte:
P (Pa) = F / A (2.3)
F – valor da força, em N.
A – área superficial onde está aplicada a força, em m2.
Para fins práticos, pode-se considerar que 1 bar = 1 kgf/cm2. (O valor exato é 0,986
kgf/cm2.)
Nos países de língua inglesa é utilizada a unidade psi, que significa libras por polega-
da ao quadrado.
1 bar = 14,5 psi = 100.000 Pa = 760 mm Hg Ou 1 psi = 0,069 bar = 6,9 kPa
A atmosfera que envolve o planeta Terra é composta pela mistura de vários gases,
como oxigênio e nitrogênio, vapor de água, materiais sólidos particulados (poeiras) e ae-
rossóis.
O instrumento indicado para medir esta pressão é denominado barômetro. Por isso, a
pressão medida por ele é dita de pressão barométrica ou atmosférica local.
Ao nível do mar, que é a referência para as medições, o valor medido pelo barômetro
é de 1,013 bar. utilizaremos o símbolo Patm para designar a pressão atmosférica.
TA B E L A 2 . 2 – VA R I A Ç Ã O D A P R E S S Ã O AT M O S F É R I C A C O M
A A LT I T U D E A C I M A D O N Í V E L D O M A R
100 1,010
200 0,989
300 0,978
400 0,966
500 0,955
600 0,943
800 0,921
1000 0,899
1400 0,856
1800 0,815
2000 0,795
2400 0,756
3000 0,683
Fonte: NASA
Essa medição não leva em conta a ação da pressão atmosférica do local. O valor da
pressão manométrica é escrito assim: 7 bar.
Quando se deseja levar em conta a pressão atmosférica do local, deve-se usar a pres-
são absoluta, cujo símbolo é Pabs.
Para obter-se a pressão absoluta de uma medição, basta adicionar ao valor medido o
valor da pressão atmosférica local. Por exemplo, a pressão absoluta do valor manométri-
co citado acima em um local a 500 m acima do nível do mar será: 7 + 0,955 (valor da ta-
bela 2.2) = 7,955 bar abs. O valor deve vir acompanhado do símbolo (abs), para indicar que
se trata de pressão absoluta.
A relação entre o valor da pressão absoluta e o valor da pressão manométrica pode ser
escrita na forma:
Em certos sistemas ou instalações existem pressões cujos valores estão abaixo da pres-
são atmosférica do local. Neste caso, é dito que a pressão é negativa, e o seu valor deve-
rá vir acompanhado do sinal (-). É também denominada pressão de vácuo. Estes valores
são medidos por um instrumento denominado Vacuômetro.
■ Volume de ar livre V [ m3 ]
Vamos determinar pela geometria o volume ocupado por um cilindro, cujo valor será
denominado Vcil.
O volume do ar na condição livre é dado pelo volume do cilindro (figura 2.1) nas con-
dições de pressão e temperatura citadas acima.
Vcil = ( . d2 / 4) x h (2.5)
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 23
em que:
Vcil = volume do cilindro em m3
d = diâmetro em m
h = altura em m
É evidente que se estiver comprimido a 8 bar e com outra temperatura, o volume ocu-
pado pelo ar será bem menor que o do cilindro Vcil.
O volume de ar é dito volume padrão de ar normal e o seu valor deve vir acompanha-
do da letra N, maiúscula. Por exemplo: 50 Nm3 de ar
■ Volume de ar efetivo
Nestes casos, é necessário sempre referenciar o ar nas condições em que ele realmen-
te se encontra.
Conforme dito anteriormente, é preciso informar como este volume está sendo medi-
do ou referido.
Se for necessário converter, por exemplo, uma vazão efetiva (DLE) em m3/h, para as
condições normais (DLP), ou seja, para Nm3/h que o compressor aspira, pode-se utilizar a
relação abaixo (2.6):
em que:
Para obter o valor da vazão efetiva comprimida (DLE) na descarga do compressor, sen-
do dada a vazão padrão normal (DLP), deve-se utilizar a relação simplificada abaixo:
em que,
R=1+7=8
2.5 O ar atmosférico
■ Composição
TA B E L A 2 . 3 – TA B E L A D O A R S E C O PA D R Ã O
O ar atmosférico pode ser entendido como se fosse uma esponja úmida (figura 2.3).
Ela pode conter certa quantidade de água quando estiver relaxada, em equilíbrio. Mas
quando a esponja é comprimida, a água é precipitada. No final, alguma água ainda per-
manece na esponja quando a pressão terminar. O ar tem o comportamento muito simi-
lar ao da esponja quando é comprimido.
Toda vez que um líquido se transforma em vapor, dizemos que ele atingiu a pressão de
vaporização ou a de vapor naquelas condições de temperatura.
■ Umidade do ar
Existem duas formas de apresentar a umidade do ar: umidade absoluta e umidade re-
lativa.
UA = Gv / Gar (2.8)
Porém, a quantidade de água que pode ser contida no ar não é ilimitada. Ela depende
da pressão de saturação do vapor e da temperatura da mistura com o ar.
28 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Quando o ar contém o máximo de umidade possível (Gs), dizemos que o ar está satu-
rado. Isto significa que não existe possibilidade de se colocar mais água neste ar ou que,
se houver mais água que a umidade máxima, ela estará na forma líquida, condensada.
A relação entre o peso de vapor de água contida por kg de ar úmido e o peso de va-
por de água que o mesmo conteria se estivesse saturado recebe o nome de umidade re-
lativa, expressa em percentual:
TA B E L A 2 . 4 - M Á X I M A U M I D A D E D O A R
0 0,00623 4,8
5 0,00891 7,1
10 0,01251 9,4
15 0,01738 12,8
20 0,02383 17,3
25 0,03229 23,0
30 0,04325 30,4
35 0,05733 39,6
40 0,07520 50,7
45 0,09771 65,4
50 0,12578 82,3
■ Umidade absoluta
■ Umidade relativa
Exemplo
Determinar Pvs, Pv, UR, UA e a massa específica do ar atmosférico que apresenta as se-
guintes propriedades: TBS = 30ºC, TBU = 20ºC, Patm = 101.300 Pa (1,013 bar).
a) Pressão de saturação
Pvs = 22.105.649,25 . eX
X = (-27.405,526 + 97,5413 .T – 0,146244 .T4 + 0,00012558 .T4 - 0,000000048502 .T4) /
(4,34903 .T – 0,0039381 .T4)
T = TBU = 20 + 273 = 293 K
X = -9,16
Pvs = 2.315 Pa
b) Pressão de vaporização
Pv = Pvs – (Patm / 755) . 0,5 . (TBS - TBU)
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 31
c) Umidade relativa
UR = 100 . Pv / Pvs
UR = 100 x 1.644 / 2.315
UR = 71,0%
d) Umidade absoluta
UA = 0,622 . Pv / (Patm - Pv)
UA = 0,622 x 1.644 / (101.300 - 1.644)
UA = 0,01026 kg de água / kg de ar seco
= 1/ u
TBS = 30 + 273 = 303 K
u = (101.300 / Pabs) . (0,7734 + 1,224 . UA) . (TBS / 273)
u = (101.300 / 101.300) x (0,7734 + 1,224 x 0,01026) . (303 / 273)
u = 0,872
= 1/ u = 1 / 0,872
= 1,15 kg / m3
Durante vários anos, estudiosos pesquisaram o comportamento dos gases quando es-
tes passavam por transformações. Chegaram a uma relação geral entre pressões, tempe-
raturas e volumes ocupados, a qual se denominou Equação geral dos gases.
As transformações a que um gás estará sujeito nos processos industriais poderão ser
entendidas pelas observações que se seguirão no texto abaixo.
(P x V ) / T = Constante (2.15)
■ Transformação Isovolumétrica
Vamos observar o sistema abaixo, em que um gás está confinado dentro de um cilin-
dro sob a ação de um pistão. Nessas condições, sejam P0 e T0 os valores de sua tempera-
tura e pressão.
Se, por um processo qualquer, for fornecido calor para o gás confinado dentro do ci-
lindro, mantendo-se o pistão na mesma posição que estava anteriormente (V = constan-
te), o gás atingirá uma temperatura T1 > T0 e a pressão passará para um valor P1 > P0.
Essa transformação termodinâmica por que passou o gás é denominada transformação
isovolumétrica, transformação isócora ou, ainda, termocompressão.
(P0 V) / T0 = (P1 x V) / T1
P0 / T0 = P1 / T1
P1 / P0 = T1 / T0 (2.16)
■ Transformação Isotérmica
Considere-se o mesmo sistema anterior, admintindo-se, porém, que o pistão será mo-
vimentado no sentido de reduzir o volume ocupado pelo gás, de V0 para o valor V1, em
que V1 < V0. Portanto, aumenta-se a pressão para P1 > P0. À medida que o processo de
compressão for sendo realizado, retira-se calor, pois a temperatura tende a aumentar,
mantendo a temperatura com o mesmo valor do início ao fim da transformação. Dize-
mos, então, que foi realizada uma transformação isotérmica.
P0 x V0 = P1 x V1
P0 / P1 = V1 / V0 (2.17)
34 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
■ Transformação Isobárica
Para obter-se essa transformação, basta, no mesmo sistema, fornecer calor para au-
mentar a temperatura T1>T0 e, ao mesmo tempo, liberar o pistão no sentido de aumen-
tar o volume para V1 >V0, para a pressão não aumentar.
Da relação 2.15:
P x V0 / T0 = P x V1 / T1
V0 / T0 = V1 / T1 (2.18)
A equação geral dos gases é: P2V2/T2 = P1V1/T1. Como T2 = T1, então vem de 2.12 que:
P2 .V2 = P1.V1
V2 = P1.V1 / P2
V2 = 1 x 8 / 8 = 1 m3
2.7 Ar comprimido
O ar atmosférico está no seu estado natural de equilíbrio (pressão atmosférica) e não
dispõe de nenhuma energia que possa ser utilizada para realizar qualquer tipo de traba-
lho. Ou seja, é o mesmo que dizer que o ar está "desenergizado" para uso.
Quando este ar estiver com uma pressão maior que a atmosférica, aí sim ele poderá re-
alizar trabalho. Para tal, basta verificar os estragos realizados pelos ventos ou a energia
obtida pelos geradores eólicos a partir dos ventos.
Se o ar comprimido estiver armazenado dentro de um vaso de pressão, ele não está re-
alizando nenhum trabalho, porém está dotado de muita energia potencial de pressão.
Desde que ele possa fluir ao longo de uma tubulação, uma parte desta energia poten-
cial se transforma em energia cinética (de velocidade), e o ar pode ser levado a outros lo-
cais, onde sua energia potencial poderá ser utilizada para a realização de algum trabalho.
Porém, se toda sua energia potencial for consumida em energia cinética para o seu des-
locamento, não restará ao ar nenhuma energia para produzir trabalho útil no local de uso.
36 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
■ Hidrodinâmica do ar comprimido
Q = A1 x v 1 = A2 x v 2 (2.20)
A1 / A 2 = v 2 / v 1
A1 A2
V1 V2
O ar atmosférico admitido pelo compressor de ar, apesar de ser filtrado à entrada (fil-
tro primário), contém várias impurezas, invisíveis a olho nu. Entre elas, podemos destacar
duas principais: vapor de água (umidade) e particulados (poeiras). Após a compressão,
pode ocorrer a contaminação do ar com o óleo lubrificante do compressor, e, devido ao
processo de compressão, a temperatura do ar se eleva consideravelmente dentro do
compressor.
ser resfriado por água ou ar sob ventilação, denominado aftercooler. Esse resfriamento
reduz a temperatura do ar comprimido proveniente da descarga do compressor. Depen-
dendo do tipo de compressor utilizado na geração do ar comprimido, a temperatura do
ar na descarga pode variar de 85oC até 180oC.
Para garantir a máxima retirada da umidade do ar, este passa por um secador, onde é
precipitado o restante do condensado que se quer retirar. O condensado drenado vai
para o esgoto, e o ar, agora industrialmente seco, vai passar pela filtragem final, para que
sejam eliminadas as impurezas restantes antes que o ar seja fornecido à rede de distribu-
ição. Esta conduzirá o ar até sua aplicação específica. Nela poderão estar instalados pur-
gadores, válvulas, filtros e reguladores de pressão.
■ custos de manutenção;
Entre as ações que afetam diretamente o consumo de energia, está a localização da to-
mada de ar de admissão dos compressores, como será visto adiante.
DICA: As aberturas para a entrada do ar atmosférico devem ser bem planejadas. Quan-
to mais ventilado e fresco for o ambiente da sala de compressores, melhor será o rendi-
mento do sistema.
3.1 Compressores
A figura 3.2 apresenta uma classificação dos tipos de compressores existentes, segun-
do o princípio de operação.
A figura 3.3 mostra, para os tipos apresentados, como são representados, em sím-
bolos, seus diaframas, faixa de pressão e vazão usual que operam.
Os compressores mais comuns são os do tipo V. Os de dupla ação são do tipo L, com
um pistão na horizontal e outro na vertical. A lubrificação poderá ser realizada sob pres-
são ou por meio de banho de óleo, que é armazenado no cárter (pescador). Além de efe-
tuar a lubrificação das partes móveis, o óleo lubrificante ajuda a resfriar a carcaça do com-
pressor. A figura 3.4 exemplifica esses tipos de compressores.
■ Cilindros verticais
■ Cilindros horizontais
A força da gravidade não atua contra o pistão no movimento de compressão. Este be-
nefício só é notado para grandes vazões.
■ Tipos: V, W ou L
Consegue-se uma melhor distribuição dos esforços mecânicos. Necessita de menor es-
paço físico de instalação para a mesma produção de ar comprimido, considerando outro
tipos.
Estes compressores são projetados para que os anéis do pistão sejam de materiais que
produzem pouco atrito (PTFE ou carbono). Como não existirá a ajuda de resfriamento do
óleo lubrificante, uma ventilação de resfriamento entre os cilindros por meios externos
(ventilador axial) não permitirá o superaquecimento das partes metálicas, fato que difi-
cultará a redução da viscosidade do óleo, não permitindo que gotas de pequeno diâme-
tro passem para a câmara de compressão e se misturem com o ar comprimido.
Existem compressores de pequeno tamanho deste tipo que utilizam rolamentos ex-
ternos suportando o virabrequim, livrando-os do uso de óleo de lubrificação no cárter.
Dois rotores montados em paralelo – o rotor dito "macho" e o rotor dito "fêmea" - gi-
ram em sentidos opostos dentro de uma carcaça. Um dos parafusos é o que recebe ener-
gia motriz e o outro é acionado pelo movimento transmitido por meio de engrenagens
46 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
acionadas pelo primeiro rotor.O ar é aprisionado nos espaços entre os rotores, os quais são
diminuídos ao longo da trajetória do ar pelos rotores. Portanto, a pressão do ar vai aumen-
tando até que o ar atinja o final da trajetória, onde a pressão final é alcançada e o ar é des-
carregado. Os volumes que o ar ocupa entre os rotores são formados pelos espaços exis-
tentes entre as hélices dos parafusos, e são sempre de valores decrescentes. As pressões a
serem alcançadas no fim da compressão não dependem do comprimento dos rotores. A
principal vantagem desses compressores é a de não possuir válvulas, reduzindo as possi-
bilidades de falhas, muito comuns nessas peças. As forças axiais que aparecem devido aos
esforços desenvolvidos em uma só direção são contrabalançadas pelos rolamentos auto-
compensatórios de fixação nas extremidades. Devido ao seu funcionamento, este tipo de
compressor produz o ar comprimido em regime constante e sem pulsação – o inverso dos
compressores de pistão, que produzem a vazão de ar comprimido em pulsos.
■ volume reduzido;
■ Compressor axial
Nos compressores axiais, o ar que será comprimido segue uma trajetória axial ao pas-
sar pelas pás fixadas em um rotor (pás móveis). Sua trajetória é orientada por pás fixas
presas na carcaça. O ar é acelerado nas pás móveis e desacelerado nas pás fixas. Devido
ao formato e disposição das pás, a energia cinética fornecida ao ar pelas pás móveis vai
se transformando em energia de pressão ao longo da trajetória do ar pelo compressor
nas pás fixas. A força de empuxo axial gerada é contraposta pelo uso de rolamentos de
encosto axiais. A vazão de ar normal obtida nestes compressores é bastante alta em com-
paração com os compressores citados até aqui, porém as pressões efetivas obtidas são li-
mitadas.
4 Armazenamento do Ar Comprimido -
Reservatórios
O compressor, usualmente, funciona fornecendo ar para um reservatório. Considera-se
que os resfriadores posteriores, ou aftercoolers, são parte integrante dos compressores.
As necessidades instantâneas de ar comprimido da instalação são cobertas pelo reserva-
tório, que, enquanto está cedendo ar para a instalação, permite que o compressor perma-
neça desligado ou funcione de modo contínuo, sem quedas bruscas de pressão.
TA B E L A 4 . 1 - V O LU M E S D E R E S E R VAT Ó R I O S E P R E S S Õ E S D I S P O N Í V E I S
(continua)
VOLUME (m ) 3
m / min
3
m / min
3
TA B E L A 4 . 1 - V O LU M E S D E R E S E R VAT Ó R I O S E P R E S S Õ E S D I S P O N Í V E I S
(conclusão)
VOLUME (m3) m3 / min m3 / min
REGIME CONTÍNUO PARTIDA - PARADA
1,60 16,2 8,1
2,69 27,2 13,6
4,23 60,0 30,0
6,24 88,3 44,2
8,79 125,0 62,5
Fonte: Rollins
Quando for fazer a escolha de um reservatório mas o volume encontrado nos cálculos
não se encontra dentro dos valores dos reservatórios disponíveis no mercado, utilize a re-
gra de escolher aquele que tenha um volume mais próximo do necessário. O maior cus-
to para fabricar um reservatório de volume não padronizado torna-se economicamente
inviável.
■ Coleta do condensado
Nos reservatórios cujas instalações na grande parte do tempo ficam sem funcionar, as
paredes poderão ter corrosão pelo condensado. A galvanização das superfícies em con-
tato com o condensado pode reduzir este problema. Porém, se o condensado é drenado
constante e regularmente, não é absolutamente essencial a galvanização. Quando o con-
densado contém concentrações de agentes agressivos, a galvanização é absolutamente
necessária.
■ Localização
Os reservatórios deverão ser montados sobre bases de fundação adequadas. Deve ser
levado em conta que as tensões sobre as bases aumentam durante os testes hidrostáti-
cos quando o reservatório é cheio com água.
Os operadores dos sistemas de ar comprimido devem ser treinados nas regras de se-
gurança existentes para vasos de pressão (NR 13).
Os reservatórios possuem vários orifícios, onde são fixadas várias conexões de tubula-
ções. Servem, também, para a instalação dos instrumentos necessários ao controle do sis-
tema. A figura 4.1 apresenta um exemplo de reservatório, contendo diversos acessórios.
54 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
3) válvula de segurança – sua instalação nos reservatórios é exigência legal (se a pres-
são interna de operação do tanque alcançar valores acima de 10% da pressão máxima de
operação no reservatório, ela se abre e descarrega o excesso de pressão);
Nem todos os equipamentos indicados são obrigatórios, mas seu uso é recomendado.
Válvula de segurança
Se a pressão do sistema aumenta 10% acima da pressão nominal (por exemplo, pres-
são do tanque 11 bar, pressão na válvula de segurança 12,1 bar), a válvula de segurança
abre-se totalmente e deixa o ar fluir para o ambiente, eliminando o excesso de pressão. A
válvula de segurança deverá ter diâmetro de abertura suficiente para que não haja em
momento algum restrição ao escape do excesso de pressão.
O reservatório deve ter capacidade suficiente para atender a cargas instantâneas, ele-
vadas ou esporádicas.
■ Volume de 10% a 100% da vazão em m3/min que o sistema deve atender (VR = 0,1 a 1
x Q), em que Q é a demanda do sistema.
■ VR = Q . t /P (4.1)
t é o tempo que o reservatório pode fornecer ar comprimido para não ocorrer queda
excessiva de pressão ou para evitar partidas freqüentes do motor e, conseqüentemente,
sobreaquecimento deste.
Caso se queira reduzir o tempo em alívio dos compressores, isto é, economizar ener-
gia, deve-se aumentar o tamanho dos reservatórios e/ou aumentar o diferencial de pres-
são, reduzindo a pressão de entrada em operação, se for possível.
Exemplo
Uma instalação com três compressores trabalhando entre 8 e 7 bar (P = 1), cada um
com DLE de 2 m3/min (33,33 l/s), a 8 bar, reservatório de 3.000 l e temperatura ambiente
de 30°C. TC = 12, isto é, os motores de acionamento possuem ciclos mínimos de 5 minu-
tos, potência em carga de 12 kW e em alívio de 2,5 kW. O sistema demanda 3,6 m3/min
(60 l/s) em média, mas apresenta uma demanda adicional de 2,4 m3/min (40 l/s) durante
20 segundos a cada 10 minutos. Dois compressores estão regulados para, ao atingir a
pressão de 8 bar na rede de ar, entrarem em alívio, assim permanecendo até que a pres-
são reduza a 7 bar. Se após 5 minutos a pressão não atingir esse valor, eles são desligados.
O outro compressor, que está regulado para uma faixa de pressão maior, trabalha conti-
nuamente, conforme verificado. O sistema funciona 24 h/dia, 720 h/mês. Verificar as op-
ções de otimização atuando no tamanho do reservatório e/ou no diferencial de pressão.
58 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Considerações iniciais:
O sistema demanda 100 l/s por 20 s a cada 10 minutos e 60 l/s no tempo restante.
R = constante do ar
m = ρ .V (4.5)
P / m = constante
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 59
t4 - haverá uma demanda excedente de 26,67 l/s (60 – 33,33), que “esvaziará” o reser-
vatório até 7 bar. Os compressores 2 e 3 serão acionados - produção igual a 100l/s. Vol-
ta à situação t3. Esse ciclo (t3 - t4 - t3) permanece até completar 10 minutos, quando se
reinicia o ciclo de t0 a t4.
TA B E L A 4 . 2 – S I T U A Ç Ã O E N C O N T R A D A (continua)
t0 t1 t2 t3 t4
t (s) 0 3,3 20 25,4 33,6
Q (l/s) 100 100 100 60 60
P (bar) 8 7 7 8 7
DLE (l/s) - C1 33,33 33,33 33,33 33,33 33,33
DLE (l/s) - C2 0 33,33 33,33 33,33 0
DLE (l/s) - C3 0 33,34 33,34 33,34 0
C2 e C3 - sem carga sem alívio Total ciclos
60 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
TA B E L A 4 . 2 – S I T U A Ç Ã O E N C O N T R A D A
(conclusão)
t0 t1 t2 t3 t4
após 20 s. 5,4 8,2 13,6 42,7
em 10 min. 248,8 351,2 600,0
41% 59% 100%
Potência - kW 12 2,5
*inclui C1
TA B E L A 4 . 3 - S I T U A Ç Ã O P R O P O S TA
t0 t1 t2 t3 t4
t (s) 0 20,0 20 120,1 145,1
Q (l/s) 100 100 100 60 60
P (bar) 8 ? ? 8 ?
DLE (l/s) - C1 33,33 33,33 33,33 33,33 33,33
DLE (l/s) - C2 33,33 33,33 33,33 33,33 0
DLE (l/s) - C3 0 0
*inclui C1
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 61
As três soluções encontradas são apresentadas na tabela 4.4. Elas foram obtidas va-
riando-se a pressão e/ou o volume do reservatório de modo a obter-se t1 = 20 s. Nes-
se tempo, haverá uma “fuga” de 666,67 l (20 x 33,334), que, multiplicada pela massa es-
pecífica média (tabela 7.6), representa a massa que o reservatório poderá perder e
manter a condição proposta.
TA B E L A 4 . 4 – A LT E R N AT I VA S E N C O N T R A D A S
3 – ambas 4,6 6
5 O Tratamento do Ar Comprimido
Os equipamentos mais modernos que utilizam ar comprimido exigem que este esteja
completamente livre de impurezas, seco (isento de água) e, em certas aplicações, até es-
terilizado. As impurezas contidas no ar atmosférico são normalmente invisíveis a olho nu.
Elas podem danificar e reduzir a performance de funcionamento dos equipamentos
pneumáticos, podendo até, em certos casos, provocar falhas nos produtos finais do usu-
ário / industria.
■ redução de problemas mecânicos por mau funcionamento, causado por essas sujeiras;
Tendo em vista essas considerações, torna-se importante que o ar seja tratado, ou seja,
retirado o máximo possível de particulados, óleo e água.
a) Partículas sólidas
■ Sujeira e outras partículas causam arranhões nas superfícies metálicas, gerando des-
gaste nos sistemas pneumáticos, principalmente quando, além delas, existe uma com-
binação com óleos e graxas, formando uma pasta de consistência parecida com as
pastas utilizadas nas operações de lixamento.
b) A presença de óleo
c) A água
■ A mistura da água com o óleo provoca falhas nas camadas de lubrificação, que levam
a defeitos mecânicos por desgaste.
Os métodos de secagem usam os princípios de: condensação, sorção e difusão para re-
tirada da água contida no ar.
mostra que para o uso normal de ar industrial os secadores que funcionam na base de con-
densação, denominados secadores de ar por refrigeração, são, de longe, os mais utilizados.
Vantagens
Desvantagens
■ Os secadores são maiores. Deverão ser projetados para atender plenamente à produ-
ção do compressor. O secador para este caso fica superdimensionado quando o con-
sumo no sistema ou a demanda por ar seco forem baixos.
Conclusão
Vantagens
■ Os secadores são de menor porte. Poderão ser dimensionados para o consumo real de
ar comprimido ou para a vazão parcial de ar comprimido que tenha a necessidade de
ser secado.
Desvantagens
Conclusão
Após ter sido separada e retirada a água, o ar comprimido, que agora possui apenas
uma umidade relativa no entorno de 20% (que é o usual para ar industrial seco), aumen-
ta sua temperatura, passando pelo trocador ar/ar, já mencionado, resfriando o ar que está
entrando no secador e se aquecendo a uma temperatura que o possibilite ser filtrado em
um filtro coalescente.
O exemplo seguinte mostra como determinar a vazão de condensado, Qc, que real-
mente irá se precipitar quando o ar é comprimido. Esse volume é o que deverá ser retira-
do do sistema.
Exemplo:
O ar atmosférico contém uma quantidade de água. No caso acima, a vazão de água as-
pirada é dada por:
QRc = Qc . (5.2)
Logo após, ao entrar no reservatório, sofre ligeira expansão, e sua temperatura equali-
za com a do ambiente, de 35°C (Gs3 = 39,6 g/m3), UR de 100%. No reservatório, nova quan-
tidade de condensado se precipita (QRc2). Mantendo a eficiência de drenagem em 90%,
temos:
QRc2 = Qc2 .
Para a temperatura da rede de 35°C (Gs3 = 39,6 g/m3), a umidade contida será:
Em vinte quatro horas de funcionamento por dia, retiram-se do ar cerca 1500 litros de
água, sendo que o secador é responsável por retirar cerca de 240 l.
Usados para a remoção de partículas de até 1 micron, inclusive água e óleo condensa-
do. A remoção de óleo prescreve um residual máximo de óleo de 0,5 mg/m3 de ar a 21ºC.
Usados para a remoção de partículas de até 0,01 micron, inclusive água e óleo conden-
sado. A remoção de óleo prescreve um residual máximo de óleo de 0,01 mg/m3 de ar a
21ºC. A instalação deste filtro deve ser precedida em série por um filtro coalescente do
grau AO.
Os filtros ACS e AC não removem CO/ CO2 ou qualquer outro gás ou fumo tóxico.
A concentração é usualmente medida pela proporção do peso das impurezas pelo vo-
lume [mg/m3 ] do ar comprimido. Para concentrações muito baixas, a medida de concen-
tração é usualmente definida pelo número de partículas por unidade de volume [nº de
partículas/cm3]. A quantidade de partículas por unidade de volume como medida de
concentração é utilizada para medir a eficiência de filtragem de filtros de alto desempe-
nho. A medição precisa e acurada do peso e ou quantidade de partículas por unidade de
volume envolve muito trabalho e instrumentos de medição delicados.
Exemplo de cálculo de
O filtro tem uma taxa de separação de 99,99% relativa a partículas maiores que 3 µm.
74 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Muitos filtros já vêm incorporados com instrumentos utilizados para avaliar as diferen-
ças de pressão através dos filtros. Se a queda de pressão p exceder o limite citado aci-
ma, o filtro deverá ser limpo e o elemento de filtro, substituído.
A vazão volumétrica máxima através de um filtro é sempre relativa a uma pressão ma-
nométrica (por exemplo, Pman = 7bar). Se a pressão na linha onde o filtro vai operar mu-
dar, muda também a capacidade de vazão do filtro. A mudança desta capacidade pode-
rá ser obtida pelo uso do fator de correção f, fornecido pela tabela 5.1, que pode ser cal-
culado pela relação de pressões absolutas (f = Pabs / Prefabs).
TA B E L A 5 . 1 - D E T E R M I N A Ç Ã O D O FAT O R F
Pressão [bar] 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Fator f 0,25 0,38 0,5 0,55 0,75 0,88 1 1,13 1,25 1,38 1,5 1,63 1,75 1,88 2
Caso contrário, ele tomará conta de toda a tubulação, e o ar o transportará para onde for.
■ condensados pastosos;
■ não tem alarme ou aviso de que o reservatório esteja cheio (portanto, a verificação de
nível de condensado deverá ser feita em intervalos de tempo regulares).
■ simples e barato;
■ não usa eletricidade, o que o torna utilizável em áreas com perigo de explosão;
■ por ter partes móveis e entrar em contato direto com o condensado, o sistema neces-
sita de manutenção mais regular;
Nota
Tão logo o nível mais baixo é atingido, o sensor (Ni-1) habilita o fechamento eletrônico
da válvula magnética. O diafragma da válvula se fecha antes que o ar comprimido escape.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 79
1- Tubo de entrada
2 - Coletor
3 - Pré-controlador
4 - Válvula Magnética
5 - Válvula Diafragma
6 - Haste
7 - Assento de Válvula
8 - Tubo de Saída
■ sinal externo (um LED fica piscando, chamando a atenção dos operadores); e
1- Coletor
2 - Flutuador
3 - Guia
4 - Tubo de Elevação
5 - Válvula Diafragma
6 - válvula Magnética
7 - Tubo de Controle
Figura 5.10 - Dreno com controle de nível
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 81
6 Aplicações
O ar comprimido, ao longo tempo, tem sido usado para várias finalidades industriais,
como no acionamento de ferramentas pneumáticas, no acionamento mecânico e no co-
mando de válvulas em sistemas de controle.
Uma relação de aplicações será mostrada a seguir, com uma breve descrição do uso.
Toda aplicação pneumática deve ser controlada, de alguma forma, para que haja co-
mando racional na tarefa. Isto é realizado por chaves de pressão e válvulas direcionais etc.
Estes comandos atuam de várias maneiras; por exemplo, chaves mecânicas, cames ou
meio manual. Chaves elétricas e magnéticas são também muito utilizadas.
A lista de aplicações é maior, por sua própria natureza, no campo da engenharia me-
cânica. Porém, todos as áreas do conhecimento utilizam, de uma forma ou outra, o ar
comprimido.
Construção civil
– furação e demolição;
– compactdores de concreto; e
– sistema de transporte de tijolos e indústrias
de pedras artificiais.
Mineração
– martelo de furação de rochas e sistemas de
carregamento;
– maquinário de carga e descarga e veículos
de demolição; e
Figura 6.7 - mineração – sistemas de ventilação.
Indústria química
– processo de limpeza de matérias-primas;
– processos de controle; e
– controle remoto de válvulas.
Indústria da energia
– inserção e retirada de hastes de combustível
e controle em reatores nucleares;
– controle remoto de válvulas em circuitos de
refrigeração de reatores e de comando de con-
trole de vapor; e
Figura 6.8 - indústria – sistemas de ventilação nas casas de caldei-
ras.
88 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Saúde
– acionamento de brocas de dentistas;
– sistemas de respiração artificiais; e
– exaustão de gases anestésicos.
Artes e ofícios
– grampeadores e revólver de pregos;
– pistola de pintura;
– furadeiras e desparafusadeiras; e
– desbaste angular.
Indústria de plásticos
– transporte material granulado em tubos;
– equipamento de solda e corte;
– sopro de ar em produtos pelos moldes de produção;
– mecanismo de travamento e desmoldagem para moldes de ferro fundido; e
– setor de conformação e marcação.
Agricultura e florestal
– proteção de plantas e separação de joio;
– transporte de grãos para e da silagem; e
– sistema de ventilação de estufas.
Indústria têxtil
– detectores;
– posicionadores nas máquinas de costura;
– alimentação de agulhas e sistemas de resfria-
mento;
– processo de exaustão; e
– sopro de ar para limpeza de materiais resi-
duais e sujeiras das máquinas de costura.
Tráfego e comunicações
– frenagem de trens;
– sinaleiros de barreiras e paradas;
– equipamentos de marcação de estradas;
– partida de motores diesel; e
– sopro para esvaziamento do tanque de lastro
dos submarinos.
Bombas acionadas por motores elétricos atingem eficiências de 80% a 90%, enquan-
to bombas a ar comprimido atingem eficiências inferiores a 20%.
TA B E L A 6 . 1 - CO N S U M O D E A R CO M P R I M I D O A 6 , 5 B A R , A P L E N A C A R G A
(continua)
EQUIPAMENTO CONSUMO (l/s)
Apertadeira de porcas de 10 mm, 3,5 kg de peso 9
Bomba de água – 550 l recalque a 15 m 32
Socador, cilindro 1” x 4” 12
Socador, cilindro 11/2” x 6” 18
Esmerilhadeira de ferramentaria 8
Esmerilhadeira, rebolos 2” e 2 1/2” 6a9
Furadeiras de alvenaria 18 a 23
Furadeiras para aço, motores rotativos
até 6 mm 8 a 10
12 a 19 mm 32
30 mm 43
Furadeiras para aço, motores de pistão
12 a 19 mm 21
30 a 50 mm 37 a 40
Lixadeiras rotativas, 7” 14
Lixadeiras rotativas, 9” 24
Pistola de pintura 1a9
92 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
TA B E L A 6 . 1 - CO N S U M O D E A R CO M P R I M I D O A 6 , 5 B A R , A P L E N A C A R G A
(conclusão)
EQUIPAMENTO CONSUMO (l/s)
Rebarbador 4,5 a 6 kg 13 a 15
Rebarbador 1 a 2 kg 6
Rebitadeiras 6
Rebitadeiras maiores de 8 a 10 kg 16
Fonte: Rollins
TA B E L A 6 . 2 - C O N S U M O D E A R E M J AT E A M E N T O D E A R E I A – l / s
4 5 6 7
2,3 4 5 5,5 7
3,0 8 9 10 12
6,0 30 35 38 47
8,0 47 54 60 68
Fonte: Rollins
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 93
O espaço físico deverá ser estudado, não só quanto a localização, mas também quan-
to aos requisitos de um bom projeto.
Equipamentos que operam com diferentes pressões em uma mesma instalação po-
dem ser atendidos mediante a redução da pressão nos pontos de consumo, por meio de
válvulas redutoras. Algumas vezes, torna-se econômico o uso de compressores de dife-
rentes vazões e pressões para atender a diferentes solicitações de operação, em um mes-
mo sistema.
■ Dar preferência para acoplamento direto por engrenagens entre a unidade compres-
sora e o motor elétrico. A transmissão de energia mecânica por engrenagens é 3%
mais eficiente que a transmissão por polias e correias. Além dos inconvenientes dos
serviços de re-aperto e de troca de correias, o uso de correias diminui a vida útil dos
rolamentos do motor.
■ Adotar secadores de ar, principalmente aqueles que produzem baixa perda de pressão
(máx. 0,14 bar) e que permitem dar uma qualidade inquestionável do ar comprimido,
além de economia na manutenção. O uso de secadores elimina a necessidade da gran-
de maioria de purgadores e, conseqüentemente, diminui o desperdício de ar compri-
mido por vazamentos nos mesmos.
■ Utilizar filtros coalescentes com baixa perda de carga (máx. 0,25 bar).
Para cada 0,25 bar de aumento na pressão do sistema para compensar as perdas de carga
(filtros + secador + tubulação) consome-se 0,5% de potência a mais no compressor.
■ Sempre que for possível, deve-se planejar e projetar a tubulação principal / mestra de
distribuição de ar comprimido em forma de anel.
ar seja o mais fria possível, isenta de poeiras e outros produtos que possam contami-
nar o ar.
As perdas de carga, como já comentado, vão tornar o sistema mais econômico ou não.
Isto dependerá da escolha dos acessórios de rede (curvas, válvulas, filtros etc.) e do di-
mensionamento das tubulações.
A pressão escolhida deverá ser a menor que possa vencer todos os obstáculos ao flu-
xo do ar pelas tubulações e que atenda os consumidores dentro das condições exigidas
pelo seu fabricante.
A pressão de ajuste dos compressores (P) deverá ser a máxima entre os somatórios da
pressão de cada equipamento (Pi) mais as perdas de pressão entre este e o compressor,
referentes ao secador, aos filtros, às válvulas, tubulação e aos outros acessórios (∆Pi).
(7.1)
96 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
TA B E L A 7 . 1 - VA R I A Ç Ã O D A P E R F O R M A N C E C O M A P R E S S Ã O
5 77 77 83 77
4 55 53 64 56
Nesse caso, um compressor pequeno secundário pode ser instalado para atender em
rede separada, com pressão de desligamento Pmax mais alta.
Para este tipo de cálculo, é necessário que se disponha da lista dos equipamentos con-
sumidores, com seu consumo e os fatores de utilização esperados.
Caso não se conheça o consumo dos equipamentos que serão instalados, pode-se lan-
çar mão dos consumos padrões para aquele tipo de equipamento e, também, dos fatores
de utilização, retirados da experiência em instalações semelhantes.
A parte mais difícil dos cálculos é a escolha ou determinação dos fatores de utilização
de cada equipamento ou processo. A tabela 7.2 apresenta alguns dados.
TA B E L A 7 . 2 - E X E M P L O D E C O N S U M O S E FAT O R E S D E U T I L I Z A Ç Ã O
O fator de utilização indica quanto tempo o equipamento vai funcionar num período:
um dia ou um mês (preferido). Com esta determinação, pode-se obter o perfil de consu-
mo em determinado tempo de funcionamento da planta. Portanto, uma representação
gráfica deste perfil, que vai orientar na determinação da capacidade dos compressores e
do sistema. Um acompanhamento do consumo ao longo do tempo posteriormente po-
derá orientar o usuário do sistema sobre a correta adequação dos fatores de utilização.
O profissional deve estar atento para usar o fator de utilização adequadamente quan-
do a empresa não trabalha 24 h/dia ou tenha dias de parada (folgas e feriados). Para plan-
tas em operação, sugere-se medir ou calcular esse fator. Deve-se instalar horímetros ou
cronometrar os tempos de uso, entrevistar os usuários quanto aos hábitos de uso e veri-
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 99
Nesse caso, a conversão de Fuh para Fu deverá considerar o número de horas reais em
que o equipamento é utilizado ao longo do mês ou no período entre leituras.
O período de uma semana de operação e as medições, que devem ser bem escolhidas,
servem para representar o quadro real ou típico. Se a planta apresenta sazonalidades de
produção, esse fato deve ser considerado nas análises. A coleta e o armazenamento de
dados obtidos possibilitarão a simulação do funcionamento do sistema para outras con-
dições, visando à economia de energia.
Dados como tempo que o compressor ficou parado e o que ele realmente executou tra-
balho fornecem subsídios importantes para o planejamento da operação do compressor.
cidência, ou fator de simultaneidade, pois a hora ou horário que apresentar maior consu-
mo indicará a capacidade máxima do sistema.
Calculada a demanda dos equipamentos, deve-se prever uma margem para os vaza-
mentos (até 10% é aceitável em grandes plantas) e para as futuras expansões.
...
...
Fator de coincidência - Fc
converter
máximo valor para as
máxima soma soma x Fc dentro das 24 h condições do
compressor
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Total Qmáximo
101
102 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Instalações centralizadas
Esta escolha, às vezes, é mais barata do que a de usar compressores instalados local-
mente. Os compressores podem ser facilmente interconectados, resultando em baixo
consumo de energia.
O controle da poluição sonora será sempre mais bem resolvido. Como o sistema cen-
tralizado pode possuir compressores de várias capacidades, é possível promover uma
melhor otimização da operação.
Instalações descentralizadas
A descentralização pode suprir sistemas com alta perda de carga (distantes da gera-
ção) e também atender a casos de consumidores esporádicos de grande consumo de ar.
atender consumidores esporádicos de grande consumo, evitando que a linha deste con-
sumidor esteja sempre pressurizada e sujeita a maiores possibilidades de vazamentos no
consumidor desligado. Também, evita operar a geração com baixo fator de carga.
A tabela 7.4 mostra a redução do fluxo produzido e da vazão de massa para cada 1000
metros acima do nível do mar.
104 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
TA B E L A 7 . 4 : R E D U Ç Ã O D A VA Z Ã O P E L A A LT I T U D E
Compressor de pistão 5 17
de um estágio
Compressor de pistão 2 13
de dois estágio
0 1.013 15.0
(conclusão)
ALTITUDE ABAIXO OU ACIMA DO NÍVEL DO MAR PRESSÃO (bar) TEMPERATURA (ºC)
Vantagens
■ Economia. Vários compressores de pequeno porte são mais fáceis de serem organiza-
dos de forma a ajustar o fornecimento de ar necessário, se comparados com o uso de
um só compressor de grande porte. Se o sistema solicita só metade do potencial de for-
necimento de ar do sistema, o compressor de grande porte trabalhará sobredimensio-
nado por muito tempo e com baixa eficiência, aumentando os custos operacionais, en-
quanto que o sistema combinado poderá suprir com um ou mais compressor de pe-
queno porte em serviço continuo e em plena carga.
As válvulas devem ter passagem plena e as curvas a serem usadas devem ser de raio
longo, daquelas que causam perdas de carga menores.
Caso haja necessidade de pressões muito diferentes e/ou a situação local exija redes
descentralizadas ou distâncias muito longas entre geração e consumo, recomenda-se ins-
talar mais de uma central de compressores. Porém, se a situação permitir interligar os
pontos da fábrica com uma única rede, esta é a melhor opção.
As redes de alimentação devem ser aéreas ou, no caso de impossibilidade, devem ser
colocadas em valetas no chão, com tampas de metal ou concreto (nunca enterradas ou
embutidas nas paredes). Em ambos os casos, deve-se observar uma inclinação no sentido
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 107
Todas as tomadas das redes secundárias e de alimentação das máquinas devem ser
executadas na parte superior da tubulação.
■ Perda máxima de pressão para o ponto mais afastado do compressor a ser alimenta-
do: 0,3 bar.
■ Tubulações principais (mestras): 0,02 bar para cada 100 metros de tubo.
■ Tubulações de acesso direto ao consumidor: 0,2 bar para cada 100 metros de tubo.
■ Mangueiras de alimentação de marteletes, perfuratrizes etc: 0,4 bar para cada 100 me-
tros de mangueira.
108 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
■ Mangueiras: 15 a 30 m/s
É necessário conhecer:
Q = DLE - vazão que realmente passa pelo tubo nas condições de produção ( m3/s).
L - comprimento real da tubulação, que é o comprimento da tubulação mais o com-
primento equivalente das conexões e válvulas (a figura 7.2 apresenta alguns valores de
comprimentos equivalentes);
- peso específico do ar de acordo com a temperatura, kgf/m3 (a tabela 7.6 apresen-
ta esses valores);
d - diâmetro interno do tubo, m;
- coeficiente dado pela expressão;
Exemplo
Cálculo:
TA B E L A 7 . 6 - P E S O E S P E C Í F I C O D O A R ( ) E M k g f / m 3
0º 1,293 1,940 2,586 3,233 3,879 4,526 5,172 5,819 6,456 7,112 7,758 8,405 9,051 9,698 10,334 10,991 11,637 12,284 12,930 13,577 14,223
5º 1,270 1,905 2,539 3,175 3,809 4,445 5,079 5,714 6,349 6,984 7,618 8,254 8,888 9,523 10,158 10,793 11,428 12,063 12,697 13,333 13,967
10º 1,247 1,870 2,493 3,117 3,739 4,363 4,986 5,610 6,232 6,856 7,479 8,102 8,725 9,349 9,972 10,595 11,218 11,842 12,465 13,088 13,711
15º 1,224 1,839 2,449 3,062 3,673 4,286 4,898 5,511 6,122 6,735 7,359 7,960 8,571 9,183 9,796 10,408 11,020 11,632 12,245 12,857 13,469
20º 1,204 1,806 2,408 3,010 3,611 4,214 4,815 5,417 6,019 6,621 7,223 7,825 8,426 9,029 9,630 10,233 10,884 11,436 12,038 12,640 13,242
25º 1,184 1,777 2,369 2,961 3,553 4,146 4,738 5,329 5,922 6,515 7,106 7,699 8,291 8,883 9,475 10,068 10,659 11,252 11,844 12,437 13,028
30º 1,164 1,746 2,327 2,910 3,491 4,073 4,655 5,237 5,819 6,401 6,982 7,565 8,146 8,728 9,310 9,892 10,473 11,056 11,637 12,219 12,801
35º 1,146 1,719 2,291 2,864 3,437 4,010 4,582 5,156 5,728 6,301 6,874 7,447 8,019 8,592 9,165 9,738 10,310 10,884 11,456 12,029 12,602
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
40º 1,127 1,693 2,255 2,819 3,382 3,947 4,510 5,074 5,637 6,202 6,765 7,329 7,892 8,457 9,020 9,584 10,147 10,712 11,275 11,839 12,402
45º 1,109 1,665 2,219 2,774 3,328 3,883 4,438 4,993 5,547 6,102 6,656 7,211 7,766 8,321 8,875 9,430 9,985 10,540 11,094 11,649 12,203
50º 1,093 1,639 2,185 2,732 3,278 3,824 4,370 4,917 5,463 6,010 6,556 7,102 7,648 8,195 8,741 9,287 9,833 10,380 10,926 11,473 12,018
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 111
Exemplo
Total: = 57,6 m
Logo, o comprimento tubulação para cálculo da perda de carga será = 120 + 57,6 =
177,6 m
Exemplo
Cálculo:
Para operar com pressões acima de 7 bar, é recomendável, no caso de tubos de aço
carbono sem costura, seguir a especificação ASTM - A - 53 ou a API 5L, apropriadas para
solda, com dimensões de acordo com a norma ANSI - B- 36.10.
Para pressões até 7 bar e tubos de até 4" de diâmetro nominal, recomendam-se os tu-
bos com especificação ASTM - A - 120 ou ASTM - A - 134, usando ligações rosqueadas.
b) Conexões
■ Conexões de ferro maleável com extremidades rosqueadas, classe 150 ou 300, dimen-
sões segundo a norma ANSI -B-16.3.
tas, que devem ser fabricadas segundo as normas ASTM - A - 105 e 181.
■ Conexões de aço carbono para solda de topo que possuem a mesma espessura que a
dos tubos em que irão ser soldadas. Obedecem à norma ASTM - A - 234.
■ Conexões flangeadas devem usadas em locais onde são necessárias montagens e des-
montagens freqüentes. Os flanges podem ser de aço carbono forjado com face de res-
salto, dimensões segundo norma ANSI B 16.5 nas classes 150,300,400 e 600. Podem
também ser usados flanges de ferro fundido para classes 150 e 300.
As juntas para flanges, para temperaturas de até 60°C e para pressões de até 10 bar, de-
vem ser de borracha e amianto grafitado para temperaturas e pressões superiores.
c) Válvulas
As pressões em que vão operar e os diâmetros usados vão influenciar na escolha dos
materiais que comporão as válvulas de gaveta:
Diâmetros de até 4" - corpo e internos em bronze, extremidades rosqueadas. Ou, ain-
da, corpo em ferro fundido e internos em bronze, flanges de face plana.
• Diâmetros até 2" - corpo em aço carbono forjado, internos em aço inoxidável, extre-
midades para solda de encaixe.
• Diâmetros acima de 2" - corpo em aço fundido, internos em aço inox, extremidades
com flange em ressalto.
■ Válvulas globo e de agulha - para regulagem de vazão. Produzem muita perda de carga.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 117
■ Válvulas de diafragma - por terem baixa perda de carga, devem ser preferidas para re-
gulagem de vazão.
TA B E L A 7 . 7 - S E L E Ç Ã O D E C O M P R E S S O R E S E X I S T E N T E S N O
MERCADO
TA B E L A 7 . 8 - C I C LO S D O M O T O R E L É T R I C O S E M Q U E H A J A
DANOS.
Exemplo:
■ Escolha do compressor
Para o caso de escolher um compressor de pistão, significa que o DLE para o dimensio-
namento do compressor deve ser a necessidade de ar dividida por 0,6. Ou seja, DLE =
2035/0,6 = 3392 v/min. Essa é a vazão do compressor de pistão (vazão efetiva mínima).
Então, a escolha será por um compressor mais próximo do fabricante. No caso da ta-
bela 7.7, é o de 3360 v/min, pressão máxima de 10 bar, motor de 18,5 kW.
Com a potência elétrica de 18,5 kW, na tabela7.7, tira-se o valor de ciclos = 25 (que sig-
nifica que são permitidos para esse motor 25 ciclos seguidos de liga-desliga por hora).
VR = 3000 l;
Pmax = 10 bar;
Pmin = 8 bar;
DLE = 3360 v/min.
Da equação 7.5
A equação abaixo:
D = vazão requerida pelo sistema no regime de carga atual (no caso, igual a 2350
v/min).
Tm = 1,8 min
To = 5,9 min
122 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
= 60 / (1,8 + 5,9)
O valor de 8 ciclos por hora determinado para o motor do compressor está bem abai-
xo do número de ciclos permitidos para o motor de 18,5 kW (= 25 ciclos). O reservatório
de ar é de bom tamanho, podendo, no caso, ser até de menor volume, uma vez que exis-
te folga no número de ciclos do motor.
Nota:
Se o consumo de ar comprimido não estiver definido, deve-se ter como regra o seguin-
te: supõe-se que 50% da DLE do compressor será destinado ao consumo, quando da de-
terminação da taxa de ciclos do motor. Neste caso, os tempos de funcionamento de para-
da do compressor serão os mesmos. Isto vai dar condições para se determinar número
máximo admitido de ciclos.
Daí, a pressão de desligamento Pmax deve ser pelo menos = 7,9 bar
■ Dimensionamento do reservatório
No caso em questão:
VR = DLE / 3 (7.11)
Para tal, é necessário que existam condições para exercer este controle, principalmen-
te quando as demandas de vazão e pressão de ar comprimido variam.
Existem dois tipos de orientações para que sejam obtidos estes controles:
superada, a mola permite que a válvula se abra e deixe o excesso de pressão sair para at-
mosfera. Uma desvantagem deste sistema é o alto consumo de energia ao aliviar na at-
mosfera muito ar comprimido. Às vezes, é utilizada para este tipo de controle uma servo
válvula comandada por um regulador de pressão.
É importante que o alívio seja feito rapidamente e que o volume aliviado seja peque-
no para evitar perdas desnecessárias de ar durante a transição do tempo "com carga e
sem carga". Um sistema para utilizar este método deverá ter um reservatório que alimen-
te os consumidores durante tempo suficiente até que o compressor retorne à carga.
A principal desvantagem deste controle é que é necessária uma grande diferença en-
tre os tempos de colocação dos compressores em funcionamento ou sem carga. Um sis-
tema desse poderá controlar até três compressores.
8.3 Manutenção
Os custos de manutenção (5-10% dos custos dos investimentos em máquinas) são bas-
tante reduzidos em relação a outros custos. Podem, ainda, ser mais reduzidos se a manu-
tenção for planejada. A escolha de uma manutenção eficiente vai definir a confiabilidade
e a performance do sistema. A escolha qualitativa dos equipamentos que constituirão o
sistema é fator importante.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 131
Uma manutenção planejada torna os custos previsíveis e aumenta a vida útil dos equi-
pamentos. Os custos de reparos ficam mais baratos e os tempos de máquina parada são
mínimos. Com o uso dos instrumentos de eletrônica avançada nos equipamentos ficou
fácil fazer um diagnóstico durante a operação do sistema, e isto vai otimizar a interven-
ção da manutenção.
Os sistemas de ar comprimido não podem ser gerenciados se não ocorrem medições de:
– vazão;
– pressão;
– temperatura;
– potência;
– energia consumida; e
– custos reais.
Nas instalações onde o compressor é resfriado a ar também é usual lançar para o ex-
terior o ar aquecido do resfriamento. Tomar cuidado para que este ar não aqueça o ar de
aspiração do compressor.
TA B E L A 9 . 1 - VA R I A Ç Ã O D O C O N S U M O C O M A T E M P E R AT U R A
DE ASPIRAÇÃO
Caso 1:
Procedimento:
– Da tabela 9.1, o valor para 41ºC (obtido por interpolação entre os valores 38ºC e
43ºC) é igual a 6,8% (incremento)
– Da tabela, para 32ºC = 3,8%
– Diferença de incrementos: 6,8 - 3,8 = 3%
– Percentual de 3,0% de energia economizada sobre o que se estiver consumindo até então.
Considerando que no motor elétrico de 150 cv, a potência de trabalho média em regi-
me de compressão é da ordem de 93 kW e que o ciclo de trabalho opera 11 horas por dia
e 26 dias por mês de compressão efetiva, têm-se:
Não havendo uma manutenção programada nesse filtro, a sujeira se acumulará, fe-
chando, parcial e até totalmente, os poros do filtro, o que acarretará aumento da perda de
136 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
TA B E L A 9 . 2 - VA R I A Ç Ã O D E C O N S U M O C O M A P R E S S Ã O D E
DESARME
0,70 1,29
1,75 2,65
3,50 4,25
5,60 5,70
7,00 6,49
10,50 8,02
14,00 9,28
A utilização da tabela 9.2 é bastante simples, bastando seguir os passos indicados a se-
guir:
■ Primeiro, define-se a pressão máxima de desarme considerada como ideal para o sis-
tema analisado: (P ideal de desarme = P trabalho + 0,8).
■ O valor da potência excedente (Pot. excedente) deve então ser comparado percentual-
mente com a potência ideal de desarme (P ideal de desarme = P trabalho + 0,8), estabele-
cendo-se assim o percentual de redução:
■ Este percentual pode ser utilizado para a estimativa do consumo excedente de ener-
gia elétrica no compressor em decorrência do ajuste da pressão de desarme superior
ao considerado adequado.
■ Para se chegar ao resultado final, deve-se levantar o consumo médio mensal e aplicar
sobre ele o percentual obtido acima, obtendo-se o consumo excedente de energia elé-
trica.
Caso 2
– Potência devida ao excedente de pressão = 7,14 - 6,43 = 0,71 cv/m3/min (que repre-
senta 11% de aumento sobre o consumo e sobre o valor da potência correspondente ao
valor da pressão ideal).
A título de informação, a tabela 9.3 indica a correlação entre a potência perdida em va-
zamentos e a vazão, considerando um sistema operacional a 6 bar.
TA B E L A 9 . 3 - P E R D A S D E VA Z Ã O E P O T Ê N C I A C O M VA Z A M E N T O S
1 mm 0,006 0,3
3 mm 0,6 3,1
5 mm 1,6 8,3
10 mm 6,3 33,0
15 mm 25,2 132,0
■ Instalações com até 7 anos de idade e em bom estado de conservação: não superior a
5%;
140 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Vazamentos de até 5% podem ser tolerados. Existem atualmente muitos recursos para
detectar vazamentos com aparelhagens específicas, que utilizam os princípios do ultra-
som.
Uma prática bem comum nas tubulações aparentes e de fácil acesso consiste em bor-
rifar uma substância tenso-ativa, como a espuma de sabão, e esperar a formação de bo-
lhas pelo ar que vaza.
Pré-requisitos
■ Caso na instalação exista mais de um compressor para alimentar a rede, dá-se prefe-
rência ao de menor porte. Todas as características do compressor devem ser conheci-
das, principalmente a vazão que pode produzir.
Procedimento de teste
■ Ligar, manualmente, o compressor que será usado no teste, colocando-o em carga até
que a pressão da rede atinja o valor de desarme.
■ Assim que a pressão da linha cair e o compressor religar e entrar em regime de com-
pressão, acionar o outro cronômetro, o qual deverá ser parado logo que novamente for
atingida a pressão de desligamento.
■ Esta rotina deverá ser repetida pelo menos 5 vezes, para se obter maior precisão dos
resultados.
Q vaz = ( Q comp x t ) / T
em que:
O valor obtido para Qvaz é a vazão atribuída aos vazamentos existentes, que poderá ser
comparada com a capacidade de todos os compressores do sistema que operem em si-
multaneidade alimentando a mesma rede de ar sob análise, de forma que se possa quan-
tificar o percentual global das perdas por vazamento (% perdas = Q vaz /Q global x 100),
Q global é a vazão produzida por todos os compressores que funcionam com simulta-
neidade no sistema.
Esse mesmo percentual poderá ser aplicado para o cálculo da energia elétrica perdi-
da em kWh pelos motores elétricos. Calculados os consumos dos motores por medições
reais e aplicando-se esse percentual à energia consumida, tem-se o valor da energia per-
dida pelos vazamentos.
Caso 3:
- Casa de máquinas: dois compressores tipo parafuso atendendo, em paralelo, à mes-
ma rede de ar comprimido (um de 75 cv e outro de 125 cv).
- Vazão de ar proporcionada pelo compressor de maior porte: 13,4 m3/min.
- Vazão de ar proporcionada pelo compressor de menor porte: 7,5 m3/min.
- Vazão máxima requerida pela instalação nos momentos de pico: 16 m3/min.
- Pressão de desarme dos compressores: 7,1 bar.
- Pressão de religamento dos compressores: 6,3 bar.
- Idade da instalação: 8 anos.
- Estado de conservação: regular.
- Vazamentos audíveis em alguns pontos.
Teste realizado:
É fácil observar que é possível recuperar até 94% da energia consumida no eixo do
compressor, na forma de calor.
A figura 9.2 mostra um esquemático de aquecimento de água para banho dos funcio-
nários de uma fábrica.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 145
em que:
E - energia recuperada em kWh/ano;
TR - tempo por ano que se quer recuperar a energia;
K1 - parte do TR em que o compressor está em compressão;
K2 - parte do TR em que o compressor está fora de compressão;
E1 - energia em kWh disponível no aquecimento do fluido de resfriamento, compres-
sor em carga;
E2 - energia em kWh disponível no aquecimento do fluido de resfriamento, compres-
sor fora de carga; e
- eficiência do equipamento de troca de calor.
146 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Economia = E x eP (9.3)
em que:
eP - preço da energia.
A tabela 9.4 mostra a energia recuperada de acordo com a vazão efetiva de um com-
pressor
TA B E L A 9 . 4 - E N E R G I A R E C U P E R A D A
(continua)
(conclusão)
DLE TAXA DE CALOR QUANTIDADE GANHA EM 2000 ÓLEO
m3/min kW HORAS DE OPERAÇÃO
kWh/ano m3/ano
Então, as medidas que se podem tomar se restringem ao interior das instalações da fá-
brica. Um estudo profundo dos custos da instalação deverá mostrar os caminhos da oti-
mização. A figura 9.5 mostra os percentuais dos custos envolvidos na produção do ar
comprimido.
O controle de vazão pelo uso de inversores de freqüência que variam a rotação do mo-
tor elétrico de acionamento é, hoje em dia, bastante comum. Vai reduzir bastante os cus-
tos do consumo de energia elétrica.
Quando o consumo nos fins de semana, feriados ou certos períodos do dia cai para va-
150 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Os custos dos investimentos são parte dos custos globais e estão ligados parcialmen-
te à seleção dos compressores, à qualidade do ar, ao período de amortização e às taxas
de juros. Os custos energéticos estão ligados diretamente ao tempo de operação duran-
te o ano, ao grau de utilização e ao preço da energia. Alguns custos de aquisição – por
exemplo, de equipamentos de recuperação de energia térmica – tem influência muito re-
duzida nos custos de manutenção e operação.
Os compressores que não utilizam lubrificação dispensam vários custos, como aque-
les associados a lubrificante, separadores de óleo, tratamento do condensado e troca de
elementos de filtro, e reduzem o preço de aquisição dos filtros secundários. A figura 9.9
mostra a redução de consumo entre compressores lubrificados e os isentos de óleo.
10 Bibliografia
1. Compressed air manual, 6th edition, ATLAS COPCO COMPRESSOR AB, ISBN 91-630-
7342-0, Sweden.
2. New Compressed Air and Gas Data, INGERSOLL - RAND, USA, New York,1970.
5. Compressed air systems in the European Union (3), Energy emissions, Savings potencial
and policy actions, Peter Raddgen and Edgard Blaustein, 161, ISBN 3-932298-16-0, or as
PDF document.
6. Compressed air systems, A guidebook on energy and cost savings, E.M. Talbott, 260,
ISBN 0-13-175852-7.
7. Taschenbuch Drucklufttechnik (CA Handbook), Erwin Ruppelt and Michael Bahr, 305,
ISBN 3-8027-2188-8
9. Industrial Pneumatic Technology, Bulletin o275-B1, Parker Training ,151, ISBN 1-55769-
015-4.
11. Pneumatics Handbook , 5fth edition, Trade and Technical Press Ltd., London.
12. Ingersoll-Rand, New compressed air and gas data, New York, USA.
14. Manual de Ar Comprimido e Gases – Compressed Air and Gas Institute; John P. Rollins;
Prentice Hall, 2004.
Catálogos
11 Links Úteis
1. www.knowpressure.org
2. www.drucklufttechnik.de
3. www.pactapplied.com
4. www.atlascopco.com.br
5. www.ingersoll-rand.com.br
6. www.festo.com.br
7. www.chicagopneumatic.com.br
8. www.schulz.com.br/compressores
9. www.barionkar.com.br
10. www.nash.com.br
11. www.omel.com.br
12. www.eniplan.com.br
13. www.sulzer.com.br
14. www.hitachi.com.br
15. www.gardnerdenver.com
16. www.leybold.com
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 157
ANEXO A
A GESTÃO ENERGÉTICA
A implantação de um programa de Gestão Energética é a primeira iniciativa ou ação
visando à redução de custos com energia em uma empresa. A importância da implan-
tação de uma Gestão Energética se deve ao fato de que ações isoladas, por melhores
resultados que apresentem, tendem a perder o seu efeito ao longo do tempo.
A Gestão Energética visa otimizar a utilização de energia elétrica por meio de orien-
tações, ações e controles sobre os recursos humanos, materiais e econômicos, reduzindo
os índices globais e específicos da quantidade de energia elétrica necessária à obtenção
do mesmo resultado ou produto.
A Gestão Energética é uma das alternativas para a empresa ser reconhecida pelo mer-
cado como comprometida com esses valores. Inclusive, para reivindicar a ISO 14000, é
exigida a implantação de um programa de conservação de energia. Para demonstrar a
importância que esse Programa passa a ter na política administrativa interna, ele deve
ser lançado como um marco na existência da Empresa, e isso deverá ocorrer por meio de
um documento ou evento formal e da participação efetiva da direção da mesma.
158 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
A.2.1 Conceitos
Antes de aprofundar-se na gestão da energia, é necessário conhecer os conceitos
empregados pelas empresas de energia. São eles:
■ Fator de carga (FC) - Relação entre a demanda média e a demanda máxima ocorrida
no período de tempo definido.
■ Fator de potência (FP) - Obtido da relação entre energia ativa e reativa horária, a partir
da leitura dos respectivos aparelhos de medição. FP = energia ativa (kW) / energia
aparente (kVA).
■ Horário de ponta (HP ou P) - Período definido pela concessionária e composto por três
horas consecutivas, compreendidas entre 17:00 e 22:00, exceção feita aos sábados e
domingos, terça-feira de Carnaval, sexta-feira da Paixão, Corpus Christi, Finados e os
demais feriados definidos por lei federal (01/01, 21/04, 01/05, 07/09, 12/10, 15/11 e
25/12). Nesse horário, a energia elétrica é mais cara.
■ Horário fora de ponta (HFP ou F) - São as horas complementares às três horas conse-
cutivas que compõem o horário de ponta, acrescidas da totalidade das horas dos sá-
bados e domingos e dos 11 (onze) feriados indicados acima. Nesse horário, a energia
elétrica é mais barata.
Esses períodos foram criados para compatibilizar a demanda com a oferta de energia.
Isto é, pela sinalização tarifária (preços mais elevados e mais baixos nos períodos seco e
úmido, respectivamente) mostra-se o custo da energia, conforme a lei de oferta e procura.
Nas contas de energia elétrica, as grandezas envolvidas são elevadas (milhares de Wh).
Padronizou-se o uso do kWh, que representa 1.000 Wh.
Um kWh representa a energia gasta num banho de 15 minutos (0,25 h) usando um chu-
veiro de 4.000 W, ou o consumo de um motor de 20 hp (15 kW) por 4 minutos (0,067 h).
Na baixa tensão (BT), o preço médio da energia é igual às próprias tarifas, acrescidos do
imposto ICMS - Imposto Sobre Circulação de Mercadorias, pois só é cobrado o consumo.Os
clientes atendidos na BT estão sujeitos às tarifas do Grupo B. Nele existem subgrupos de
acordo com as classes (ex.: Residencial, subgrupo B1; Rural, B2; Comercial e Industrial, B3).
Na Média Tensão (MT) a tarifa aplicada não é monômia como na Baixa Tensão (BT), e
sim binômia. Ou seja, cobra-se além do consumo (kWh) registrado, a demanda (kW) con-
tratada ou a medida (a que for maior) acrescida do ICMS.
Os clientes atendidos na alta (AT) e na média tensão (MT) estão sujeitos às tarifas do
Grupo A. Nele os subgrupos não dependem das classes, e sim do nível de tensão (sub-
grupo A1 – 230 kV ou mais, A2 – 88 kV a 138 kV, A3 – 69 kV, A4 – 2,3 kV a 25 kV e o AS –
subterrâneo).
162 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
No caso do atendimento em MT, o preço médio da energia elétrica não será igual às
tarifas; ele irá variar conforme o fator de carga.
Tarifas de Ultrapassagem
TA B E L A A . 1 : R E G R A S PA R A E N Q U A D R A M E N T O TA R I F Á R I O
(continua)
VALORES A SEREM FATURADOS
TIPO DE TARIFA ULTRAPASSAGEM
CONSUMO (kWh) DEMANDA (kW)
DA DEMANDA
(conclusão)
VALORES A SEREM FATURADOS
TIPO DE TARIFA ULTRAPASSAGEM
CONSUMO (kWh) DEMANDA (kW)
DA DEMANDA
Observações:
1 - Caso uma unidade consumidora enquadrada na THS apresente 9 (nove) registros
de demanda medida menor que 300 kW nos últimos 11 (onze) ciclos de faturamento,
poderá optar por retornar para a Convencional.
O fator de carga é um índice cujo valor varia entre 0 e 1 e aponta a relação entre o con-
sumo de energia elétrica e a demanda de potência máxima, em um determinado espaço
de tempo.
Esse tempo pode ser convencionado em 730 horas por mês, que representa o número
de horas médio em um mês genérico do ano [(365 dias/12 meses) x 24 horas]. Na práti-
ca, o número de horas dependerá do intervalo de leitura.
O número de horas de ponta (nhp) irá depender do número de dias úteis no período
de medição. (nhp = Nº de dias úteis x 3)
O número de horas fora de ponta (nhfp) irá depender do período de medição e das
horas de ponta. (nhfp = Nº de dias de medição x 24 – nhp)
A melhoria (aumento) do fator de carga, além de diminuir o preço médio pago pela
energia elétrica consumida, conduz a um melhor aproveitamento da instalação elétrica,
inclusive de motores e equipamentos, e a uma otimização dos investimentos nas insta-
lações.
Escolha um desses dois caminhos, ou, se possível, os dois, e eleve o fator de carga, o
que, conseqüentemente, reduzirá o preço médio pago pela energia elétrica.
Note-se que na tarifa azul e na verde no horário de ponta a energia elétrica é mais
cara e que na tarifa azul, conforme o FC, o preço varia na ponta e fora da ponta. Na tari-
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 167
Na baixa tensão, para indústrias e comércio, o preço médio é igual à tarifa do subgrupo B3.
Leitura Anterior e Leitura Atual: Através dos dados desses itens, define-se o intervalo
de leitura, isto é, o número de dias e o período. Deve ser desprezado o dia da leitura an-
terior e considerado o dia da leitura atual. Observe que, apesar de a conta ser de um mês,
o período de consumo inclui ou refere-se ao mês anterior.
Consumo em kWh: Indica o total de energia elétrica (kWh) consumida no HFP e no HP.
É o resultado das diferenças de leituras (atual - anterior) vezes a constante de faturamen-
to, mais a perda de transformação.
Observação: Para identificar o consumo específico, basta dividir o consumo pelo nú-
mero de dias trabalhados ou pela produção no período de faturamento. Tem-se o
kWh/dia trabalhado ou kWh/ unidade de produção no HFP e no HP.
horários.
Fator de Potência: Indica o fator de potência. Esse valor não deve ser menor que 0,92.
Caso isso ocorra, sua fatura será onerada com o pagamento de reativos excedentes.
Valores de Demanda Faturados: Indicam valores de demanda (kW) que deverão ser fa-
turados no HFP e no HP. Esses valores obedecem a regras que foram apresentadas no
item Tarifas.
O consumo específico é um índice que indica o total de energia consumida para o pro-
cessamento completo de um determinado produto ou para a prestação de um serviço.É um
dos parâmetros de maior importância em estudos que envolvem o uso racional de energia
nas empresas.
A busca por um menor consumo específico, por meio da implementação de ações volta-
das para o uso racional de energia, deve ser uma preocupação permanente.
Portanto, da mesma maneira que não faz sentido acompanhar o consumo de combustí-
vel de um veículo simplesmente pelos litros que ele consumiu, também não fará sentido
acompanhar o consumo de energia elétrica (kWh) pelo consumo mensal registrado (infor-
mado em sua fatura).
Para exemplificar, uma indústria consumiu 10.000 kWh para produzir 8 toneladas de um
produto A e 3 toneladas de um produto B. O importante é descobrir quanto de energia elé-
trica foi utilizado para produzir A e B. Vamos supor que, após realizado o rateio de energia
elétrica, chegou-se a 70% da energia elétrica utilizada para produzir A. Então:
A partir do exemplo anterior, conclui-se que uma empresa pode ter mais de um consumo
específico.
te a variação do consumo (kWh) mensal não é o suficiente, pois, após implementar medi-
das de economia de energia elétrica, o consumo pode aumentar, devido a um aumento
de produção.
Para consumidores atendidos em Baixa Tensão, a única maneira de reduzir o custo es-
pecífico será atuando no consumo específico, pois, como já foi visto, o preço médio é a
própria tarifa acrescida do ICMS.
Para consumidores atendidos em Média Tensão, existem duas possibilidades para re-
duzir o custo específico: atuar na redução do consumo específico ou atuar na redução do
preço médio.
Como visto, o consumo de energia elétrica é igual à Potência x Tempo (Wh). Portanto,
existem apenas duas opções: diminuir a potência ou diminuir o tempo de funcionamento.
Para diminuir a potência, é preciso usar equipamentos mais eficientes e elaborar estu-
do visando verificar a possibilidade de reduzir a simultaneidade da operação das diver-
sas cargas que compõem a instalação (modulação). Para diminuir o tempo de funciona-
mento, deve-se atuar na mudança de hábitos/processos. Outra alternativa consiste em
utilizar-se do recurso da automação.
Deve-se atentar para o aumento de carga (kW), ainda que isso seja natural. É preciso
realizar o levantamento dessas novas cargas e calcular o aumento do consumo específi-
co que elas provocam. Esse consumo específico estimado deve ser acrescido ao consu-
mo específico anterior às medidas. Caso isso não seja feito, os resultados poderão ser pre-
judicados.
Observe que o preço médio pode ter seu valor reduzido, devido a ações de eficienti-
zação.
Da mesma forma que a entrada em operação de novas cargas pode prejudicar os re-
sultados, o mesmo acontece quando os reajustes tarifários não são considerados. Então,
sempre que ocorrer um reajuste tarifário os preços médios anteriores à implementação
das medidas deverão ser recalculados utilizando as tarifas reajustadas.
172 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
O rateio tem por objetivo identificar o consumo de energia elétrica e a demanda por
esses centros; isto é, conhecer a contribuição de cada área na conta de energia ou, em ou-
tros termos, estabelecer contas de energia por centro de custo.
O rateio de energia elétrica visa identificar qual centro de custo (setor ou uso final)
possui maior participação percentual no consumo e na demanda da instalação, possibi-
litando a priorização de onde atuar, de tal forma que as ações tragam melhores resulta-
dos, possam envolver todos os usuários dos centros e dêem origem a uma gestão mais
efetiva e participativa.
Primeiro, é preciso fazer um levantamento de todas as cargas por centro de custo. Para
facilitar a setorização ou a criação dos centros de custo, sugere-se desenhar um fluxogra-
ma da produção ou dos processos da empresa e identificar os setores de produção (equi-
pamentos ou operações onde o produto da empresa é processado), de apoio (caldeiras,
ar comprimido, refrigeração, ETA, ETE, oficinas, laboratórios, etc.) e os administrativos (es-
critórios, recepção, cantinas, vestiários, posto bancário, etc).
Segundo, para cada centro de custo, levantar as cargas. Caso tenham o mesmo regime
de funcionamento e potência, as cargas poderão ser agrupadas. É preciso ficar atento ao
uso de unidades de potência diferentes (cv, hp, W).
Por último, utilizando-se dos dados obtidos e das tarifas de energia da concessionária
ou dos custos médios (R$/kW e R$/kWh) verificados da fatura de energia, pode-se reali-
zar o rateio da conta de energia por centro de custo.
Esse rateio permitirá acompanhar e gerar valores de referência, incluir dados de pro-
dução para verificar consumos e preços específicos, priorizar setores a serem trabalhados
e estudar a relocação de cargas ou de regime de funcionamento. Enfim, será um instru-
mento muito útil na gestão da energia da empresa.
Segundo, analisar os motivos das variações. Ex.: maior número de feriados, adoção de
medidas de economia, maior número de horas trabalhadas, produtos com características
diferentes, mudança de processo, etc.
Terceiro, gerar gráficos e tabelas que sejam divulgados para toda a empresa.
Por último, estabelecer metas de redução do consumo específico de energia elétrica. Ex.:
90% do consumo específico do respectivo mês do ano anterior ou 90% da média dos con-
sumos específicos do ano anterior. Não deixar de identificar as ações para atingir a meta.
processo da empresa.
A.4 Exercícios
1. Em média, quantos kWh sua empresa consome (total, fora da ponta e na ponta) por
mês? E quantos MWh por ano?
2. Em qual subgrupo tarifário está sua empresa? Quais são as tarifas praticadas? Qual
é o preço médio de energia (total, fora da ponta e na ponta)?
4. Identifique a unidade de produção ou serviço de sua empresa para ser usada no cál-
culo e acompanhamento do consumo específico.
5. Calcule o custo específico de sua empresa. Se possível, separe-o nos preços de pon-
ta e fora de ponta. Qual é a melhor modalidade tarifária para sua empresa? Baseado no
preço final do produto ou serviço, qual é a participação da energia elétrica no custo de
seu produto ou serviço?
8. Identifique em sua empresa quem e/ou que setor poderá informar os dados neces-
sários para exercitar o controle. Estabeleça os procedimentos para sua obtenção de for-
ma regular e no formato desejado. PRATIQUE
No CD que acompanha este Guia estão disponíveis as planilhas que auxiliarão no ge-
renciamento energético da empresa.
176 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
ANEXO B
B Viabilidade econômica
O assunto “viabilidade econômica”é vasto. De modo geral, é tratado na bibliografia em
termos de viabilidade econômica de um empreendimento, uma empresa, etc.
Neste Guia, tendo em vista o objetivo de tratar as ações capazes de atribuir melhor efi-
ciência energética aos sistemas de refrigeração, o assunto está limitado a esse contexto,
no qual, de modo geral, interessa fazer o estudo da viabilidade econômica de uma deter-
minada modificação que possa ser traduzida em alguma economia de energia ou, até
mesmo, economia de custo, na hipótese de transferência de consumo de horários de
ponta para outras horas do ciclo diário.
Trata-se de uma variável para a qual devem ser consideradas duas dimensões: o valor
e o tempo. Um determinado investimento de uma quantia, por exemplo, destinada à
substituição de um motor elétrico por um outro de melhor rendimento, deve ser aborda-
da sob dois aspectos. Primeiro: Qual é o valor do investimento e em que época ele será
feito? Segundo: Quando se darão os benefícios dessa operação e em que valores?
Assim, a definição de capital no âmbito da Matemática Financeira pode ser dada por:
qualquer valor expresso em moeda e disponível em determinada época.
Se este capital é utilizado para gerar riqueza, é justo que parte dessa riqueza seja “re-
partida” com o dono do capital. A isso dá-se o nome de “Teoria da produtividade do ca-
pital”, sendo esse conceito a base do sistema capitalista no qual nossa sociedade se in-
sere.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 177
B.1 Juro
Pode ser entendido como a “remuneração do capital aplicado”, considerando que o
possuidor desse capital poderia fazer outros usos dele, que lhe trariam outros benefícios.
Então, o juro seria um dos tipos de benefícios que o capital poderia proporcionar ao seu
“dono”. A comparação entre esses benefícios é também um modo de analisar a viabilida-
de do uso deste capital ou a viabilidade de um determinado investimento, na linguagem
comum no âmbito da engenharia econômica.
Sendo “M” o montante (ou valor futuro),“C” o capital,“n” o número de períodos consi-
derado para os quais se cobrará a taxa de juros “i” e “J” o valor do juro, as expressões a se-
guir resumem o texto:
J = C .i .n (B.1)
M=C+J M = C + C .i .n
Finalmente: M = C x (1 + i . n) (B.2)
É comum representar o fluxo de caixa por meio de setas para cima (entradas de di-
nheiro) e para baixo (saídas de dinheiro), tal como mostrado na Figura B.1, relativa ao
exemplo considerado.
178 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
TA B E L A B . 1 - E X E M P LO D E C Á LC U LO D O J U R O C O M P O S T O
M = Cx (1 + i)n (B.3)
Exemplo numérico:
M = 20.000,00x1,771561 = 35.431,22
Desse conceito decorrem dois outros, chamados fator de acumulação de capital e fa-
tor de valor atual, que interessam neste capítulo, particularmente quando se estuda a vi-
abilidade de um determinado investimento que produzirá resultados financeiros ao lon-
go de um período, segundo um determinado fluxo de caixa.
Para que elas (as prestações ou parcelas pagas em datas sucessivas) sejam capazes de
igualar o capital empregado numa determinada data, basta calcular o valor presente de
cada uma delas e somá-las.
Ou: (B.6)
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 181
Figura B.4
Da álgebra elementar, identifica-se o segundo fator como a soma dos termos de uma
progressão geométrica, com o primeiro termo igual a 1/(1 + i) e razão também igual a
1/(1 + i). Sendo esta soma conhecida, chega-se à expressão:
(B.7)
É com esta expressão que se calcula o valor presente de um fluxo de caixa para uma
série uniforme.
C = R . FVAS(i,n)
182 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Exemplo numérico:
Daí, VPL = VPL (2) – VPL (1) ou VPL = 243,42 – 86,78 = 156,64
Pode-se também calcular o valor presente de cada período da série e somá-los, como
mostrado na tabela B.2. Este é o método mais usual, pois nem sempre as séries serão uni-
formes nos problemas práticos.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 183
TA B E L A B . 2 - E X E M P LO D E C Á LC U LO D O V P L D E U M A S É R I E
É claro que devem-se utilizar planilhas para o cálculo do valor presente. O Excel tem
nas suas fórmulas a expressão do valor presente, seja a série uniforme ou não. O mesmo
exercício feito na planilha Excel está mostrado a seguir:
MÊS SÉRIE
1 0
2 0
3 50
4 50
5 50
6 50
7 50
VPL R$ 156,64
Figura B.5
(B.8)
(B.9)
(B.10)
M = C x (1 + i)n
Taxa Real e Taxa Aparente: Quando não se considera o efeito da inflação, está se falan-
do de taxa real. Ao contrário, quando esse efeito é considerado, a taxa assim utilizada -
isto é, acrescida de um indexador – tem o nome de taxa aparente.
Supondo uma variação mensal do indexador de 0,4%, tem-se a taxa aparente de 0,5
“+” 0,4 = 1,005 x 1,004 = 1,00902. Ou seja, a taxa aparente é de 0,902%, enquanto a taxa
real é de 0,5%.
Equivalência de taxas
No sistema de capitalização composta (taxa efetiva), diz-se que duas taxas são equiva-
lentes quando aplicadas ao mesmo capital durante o mesmo período produzem o mes-
mo montante (ou valor futuro). Esse conceito é particularmente útil quando se faz neces-
sário calcular uma taxa mensal a partir de uma taxa anual, ou vice versa.
Exemplo: Considere a taxa anual de 12% e verifiquemos qual é o valor da taxa mensal
equivalente.
(1 - i)12 = (1 + j)1
Chamando de “i” a taxa mensal e de “j” a taxa anual, e resolvendo essa equação, chega-
se a:
i = (1 + j)1/12 - 1 ou
i = (1 + 0,12)1/12 - 1
(B.11)
Este sistema caracteriza-se por prestações fixas, implicando amortização variável e juro
sobre o saldo devedor, também variável.
Exemplo: seja um empréstimo de R$ 100.000,00, que deve ser quitado em 4 anos pelo
sistema “price” a uma taxa de juro de 10% a.a.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 187
TA B E L A B . 3 - E X E M P LO S I S T E M A P R I C E
TA B E L A B . 4 - E X E M P LO S A C
É, como o nome indica, uma mistura dos dois sistemas anteriores. A prestação é defi-
nida pela média aritmética da prestação calculada por meio do conceito “price”e da pres-
tação calculada por meio do conceito “SAC”.
TA B E L A B . 5 : E X E M P LO S A M
Assim, ao optar-se por determinado financiamento, é preciso estar atento ao seu tipo.
Enquanto no sistema “price”as prestações são constantes, nos dois outros sistemas seu
valor começa mais alto e termina mais baixo.
TA B E L A B . 6 - E X E M P LO : F LU X O D E C A I X A
Para calcular o tempo de retorno pelo método do pay-back simples, basta acumular
os “benefícios”, conforme a tabela B.7:
TA B E L A B . 7 - E X E M P LO : B E N E F Í C I O S
E, por fim, verificar o tempo (no caso em anos) gasto para que os benefícios acumula-
dos superem o investimento inicial. A tabela B.8 mostra o tempo de retorno para as alter-
nativas (ou projetos) A, B e C.
TA B E L A B . 8 - E X E M P LO : T E M P O D E R E T O R N O
Por este método, a conclusão seria que os projetos “A” e “C” têm o mesmo tempo de re-
torno. Portanto, são equivalentes segundo o critério de decisão quanto ao mais “vantajoso”.
Caso a intenção fosse selecionar quais projetos (ou alternativas) têm tempo de retor-
no inferior a 4 anos, por exemplo,“A” e “C” também atenderiam.
2.000,00
FDC18 = = 933,02
(1 + 0,10)8
Utilizando os dados do exemplo anterior, vemos que as opções “A” e “C”, continuam
sendo as selecionadas pelo critério de tempo de retorno inferior a 4 anos se utilizado o
método do fluxo de caixa descontado. Porém, a alternativa “A” mostra-se mais vantajosa
por apresentar tempo de retorno menor quando se considera o valor do dinheiro no
tempo (ou o custo do capital). A tabela B.9, ilustra com os dados:
192 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
TA B E L A B. 9 - E X E M P LO : F LU XO D E S CO N TA D O CO M TA X A A N UA L D E 1 2 % :
É importante observar que a alternativa “B”, sem considerar o fator tempo, mostrava-se
também aceitável; isto é, apresentava retorno, embora em período superior ao arbitrado
inicialmente. Quando entra o fator tempo, verifica-se que esta alternativa (ou esse proje-
to) sequer dá retorno (considerada a taxa de 12% a.a.).
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 193
Como o Valor presente líquido é definido como a soma algébrica do valor presente das
entradas de caixa e dos investimentos ao longo da vida útil do projeto, seu significado,
caso este projeto seja implementado, é: em quanto ele será capaz de aumentar o patri-
mônio líquido da empresa.
O “valor da empresa” ficará acrescido do VPL após o período considerado nesta análi-
se econômica.
TA B E L A B . 1 0 - F LU X O D E C A I X A
TA B E L A B . 1 1 - F L U X O D E S C O N TA D O C O M TA X A A N U A L D E 1 2 %
Da mesma forma quando se analisou o tempo de retorno pelo método do fluxo de cai-
xa descontado, observa-se que a alternativa “A” é “superior” à alternativa “C”, pois apresen-
ta um VPL maior.
A planilha eletrônica Excel apresenta nas suas funções matemáticas, especialmente nas
financeiras, o cálculo automático do VPL, bastando selecionar a coluna onde estão os va-
lores do fluxo de caixa.
Uma observação importante é que na planilha Excel, como “default”, considera-se in-
vestimento como se feito ao final do primeiro período. Isto é, aplica-se a taxa de descon-
to já a partir do primeiro fluxo de caixa, o que não é usual entre nós (Tab. B.12)
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 195
TA B E L A B . 1 2 - F L U X O D E S C O N TA D O C O M TA X A A N U A L D E 1 2 %
Assim, para se aplicar a função automática do Excel no exemplo dado, em que o inves-
timento está considerado no início do período (índice “zero”), e obter-se o mesmo resulta-
do, deve-se fazer um ajuste.
Calcular o valor presente líquido com a função VPL do Excel apenas dos benefícios e
subtrair o investimento.
Σ (B.13)
FC é o fluxo de caixa no período “j” e “i” é a taxa de desconto, sendo “n” o número de
períodos considerado. Encontrar a Taxa interna de retorno de um fluxo de caixa é resol-
ver a equação em “i” :
Em bom português, significa encontrar o valor da incógnita “i” capaz de tornar essa
igualdade verdadeira.
É claro que, sendo o fluxo de caixa irregular (não sendo uma série uniforme) na esma-
gadora maioria dos casos práticos a solução desta equação é numérica; isto é, deve ser
feita por aproximações sucessivas. As calculadoras financeiras, bem como as planilhas
eletrônicas, como a mais utilizada delas, o Excel, já trazem o “solver”para essa equação, fa-
cilitando o trabalho do profissional que efetua esse tipo de análise de viabilidade.
Quanto ao critério de decisão, se A TIR for igual ou superior à taxa mínima de atrativi-
dade, aceita-se o projeto; caso contrário, ele deve ser rejeitado. A comparação entre duas
soluções mutuamente excludentes é feita escolhendo-se aquela com o maior valor para
a TIR.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 197
Exemplo numérico:
Ainda com os dados do exemplo anterior, o cálculo da TIR para cada uma das alterna-
tivas de projeto “A”, “B” e “C” está apresentado na Tabela B.13, utilizando a função TIR da
planilha Excel, considerando o investimento ao final do ano 1, de modo a poder utilizar
as funções do Excel sem a necessidade da correção mostrada anteriormente. Observe
que o índice dos fluxos inicia-se no valor 1 e vai até o valor 6, ao invés do exemplo da VPL,
utilizado para mostrar essa diferença, em que o investimento se dava no ano “zero” .
Nesta tabela, pode-se observar que quando o VPL é maior que zero, a TIR é superior à
taxa de desconto, sendo o inverso também verdadeiro:
TA B E L A B . 1 3 - F L U X O D E S C O N TA D O C O M TA X A A N U A L D E 1 2 %
Pela definição, se procurássemos uma taxa de desconto que anulasse o valor presen-
te líquido, essa seria igual à TIR. A título de ilustração, a Figura B.8 apresenta o cálculo da
taxa de desconto que anula o VPL da alternativa “A”. Isso pode ser feito com o auxílio da
função “Ferramentas / Atingir Meta”:
198 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Figura B.8 - Cálculo da taxa de desconto que anula o VPL da alternativa “A”
Ao aceitar os valores na caixa de diálogo por meio da tecla “OK”, o Excel calcula a taxa
que anula o valor presente líquido, como mostrado na Figura B.9:
Como não poderia deixar de ser, o valor encontrado para a taxa capaz de anular o VPL
foi exatamente a TIR calculada anteriormente.
A planilha Excel apresenta sempre a solução mais próxima da estimativa inserida pelo
operador. Quando essa estimativa não é inserida, o seu valor de “default” é 10%.
Outra consideração, e esta de ordem mais prática, é que este método assume que to-
dos os fluxos de caixa serão reinvestidos (se positivos) ou descontados (se negativos) à
mesma taxa. Isto é aceitável desde que os valores encontrados para a TIR estejam próxi-
mos dos valores de mercado (entre 5% e 25% por exemplo). Para um projeto em que a
TIR seja igual a 3,0%, é no mínimo estranho admitir que as receitas líquidas de caixa se-
jam reinvestidas a essa taxa. De outro lado, quando a TIR encontrada é muito grande, é di-
fícil crer que seja possível encontrar um investimento que remunere o capital nesse valor
(por exemplo, superior a 30% ao ano).
Para resolver esse problema, pode-se contar com o método da Taxa interna de retor-
no modificada (MTIR), no qual se utiliza uma taxa para o reinvestimento dos fluxos posi-
tivos e outra para os descontos dos fluxos negativos. Isso dá uma dose de maior realida-
de às previsões quando da elaboração da análise de retorno do investimento.
No exemplo utilizado até aqui, se utilizarmos a taxa de 15% para os fluxos positivos e
a taxa de 10% para os negativos, na alternativa “A” os valores seriam (Tabela B.14):
200 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
TA B E L A B . 1 4 - F L U X O D E S C O N TA D O C O M TA X A A N U A L D E 1 2 %
De modo geral, deve ser sempre possível identificar os benefícios gerados com um de-
terminado investimento.
Numa central de refrigeração de grande porte, por exemplo, os custos com pessoal po-
dem ser considerados fixos, pois, independentemente do período em que os compresso-
res permanecerão ligados, haverá sempre alguém de plantão, ou operando os demais
equipamentos, dependendo do grau de automação do processo. Já os custos com lubri-
ficantes, fluidos e com energia elétrica estão diretamente relacionados com o volume de
frio produzido.
■ Depreciação
Nos balanços das empresas, a depreciação deve aparecer como a perda de valor dos
bens físicos sujeitos a desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou ob-
solescência. A depreciação é calculada usando o método linear, que consiste na relação
entre a diferença de valor inicial e o residual dividida pela vida útil do bem.
■ Vida Útil
■ Despesas financeiras
Podem ser operacionais, que são aquelas decorrentes de operações necessárias para
cobrir pequenas faltas de caixa (empréstimos de curto prazo, etc.) ou de capital, que são
aquelas decorrentes de operações financeiras para financiar a aquisição de equipamen-
tos, relativos aos investimentos.
■ Impostos
Também este conceito deve ser levado em conta quando se analisa a empresa a partir
do seu balanço patrimonial e dos investimentos capazes de alterar significativamente sua
relação de lucro ou prejuízo, Isto porque no caso de a empresa apresentar lucro num de-
terminado exercício será necessário descontar a parcela relativa ao imposto de renda e à
202 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
Receita A +
Depreciação D -
- Depreciação
Imposto de Renda F -
– Imposto de Renda
Depreciação D +
+ depreciação
Se, todavia, for levado em conta o fluxo de caixa dos financiamentos, então o estudo
da viabilidade desse projeto passa a ser denominado “estudo de viabilidade financeira”.
dada por:
0,20x1.000.000,00x0,15 + 0,80x1.000.000,00x0,12
TMA = = 12,60%
1.000.000,00
TA B E L A B . 1 5 - V I A B I L I D A D E E C O N Ô M I C O - F I N A N C E I R A D E U M
PROJETO DE 6 ANOS DE VIDA ÚTIL
ANO FLUXO
1 -800000
Investimento
2 -200000
3 200000
4 250000
5 300000
Vida útil
6 350000
7 350000
8 3500000
TIR 14,16%
TA B E L A B . 1 6 - V I A B I L I D A D E E C O N Ô M I C O - F I N A N C E I R A D E U M
PROJETO COM 2 ANOS E CARÊNCIA , JUROS A 12% A.A. NO SAC
TA B E L A B . 1 7 - F LU X O F I N A N C E I R O D O P R O J E T O
■ Análise
A rentabilidade do investimento, avaliada pela TIR (Taxa interna de retorno) por meio
do fluxo de caixa econômico, foi de 14,16%, superior à Taxa mínima de atratividade
(TMA). Este projeto pode, portanto, ser considerado viável do ponto de vista econômico.
Comparando a Taxa de retorno do capital próprio, igual a 19,23%, com o custo do ca-
pital próprio, de 16%, pode-se concluir que este projeto também é viável financeiramen-
te, de acordo com as condições consideradas para este financiamento.
Como o efeito das deduções de imposto de renda relativas aos juros do financiamen-
to não foi considerado, tendo-se optado por trabalhar a favor da segurança neste exem-
plo, é de se esperar uma TIR para o fluxo financeiro um pouco maior. A conclusão será a
mesma.
206 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO 207
208 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO