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instrutores da própria Spirax Sarco Brasil.

2 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Tópicos abordados neste curso

Objetivo:

Este curso tem como objetivo proporcionar ferramentas e conceitos para o projeto e gestão de um
sistema completo de ar comprimido, incluindo dimensionamento de válvulas e acessórios, geração,
distribuição, tratamento, qualificação e utilização.

Programa:
4. Utilização do Ar Comprimido

• Ar comprimido como utilidade industrial


1. Introdução • Como fluido de processo
• Como transporte
• Sistema de automação pneumática
• Breve histórico do ar comprimido
• Ar comprimido como energia
5. Tratamento e Qualificação
2. Geração
• Conceitos básicos
• Unidades de tratamento industrial
• Métodos de compressão
• Ar limpo, culinário, estéril e medicinal
• Reservatórios de ar comprimido
• Secadores de ar comprimido

3. Distribuição

• Objetivos do sistema de ar comprimido


• Projetando as redes de ar comprimido
• Especificação e dimensionamento de tubulações
• Válvulas de controle e segurança

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 3


Índice

A Empresa................................................................................................................6
Introdução.............................................................................................................7

Propriedades do Ar Comprimid0
Vantagens do ar comprimido..................................................................................8
Limitações do ar comprimido...................................................................................8
Fundamentos Físicos...............................................................................................8
O que é ar?......................................................................................................................................8
Ar Comprimido......................................................................................................................................9
Escalas de pressão..................................................................................................................9
Compressibilidade do ar..................................................................................................10
Relação de compressão...........................................................................................................12
Escalas de temperaturas..........................................................................................................13
Geração do ar comprimido....................................................................................14
Ar aspirado...........................................................................................................14
A casa do compressor............................................................................................14

Produção do Ar Comprimido
Compressor de êmbolo..........................................................................................................15
Compressores rotativos .............................................................................................................16
Turbo compressores......................................................................................................................17
Refrigeração do compressor.................................................................................................18
Resfriamento do ar.....................................................................................19
Intercooler........................................................................................................19

Resfriamento, Secagem e Reservatório de Ar


Aftercooler...............................................................................................................20
Secadores.................................................................................................................20
Reservatório de ar (pulmão)....................................................................................21
Carta de umidade ou carta psicrométrica..............................................................22
Umidade............................................................................................................................23
Umidade relativa...................................................................................................................23
Umidade de saturação do ar...................................................................................................23
Calor úmido.................................................................................................................................23
Volume úmido............................................................................................................................23
Temperatura de bulbo seco.................................................................................................24
Temperatura de bulbo úmido..................................................................................................24
Resfriamento adiabático..........................................................................................................24
Ponto de orvalho...............................................................................................................24
Sistema de ar comprimido.......................................................................25
Objetivo..........................................................................................25
Lay-out..................................................................................................25

4 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Distribuição do Ar Comprimido
Vazamento mínimo de ar.......................................................................................26
Dimensionamento da rede de distribuição..........................................................26
Velocidade adequada para ar comprimido.......................................................................26
Critério da velocidade....................................................................................................27
Critério da perda de carga...................................................................................................27
Régua de Cálculo ............................................................................................................................27
Exemplos..............................................................................................................................27
Purgadores ............................................................................................................29
Purgador eletrônico temporizado.............................................................................................29
Purgador de bóia..................................................................................................................29
Separadores de umidade........................................................................................29

Acessórios para linhas de Ar Comprimido


Filtros, reguladores e lubrificantes ...........................................................................30
Filtros Y.................................................................................................................30
Filtros com elemento de nylon................................................................................................30
Filtro regulador...........................................................................................................................31
Filtros coalescentes....................................................................................................................32
Filtro de carvão ativado...........................................................................................................32
Lubrificadores......................................................................................................................................33
Válvulas de controle de pressão e temperatura ......................................................33
Medidores de vazão......................................................................................34
Válvula de esfera.............................................................................................36
Válvula de retenção................................................................................................36

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 5


A Empresa

Em 1888, formou-se em Londres a Sanders Rehders and Company, empresa que vendia purgadores e
outros produtos relacionados a vapor.

O headquarter do grupo Spirax Sarco localiza-se em Cheltenham, Inglaterra e suas ações estão cotadas
na Bolsa de Londres desde 1959. Anualmente a empresa vem apresentando uma performance financeira
forte com uma contínua expansão de seus negócios.

Acumula uma experiência de mais de 100 anos em sistemas de vapor, sendo líder no controle e uso
eficiente de vapor e outros fluidos industriais. Conta com mais de 4.500 funcionários no mundo, 7 plantas
estratégicas e 46 companhias espalhadas em 33 países. Isto significa um pacote de soluções completas
que vão desde o dimensionamento, consultorias e levantamentos de campo, até o start-up de sistemas
engenheirados e contratos de gerenciamento de sistemas de vapor.

No Brasil a Spirax Sarco é uma empresa moderna e em constante transformação. Dentre os nossos
principais diferenciais podemos destacar: equipe altamente qualificada e preparada para atender às mais
altas expectativas do mercado e excelência no atendimento a clientes. Também buscamos o contínuo
desenvolvimento e aperfeiçoamento da nossa linha de produtos, bem como, soluções inovadoras.

6 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Introdução

A maioria das indústrias possui instalações de ar comprimido, dependendo da aplicação, consumirão


grandes quantidades de ar ou este será apenas um elemento secundário no processo.

O ar comprimido é relativamente caro e, portanto, é conveniente assegurarmos que o sistema trabalhe


com ótimo rendimento, evitando perdas na instalação.

O usuário geralmente desconhece o aspecto econômico e por tratar-se de “ar”, um fluido econômico
e não perigoso, não se dá a devida importância às pequenas perdas.

Contrariamente ao vapor, o ar comprimido não condensa nas tubulações, portanto, não existem perdas
fixas, o que torna relativamente fácil detectar sua existência.

Durante as paradas da fábrica o consumo deve ser nulo. Se este não for, indicará uma perda.

Evitar as perdas não é o único ponto a levar-se em conta. Em qualquer parte de uma instalação de ar
comprimido pode-se melhorar o rendimento.

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Propriedades do Ar Comprimido

Vantagens do ar comprimido
• Quantidade: O ar é encontrado em quantidades ilimitadas em todos os lugares.
• Transporte: O ar comprimido é facilmente transportado através de tubulações, mesmo para distâncias
consideravelmente grandes. Não há necessidade de preocupação com o retorno do ar.
• Armazenamento: No estabelecimento não é necessário que o compressor esteja em funcionamento
contínuo, o ar pode ser armazenado em um reservatório e, posteriormente, utilizado.
• Temperatura: O trabalho realizado com ar comprimido é praticamente insensível às oscilações da
temperatura. Isto garante, também em situações térmicas extremas, um funcionamento seguro.
• Segurança: Quase não existe o perigo de explosão. Portanto, não são necessárias custosas ou excessivas
proteções contra explosões.
• Limpeza: O ar comprimido deve ser limpo. O ar que eventualmente escapa das tubulações ou outros
elementos inadequadamente vedados, não polui o ambiente. A limpeza é uma exigência, por exemplo,
nas indústrias alimentícias, químicas, madeireiras e têxteis.
• Construção dos elementos: A construção dos elementos de trabalho é simples, portanto, de custo
vantajoso.
• Velocidade: O ar comprimido é um meio de transporte rápido, atingindo altas velocidades de trabalho.
(A velocidade de trabalho dos cilindros pneumáticos varia entre 1-2 m/seg.).
• Regulagem: As velocidades e forças de trabalho dos elementos que operam com ar comprimido são
ajustáveis.
• Proteção contra sobrecarga: Os equipamentos e ferramentas a ar comprimido são carregáveis até a
parada final e portanto seguros contra sobrecargas.

Limitações do ar comprimido
• Preparação: O ar comprimido deve ser tratado. Impureza e umidade devem ser evitadas, pois provocam
desgastes nos equipamentos pneumáticos.
• Compressibilidade: Não é possível manter uniforme e constante as velocidades dos cilindros e motores
pneumáticos mediante à ar comprimido.
O ar comprimido é econômico somente até uma determinada força, limitado pela pressão normal de
trabalho de 700 kPa (7 bar), pelo curso e pela velocidade.
• Escape de ar: O escape de ar é ruidoso, mas com o desenvolvimento de silenciadores, este problema
foi resolvido.

Fundamentos Físicos

O que é ar?
A superfície terrestre é totalmente envolvida por uma camada de ar. Este ar
é uma mistura gasosa com a seguinte composição:
- Nitrogênio - aproximadamente 78 % do volume.
- Oxigênio - aproximadamente 21 % do volume.
- O restante é composto por resíduos como Dióxido de Carbono, Argônio,
Hidrogênio, Neônio, Hélio, Criptônio e Xenônio.
Figura 01

8 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Ar Comprimido
É o ar submetido a uma pressão superior à pressão atmosférica.

Escalas de pressão

A pressão do ar não é sempre constante. Ela muda de acordo com a situação geográfica e as condições
atmosféricas. Se a pressão for medida em relação ao vácuo ou zero absoluto é chamada “pressão absoluta”
(pabs); quando for medida adotando-se a pressão atmosférica como referência é chamada “pressão relativa”
(prel) ou “pressão manométrica” (pman). A escala de pressões efetivas é importante, pois praticamente todos
os aparelhos de medida de pressão (manômetros) registram zero quando abertos à atmosfera, medindo
portanto a diferença entre a pressão do fluido e a do meio no qual se encontram.

Se a pressão for menor que a atmosférica costuma ser chamada impropriamente de vácuo e mais
propriamente de depressão; logo, uma depressão na escala efetiva terá um valor negativo, e todos os
valores da pressão na escala absoluta são positivos.

Portanto:
pabs = patm + prel ; prel = pman
onde, prel pode ser positiva ou vácuo.
Quando prel < patm → faixa de depressão
Quando prel > patm → faixa de sobrepressão

Figura 02

As unidades usadas para expressar a pressão são Pa; bar; kgf/cm2; atm; psi; entre outras.
Onde:
1atm = 1,033 kgf/cm2 = 1,013 bar = 101325,0 Pa = 101,325 kPa = 14,696 psi

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Compressibilidade do ar

Figura 03

O ar comprimido, assim como todos os gases, não tem uma forma definida. Ele se altera à menor
resistência ou seja, se adapta à forma do ambiente. O ar se deixa comprimir, mas tende sempre a se
expandir.
Para o cálculo das propriedades do ar comprimido vale a equação dos gases ideais:
PV = n RT (Equação de Clapeyron)
PV = m RT
M

onde: P = pressão absoluta do ar


V = volume ocupado pelo ar
n = número de mols = m/M
m = massa de ar
T = temperatura absoluta do ar
M = massa molecular do ar = 28,966 kg/kg.mol
R = constante universal dos gases:
R = 0,082 atm.l/(g.mol). K
R = 847,85 kgf.m/(kg.mol). K
R = 1,987 cal/(g.mol). K ; kcal/(kg.mol). K ; Btu/(lb.mol). R
R = 8,31 J/(g.mol). K
R = 1545,3 lbf.ft/(lb.mol).R
R = 83,13 bar.cm3/(g.mol).K
R = 8,314 kPa.m3/kg.mol.K
Não havendo variação de massa, temos: P1 . V1 = P2 . V2 = constante
T1 T2

Sob temperatura constante, o volume de um gás fechado em um recipiente é inversamente proporcional


à pressão absoluta, ou seja, o produto da pressão absoluta e do volume é constante para uma determinada
quantidade de gás.

p1 . V1 = p2 . V2 = p3 . V3 = constante

10 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Se a pressão for constante: V1 = T1
V2 T2

A densidade ou massa específica do ar é: d = ρ = m = PM


V RT

Na CNTP (273 K e 101,325 kPa): d = 1,29 kg/m3

E o volume específico: v = 1 = V = RT
d m PM

Nota:
Muitas vezes necessita-se de “volume” de ar e outras de “massa” de ar, dependendo da aplicação.
Como trata-se de um gás, o volume para uma mesma massa irá variar conforme a pressão e a
temperatura. Portanto, estabelece-se uma condição padrão, denominada Normal, onde são fixadas a
pressão e a temperatura. Neste caso, deve-se anotar “N” anteriormente a unidade de volume. Ex.: Nm3/h.
Quando para o processo o importante é a “massa de ar”, sempre deveremos converter a vazão em
volume para o estado padrão “Normais”.
Para converter de m3 para Nm3, utilizam-se as fórmulas abaixo:

• Para ar úmido: Nm3 = m3 . 273 . P1 - (Rh . Pv)


273 + T1 1,033
Onde:
T1 = temperatura de entrada do ar em oC
P1 = pressão de entrada do ar na flange de admissão do compressor em kgf/cm2 abs
Rh = umidade relativa em %
Pv = pressão parcial do vapor de água em kgf/cm2 abs (ver tabela 1)

• Para ar seco: PN . VN = PO . VO
TN TO

Onde:
PN = Pressão no estado normal (1,033 kgf/cm2 abs)
VN = Volume no estado normal (Nm3)
TN = Temperatura no estado normal (273 K)
PO = Pressão de operação / sistema (kgf/cm2 abs)
VO = Volume de operação / sistema (m3)
TO = Temperatura de operação / sistema (oC + 273 K)

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Tabela 1 - Pressão parcial de vapor de água saturado
Temperatura ºC Pressão Absoluta kgf/cm2
0 0,00619
5 0,00886
10 0,01251
15 0,01737
20 0,02383
25 0,03227
30 0,04324
35 0,05730
40 0,07516
45 0,09766
50 0,12571

Relação de compressão

A relação de compressão é dada por R = Pabs / Patm, onde Pabs é a pressão fornecida pelo compressor
(abs.) e Patm é a pressão atmosférica.

R(atm) = Pman + Patm = Pman + 1


Patm 1

R(bar) = Pman + Patm = Pman + 1,013


Patm 1,013

R(kgf/cm2) = Pman + Patm = Pman + 1,033


Patm 1,033

Obs.: Os valores acima da pressão atmosférica são em relação ao nível do mar.


A pressão atmosférica varia de acordo com a altitude, veja tabela 2.

Tabela 2 - Efeito da altitude na pressão atmosférica


Altitude Pressão atmosférica Pressão atmosférica
(m) (bar) (Kgf/cm²)
Nível do mar 1,013 1,033
500 0,945 0,964
1000 0,894 0,912
1500 0,840 0,856
2000 0,789 0,805
2500 0,737 0,751

12 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Exemplo: Admitindo um volume inicial de 0,5 m3 de ar livre, qual será o seu volume quando comprimido
a uma pressão manométrica de 6 bar?
Solução:

1º passo: Cálculo da relação de compressão

R = Pman + Patm = 6 + 1,013 = 6,92


Patm 1,013

2º passo: Cálculo do volume final

Vf = Vi = 0,5 = 0,07 m3
R 6,92

Escalas de temperaturas

Figura 04

Relações: T K = t ºC + 273,15 T R = t ºF + 459,67


t ºC = (5/9) * (t ºF - 32) t ºF = 1,8 * t ºC + 32

Onde: T = temperatura absoluta e t = temperatura relativa

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 13


Produção do Ar Comprimido

Geração do ar comprimido
Para a produção de ar comprimido são necessários compressores, os quais comprimem o ar para a
pressão de trabalho desejada. Na maioria dos acionamentos e comandos pneumáticos encontra-se,
geralmente, uma estação central de distribuição de ar comprimido. Não é necessário calcular e planejar
a transformação e transmissão da energia para cada consumidor individual. A instalação de compressão
fornece o ar comprimido para os devidos lugares através de uma rede tubular.

Ao projetar a linha, devem ser consideradas a ampliação e aquisição de outros novos aparelhos
pneumáticos. Por isso é necessário superdimensionar ligeiramente a instalação para que mais tarde
não venha constatar que ela está sobrecarregada. Uma ampliação posterior da instalação é geralmente
muito cara.

Ar aspirado
Muito importante é o grau de pureza do ar. O ar aspirado pelo compressor deve ser limpo - não conter
poeira, fuligem ou outras partículas sólidas. Um ar limpo garante uma longa vida útil da instalação. A
utilização correta dos diversos tipos de compressores também deve ser considerada.

O ar quente é menos denso que o ar frio, isto é, mais leve. Portanto, se o ar aspirado pelo compressor
for quente, o volume de ar dentro deste será menor, diminuindo o rendimento do compressor. Neste
caso, torna-se necessário um resfriamento (ver Seção 3).

Por isso, a temperatura é importante - quanto mais frio o ar, maior será o rendimento total da instalação.

A tubulação de captação do ar deve apresentar as seguintes características:


a) Diâmetro do duto de sucção - pelo menos 25 % maior do que o pistão do compressor.
b) Menor comprimento e número de curvas possível.
c) Perda de carga máxima 0,08 kg/cm2.
d) Velocidade entre 5,0 e 7,0 m/s.
e) Distâncias de 3 m do chão, parede ou teto evitando reflexão de ondas sonoras e vibrações.

A casa do compressor
Os compressores são equipamentos responsáveis pela pressurização do ar ambiente.

Há dois tipos básicos de compressores:


I - De Deslocamento - São baseados no princípio de redução de volume. Consegue-se a compressão,
sugando o ar para um ambiente fechado (ex. um cilindro), e diminuindo posteriormente o seu volume
neste ambiente.
II - Dinâmicos - Funcionam segundo o princípio de fluxo. Sucção do ar de um lado e compressão no
outro por aceleração da massa (turbina).

14 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Figura 05 - Tipos de compressores quanto ao processo de compressão

Os compressores de êmbolo e rotativo são do tipo de deslocamento e os turbo - compressores são do


tipo dinâmicos.

Compressor de êmbolo
a) Compressor de pistão - Atualmente é o mais utilizado. É apropriado para baixas, médias e altas
pressões. Seu range é de cerca de 100 kPa (1 bar) até milhares de kPa.

Figura 06 - Compressor de pistão de um único estágio

b) Compressor de pistão de 2 ou mais estágios - Para a obtenção de ar a pressões elevadas, são


necessários compressores de vários estágios de compressão. O ar aspirado é comprimido pelo primeiro
êmbolo (pistão), refrigerado intermediariamente, para em seguida ser comprimido pelo segundo êmbolo
(pistão). O volume da segunda câmara de compressão é menor em relação a primeira. Durante o trabalho
de compressão se forma uma quantidade de calor, que tem que ser eliminada pelo sistema de refrigeração.

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 15


Os compressores de êmbolo podem ser refrigerados por ar ou água. Para pressões mais elevadas são
necessários mais estágios:
até 400 kPa (4 bar) 1 estágio
até 1500 kPa (15 bar) 2 estágios
acima de 1500 kPa (> 15 bar) 3 ou mais estágios

Admitindo-se uma compressão adiabática, a potência necessária para comprimir o ar depende do


número de estágios do compressor.

Assim sendo, sabendo-se a relação de compressão existente e o desperdício de ar encontrado, calcula-


se automaticamente a potência desperdiçada no compressor, uma vez que será necessário um consumo
de energia adicional para compensar estas perdas.

A tabela 3 indica a potência necessária para comprimir 100 dm3/s de ar normal, em kW.

Tabela 3 - Potência de um compressor tipo pistão em kW


P1 (kgf/cm2) 1 estágio 2 estágios 3 estágios
0,51 4,0
1,02 7,5
2,55 15,0 14,0
5,10 23,0 20,0 19,0
7,14 28,0 24,0 22,0
10,20 34,0 28,0 27,0
14,28 40,0 32,0 30,0
19,38 46,0 35,0 33,0

c) Compressor de membrana - São equipamentos de pequena capacidade, não lubrificados, onde uma
membrana separa o êmbolo da câmara de trabalho e o ar não tem contato com as peças móveis. Portanto,
o ar comprimido está isento de resíduos de óleo. Estes compressores são utilizados com preferência nas
indústrias alimentícias, farmacêuticas e químicas.

Compressores rotativos

a) Compressor rotativo multicelular - Composto de um compartimento cilíndrico, com aberturas de


entrada e saída, onde gira um rotor alojado excentricamente. O rotor tem palhetas que em rotação são
deslocadas pela força centrífuga, formando compartimentos nos quais o ar é aprisionado, sofrendo
gradual diminuição do volume com consequente aumento de pressão.

São compressores normalmente lubrificados, até 100 Hp.

Vantagens deste compressor:


- sua construção;
- funcionamento silencioso, contínuo e equilibrado;

16 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


- fornecimento uniforme de ar, livre de qualquer pulsação.

• Compressor duplo parafuso (dois eixos) - Dois parafusos helicoidais,


os quais, pelos perfis côncavo e convexo comprimem o ar que é
conduzido axialmente, reduzindo de volume e aumentando a pressão.
c) Compressor Roots - São máquinas rotativas que operam sem
válvulas. Não há compressão dentro do corpo. O ar é transportado de
um lado para outro sem alteração de volume. A compressão é obtida
pela contra pressão no instante em que a crista dos lóbulos deixa
descoberta a área de descarga.


Figura 07 - Compressor de
deslocamento rotativo tipo parafuso
helicoidal

Turbo compressores

São adequados para o funcionamento com grandes vazões. Nestes compressores o ar é colocado em
movimento por uma ou mais turbinas, e esta energia de movimento é então transformada em energia
de pressão.
a) Compressor axial - A compressão se processa pela aceleração do ar aspirado no sentido axial do
fluxo, de modo a proporcionar a transformação de energia cinética em energia de pressão.
b) Compressor radial - O ar é impulsionado para as paredes da câmara e posteriormente em direção
ao eixo, em seguida no sentido radial para outra câmara sucessivamente em direção à saída.

Para os diversos tipos de compressores apresentados, verifique através do gráfico abaixo qual o
compressor ideal para o processo.

Figura 08 - Seleção do compressor ideal

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 17


Refrigeração do compressor

Devido ao aumento de temperatura que acontece quando o ar é comprimido, uma forma de refrigeração
é necessária para que a temperatura não seja demasiadamente alta, para uma boa lubrificação e para
evitar uma excessiva tensão térmica na estrutura da máquina. O resfriamento pode ser tanto a ar como
a água.

Hoje em dia, compressores refrigerados a ar, podem ter capacidades até 350 dm3/s ou estarem em
trabalho contínuo a 14 bar. Esses tipos de compressores não devem trabalhar em espaço fechado, pois
a temperatura pode aumentar impedindo uma correta refrigeração.

Um método comum de refrigeração do compressor é através de uma camisa de água. Existem diversos
métodos para fornecimento da água fria a essas camisas de refrigeração:
- Circulação por termosifão: Utilizado para pequenos compressores de estágio único e depende da
convecção para fazer a circulação da água que é aquecida pelo compressor. A água circula da camisa do
compressor para um tanque de alimentação onde o calor dissipa.
- Circulação forçada: No caso de grandes compressores com um único estágio, a circulação por
termosifão é muito lenta para uma refrigeração adequada, sendo necessária a instalação de uma bomba
para aumentar a velocidade de circulação da água.
- Refrigeração por circuito aberto: No caso de compressores de vários estágios, não há como se utilizar
dos métodos descritos anteriormente, devido a necessidade de dissipação de grande quantidade de calor.
Nesse caso, deve-se ligar a camisa de resfriamento do compressor diretamente na rede de água fria.

A utilização de uma válvula controladora de temperatura evita o excessivo resfriamento, que pode
provocar condensação dentro do cilindro acarretando o surgimento de corrosão nos anéis do pistão e nas
paredes internas do cilindro, e ainda assegura o não desperdício de água. É importante que a válvula não
interrompa totalmente o fluxo de água pois, caso isso ocorra, a água permanecerá estagnada na região
do termostato, impedindo nova abertura. A temperatura da água de saída do cilindro é, em média, de
35º a 49 ºC.
- Refrigeração por circuito fechado: Método aplicado para grandes compressores, sendo o calor dissipado
através de uma torre de dissipação ou um arrefecedor mecânico. Quando utilizado o resfriamento por
circuito aberto, o consumo de água é muito grande. Outra vantagem de se utilizar o circuito fechado é
de se evitar a formação de depósitos na camisa do cilindro.

É ideal que o controle de temperatura seja feito com uma válvula de 3 vias, para evitar o desperdício
de água e aproveitamento de energia.

18 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Resfriamento, Secagem e Reservatório de Ar

Resfriamento do ar
A finalidade de uma instalação de ar comprimido é ministrar ar nos pontos de consumo nas melhores
condições - limpo, seco e com o mínimo de queda de pressão. Qualquer falha poderá aumentar o desgaste
de ferramentas; diminuir a eficiência em equipamentos como pistolas de pintura, e os custos operacionais
serão maiores do que deveriam ser.

Considerando a umidade, o ar atmosférico contém sempre uma quantidade de vapor de água, que
pode ser definida como umidade relativa. A quantidade de água que um determinado volume de ar
pode conter, depende da sua temperatura. A capacidade de conter umidade aumentará com a elevação
de temperatura e diminuirá com uma queda da temperatura (veja fig. 9). Ela também diminui com o
aumento de pressão.

Figura 09 - Umidade relativa do ar

Embora seja necessário o isolamento em linhas de vapor para reter o calor, esta aplicação é inadequada
em ar comprimido, principalmente entre o compressor e o acumulador (pulmão). Se a tubulação estiver
isolada, a alta temperatura de descarga do ar comprimido pode ser suficiente para gerar a ignição
espontânea dos depósitos de óleo, sujidade, corrosão, etc.

Intercooler

Resfriamento intermediário feito entre os estágios num compressor de multi estágios. Sua função é
resfriar o ar quente entre um estágio e outro.

Esse resfriamento reduz o volume, o que aumenta o rendimento do compressor, mas ao mesmo tempo
provoca a condensação de parte da água contida no ar.

É necessário drenar o condensado do intercooler. Esta drenagem pode ser feita por meio de um
purgador, específico para ar comprimido.

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 19


Aftercooler

Em compressores de dois estágios com resfriador intermediário (intercooler), boa parte da umidade
é retirada. Porém, o ar é descarregado na linha a uma temperatura ainda elevada, devendo passar por
um resfriador posterior, conhecido como aftercooler. Este, é um trocador de calor de resfriamento que
deve ser instalado após o compressor para a obtenção de uma melhor temperatura. A maior parcela de
umidade contida no ar condensa nesses dois resfriadores, sendo eliminada, preferencialmente, por meio
de separadores de umidade, instalados após o aftercooler e no tanque de armazenamento (pulmão).

A temperatura do ar, após o aftercooler, depende do dimensionamento do mesmo e da temperatura do


fluido refrigerante. Normalmente, o aftercooler é refrigerado com água da rede ou a ar, para pequenos
compressores.

A fim de evitar desperdícios da água, pode-se utilizar uma válvula controladora de temperatura para
resfriamento.

A perda de carga em um aftercooler não deve exceder a 0,2 bar. Nesse tipo de equipamento consegue-se
temperaturas de saída do ar entre 10 e 15 ºC acima da temperatura de entrada da água, condições estas
que satisfazem as exigências normais de aplicação industrial.

Figura 10 - Aftercooler

Secadores

Embora seja eliminada a maior parte da umidade nos separadores, outra parte certamente condensará
na instalação em pontos mais frios.

Algumas aplicações necessitam de ar extremamente seco e torna-se necessário a aplicação de um


secador especial para diminuir o ponto de orvalho.

Há três tipos especiais:


• Secador de absorção química - consiste de um recipiente cheio com um produto químico por onde
passa o ar.

Vapores de água do ar são absorvidos pelo produto, que liquefazem e necessitam ser drenados. Quando

20 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


todo o produto foi usado, o recipiente é preenchido novamente. O ponto de orvalho do ar na saída deste
tipo de secador, a pressão da linha, é 5 ºC.
• Secador por refrigeração - Incorpora uma unidade
refrigeradora (como o frigorífico doméstico) através do qual o
ar passa.

Este secador possui controles de temperatura que impedem


que a água congele dentro dele. Secadores deste tipo tem um
ponto de orvalho de 2 ºC, na saída do ar à pressão da linha. O ar
refrigerado como pode ser visto, na figura 12, é reaquecido pelo
ar que entra, refrigerando-o e aumentando seu próprio volume.

• Secador de adsorção - Consiste normalmente de dois


Figura 11 - Secador de absorção química recipientes iguais contendo um sólido químico com a textura de
um favo de mel ou esponja. Esta textura fornece uma grande área
de superfície às quais as pequenas gotículas aderem.

A água é adsorvida à superfície deixando o produto intacto, ao


contrário de ser absorvido.

Como o produto permanece intacto pode ser regenerado por


aquecimento ou pela introdução de ar seco para limpeza.

Figura 12 - Secador por refrigeração

Reservatório de ar (pulmão)
Instalado após o aftercooler, o pulmão tem a finalidade de armazenar o ar comprimido para consumo
e equalizar as pressões das linhas.

Quando não existir o aftercooler, este reservatório serve para resfriamento do ar.

Normalmente, as instalações de ar comprimido são equipadas com um ou mais reservatórios de ar,


que são dimensionados conforme a capacidade do compressor, seu sistema de regulagem, a pressão de
trabalho e o consumo máximo de ar do sistema.

Volume do tanque em m3 = m3 de ar livre consumido por minuto


queda de pressão permissível em kgf/cm2

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 21


Carta de umidade ou carta psicrométrica

Figura 13

22 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


A carta de umidade ou carta psicrométrica é um meio gráfico que auxilia no cálculo de balanços materiais
e de energia em misturas vapor d’água - ar e vários parâmetros associados como:
a) umidade relativa constante;
b) volume úmido constante;
c) linhas de resfriamento adiabático = linhas psicrométricas ou de bulbo úmido (apenas para
vapor d’água;
d) curvas de 100 % de umidade relativa (idêntica a 100 % de umidade absoluta) ou curva de ar
saturado.

A carta consiste de um conjunto de coordenadas: umidade (U) e temperatura (temperatura do bulbo


seco), juntamente com os parâmetros citados acima.

É indispensável que se entenda as seguintes definições:

Umidade

O ar atmosférico contém sempre certa quantidade de vapor de água que chamamos umidade absoluta
e se expressa em massa de vapor d’água (kg) por massa de ar seco (kg).

Umidade relativa

Relação entre a umidade do ar e a umidade de saturação em %.

Umidade de saturação do ar

Quantidade máxima de vapor de água contida no ar. A capacidade do ar para conter vapor d’água
aumenta com a temperatura e diminui ao aumentar a pressão.

Calor úmido

É a capacidade calorífica de uma mistura ar - vapor d’água expressa em 1 lb ou 1 kg de ar totalmente seco:

CS = Cpar + (Cpvap. H2O) . U

Cpar = 1,0 kJ / kg.K = 0,24 Btu / lb. ºF


Cpvap.H2O = 1,88 kJ / kg.K = 0,45 Btu / lb. ºF
U = umidade

Volume úmido

É o volume em 1kg de ar seco mais o vapor da água no ar.

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 23


Temperatura de bulbo seco

É a temperatura comum do gás.

Temperatura de bulbo úmido


É a temperatura registrada no equilíbrio entre a água de evaporação em torno do sensor de temperatura
e a temperatura do bulbo seco.

A idéia da temperatura de bulbo úmido está baseada no equilíbrio entre as taxas de transferência de
energia para o bulbo e de evaporação da água.

Esta temperatura está situada na curva de 100 % de umidade relativa (curva de ar saturado).

Resfriamento adiabático

O ar é resfriado e umidificado, enquanto que uma pequena parte de água recirculada é evaporada.

As linhas de resfriamento adiabático são linhas de entalpia quase constante para a mistura ar/água (1 a
2 % de erro). Entretanto, pode-se corrigir o valor de entalpia saturada quanto ao desvio que ocorre para
uma mistura vapor d’água/ar não saturado, utilizando-se as linhas de alívio de entalpia que aparecem
na carta.

Ponto de orvalho

Quando o ar é resfriado a pressão constante, ele atinge uma temperatura na qual a umidade começa a
condensar, esta temperatura é conhecida como ponto de orvalho.

Exemplo - Utilizando a carta psicométrica, determinar:


a) temperatura do ponto de orvalho;
b) umidade;
c) umidade relativa;
d) volume úmido;
para ar úmido a uma temperatura de bulbo seco igual a 90 ºF e uma temperatura de bulbo úmido
igual a 70 ºF.
Solução:

TBS = 32,5 ºC e TBU = 21 ºC Onde:


a) Tpo = 15,5 ºC TBS = temperatura do bulbo seco
b) U = 0,011 kg H2O / kg ar TBU = temperatura do bolbo úmido
c) UR = 37 % Tpo = temperatura do ponto de orvalho
d) V = 0,88 m3 / kg U = umidade
UR = umidade relativa
V = volume úmido

24 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Distribuição do Ar Comprimido

Sistema de ar comprimido
Um sistema completo de ar comprimido compreende 3 componentes principais:
• Compressor - é o responsável pela geração do ar comprimido dentro das condições de vazão e pressão
impostas pelo processo.
• Rede principal - são as tubulações e acessórios que garantem a correta distribuição do ar com a menor
perda de carga possível e com boa qualidade.
• Pontos de consumo - são os equipamentos utilitários, tais como máquinas injetoras, ferramentas
pneumáticas, bombas, instrumentação, etc.

Objetivo
Um sistema de ar comprimido tem como principal objetivo fornecer ar para todos os equipamentos
consumidores com a menor perda de carga possível, através do menor consumo de energia e dentro das
condições de qualidade impostas pelo processo.

Lay-out
A definição do lay-out da rede visa a otimização da distribuição do ar, isto é, obter uma instalação mais
econômica e com baixas perdas de carga, através da análise de todos os pontos de consumo, bem como
suas pressões, inclusive previsões futuras, para se definir o menor percurso da tubulação.

Quanto ao tipo de rede a ser empregado, se circuito fechado ou circuito aberto, devem ser analisadas
as vantagens e desvantagens de cada uma.

A grande vantagem do circuito fechado é que se ocorrer um grande consumo inesperado de ar em


qualquer ponto de consumo, o ar pode ser fornecido de duas direções. Isto reduzirá a queda de pressão
e equilibrará a pressão do ar em toda a rede.

Todas as tubulações secundárias (ramais) devem ser tomadas pela parte superior das tubulações
primárias (linha principal), pois possibilitam a retirada de ar mais seco.

Figura 14 - Layout ideal para um sistema de ar comprimido

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 25


Vazamento mínimo de ar
Num sistema ideal de ar comprimido, o valor das perdas por vazamentos não deve exceder a 5 % da
capacidade gerada. Porém, é comum observarmos em instalações taxas de perdas por vazamentos de
10 a 20 %.

Podemos notar a existência de um vazamento de algumas formas, por exemplo:


- próximo ao ponto consumidor, através do ruído característico causado pelo vazamento;
- nas tubulações, acessórios de linha ou engates que estejam prontamente acessíveis.
No caso de tubulações altas ou localizadas em galerias subterrâneas, tal detecção torna-se difícil, sendo
necessário a utilização de detectores especiais que funcionam pelo princípio do ultra-som.

Uma vez detectado o vazamento, o próximo passo é determinar a quantidade de ar comprimido perdida.
A tabela 4 mostra a descarga livre de ar através de orifícios.

Tabela 4 - Descarga de ar através de um orifício (Ndm3/s)

Nota: dm3/s * 3,6 = m3/h

Dimensionamento da rede de distribuição


O diâmetro deve ser escolhido de maneira que, se o consumo aumentar a queda de pressão entre o
pulmão e o ponto de utilização não ultrapasse 10 kPa (0,1 bar). Se ultrapassar, a rentabilidade do sistema
é prejudicada, diminuindo consideravelmente sua capacidade.

Para a escolha do diâmetro da tubulação, deve-se considerar:


- a vazão
- o comprimento da tubulação
- a queda de pressão (admissível)
- a pressão de trabalho
- o número de pontos de estrangulamento da rede

Velocidade adequada para ar comprimido


6 a 9 m/s

26 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Critério da velocidade
d = 14,56 . (Q/(R . V))1/2

Onde:
d = diâmetro interno da tubulação (cm)
Q = vazão de ar (Nm3/min)
R = relação de compressão (admensional)
V = velocidade de escoamento (m/s)

Critério da perda de carga

d = ((0,842 . Leq . Q2) / (ΔP . R))1/5

Onde:
d = diâmetro interno da tubulação (cm)
Q = vazão de ar (Nm3/min)
R = relação de compressão = P2/P1 (admensional)
ΔP = perda de carga total (Kgf/cm2)
Leq = comprimento equivalente na tubulação (m)
P2 = pressão de trabalho (Kgf/cm2 abs)
P1 = pressão atmosférica (Kgf/cm2 abs)

Régua de Cálculo

Um método rápido e simples para se obter o diâmetro da tubulação é a utilização da Régua de Cálculo
para Ar Comprimido, baseada nos critérios da velocidade e da perda de carga. Através dela, podemos
obter ainda a perda de ar por vazamentos existentes na instalação, quantificando as perdas de energia
nos compressores. As perdas de carga localizadas estão mostradas em uma das escalas da régua.

Exemplos

Exemplo 01 - Determinar o diâmetro necessário para uma tubulação que deverá transportar 10 Nm3/
min de ar, quando comprimido à pressão de 7,0 kgf/cm2.
Solução:
• Matemática:
1º passo - Cálculo da relação de compressão

R = Prel + Patm = 7,0 + 1,033 = 7,8


Patm 1,033

2º passo - Cálculo do diâmetro, considerando a velocidade de 7,0 m/s


d= 14,56 . ((Q/R . V)) 1/2
d= 14,56 . ((10 / (7,8 . 7,0)))1/2 = 6,2 cm = 2½” (valor-comercial)

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 27


• Régua de cálculo:
Utilizando a régua de cálculo, na escala critério da velocidade, desloque o cursor fazendo coincidir 10
Nm3/min na escala de vazão (Q) com 7,8 na escala de relação de compressão (R). Logo, para velocidades
entre 6 e 9 m/s, lê-se o diâmetro interno da tubulação igual a 6,2 cm ou 2½” (valor comercial).

Exemplo 02 - Considerando os dados do exemplo 01, qual a perda de carga nos 150m de comprimento
da tubulação, onde existem 03 válvulas globo e 02 curvas de 90º?
Solução:
• Régua de cálculo:
Através da régua de cálculo, na escala de perdas localizadas, com 2½” ou 6,2 cm de diâmetro (D),
tem-se os seguintes comprimentos equivalentes:
- Válvula globo = 27,5 x 3 = 82,5 m
- Curva 90º = 1,3 x 2 = 2,6 m
- Comprimento efetivo da tubulação = 150 m
- Comprimento total = 235,1 m

Ainda utilizando a régua de cálculo, na escala critério da perda de carga, desloque o cursor até coincidir
10 Nm3/min (Q) com 7,8 (R). Com o valor do diâmetro 6,2 cm, encontrado anteriormente, verifica-se
que ΔP = 0,118 kgf/cm2 a cada 100m.

Portanto: ΔP = 0,118 kgf/cm2 ----- 100 m


x ----- 235,1 m
onde x = perda de carga total = 0,277 kgf/cm2

• Matemática:
d = ((0,842 . Leq . Q2) / (ΔP . R))1/5
6,2 = ((0,842 . 253,1 . 102) / (ΔP . 7,8))1/5
ΔP = 0,277 Kgf/cm2

Exemplo 03 - Em uma rede de ar comprimido existe um pequeno vazamento através de um orifício


de 2 mm de diâmetro. A pressão de ar comprimido é de 6 bar. Qual a quantidade de ar desperdiçada?
Solução:
• Matemática:
1º passo - Interpolar a tabela 4 utilizando a pressão de 6 bar e o diâmetro de 2 mm:

(5 - 7) = (3,65 - 4,65)
(5 - 6) (3,65 - y)

Onde y = quantidade de ar desperdiçada = 4,15 Ndm3/s

• Régua de cálculo:
R = Prel + Patm = 6 + 1,013 = 6,92
Patm 1,013

Através da régua de cálculo, na escala descarga de ar, desloque o cursor fazendo coincidir o valor da
relação de compressão 6,92 com o valor do diâmetro do orifício 2 mm, e a seta indicará o valor da descarga
de ar nesse orifício: 4,20 Ndm3/s.

28 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Acessórios para linhas de Ar Comprimido

Purgadores

Purgador eletrônico temporizado

Figura 15

Aplicações:
Eficaz, principalmente, em sistemas com grande quantidade de óleo, como compressores e pulmões.

Características:
- De descarga intermitente, que se dá pela atuação de uma válvula com intervalo e duração temporizados.
- Diâmetro de 3/8”.
- Relé de estado sólido.

Purgador de bóia

Características:
- De descarga contínua e perfeito funcionamento garantido por
um tubo de equilíbrio conectado ao corpo do purgador e ao sistema,
permitindo um fluxo positivo do ar e a entrada do condensado. Caso
não haja este tubo de equilíbrio, o condensado que vier em seguida
ficará retido antes da conexão de entrada, alagando o sistema.
- Quando fechado, o nível do líquido atua como elemento de
vedação, prevenindo vazamento de gás.
Esses purgadores devem ser instalados o mais próximo possível do
Figura 16 ponto de drenagem.

Separadores de umidade
Eliminam as gotículas suspensas no fluxo, principalmente, quando há altas velocidades.

O ar, ao entrar no separador, sofre uma redução de velocidade e mudança de direção, devido a sua baixa
inércia. Porém, as gotículas em suspensão não possuem essa facilidade, ao chocarem contra as chicanas,

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 29


tendem a se agrupar, formando gotas maiores, portanto, caindo ao ponto inferior do separador.

A instalação típica de um separador é mostrada na figura abaixo:

Figura 17

Filtros, reguladores e lubrificantes

Filtros Y
São filtros de construção simples, onde a retenção de partículas
sólidas é feita através de uma tela de aço inox perfurada ou de uma
malha (no caso de retenção de particulado menor).
Tais filtros devem ser utilizados antes de purgadores e válvulas
Figura 18 reguladoras.

Filtros com elemento de nylon

Servem como pré-filtro em aplicações como sistemas pneumáticos, tendo capacidades de retenção de
5 a 25 μm, tanto de partículas sólidas como líquidas.

O ar comprimido contaminado (1) é direcionado para dentro do


copo (2) através do disco (3). Nesse ponto, ocorre uma separação
preliminar, permitindo que a maior parcela de líquidos e sólidos
passem para o reservatório (4) distante da região de turbulência.
O ar é então filtrado pelo elemento filtrante de malha de nylon
antes de ser direcionado para o sistema. A eliminação dos líquidos
e sólidos retidos no reservatório se dá através do auto-dreno.
Quando o nível de líquido no copo aumenta, a bóia (5) se eleva,
fazendo com que a pressão do sistema atue sobre o pistão, o qual
abre a válvula de descarga principal (6). Havendo a queda do
Figura 19

30 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


nível de líquido, a bóia se desloca para baixo, fechando a válvula de descarga. Sob pressão zero, o dreno
automático estará aberto, permitindo que o líquido seja drenado.

• Pré-filtro - Filtro para aplicações gerais: Filtro para fornecer ar comprimido de alta qualidade
para aplicações gerais em sistemas pneumáticos.

Instalação: Antes de filtros coalescentes

Características:
- Ampla área de filtragem.
- Dreno automático.

Benefícios:
- Longa vida útil e baixa perda de carga.
- Elimina a necessidade de supervisão.

Figura 20 - Pré Filtro


Filtro regulador

Fornece ar comprimido de alta qualidade em sistemas pneumáticos que necessitam de controle preciso
de pressão.

Instalação: Antes de filtros coalescentes.

Características:
- Combinação compacta filtro/regulador
- Boas características de vazão e regulagem
- Dreno automático

Benefícios:
- Controle preciso de pressão
- Pode ser utilizado em diferentes aplicações
- Elimina a necessidade de supervisão Figura 21 - Filtro regulador

• Filtro/regulador “miniatura”: Fornece ar comprimido de alta qualidade em sistemas pneumáticos


que necessitam de controle preciso de pressão, onde o espaço seja restrito e as vazões sejam baixas.

Características:
- Remoção de 100 % da umidade e 99,99 % do vapor de óleo.
- Pequeno e eficaz.
- Fácil ajuste.

Benefícios:
- Proteção garantida.
- Utilizado em atuadores pneumáticos
- Amplo range de ajuste para diferentes aplicações.

Figura 22 - Filtro regulador miniatura

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 31


Filtros coalescentes

São filtros que possuem uma grande eficiência na eliminação do óleo e água contidos no ar. A
coalescência representa a coleta de partículas finas em suspensão e, através da coesão, a transformação
em partículas maiores, facilitando o processo de remoção.

O ar flui para dentro do elemento filtrante, composto de um labirinto de microfibras que irá barrar as
partículas sólidas (inclusive menores que 1μm). Gotículas de água e óleo, ao passarem pelo elemento, se
chocam contra as microfibras, sendo retidas em função das forças de atração intermoleculares existentes.
Pelo princípio da coalescência, essas gotículas irão se reunir formando gotas maiores. Uma camada
plástica porosa reveste externamente o elemento, favorecendo o acúmulo de líquidos, até que essa massa
seja suficientemente pesada para se deslocar para o reservatório, por onde é drenada.

• Filtro coalescente ultra fino


Filtro de alta eficiência na remoção de óleo. Aplicado em cabines de pintura,
fornecimento de ar para máscaras, instrumentação, etc.

Características:
- Dreno automático
- Indicador de saturação

Benefícios:
- 100 % de remoção de água
- Permite manutenção programada
- Elimina a necessidade de supervisão
Figura 23 - Filtro coalescente ultra fino

Filtro de carvão ativado

São filtros que permitem a eliminação de odores do ar provocados pela presença de hidrocarbonetos
ou outras substâncias.

O elemento consiste de um cilindro contendo grânulos de carvão ativado envolvidos por camadas de
borosilicato, que irão absorver odores e vapores de hidrocarbonetos. A constante absorção faz com que
a cápsula passe a mudar de cor, adquirindo tom avermelhado. Essa mudança indica o momento da troca
do elemento.

Aplicação: Indústrias alimentícias (embalagens) e farmacêuticas.

Características:
- Indicador de passagem de óleo
- Elimina o óleo e o odor

Benefícios:
- Elimina a possibilidade de contaminação

Figura 24 - Filtro de carvão ativado

32 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


Lubrificadores

Quando da utilização do ar para acionamentos de motores, cilindros, válvulas, etc., é necessário a


instalação de um lubrificador, para garantir e controlar a injeção de óleo que tem por objetivo reduzir o
atrito entre as partes móveis desses equipamentos. Tais lubrificadores necessitam de uma determinada
quantidade de ar para poder pulverizar o óleo, devendo ser de fácil regulagem e sendo capazes de trabalhar
com fluxo variável de ar sem a necessidade de reajustes.

O tipo de óleo a ser utilizado deve ser indicado pelo fabricante do equipamento, devendo ser evitados
óleos com aditivos, uma vez que os mesmos são eliminados do sistema sob forma de vapor sendo,
portanto, tóxicos.

Os lubrificantes devem ser instalados antes e o mais próximo possível dos


equipamentos consumidores.

Benefícios:
- Atende as variações de vazão.
- Não requer mão-de-obra especializada.
- Ótima rangeabilidade de pressão e vazão.

Figura 25 - Filtro lubrificador

Válvulas de controle de pressão e temperatura


• Válvula redutora de pressão de ação direta
Características:
São recomendadas para redução de pressão em um único equipamento e em
aplicações onde não haja variações muito bruscas de pressão na entrada da válvula
ou grandes variações de fluxo. Não são recomendadas para condições de fluxo crítico
(onde a pressão de saída seja igual ou menor que metade da pressão de entrada).

Seu projeto compacto permite que ela seja ideal para aplicações próximas aos
equipamentos, garantindo controle preciso da pressão, oferecendo uma alternativa
de baixo custo em relação às válvulas operadas a pistão, piloto ou diafragma.
Figura 26 - Válvula
Redutora de Pressão de Ação Direta
• Válvula redutora de pressão auto-operada
Características:
- São recomendadas para fornecimento de ar para vários equipamentos, pois o fluxo poderá variar de
zero à sua capacidade máxima, uma vez que a válvula, através do piloto, não permite grandes variações
de pressão na saída.
- Através de um piloto pneumático, consegue-se variar a pressão de ajuste à distância.

Benefícios:

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 33


- Não necessita de energia externa para acionamento, portanto, reduz os custos de instalação e operação.
- Podem ser utilizadas em áreas classificadas, isto é, com riscos de explosão.

Figura 27

• Válvula de controle com assento resiliente


Características:
- Melhor vedação, ANSI classe VI.
- Obturador com anel de teflon para fluidos de temperatura até 200oC.
- Necessitam de energia externa
- Conferem maior precisão de controle

• Válvula de alívio de pressão para ar comprimido


Características:
- São recomendadas para o alívio de pressão em sistemas de ar. Seu fluxo poderá variar de zero à sua
capacidade máxima, não permitindo pressões superiores às ajustadas no piloto.

Benefícios:
- Não necessita de energia externa para acionamento, portanto, reduz os custos de instalação e operação.
- Podem ser utilizadas em áreas classificadas, isto é, com riscos de explosão.

• Válvula controladora de temperatura de ação direta, para resfriamento


Idem a válvula redutora de pressão de ação direta, diferenciando o acionamento da sede principal,
que neste caso é feito por um termostato de expansão líquida.

• Válvula controladora de temperatura auto-operada, para resfriamento de líquidos


Idem a válvula redutora de pressão auto-operada, diferenciando apenas o piloto, neste caso de
temperatura, que é acionado por um termostato de expansão líquida.

Medidores de vazão
• Medidor de Vazão Placa de Orifício
São usados para medir a vazão em massa do ar para permitir o controle do processo, garantindo a
qualidade requerida do produto final.

34 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


A medição de vazão permite fazer uma correta distribuição de custos. Quando utilizamos o ar
comprimido é fundamental conhecer quanto deste ar estamos aplicando em cada fase do processo, para
permitir associar este custo ao custo final do produto ou serviço.

Princípio de funcionamento:
A placa de orifício é instalada na tubulação, gerando um diferencial de pressão quando o fluido passa
através dela. Este diferencial de pressão é medido via linhas de impulso por um transmissor de pressão
diferencial que o converte em sinal analógico que pode ser enviado para um computador de vazão ou
display remoto, informando a vazão instantânea do sistema.
Benefícios:
- controlar processos
- alocar custos
- identificar maiores usuários de energia
- monitorar a eficiência de processos
- verificar a eficiência do compressor
- fornecer informações de gerenciamento
- rangeabilidade 4:1

• Medidor de Área Variável com Cone Móvel

Figura 28

Característica principal:
O desenvolvimento especial do contorno do cone
deste medidor fornece uma relação linear entre o
sinal de pressão diferencial e a vazão do medidor.
Por exemplo: um acréscimo de 10% da pressão
diferencial resulta em um aumento de 10% na vazão.
Caso que não acontece no medidor placa de orifício,
pois nesse a relação de pressão diferencial e vazão é
uma função quadrática. Veja gráfico ao lado:

Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido 35


Princípio de funcionamento:
Este medidor opera pelo princípio de área de fluxo variável. Isto é, a área de um orifício anular é variada
pelo movimento de um cone, que se move axialmente contra a resistência de uma mola de precisão,
produzindo uma pressão diferencial a qual é medida por um transmissor de pressão diferencial.
Benefícios:
- instalação compacta
- gerenciamento de custo de energia
- aplicações em controle e processos
- balanço de cargas em compressores
- range de pressão até 200 barg
- range de temperatura até 450oC
- rangeabilidade de 100:1

Válvula de esfera
Características:
- Fácil identificação de abertura e fechamento da válvula.
- Boa classe de vedação.
- Fácil operação e manutenção.

Figura 29
Válvula de retenção
Utilizada para evitar o contra-fluxo e contra-pressões nas tubulações.
Há 3 tipos principais:

• Tipo pistão: O fluxo passa pela válvula deslocando o pistão para cima, permitindo a passagem do
fluido. No sentido oposto, através da gravidade ou da contra-pressão, o pistão fecha a válvula evitando
o contra-fluxo.

• Tipo disco: O fluxo entra pela válvula deslocando o disco contra a mola, abrindo a mesma e permitindo
a passagem do fluido pela sede da válvula. No sentido contrário, a mola empurra o disco contra a sede
impedindo a passagem de fluido que, aplicando pressão sobre o disco, contribui para o fechamento da
válvula. Quando montadas sem mola, na direção vertical e sentido ascendente, o fechamento se dá por
gravidade.

• Tipo Wafer: Esta válvula possui uma portinhola em seu interior que permite a passagem do fluido no
sentido de fluxo. Na eminência do contra-fluxo, a portinhola se fecha por gravidade e a vedação estanque
é garantida pela contra-pressão do sistema sobre a portinhola.

36 Curso de Projeto de Sistemas de Ar Comprimido


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