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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

DEPARTAMENTO DE FÍSICA

Relatório do Experimento Dosimetria de Raios-X

Manaus/AM
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
DAVI DANIEL PEREIRA DE ARAÚJO
PHILIPPE DA SILVA SOARES
ROBERTA LORENA DOS SANTOS BERNARDINO

Relatório do Experimento Dosimetria de Raios-X

Relatório do experimento reali-


zado no laboratório do Física da
Universidade Federal do Amazo-
nas, solicitado pelo professor Ha-
roldo de Almeida Guerreiro, aos
alunos do curso de Licenciatura
em Física da turma FL01, para
obtenção de notas referentes à
disciplina Laboratório de Física
Moderna II.

Manaus/AM
2017
Sumário

0.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
0.2 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
0.3 Fundamentação Teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
0.4 Parte Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
0.4.1 Materias Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
0.4.2 Procedimento experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
0.5 Resultados e Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
0.6 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
0.7 Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

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0.1 Objetivo
Determinar a dose recebida pela mão de uma pessoa, na posição do capacitor, durante
1 minuto e comparar com a dose recebida numa radiografia odontológica.

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0.2 Introdução
Saber a dosagem de raio-x que uma pessoa pode ficar exposta é muito importante, pois
a mesma contribui diretamente na saúde. Com a evolução da tecnologia na obtenção da
imagem, a dose de exposição necessária para aquisição de um dado exame acaba decres-
cendo. As doses de radiação usadas em Radiologia Odontológica são significativamente
baixas, em comparação à outras fontes emissoras. Este experimento tem o intuito de
calcular a dosagem recebida pela mão de uma pessoa durante 1 minuto e comparar com
a dosagem recebida numa radiografia odontológica.

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0.3 Fundamentação Teórica
Os raios-X, assim chamados por seu descobridor Roentgen porque sua natureza era
então desconhecida, são radiações eletromagnéticas com comprimento de onda menor que
aproximadamente 1Å. Eles apresentam propriedades típicas de ondas como polarização,
interferência e difração, da mesma forma que a luz e todas as outras radiações eletromag-
néticas. Os raios-X são produzidos no alvo de um tubo de raios-X, mostrado na figura 1,
quando um feixe de elétrons de alta energia, acelerados por uma diferença de potencial
de alguns milhares de volts, é freado ao atingir o alvo.

Figura 1: Tubo de raios X

Segundo a física clássica, a desaceleração dos elétrons, freados pelo material do alvo,
causa a emissão de um espectro contínuo de radiação eletromagnética. A figura 2 mostra,
para alguns valores diferentes da energia dos elétrons incidentes, como a energia dos raios-
X emitidos por um alvo de tungstênio se distribui em função do comprimento de onda.
A característica mais notável dessas curvas, é que para uma dada energia dos elétrons,
há um mínimo bem definido λmin para os comprimentos de onda. Embora a forma do
espectro contínuo de raios-X dependa do potencial V e um pouco do material do alvo, o
valor de λmin depende apenas de V , sendo o mesmo para todos os materiais. A teoria
eletromagnética clássica não pode explicar esse fato, não havendo nenhuma razão pela
qual ondas com comprimento de onda menor que um certo valor crítico não devam ser
emitidas pelo alvo.

Figura 2: O espectro contínuo de raios-X que é emitido de um alvo de tungstênio, para


quatro valores diferentes de kV

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Uma explicação surge imediatamente, entretanto, se encararmos os raios-X como fótons.
A figura 3 mostra o processo elementar que, segundo esse ponto de vista, é responsável
pelo espectro contínuo da figura 2.

Figura 3: O processo de Bremsstrahlung responsável pela produção do espectro contínuo


de raios-X

Um elétron de energia cinética inicial K é desacelerado pela interação com um núcleo


pesado do alvo, e a energia que ele perde aparece na forma de radiação como um fóton
de raios-X. O elétron interage com o núcleo carregado através do campo coulombiano,
transferindo momento para o núcleo. A desaceleração resultante causa a emissão do
fóton. A massa do núcleo é tão grande que a energia que ele adquire durante a colisão
pode ser completamente desprezada. Se K 0 é a energia cinética do elétron após a colisão,
então a energia do fóton é
0
hλ = K − K (1)

E o comprimento de onda do fóton é dado por:


hc 0
=K −K (2)
λ

Os elétrons no feixe incidente podem perder diferentes quantidades de energia nessas


colisões, e em geral um elétron chegará ao repouso apenas depois de várias colisões. Os
raios-X assim produzidos pelos elétrons constituem o espectro da figura 2, e há fótons
com comprimento de onda que vão desde λmin até λ → ∞, correspondentes às diferentes
perdas em cada colisão. O fóton de menor comprimento de onda seria emitido quando um
elétron perdesse toda a sua energia cinética em um processo de colisão; nesse caso, K = 0,
de forma que K = hc/λm in Como K é igual a eV , a energia adquirida pelo elétron ao ser
acelerado pela diferença de potencial V aplicada ao tubo de raios-X, temos eV = hc/λm in
ou:
λm in = hc/eV (3)

Portanto, o limite mínimo dos comprimentos de onda representa a conversão completa


da energia dos elétrons em radiação X. A equação 3 mostra claramente que se h → 0,
então λm in → 0, que é a previsão da teoria clássica. Isso mostra que a própria existência
de um comprimento de onda mínimo é um fenômeno quântico.

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A radiação X contínua da figura 2 é frequentemente chamada de bremsstrahlung, do
alemão brems(=frenagem, desaceleração) + strahlung (=radiação).

Quando a radiação ionizante invade um elemento de massa ∆m, uma porção da energia
∆E de radiação é absorvida. A proporção da energia absorvida para a massa absorvente
é definida como a dose D absorvida.

D = ∆E/∆m (4)

A unidade SI da dose absorvida é "Gray"(Gy) [1 Gy = 1].

Diferentes tipos de radiação com a mesma dose absorvida têm efeitos físicos físicos
idênticos, mas diferentes. Para garantir a comparabilidade, a dose equivalente H foi
introduzida tendo em conta o chamado fator de qualidade Q.

H = D.Q (5)

A unidade da dose equivalente é “Sievert” (Sv): [1 Sv = 1Jk / g].

Uma vez que a duração da ação da radiação ionizante desempenha um papel importante
na avaliação do dano da radiação, por exemplo, a taxa de dose iónica P foi introduzida.
Para a taxa de dose absorvida, que deve ser distinguida da taxa de dose equivalente,
aplica-se o seguinte:
dD
P = (6)
dt

Como não é fácil medir a energia absorvida, mede os íons que são gerados em um volume
de ar devido a radiação. Para este fim, a dose iônica I é definida como o quociente da
carga gerada ∆Q de sinal semelhante e da massa ∆m de um ar elemento de volume ∆V
em condições normais.

O seguinte se aplica à taxa de dose iónica correspondente:


dI d dQ di
j= = ( )= [AKg −1 ] (7)
dt dt dm dm

Para a medição, A radiação X gera uma corrente no capacitor quando a tensão é


aplicada. O amplificador de medição de DC detecta esta corrente e produz um sinal de
tensão U que é proporcional à corrente. Este sinal é então exibido pelo instrumento de
medição digital conectado. A conversão é a seguinte:
Usig
Ic = (8)
1GΩ

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0.4 Parte Experimental
0.4.1 Materias Utilizados
• 1 Unidade de raio-X, w. saída do gravador
• 1 Fonte de alimentação, 0...600 VD
• 1 Amplificador de medição de CC
• 2 Multímetros digitais
• 1 Resistor de alto valor, 50 megOhms
• 1 Adaptador, tomada BNC - plug de 4 mm
• 1 Cabo blindado, BNC, l 750 mm
• 1 Cabo de conexão, 250 mm, vermelho
• 3 Cabo de conexão, 500 mm, vermelho
• 3 Cabo de conexão, 500 mm, azul
• 1 Connecting cord, 1000 mm, verde

0.4.2 Procedimento experimental


O experimento deverá ser montado conforme mostrado no esquema abaixo (figura 4):

Figura 4: Diagrama esquemático para determinação da corrente ionizada.

A figura 5 mostra a unidade de raio-x e ao lado a fonte de alimentação, o multímetro


bem como os demais equipamentos que constituem o experimento no laboratório de física
moderna da UFAM.

Iniciamos o experimento ligando a unidade de raio-x e esperamos alguns minutos para


que o ar entre o capacitor ficasse ionizado, por conta da radiação x incidente. Depois
fizemos as medidas da corrente (com o auxílio do amperímetro) que surgia para cada
valor da diferença de potencial aplicada no capacitor. Essa corrente é devido ao ar no
interior das placas (entre elas) estar ionizado e por haver uma diferença de potencial entre
as placas.

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Figura 5: Experimento montado no laboratório de Física Moderna da UFAM

Aumentamos a diferença de potencial de 20 em 20 V, iniciando em 20 V e terminando


em 500 V.

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0.5 Resultados e Discussão
Após as devidas medidas de corrente e tensão pudemos construir uma tabela para
relacionar os valores. Essa tabela está indicada abaixo:

V (voltz) i(nA)
20.00 0.06
40.00 0.16
60.00 0.28
80.00 0.42
100.00 0.57
120.00 0.73
140.00 0.83
160.00 0.94
180.00 0.99
200.00 1.02
220.00 1.04
240.00 1.06
260.00 1.06
280.00 1.06
300.00 1.06
320.00 1.18
340.00 1.20
360.00 1.18
380.00 1.19
400.00 1.20
420.00 1.18
440.00 1.19
460.00 1.20
480.00 1.19
500.00 1.18

Com esses dados podemos contruir um gráfico mostrado na figura 6.

Como podemos observar, a corrente dá uma saturada de aproximadamente 200 a 300


V. No entanto depois de 300 V há uma quebra nessa reta, isto ocorreu por um descuido
da nossa parte em não observar que a unidade de raio-x havia desligado e ao ligarmos
novamente a unidade de raio-x uma nova corrente passou a existir pois o raio-x passou
a ionizar outra massa de ar, o que gerou outra corrente de ar ionizado. No entanto, as
novas medidas também geraram uma corrente saturada, porém de valor maior.

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Figura 6: Gráfico da Corrente de ar ionizado em função da tensão entre as placas do
capacitor

Podemos considerar as medidas feitas até 300 V, então assim temos o gráfico (figura
7):

Figura 7: Gráfico da Corrente de ar ionizado em função da tensão entre as placas do


capacitor

Conforme aumentávamos a tensão, a corrente observada também era crescente. Quando


todos os portadores de carga contribuem para a corrente, a corrente começa a saturar,
conforme ilustra o gráfico (figura 7).

Para a experiência usamos o capacitor com uma distância d = 0, 2cm. E para a medida
da dosagem, foi usada a seguinte relação:

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1,06.10−9
jm = Ic
mar
= Ic
ρar V
= (1,2.10−6 )(6,57)
= 1, 34.10−34 AKgE −1

Fizemos apenas para um único tamanho de d = 0, 2cm, se fosse o caso de dois ou mais
espaçamentos diferentes entre os capacitores, seria preciso fazer uma média das taxas de
doses. Para o cálculo da taxa de dose absorvida será a dose única que é de 1, 61.10−5 ,
para d = 0, 2cm, dividindo pela carga elementar, nos fornece o número de íons gerados por
unidade d tempo e massa. A energia de ionização de energia Φ = 33eV = 52, 8.10E −19
J. De acordo com as equações abaixo, e com o valo encontardo para a energia entre um
capacitor com d = 0, 2cm, a taxa de dose absorvida por tempo e unidade de massa resulta
o seguinte:

Pm = D
t
= w
m.t
= nΦ = 4, 42.10−3 Jk/gs

O que calculamos agora foi apenas a taxa de íons. A duração que uma pessoa recebe
radiação é importante pois podem trazer algum dano à saúde. Para saber a taxa de dose
absorvida, diferente da dose equivalente, a seguinte relação se aplica:

D = Pm t

Sendo t o tempo da duração da radiação recebida e Pm a taxa de dose de íons. Para


determinar a dose recebida pela mão de uma pessoa na posição do capacitor, durante 1
min, seria então:

D = 4, 42.10−3 Jkmin/gs

Comparando com o que um paciente recebe em uma radiografia odontológica, é de


0, 005sv, que equivale a 0, 005Jk/g. Que é igual 5, 0.10−3 Jk/g. Comparando com o
capacitor do laboratório que representa a nossa mão com a radiação recebida em uma
radiografia odontologica, os dentes absorvem mais radiação por minuto do que a nossa
mão aparente.

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0.6 Conclusão
Podemos observar que a dosagem recebida durante uma radiografia odontológica é maior
do que a dosagem recebida pela mão de uma pessoa, isto é, por minuto. Pois os dentes
absorvem maior quantidade de radiação do que a mão aparente.

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0.7 Referências Bibliográficas
Walker, J., D. Halliday, and R. Resnick. "Fundamentos de física volume 4: óptica e
física moderna. 2009."Rio de Janeiro: LTC.

TIPLER, Paul Allen. Física moderna. Reverté, 1994.

Eisberg, R., and R. Resnick. "Física Quântica (Editora Campus Ltda., Rio de Janiero,
1979), translated from Quantum Physics."(1974): 72.

http://www.radiocentro.com.br/blog/informacoes-sobre-raios-x-aos-pacientes

http://repository.phywe.de/files/versuchsanleitungen/p2541801/e/p2541801e.pdf

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