Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


DEPARTAMENTO DE FÍSICA – LABORATÓRIO DE ESTRUTURA DA
MATÉRIA 2 – 2023.1

DATA DO RELATÓRIO: 08/08/2023

TÍTULO DO EXPERIMENTO:
ATENUAÇÃO DAS RADIAÇÕES IONIZANTES

DATA DO(S) EXPERIMENTO(S): 29/06/2023


TURMA: 03

EQUIPE:
Alecx Jhonathas Da Conceição Santos
Isadora Caetano De Almeida
Jadson Ferreira Gois
Renato Willy Vieira De Oliveira
William Alves de Oliveira

PROFESSOR: José Joatan Rodrigues Júnior


Sumário

Sumário 1

1 Introdução 2

2 Objetivos 3

3 Materiais 4

4 Metodologia 4

5 Resultados e Discussão 6
5.1 Obtenção da radiação de fundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
5.2 Atenuação da radiação em vários materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

6 Conclusão 9

7 Referências 9

1
1 Introdução

A radioatividade é um fenômeno natural que ocorre quando alguns átomos instáveis emitem
partı́culas ou ondas de alta energia, buscando uma forma mais estável. Essa instabilidade ocorre
naturalmente devido a um desequilı́brio das forças que mantêm o núcleo atômico unido. Para atingir
o equilı́brio, esses átomos tendem a se transformar em outros átomos mais estáveis, liberando certa
quantidade de energia e partı́culas em alta velocidade. Ao interagir com os átomos de um meio
material, a energia dessas partı́culas é alta suficiente para arrancar elétrons desses átomos, ou seja,
ionizá-los. Por esse motivo, este tipo de radiação caracteriza a chamada radiação ionizante. Os
materiais com os quais essa radiação entra em contato podem ter suas propriedades quı́micas e
fı́sicas alteradas.
Uma grandeza comumente usada para medir a quantidade de radiação ionizante é o Roentgen.
Em 1928, o ICR (International Congress of Radiolody) definiu o Roentgen como ”a quantidade de
radiação que, quando os elétrons secundários são totalmente utilizados e o efeito das paredes da
câmara é evitado, produz em 1cm3 de ar atmosférico a 0 °C e 76 cm de pressão de mercúrio, tal
grau de condutividade que 1 esu de carga é medido na corrente de saturação.”
A emissão de radiação ionizante ocorre a partir de um processo de decaimento, no qual o núcleo
do elemento radioativo emite uma partı́cula em alta velocidade para que possa se transformar
em um outro elemento quı́mico mais estável. As partı́culas emitidas pelos núcleos de materiais
radioativos podem ser de dois tipos: α e β, que se diferenciam principalmente por sua composição
e capacidade de penetração. As partı́culas α são compostas de dois prótons e dois nêutrons, o
equivalente ao núcleo de um átomo de hélio, e sempre possuem carga positiva. Já as partı́culas β
podem ser elétrons ou pósitrons, os quais possuem respectivamente carga negativa e positiva. A
massa de uma partı́cula α é significativamente maior comparada à massa da partı́cula β, já a sua
velocidade é significativamente menor. Essas diferenças fundamentais na natureza das partı́culas
interferem em sua capacidade de penetração, ou seja, de atravessar um material sem que ocorra a
perda de toda a sua energia. Há ainda a radiação γ, liberada em forma de onda eletromagnética.
Ocorre quando, após um decaimento α ou β, o núcleo do material radioativo ainda possui certa
quantidade de energia a ser liberada.
Partı́culas α com um dado valor de energia são, de uma forma geral, mais lentas que partı́culas β
emitidas com este mesmo valor de energia, e por isso sofrem uma maior variação em sua quantidade
de movimento. Além disso, a interação da partı́cula α com os átomos de um material absorvedor se
dá, especialmente, através de forças de Coulomb, atraindo elétrons através de sua carga positiva.
Sua carga dupla (+2 e) faz com que uma partı́cula α tenha uma taxa muito alta de perda de energia
na matéria, o que a torna uma radiação altamente ionizante. Em sı́ntese, a radiação α caracteriza
uma radiação mais ionizante e menos penetrante. Materiais pouco espessos como uma folha de
papel costumam ser suficientes para parar todas as partı́culas α incidentes de uma fonte radioativa.
Já as partı́culas β, por conta de sua menor massa e, consequentemente, maior velocidade, são
consideravelmente mais penetrantes do que as partı́culas α, embora menos ionizantes.
Verifica-se que a radiação detectada de uma certa fonte torna-se menos intensa quanto maior
for a distância dessa fonte ao detector. Ou seja, a intensidade da radiação varia de forma inversa
com a distância. Mais precisamente, pode-se verificar que esta variação ocorre com o inverso do
quadrado da distância R de uma fonte radioativa ao detector de radiação. Como mostrado na
Figura 1, ao dobrar a distância a partir de uma fonte radioativa, a área a qual a radiação atravessa
é quadruplicada e, consequentemente, a quantidade de radiação que atravessa uma certa área é

2
1
reduzida em . De uma forma geral, quando a distância varia em n unidades, a intensidade da
4
1
radiação varia com 2 . Esta é a chamada lei do inverso do quadrado e expressa-se na equação 1
n

Figura 1: Ilustração da lei do inverso do quadrado.

P
I= (1)
4πr2
Em que P representa uma fonte pontual de radiação e r representa a distância da fonte ao
detector.
Dado um material de espessura d colocado entre uma fonte radioativa e um detector de radiação,
e sendo R a taxa de contagem dessa radiação em unidades de contagem por minuto (CPM) ou
contagens por segundo (CPS), vale a equação 2.

R = R0 e−ηd (2)
Em que η é o coeficiente de absorção, o qual depende do material absorvedor e da energia da
radiação incidente, e R0 é a taxa de contagem medida sem o material. Esta equação mostra que
a intensidade da radiação detectada diminui exponencialmente com a espessura do material o qual
ela atravessa. É possı́vel, dessa forma, medir a atenuação de radiações ionizantes em diferentes
meios materiais.

2 Objetivos
Verificar o comportamento da radiação ionizante da partı́cula carregada quando esta interage
com o meio material, analisando a relação de radiação com distância. Determinar a atenuação das
radiações α, β e γ em diferentes materiais.

3
3 Materiais
• Detector de radiação Aware integrado a um computador;
• Fontes radiativas de 241
Am, 90 Sr, 60 Co;
• Paquı́metro e micrômetro;
• Placas absorvedoras de diferentes materiais: borracha, compensado e formica

4 Metodologia
Para inı́cio do experimento, usamos um software de computador chamado (Aware) para detecção
das medidas de radiação Alfa e radiação Beta, um paquı́metro para medição de algumas placas
de diferentes materiais para absorção de radiação. Primeiramente separamos os materiais para
realização do experimento, foram eles: 4 placas de fórmica, com os respectivos valores de 0.995mm;
0.965mm; 0.97mm; 1.0mm; 3 placas de latão com os respectivos valores de 1.504mm; 1.505mm;
1.502mm; e 5 placas de borracha com os respectivos valores de 2.5mm; 2.66mm; 2.71mm; 2.88mm;
2.96mm;

Figura 2: Software Aware

Figura 3: Paquı́metro

4
Figura 4: Materiais utilizados Figura 5: Fontes de radiação alfa e beta

Primeiramente colocamos a fonte emissora de radiação beta no aparato, como mostrado na


Figura 6 e esperamos um tempo até que a radiação se estabilizasse sem nenhum material ainda,
para que a radiação natural emitida pelo ambiente não influenciasse na hora das contagens.

Figura 6: Aparato experimental

Em seguida organizamos as placas para fazer a medição, foram feitas 5 medições para cada placa
a 10 cm da fonte emissora de radiação beta, aumentando a espessura gradativamente. Quando mu-
damos de uma placa para outra, aguardamos novamente por pelo menos 1 minuto, depois realizamos
o mesmo procedimento ultilizando fonte emissora de radiação alfa. Realiza-se as 5 medições com
as placas de diferentes materiais, e aumentando a espessura gradativamente.
Para a verificação da lei do inverso do quadrado, alinhamos a fonte a 5 cm do detector e
ultilizamos, primeiramente, a fonte de radiação beta. Aumentamos gradativamente a distância
entre a fonte e o detector e fizemos 5 contagens para a radiação beta e alfa, esperando pelo menos
1 minuto entre cada medição.

5
5 Resultados e Discussão
5.1 Obtenção da radiação de fundo
Na primeira parte do experimento foram feitas 10 medidas sem qualquer fonte emissora de
radiação, a fim de eliminar qualquer ruı́do do ambiente ou do detector, e com essas medidas foi
calculado a média e o seu devido desvio padrão através das equações 3 e 4.
PN
i=1 xi
< x >= (3)
N
s
PN
i=1 (xi −
< x >)
σ= (4)
N −1
As medidas encontradas podem ser verificadas na tabela abaixo:

Tabela 1: Radiação de fundo.

Medidas
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª
Radiação (µR/hr): 22.86 22.86 17.14 11.43 5.71 11.43 22.86 22.86 17.14 22.86

Onde N é a quantidade de medidas e xi é o valor obtido na i-ésima medida. A média encontrada


foi 17.41µR/hr e seu desvio padrão foi 1.887

5.2 Atenuação da radiação em vários materiais


Em posse da média da radiação do ambiente, esta foi subtraı́da dos valores medidos com as fontes
de radiação. Tendo como objetivo obter o gráfico do logaritmo do número de contagens versus a
espessura do meio absorvedor, foram calculadas as médias dos valores medidos para cada espessura
e seus respectivos materiais. O procedimento se baseia no seguinte raciocı́nio: Dada a equação
2, a qual relaciona a intensidade da radiação detectada com a espessura do material absorvedor,
pode-se obter o gráfico do logaritmo neperiano em função da espessura do meio absorvedor para
cada material utilizado aplicando o ln em ambos os lados da equação:

ln(R) = −ηd + ln(R0 ) (5)


Que é claramente a equação de uma reta: y(x) = Ax + B com ln(R) = y(x), −η = A, d = x e
ln(R0 ) = B.
Portanto, realizou-se o ajuste linear nos gráficos e obteve-se os valores dos coeficientes angulares
e lineares para cada gráfico. Note que, como discutido, os coeficientes angulares representam o valor
de η. A seguir são mostrados os gráficos para cada material absorvedor e as respectivas radiações
incididas

6
7
Nos gráficos apresentados acima é nı́tido o comportamento inversamente proporcional entre a
contagem de radiação e a espessura do meio absorvedor, o que já era esperado, uma vez que, de
acordo com a equação 5, um aumento do d gera um aumento do termo negativo da equação. Tal
equação é usada para se obter o coeficiente de atenuação da radiação no material, que é dado pelo
coeficiente linear da reta, onde nota-se que todos os materiais responderam dentro do esperado,
mas nenhum deles teve coeficiente de atenuação suficientemente grande para blindar totalmente a
passagem da radiação beta. Os coeficientes de atenuação estão dispostos na tabela a seguir.

Material Compensado Fórmica Borracha


Coeficiente de absorção alfa 0.68 0.9 0.297
Coeficiente de absorção beta 0.937 1.28 0.76
Densidade absoluta (g/cm3 ) 0.99 1.34 0.25

A partir dos gráficos abaixo percebe-se que a lei do inverso do quadrado é obedecida para ambas
às radiações, uma vez que com o aumento da distância há a diminuição do número de contagem.
Pois como a equação 1 mostra, a intensidade da radiação deve cair com o quadrado da distância
entre o detector e a fonte, satisfazendo a conservação da energia.

Figura 8: Intensidade da ra-


diação β x Distância Figura 9: Intensidade da radiação α x Distância

Conforme o exposto nos gráficos abaixo, tanto para a radiação α, quanto para a radiação β,
podemos verificar a relação do coeficiente de atenuação linear em função da densidade absoluta
dos materiais compensado, borracha e fórmica. Observamos que o comportamento da radiação
ionizante é proporcionalmente mais atenuante em materiais com maiores densidades. Nesse caso,
o material ‘fórmica’ possui pontos de maiores atenuações. Assim, constatamos que quanto mais
denso for o material, mais difı́cil será que a radiação penetre no material.

8
Figura 10: Coeficiente de ate- Figura 11: Coeficiente de atenuação α x Densi-
nuação β x Densidade dade

6 Conclusão
Em primeiro momento, mediu-se o equipamento sem fontes de emissão, e, a partir do que foi
proposto para o experimento, foram utilizadas as placas de cartão, fórmica e borracha, variando
suas espessuras a fim de verificar o comportamento da radiação ionizante em cada um dos mate-
riais. Foram feitos gráficos que analisavam a relação do decaimento em função da espessura dos
materiais e, em seguida, foram observados os graus de penetração dos três materiais, concluindo
que o emborrachado é o menos atenuante e a fórmica é a mais atenuante. Além disso, a radiação β
é a mais penetrante. Assim, averiguamos que materiais com densidade e espessuras maiores apre-
sentam pontos de radiação ionizante mais atenuantes. Em seguida, usando os valores obtidos da
distância da fonte de emissão de raios α e β ao detector, pudemos apresentar um gráfico Decaimento
x Distância na qual se atesta a veracidade da lei do inverso do quadrado.

7 Referências
1. EISBERG, R e RESNICK, R. Fı́sica Quântica. 2 ed. Campus, 1983.
2. I. SILVA, Ronaldo. Laboratório de Estrutura da matéria II. Guia de Laboratório de Estrutura
da matéria II, CCET, UFS, 2019
3. https://chem.libretexts.org/Courses/can/intro/17

Você também pode gostar