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Universidade Federal do Amazonas

Instituto de Ciências Exatas


Laboratório de Fı́sica Moderna II

Dosimetria do Raios-X

Davi Henrique Soledade da Silva - 21952271


Sérgio Manuel Araújo Portilho - 21953906
Victor Yuri Ferreira Lima - 21952457

Manaus
2022
Sumário
1 Fundamentação Teórica 3
1.1 Dose de Radiação para os Trabalhadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Objetivos 6

3 Parte Experimental 6
3.1 Material Necessário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.2 Procedimento Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

4 Resultados e discussões 8
4.1 Perguntas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
4.1.1 Primeira pergunta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
4.2 Segunda pergunta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

5 Conclusão 10

6 Bibliografia 11

2
1 Fundamentação Teórica
Quando a radiação interage com a matéria, uma porção de energia é absorvida. Seja
dW a energia absorvida por uma certa quantidade de matéria dm. Designamos como
dose de energia, D, a relação:
dW
D= (1)
dm
Por inspeção da equação acima, a dimensão da dose de energia será J/Kg. Isso tem
um nome especı́fico: o “Gray”(Gy).
Aqui, precisamos observar uma coisa: para uma mesma dose de energia, os efeitos em
tecidos biológicos podem ser diferentes. Explicamos isso pela introdução do conceito de
dose equivalente, H, e do fator de qualidade Q:

H =D·Q (2)

A unidade de dose equivalente é o Sievert (Sv), ou seja,

1Sv = 1J/Kg (3)

Note que o Sievert, que representa dimensionalmente a dose equivalente, tem a mesma
dimensão de Gray, que representa dimensionalmente a dose de energia. A diferença está
no fator Q, adimensional, sobre o qual daremos explicações a seguir.
O fator Q dependerá do tipo da radiação atuante. Se, por exemplo, tratar-se de
raios-X, raios gama ou partı́culas Beta, usa-se Q = 1. Nesse caso, a dose de energia será
exatamente igual à dose equivalente.Para nêutrons térmicos, o fator Q vale 3; para os
chamados prótons e nêutrons rápidos, Q = 10. E, finalmente, para partı́culas alfa, Q terá
um valor entre 10 e 20. Ou seja, estas partı́culas são de 10 a 20 vezes mais interagentes
com a matéria do que os raios-X.
Obviamente, o tempo de exposição à radiação deve ser levado em conta quando estamos
trabalhando com ela. Para isso, nada mais adequado do que determinar uma taxa de dose
de energia:
dD
Pd = (4)
dt
ou mesmo uma taxa de dose equivalente:
dH
Pde = (5)
dt
Essas taxas têm unidade de Gys−1 , a primeira, e Svs−1 , a segunda.
Uma forma interessante de avaliar a radiação é medir os efeitos que ela causa. Mais
especificamente, podemos por exemplo verificar a quantidade de ı́ons gerados por massa
de ar, quando a radiação o atravessa e interage com suas partı́culas. A isso chamamos
dose iônica I :
dQ
I= (6)
dm
A dose iônica tem unidade de C/Kg. Isso era o Roentgen, uma homenagem ao desco-
bridor do Raio-X, mas hoje em dia o nome caiu em desuso.
Finalmente, podemos determinar a taxa de dose iônica:
 
dI d dQ di
= = (7)
dt dt dm dm

A taxa de dose iônica tem unidade de A/Kg.

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Nome Unidade Descrição
Dose de Energia Gray (Gy) Energia absorvida pela matéria
Dose equivalente Sievert (Sv) Dose de energia proporcional ao tipo de radiação
Decaimento radioativo Becquerel (Bq) = 1s−1 Transição nuclear por segundo
Dose iônica C/Kg (Roentgen) Partı́culas ionizadas por massa
Taxa de dose iônica A/Kg Corrente gerada por massa

Tabela 1: Principais grandezas associadas à radiação

(A fim de organizar todas essas informações, montamos a Tabela 1)


Mas afinal: como ocorre a dosimetria de radiação? Nesta parte, daremos uma ex-
plicação qualitativa e, nos Resultados e Discussões, uma uma explicação quantitativa por
meio das respostas às questões do experimento.
Entre outros artifı́cios, pode-se utilizar um capacitor. Um aluno de Fı́sica III sabe
que num circuito RC, para haver corrente, é necessário uma fonte. No caso do “capacitor
dosimétrico- vamos chamar assim - a “fonte”é o feixe de raio-X, que ioniza as partı́culas
de ar (a massa) e assim provoca o acúmulo de cargas negativas e positivas nas placas do
capacitor, gerando em última instância a corrente.
Depois de um certo tempo, o processo atinge a saturação. Com essa corrente máxima
e um cálculo da massa de ar entre as placas do capacitor, é possı́vel determinar a taxa de
dose iônica.

1.1 Dose de Radiação para os Trabalhadores


A Comissão Nacional de Energia Nuclear, através da Norma CNEN – NN – 3.01
de 13/03/2014 (“Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica”) estabelece as diretrizes de
proteção radiológica em todo o território nacional. A norma estabelece, dentre outras
diretrizes, que as exposições ocupacionais normais de cada indivı́duo decorrentes de todas
as práticas e a de indivı́duos do público não devem exceder os limites anuais estabelecidos.
Os itens da norma referentes à limitação de dose individual são reproduzidos a seguir, na
ı́ntegra:
A exposição normal dos indivı́duos deve ser restringida de tal modo que nem a dose
efetiva nem a dose equivalente nos órgãos ou tecidos de interesse, causadas pela possı́vel
combinação de exposições originadas por práticas autorizadas, excedam o limite de dose
especificado na tabela a seguir, salvo em circunstâncias especiais, autorizadas pela CNEN.
Esses limites de dose não se aplicam às exposições médicas.

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Figura 1: Doses de Radiação.
FONTE: Norma CNEN – NN – 3.01 de 13/03/2014. “Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica”

(a) Para fins de controle administrativo efetuado pela CNEN, o termo dose anual deve
ser considerado como dose no ano calendário, isto é, no perı́odo decorrente de janeiro a
dezembro de cada ano.
(b) Média ponderada em 5 anos consecutivos, desde que não exceda 50 mSv em qualquer
ano.
(c) Em circunstâncias especiais, a CNEN poderá autorizar um valor de dose efetiva de até
5 mSv em um ano, desde que a dose efetiva média em um perı́odo de 5 anos consecutivos,
não exceda a 1 mSv por ano.
(d) Valor médio em 1 cm2 de área, na região mais irradiada.

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2 Objetivos
• Construir um gráfico tensão x corrente para um capacitor de placas paralelas quando
penetrado por um raio-x de 25 kV;

• Determinar a dose de radiação recebida pelo volume de ar;

• Comparar a dose de radiação que uma pessoa recebe ao colocar a mão durante um
segundo na unidade de raio-x com a dose de radiação que um dentista aplica no
paciente.

3 Parte Experimental
3.1 Material Necessário
• Unidade de raios-X,;

• Fonte de alimentação;

• Amplificador de medição DC;

• Multı́metro digital;

• Resistor de alto valor, 50 megaOhms;

• Adaptador, soquete BNC - plugue de 4 mm;

• Cabo blindado, BNC, l 750 mm;

• Cabo de conexão, 250 mm, vermelho;

• Cabo de conexão, 500mm, vermelho;

• Cabo de conexão, 500mm, azul;

• Cabo de conexão, 1000 mm, verde.

Figura 2: Montagem do Experimento.

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Figura 3: Diagrama esquemático para determinação da ionização de corrente.

3.2 Procedimento Experimental


O experimento é configurado como mostrado na Fig. 1. O suporte de cristal e o
suporte de contra-tubo sem contra-tubo devem ser girados a 90°. As placas do capacitor
são inseridas após esta etapa ser concluı́do. Por razões de segurança, os dispositivos de
controle para tubo contador e suporte de cristal são desconectados ao colocar as placas
do capacitor.
O diagrama de circuito é como indicado na Fig. 2. Observe que, por motivos de
segurança, o polo positivo da tensão só pode ser conectado à placa do capacitor pelo
resistor de proteção de 50 MΩ. O multı́metro digital serve para determinar a tensão do
capacitor e o outro multı́metro está conectado a saı́da do amplificador de medição, cuja
entrada está na segunda placa do capacitor por meio do cabo blindado e um adaptador. A
saı́da de tensão constante deve ser conectada em série com a fonte variável para tensões do
capacitor acima de 300V. Depois de um tempo de aproximadamente 5 minutos na tensão
máxima do capacitor, já não deve haver corrente. (Amplificador de medição ajustado
para zero).
Meça a corrente de ionização com aberturas de d = 0,2 cm e d = 0,5 cm na tensão
máxima do ânodo em função da tensão do capacitor (Fig. 3). Repita a medição com a
abertura de d = 0,5 cm em várias tensões anódicas (Fig. 5). Para verificar a distância x0
entre a abertura e a fonte de radiação mostrado na Fig. 4, remova as placas do capacitor
e a abertura. Em seguida, coloque o suporte do tubo contador na posição zero.
O gráfico de sombra do titular pode ser reconhecido na tela luminescente na tensão
máxima do ânodo e na luz umedecida. Os intervalos necessários para a determinação
aproximada da distância x0 podem ser medidos com uma régua.

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4 Resultados e discussões
A partir dos procedimentos enumerados no capı́tulo anterior, realizou-se o experi-
mento, do qual extraı́mos os gráficos a seguir, com base nos quais responderemos às
questões propostas como objetivo do relatório.

Gráfico da corrente em função da voltagem aplicada

4.1 Perguntas
4.1.1 Primeira pergunta
Qual a dose de radiação que uma pessoa receberia se colocasse a mão dentro do
aparelho de raio-X?
Solução:
O que precisamos calcular é, primeiramente, a taxa de dose iônica, dada pela equação
7. Reescrevendo-a com o sı́mbolo j, temos:
di
j= (8)
dm
A corrente é fornecida pelo gráfico: usaremos i = 1.25 nA. Através da relação de densidade,
conseguimos expressar que:

di
j= (9)
ρdV

A densidade do ar a 20◦ é conhecida: ρ = 1, 2 × 10−6 Kg.cm−3 . Para encontrar o


volume, usamos as relações mostradas abaixo:

8
π(x2 − x1 ) 2
V = (R + r2 + rR)
3
x1 d
r=
2x0
x2 d
R=
2x0

Substituindo os dados de acordo com as informações do roteiro, temos que:

152 · 0, 5
r= = 4, 41 × 10−1 cm
2 · 86
242 · 0, 5
R= = 7, 03 × 10−1 cm
2 · 86

Substituindo para encontrar o volume, temos:

π · 90
V = ((7, 03 × 10−1 )2 + (4, 41 × 10−1 )2 + (4, 41 × 10−1 )(7, 03 × 10−1 ))
3
V = 9, 434 cm−3
Da relação (9):

1, 25 × 10−9
j= −6
= 1, 10 × 10−4 AKg −1 (10)
1, 2 × 10 · 9, 434
Dividindo o valor médio da taxa de dose de ı́on (determinado acima) pela carga ele-
mentar e resulta no número n de as ionizações por tempo e unidade de massa. Levando
em consideração que a energia ionizante Φ de uma molécula de ar equivale a aproxima-
damente 33 eV = 52, 810−19 J, é possı́vel calcular a taxa de dose média de energia por
tempo e unidade de massa:

D W jϕ
Pm = = =n·ϕ= (11)
t m·t e
1, 10 × 10 · 52, 8 × 10−19
−4
Pm = = 3, 6 × 10−3 JKg −1 s−1 (12)
1, 6 × 10−19

4.2 Segunda pergunta


Comparar a dose de radiação de uma pessoa, colocando a mão um segundo no aparelho,
com a dose de radiação que um dentista aplica num paciente.
Solução:

Pm
D= = 3, 6 mSv (13)
1s
De acordo com LIMA: ”Das regiões de órgãos crı́ticos, a de glândulas submandibulares
é a mais exposta à radiação e, de uma forma geral um paciente de porte médio é exposto
a um total de dose de 10,708 µSv.”
Logo a ordem entre a dose da radiação de um paciente no dentista e a exposição de
uma pessoa nesse aparelho é de 103 .

9
5 Conclusão
Ao longo do relatório, pôde-se ter uma visão geral sobre dosimetria de radiação,
discutindo-se os importantes conceitos de dose de energia, dose equivalente e dose iônica,
bem como as respectivas taxas. Também se abordou a as doses recebidas por trabalhadores
envolvidos em atividades que lidam com radiação. Esse conhecimento foi extremamente
válido para a formação destes alunos que assinam o relatório.
Quanto ao experimento em si, verificou-se que as informações colhidas e o gráfico que
se fez a partir delas corresponderam satisfatoriamente aos valores previstos em literatura.
Por último, comparando-se as doses recebidas em procedimentos médicos (como um
raio-X de arcada dentária) com a dose recebida no aparelho da PHYWE, pôde-se constatar
que esta última é bastante pequena, mostrando que tanto o professor quanto os alunos
presentes ao experimento não correram muitos riscos de exposição radiológica.

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6 Bibliografia
Referências
[1] PHYWE. X-ray dosimetry. Göttingen, Germany.

[2] LIMA E. P. A. e col. PONTUAL, M. L. A.Estimativa da dose de radiação na obtenção


de exames imaginológicos em paciente da ortodontia/ortopedia geral. XXIII CONIC,
VII CONITI, IV ENIC.

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